A “GRANDE MÃE” NO INCONSCIENTE JUDAICO-CRISTÃO


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  1. O ARQUÉTIPO MATRIARCAL “A DEUSA MÃE”
O simbolismo da Deusa (ARQUÉTIPO MATRIARCAL) implica na aceitação da materialidade e da corporeidade da vida como sagradas, como salienta o judeu R. Pollack em seu livro, O Corpo da Deusa: “encontramos o corpo da Deusa no nascimento, na menstruação e na alegria do sexo, mas o encontramos também na morte e na doença, uma vez que estas não são vistas como erros ou punições, mas como parte da existência”. De fato, aceitar o corpo como sagrado implica em lidar de outra maneira com a nossa própria corporeidade.
Relegada às profundezas abissais da psique humana, essa Toda Poderosa Divindade Primordial perdura, mas, tendo sido vilipendiada, mostra-nos sua face terrível, atemorizando aqueles que traíram suas leis. Antes era adorada e reverenciada sobre a Terra. Estigmatizada, passou a ser no inconsciente judaico-cristão a Senhora absoluta das trevas.

Jacques Le Golf, sobre o mito de Eva (a primeira mãe), considera que a sua maternidade foi um castigo pelo pecado de sua extrema libido (orgasmos múltiplos), tendo como conseqüência o sofrimento e as dores do parto.
Mas é através do castigo de Eva que vem a honra à Maria (miticamente assexuada) e a remissão não só a humanidade como a todas as mulheres.

2. A DEUSA RAINHA DA ANTIGA BABILÔNIA:
SEMÍRAMIS foi transformada em uma deusa, tal como BAALTI (A MADONA), RAINHA DO CÉU: “...Mas desde que cessamos de queimar incenso à rainha dos céus, e de lhe oferecer libações, tivemos falta de tudo, e fomos consumidos pela espada e pela fome” (Jeremias 44:18). Eis aí personificada a culpa da primeira transgressão, tipificada pela tentadora mulher (Eva) a “Rainha dos prazeres pecaminosos”.
Na Babilônia, a Mediatriz, e Mãe da humanidade era Astarte. Com o passar dos tempos, monumentos a esta deusa e seu filho apareceram em muitas nações, quando o povo da Babilônia foi espalhado pelas várias partes da terra, levou com ele a adoração da divina mãe e filho.

3. O ARQUÉTIPO DA “GRANDE MÃE” NO EVANGELHO DE LUCAS
O relato de Lucas centra-se em Maria, o de Mateus em José. O Evangelho de Lucas é importantíssimo como fundamento escriturístico para a doutrina acerca da Santíssima Virgem Maria e também para a devoção pessoal e popular à mãe do Salvador sendo também fonte inspiradora de boa parte da arte cristã a esse respeito.
Lucas é chamado por Eusébio de Cesaréia (séc. IV) o "pintor de Maria". Nenhum personagem da história evangélica, exceto naturalmente Jesus, é descrito com tantos pormenores, amor, admiração quanto Maria Santíssima. No Evangelho da Infância, deixa-se o mais belo retrato da Mãe de Jesus: A Virgem cheia de graça, o encantador modelo de fé, humildade, obediência, simplicidade e pureza, disponibilidade e espírito contemplativo.

Nenhuma criatura humana recebeu graças tão altas e singulares como Maria: ela é a "cheia de graça", o Senhor está com ela (1,28), obteve graça junto a Deus (1,30), concebeu por obra e graça do Espírito Santo e foi Mãe de Jesus (2,7) sem deixar de ser Virgem (1,34), intimamente unida ao mistério redentor da cruz.(2,35), será proclamada bem aventurada por todas as gerações, pois o Todo-Poderoso operou nela grandes coisas (1,49). Com razão uma mulher do povo louvou entusiasmada e de forma muito expressiva a Mãe de Jesus (11,27).

