quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Uma trégua natalina que poderia ser eterna

 


Há 110 anos atrás, mais precisamente em 24 de dezembro de 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, iniciava-se a "Trégua de Natal", termo usado para descrever o armistício informal ocorrido ao longo da Frente Ocidental no Natal naquele ano, pouco menos de se completar os cinco primeiros meses do irromper do conflito em 28 de julho. 

Durante a semana que antecedeu o Natal, soldados alemães e britânicos já haviam trocado saudações festivas e canções entre suas trincheiras. Na ocasião, a tensão foi reduzida a ponto dos indivíduos até entregarem presentes aos seus inimigos! 

Assim, na véspera de Natal e no Dia de Natal, cerca de cem mil soldados de ambos os lados se encontraram, trocaram também alimentos, bem como entoaram cantos natalinos. E, conforme registrado na fotografia acima, as tropas também foram amigáveis o suficiente a ponto de terem jogado até partidas de futebol.

Há relatos de que os soldados alemães e ingleses cantaram o hino natalício anglo-saxônico Adeste Fideles ("Comparecei Fiéis"), música que é originalmente atribuída aos portugueses, sendo um convite para uma adoração coletiva a Deus e uma aproximação do menino Jesus.

Infelizmente, os combates foram retomados em 1915. O general Sir Horace Smith-Dorrien (1858 - 1930), comandante do II Corpo britânico, ao saber do que estava acontecendo, indignou-se e emitiu ordens estritas proibindo a comunicação amigável com as tropas adversárias alemãs.

Como se sabe,  aquela guerra durou até o o dia 11 de novembro de 1918, felizmente com a vitória dos aliados, porém com um rastro de dezenas de milhões de militares mortos, feridos ou desaparecidos, além de milhões de civis que perderam a vida de ambos os lados.

Entretanto, esse ato simbólico marcou a História como um forte exemplo de que é possível buscar a paz e ter como inspiração o Natal, uma festa religiosa comum para os povos envolvidos nas batalhas da Frente Ocidental.

Nos tempos atuais, em que o mundo observa um perigoso conflito no leste europeu entre Rússia e Ucrânia mais um massacre genocida na Palestina, torna-se urgente pensarmos numa trégua. Penso que 2025 poderia muito bem ser um ano em que todas as armas fossem postas em silêncio e, ao menos os povos cristãos, venham figurativamente peregrinar até Belém, lembrando-se do amor encarnado sobre o feno na simples manjedoura.

Venite adoremus Dominum!

domingo, 22 de dezembro de 2024

O ALMOÇO GRÁTIS COBRA A CONTA

 

EDITORIAL DA FOLHA DE SÃO PAULO

DE 22/12/2024


Chegou a fatura da irresponsabilidade orçamentária de Luiz Inácio Lula da Siva (PT). Ela contém tumulto financeiro, câmbio e juros em cavalgada e inflação rumando para níveis preocupantes.

Para pagá-la, há o caminho organizado e o caótico, a depender da escolha do presidente da República.

No primeiro, minimizam-se custos para a sociedade. O segundo é a rota corrente, que produzirá desastres.

Desde que foi eleito, Lula praticou o ideário, derrotado pela história, de que o progresso decorre da expansão ilimitada do Estado, a teoria do almoço grátis.

A opção pela gastança, escancarada na emenda de transição de governo que expandiu a despesa federal em R$ 150 bilhões, sempre tem fôlego curto. Na sequência colhem-se "mais inflação, juros e endividamento", como alertou, sob severa crítica, esta Folha em dezembro de 2022. Ao final, a receita insustentável acabará por impactar negativamente o emprego.

Para a sorte de Lula, os legisladores que aprovaram a autonomia do Banco Central em 2021 não pensavam como ele. A ação firme da autoridade monetária contra-arrestou a incontinência do Planalto e evitou que a inflação saísse do controle por quase dois anos.

A elevação da Selic não justifica regozijo, mas é melhor que a hiperinflação e seus efeitos devastadores sobre a renda, sobretudo da parcela mais pobre dos brasileiros.

A degradação das perspectivas para a dívida pública chegou a tal ponto, porém, que os instrumentos da autoridade monetária mostram-se insuficientes.

O choque recente nos juros básicos, que os projetou para asfixiantes 14,25% ao ano em março, não estancou a sangria. O dólar e os juros da praça dispararam para alturas imprevistas, disseminando estragos e prejuízos ainda mal contabilizados.

A economia caminha para um cavalo de pau se não houver freio de arrumação urgente na política fiscal. A velha artimanha de Lula de acusar um complô de operadores financeiros pela situação terá pouca serventia.

A condição de devedor contumaz do Tesouro Nacional foi acentuada. Sem tomar vultosos e frequentes empréstimos, a máquina pública entra em colapso.

Para a virada de perspectivas, o pacote enfraquecido pelo Congresso não será o bastante. A poupança para impedir o descalabro da dívida requer mecanismos bem mais persistentes e valores muito mais significativos, o que é impossível sem redução de despesas.

Lula ainda pode decidir o desfecho da economia, embora a margem para erros esteja se estreitando.

Encapsular-se na teoria do almoço grátis vai conduzi-lo para um fiasco parecido com o de Dilma Rousseff, o que seria uma pena, pois em quase todos os outros setores o governo atual supera o de Jair Bolsonaro (PL).

Se tiver a coragem para mudar de rumos diante de riscos palpáveis de ruína, o presidente terá condições de concluir seu terceiro mandato sem comprometer a estabilidade macroeconômica, a conquista mais cara à sociedade brasileira nos últimos 30 anos.


editoriais@grupofolha.com.br



Viva São Cosme e São Damião!

Aí um texto publicado no Facebook pelo historiador e deputado Chico Alencar que confere um bom sentido às crenças religiosas e aos costume...