Ninguém pode enumerar quantas vezes os cristãos, desde o inicio, ao longo dos séculos, em todo o mundo, têm rezado "Santa Maria, Mãe de Deus...".
Sobre os milagres em Santuários Marianos: La Virgem del Pilar, Guadalupe, Lourdes, etc., os luteranos reunidos recentemente em um Congresso, na Alemanha, reconheceram com sinceridade que seria culpável não reconhecer que Deus havia feito muitos milagres em Santuários Marianos. Concluíram eles: “Seria até tolice não reconhecê-los só porque foram feitos em ambiente católico e não entre nós, de outras confissões evangélicas”.

4. O ARQUÉTIPO MATERNAL NO CRISTIANISMO
A Doutrina Homoousiana (da tríplice relação consubstancial de Deus), surgiu como um anseio vindo das profundezas do inconsciente cristão primitivo. O conceito de Trindade do Concílio de Nicéia foi como uma confirmação da existência do arquétipo feminino cristão. Só, que a Trindade, modificou toda a relação entre Jesus e Deus Pai.
O Pai forte e poderoso tornou-se a mãe agasalhadora e protetora; o filho, outrora, sofredor e passivo, tornou-se criança pequena. Surge então a figura divina da Grande Mãe, e torna-se a figura dominante do cristianismo medieval. Tanto é assim, que a Igreja no século IV, no seu desenvolvimento histórico, torna-se a Grande Instituição Sagrada onde os fieis iam amamentar em seus poderosos seios.
Por volta do ano 430 D.C o culto à Maria (a deusa Diana dos cristãos) foi ganhando mais destaque, de beneficiária da graça ela passou a conceder a graça. A Igreja estruturada na imagem da Deusa Materna era àquela que oferecia seu seio para o Jesus menino símbolo das massas sofredoras. Na retratação de Maria feita pelos pintores da antiguidade, ela sempre aparece com o menino Jesus acolhido em seus braços, simbolizando a proteção do arquétipo maternal às pessoas sofredoras e oprimidas, representadas ali pelas figuras da mãe e do bebê embalado em seus braços.
A dominância do arquétipo maternal no inconsciente dos cristãos primitivos corroborou, sobremaneira, para impedir a revolta da classe oprimida contra as autoridades, deixando a sociedade medieval na dependência dos governantes.

A fome insaciável de amamentar nos seios da Grande Mãe intuiu a configuração mais poderosa que se encontra nos altos níveis da vida mental. O leite materno sacia o medo da fome psíquica de auto-afirmação, uma vez que o tormento da fome é a antecipação mental representativa dos castigos e punições advindas da autoridade paterna.
Não há como escapar da teia da ambivalência, que caracteriza o humano: Ao mesmo tempo em que o homem recorre à autoridade de um Deus, identificando-se com Ele na guerra pela sobrevivência, anseia pelo colo materno contra a opressão da autoridade que o priva de permanecer indefinidamente criança amamentando-se nos seios da sua bondosa mãe. A nostalgia, a saudade do útero materno são afetos que o acompanharão pela vida afora.

Ameaçadora para sua sobrevivência, a solidão, não largará mais esse homem saudoso de sua imaginária “deusa – mãe – mulher”. Na falta aconchegante do colo e da seiva doce dos peitos da mãe, ele agora enfrenta o seu mal de cada dia, sendo responsável por si mesmo, muito embora aqui ou acolá se surpreenda “roendo as unhas” , memória do desmame e interdição materna mediada pela autoridade paterna.
Foi esse “desejo vedado” de voltar ao colo da Mãe, que incutiu nas civilizações o vigor pela criação, pelas artes e ciências, testemunhos que são, da dádiva de amor femininamente incutida em nosso inconsciente.

O catolicismo significou a volta disfarçada da Grande Mãe, que havia sido derrotada por Jeová. O espírito da Grande Mãe é representado pela terceira pessoa da santíssima trindade, cujo símbolo é uma “Pomba” que desce sobre o homem para saciá-lo da fome do leite materno. A missão desse arquétipo feminino sob a forma de “Igreja”, é a de imprimir o anseio de retorno ao colo da mãe primeva.
O Protestantismo negando “Maria Santíssima” como a figura feminina do sagrado (um dos arquétipos estruturantes do inconsciente), voltou-se inteiramente para o Deus Pai, sendo que, para obter o Seu perdão, o fiel Protestante fica dependente da aceitação do sofrimento, à custa da negação ou repressão de sua própria “sombra”.
No catolicismo, o fiel voltou a ser aquela criança eternamente abrigada nos braços da mãe. Para ele conseguir a verdadeira felicidade, não resta outro remédio que recordar aquelas belas intenções que tinha quando era pequeno, antes que o Ego tivesse a oportunidade de se manifestar, antes que a personalidade se tivesse formado, quando ainda dava os primeiros passos.

5. O FEMININO EM FREUD E JUNG
Freud chama a atenção para a imensa ambivalência da união Mãe filho. Essa união dual inteiramente imaginária, fusiona-se numa mônada, sem abertura para a alteridade. Além do mais, nela, o amor infantil é um amor sem medida que não se satisfaz com fragmentos, estando fadado à decepção. Daí, segundo Freud, a lei do Pai ao proibir a posse da mãe, primeiro objeto de desejo, é responsável pela função primordial fundadora de nossa cultura paternalista autoritária. A ordem materna no sentido freudiano remete à religião do filho, e, portanto, ao cristianismo, e a ordem paterna à religião do pai, isto é ao judaísmo.

Jung, diferentemente de Freud, valeu-se de uma rica simbologia mítica para definir o complexo feminino do inconsciente pessoal, denominando-o de “ANIMA” representado pela figura materna específica. “Anima” se expressa universalmente como mãe natureza, ventre materno, deusa de fertilidade, provedora de alimento; enquanto “ANIMUS, o complexo masculino”, como arquétipo de pai, se personifica em mitos e sonhos como dirigente, ancião, rei. Como legislador fala com a voz da autoridade coletiva e constitui a personificação do princípio do logos: sua palavra é a lei. Como Pai nos céus, simboliza as aspirações espirituais do princípio masculino, ditando sentenças, recompensando com bem-aventuranças e castigando com trovões e raios.
A abordagem de Jung, em que a face do divino é “Deus-Pai” e “Deusa-Mãe”, deixa transparecer que é nessa relação de completude entre os sexos, de respeito mútuo, interdependência e cooperação, onde reside a alteridade tão almejada que conhecemos através dos estudos da psicologia.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A estruturação feminina que herdamos em nossa gênese edênica continua latente em nosso inconsciente. É das profundezas dessa instância, que o lado feminino se revela com toda sua sublimidade peculiar, a infundir em nós, essa vontade, esse amor de estarmos aqui, todos juntos numa Confraria virtual, como irmãos e filhos desejantes da “Grande Mãe simbólica”, a lutar contra a “castração” do “é proibido pensar para não pecar e ser punido” imposto pela autoridade paterna dos primórdios de nossa formação psíquica. O autoritarismo do homem religioso é fruto do não reconhecimento de sua deusa interior. Ao ver refletida a sua “Senhora dos Prazeres” na pele do outro, ele a exorciza e a reprova, sem saber que está psicologicamente mutilando a sua própria carne.

Por Levi B. Santos
Guarabira, 16 de maio de 2009
OBRAS CONSULTADAS:
1. O Corpo da Deusa - de R. Polack – Editora Rosa dos Ventos
2. Mulheres, Sexualidade e a Igreja Católica – de Uta R. Heinemann – Editora Rosa dos Ventos
3. A Civilização do Ocidente Medieval - de Jacques Le Golf – Editora EDUSP
4. Bíblia Sagrada (Livro de Jeremias e Evangelho de Lucas)
5. Dogma Cristão - de Erich Fromm – Editora Zahar
6. O Mito do Significado – de Aniela Jaffé – Editora Cutrix
7. A Família em Desordem – de Elisabeth Roudinesco – Editora Zahar
8. Psicologia e Religião – de C. G. Jung – Editora Vozes.
9. Freud e a Sociedade – de Yannis Gabriel – Editora Imago


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Comentários

Eduardo Medeiros disse…
Levi, em primeiro lugar, obrigado pela aula.

Você acredita que a reverência de Lucas pela figura da "Mãe de Deus" de certa forma é um resgate dessa imagem arquétipica que foi como você diz, vilipendiada?

Daí o resgate da imagem babilônica de Astarte na figura de Maria com seu filho nos braços?

Teu texto, igualmente como a anterior do JL, é igual sopa quente. Tem que ir bebendo pelas beiradas...

volto ainda. muitas vezes.
Levi B. Santos disse…
Caro Eduardo

"Daí o resgate da imagem babilônica de Astarte na figura de Maria com seu filho nos braços?"

Vou tentar me explicar porque respondo com um SIM a sua pergunta acima:

Jung descreveu quatro estágios do desenvolvimento da Anima que são análogos aos da Prostituta Sagrada:

- 1º estágio: EVA: no qual a anima manifesta sua energia biológica, instintual e sexual. Ela deseja o homem mas, um homem.

- 2º estágio: HELENA: no qual a anima utiliza-se da sedução, com beleza e graça, ela não é mais apenas um objeto sexual.

- 3º estágio: VIRGEM MARIA: implica na transcendência do físico e do sexual, onde há uma ligação com divino. A produção de Eva (aqui santificada) passa a ser simbolizada como o Noivo. A noiva de Cristo, por sua vez, é representada pelos os antigos adoradores(os gentios) da "Rainha do Céu".

- 4º estágio: SOFIA: a sabedoria divina.

As figuras femininas do cristianismo trazem no seu bojo os estágios da ANIMA, porém tendo suas narrativas mais lineares que as gregas, torna-se possível encontrar numa mesma figura uma transformação de estágio da Anima... A Virgem Maria, aquela que concebe sem pecado, mostra o 3o estágio da anima enquanto a figura primitiva de Eva expressa ainda o primeiro. Maria Madalena mostra o trânsito entre mundos diferentes que a Anima tem, e encarna a possibilidade de transformação da anima. Aquela que é lasciva e sensual encarnando o 3o estágio, e é delegada a estar na sombra para a sociedade em que vive, torna-se devota e religiosa se colocando sob a luz numa postura de amor espiritualizado. A Maria Madalena é ao mesmo tempo transformação na relação com a anima, e símbolo da característica da sombra(a Eva que foi reprimida em nós) que pode ser trazida para a persona (o nosso “eu social”) de forma positiva.

Não sei se fui bem entendido.
Espero que a sopa já tenha ficado morna. Estou ansioso para saber a sua opinião a respeito.(rsrsrs)

Abraços,

Levi B.Santos
Eduardo Medeiros disse…
Caramba Levi,

"As figuras femininas do cristianismo trazem no seu bojo os estágios da ANIMA..." é para mim revelador!!

Jamais sequer imaginei que se pudesse fazer tal relação e olha que eu sou o homem dos símbolos haaaaaaaaaa

Essa também é admirável:

A Maria Madalena é ao mesmo tempo transformação na relação com a anima, e símbolo da característica da sombra(a Eva que foi reprimida em nós) que pode ser trazida para a persona (o nosso “eu social”) de forma positiva."


Agora, incorporei ao meu arcabouço simbólico mais estas: Anima e animus que eu realmente só conhecia fagamente.

Eita sopinha que não esfria....haaaaaaaaaa
Eduardo Medeiros disse…
"fagamente"...ahhhhh queimei a língua na sopa ahhhh.. "vagamente"!
Levi B. Santos disse…
Prezado debatedor Eduardo


Do ponto de vista junguiano os conceitos Yin e Yang da filosofia oriental expressam valores do simbolismo de nossa psique, ilustrando o funcionamento psicológico que deriva do conflito entre opostos na estrutura de nossa mente.

A Cabala tem um esquema metafísico muito parecido com o da filosofia oriental. (OPS)Sem querer querendo estamos entrando no terreno de teu próximo ensaio. (rsrsrs)

Mas esses arquétipos vivem enquanto realidades psicológicas nos seus opostos. Todo homem possui dentro de si uma imagem do feminino, da mulher, da mãe e isso é a sua Anima, ela ensina ao homem a entrar em contato com seus lados subjetivos. E o mesmo ocorre com a mulher, mas sua figura interna é o Animus que é o masculino, o homem, o pai, auxiliando o contato com o lado físico e real.

Eu agora despertei para pergunta:

Será que a Cabala não é uma espécie de sincretismo da tradição judaica com a religião oriental?


P.S.: Meu Deus, cadê a maioria da confraria que não nos dar o ar de sua graça?
Eduardo Medeiros disse…
Levi, peço a sua licença para informar aos pensadores sobre o blog

caminhosdateologia.blogspot.com.

No início quando comecei a Sala, deixei nos arquivos sem publicar, vários textos longos, muitos densos, outros mais didáticos, sobre temas teológicos e filosóficos de vários autores que eu acabei não postando.

E não quero mais postá-los lá, já que a Sala tomou outros rumos na característica dos meus textos atuais, mas seria um desperdício de cultura teológica se eu simplesmente descartasse o material.

Por isso, estou deixando todos eles lá nos caminhos da teologia. Futuramente quando eu voltar a dar aulas em seminários, o blog será uma fonte de consulta para os seminaristas.

JL, seria interessante como fonte de pesquisa para as suas aulas.

Não espero comentários nem debates por lá da parte de vocês. Mas como os textos são muito bons e de varios autores, a leitura de muitos deles seriam enriquecedoras inclusive para nós.

Levi, obrigado pelo espaço.
Eduardo Medeiros disse…
Levi, de fato, a tradição oriental assemelha-se a alguns conteúdos da Cabala que é a interpretação das mensagens ocultas por dentro da torá e esta, reflete também em seu bojo, conceitos orientais.

É verdade, cadê os pensadores-debatedores??? Já sei Levi, eles estão ainda com medo de queimar a lingua...haaaaaaaaaa

Agora, mestre, sou eu quem tenho que dar uma saidinha mas volto em breve.
Anônimo disse…
Cheguei na áreaaaaaaaa galeraaa!!!

Peço desculpas de todo o coração por não ter participado dos comentários nas postagens do HUBNER, ISA e J. LIMA.

Minha internet me deixou na mão....e olha como o LEVI tem sorte, voltei bem na hora que ele postou esta jóia preciosa. hehee...

Vou ler agora, para comentar com certeza!!

P.S.DUDDUUUUUU eu não acredito que você conseguiu me
ultrapassar na listagem dos bajuladores, indo em primeiro lugar....ahhhhhhh isso vai ter que mudar!! Afinal quem manda é a mulher na "casa"...hahaaaaaaaaa....
Anônimo disse…
Prontinho já li o "pequenino" texto do Levi, e os comentários...mas confesso que queimei minha língua umas dez vezes nesta sopa "maledita" que está pegando fogooo..kkkk

Vou tomar um copo de água, e amanhã (digo hoje porque já passou da meia noite e meia), eu volto mais tarde para dar o ar da graça.

Beijos!!
Parabéns Mestre .... muito interessante este artigo, vai dar pano pra manga hein...
Eduardo Medeiros disse…
Paulinha, minha filhinha, você ficou out muito tempo e eu como não sou bobo, tratei de papear com o mestre Levi saboreando aos poucos essa sopa quente haaaaaaaa

Mas ao que tudo indica, o texto do Levi é um artigo quântico que hora pode ser sopa, hora pode ser feijoada, hora pode ser rabada com agrião, hora pode ser um suculento mocotó com feijão branco...
Eduardo Medeiros disse…
"Relegada às profundezas abissais da psique humana, essa Toda Poderosa Divindade Primordial perdura, mas, tendo sido vilipendiada, mostra-nos sua face terrível,"

Levi, essa poderosa divindade primordial é aqui representada pela deusa paula, que possui de fato e de direito um único adorador chamado nureda edson...

Levi, falando sério, podemos discutir quais eventos históricos, psiquícos, religiosos, foram capazes de mudar o foco da devoção à deusa mãe, para a construção dos deuses masculinos.

O símbolo da fertilidade em povos primitivos era o V que exatamente, simbolizava o formato do genital feminino. Os símbolos fálicos só viriam depois e por fim, dominariam a psiqué e o inconsciente coletivo das sociedades pratiarcais.

Um desses eventos parace claro, ou seja, o estabelecimento da sociedade pratiarcal que relegou a Deusa ao segundo plano, fazendo emergir as divindades masculinas como Javé, Zeus, Marduk, Rá...

Nos povos mesopotâmicos, ao que parece, deuses e deusas conviveram em harmonia por longo tempo, assim como em canaã quando lá chegaram os hebreus que tiveram durante anos, posições ambíguas com os deuses e deusas da terra, hora em sincretismo, hora em oposição ferrenha.

É só lembrar do desafio de Elias ao deus Baal. Javé sai vitorioso fazendo dos sacerdotes idólatras churrasco queimado e a convivência pacífica de Salomão com suas esposas estrangeiras adoradoras de deuses pagãos.

Na idade média, dominada pela religião cristã, as adoradoras da Deusa foram queimadas nas fogueiras da inquisição, taxadas de bruxas.

A igreja católica romana ainda não pediu perdão pela morte de milhares de "bruxas" como pediu perdão aos judeus pelo anti-semitismo.

O cristianismo deve ainda, essa retratação histórica. Mesmo porque, a ideia da Deusa por fim, foi absorvida pelo catolicismo na figura da "deusa" Maria, Mãe de Deus, tal era a sua força e apelo popular.

Levi, se cometi algum erro histórico, por favor, aponte, pois a memória ou a pressunção podem ter falhado rsssssssss
Levi B. Santos disse…
Paulinha!

Você voltou na hora exata em que o FEMININO está aqui em pauta. Ninguém melhor que você para explicar os mistérios dessa "deusa" mulher que tanto foi maculada e combatida dentro da religião.

Nos socorra, e explique o "por quê" desse imã irresistível que existe no coração de uma mulher.(rsrsrs)
Levi B. Santos disse…
Caro Eduardo


O seu comentário foi "Show de bola" realçando sobremodo o arcabouço central do ensaio por mim postado.
Muito obrigado pela mãozinha. (rsrsrs)


Olhando sem parcialidade a história do cristianismo, veremos que ele se organizou em torno do poder sagrado num exercício autoritário e totalitário.
Essa estrutura não tolera a fragilidade do amor, não suporta a leveza da ternura e não agüenta a convivência com o diferente, a mulher, os filhos e a força do desejo.

O Principio feminino é absurdamente reprimido para LEGITIMAR PRECONCEITOS em questões de moral e sexual.

A hostilidade ao prazer e o ódio ao sexo exaltou o celibato e marginalizou a sexualidade e a mulher.
Esdras Gregório disse…
Levi eu acredito que o protestantismo de certa forma conseguiu na igreja e na bíblia encontrar esta proteção feminina necessária ao nosso inconsciente.

A bíblia para os evangélicos é como que uma entidade a parte, como uma grande mãe que sempre tem uma palavra de conforto, que tudo resolve, que nos acolhe, que nos protege, que esta fisicamente conosco na ausência do pai.

Como os católicos não tem esta veneração pela bíblia eles encontram em Maria os que os crentes encontraram no livro. Chutar uma bíblia para os crentes é tão grave como chutar uma santa para os católicos, é como xingar a nossa mãe.

Concordo plenamente com a autenticidade humana da adoração a Maria feita pelos católicos, não se trata de idolatria perversa (mas como sugere seu texto rsrs desculpe se pus palavras em sua boca rsrs) de uma necessidade inconsciente dor ser humano de voltar ao seu útero materno aonde ele encontra compreensão, carinho, amor e cuidados especiais.
Levi B. Santos disse…
Caro Eduardo


“O cristianismo deve ainda, essa retratação histórica. Mesmo porque, a ideia da Deusa por fim, foi absorvida pelo catolicismo na figura da "deusa" Maria, Mãe de Deus, tal era a sua força e apelo popular”.

O trecho acima do seu último comentário, me fez lembrar de uma passagem do livro de apocalipse.

Veja bem meu caro amigo, a exuberância simbólica do inconsciente do autor do Apocalipse, ao enxergar em sua “visão”, elementos de deus e de uma deusa fundidos numa só imagem: “ No céu,(o inconsciente) ele viu uma mulher vestida de SOL (o Astro-Rei , Senhor do dia), tendo a LUA ( deusa das trevas da noite) debaixo dos pés”.

A “imagem” do Sol que as tribos primitivas adoravam como um Deus, e a "imagem" da Lua ─ adorada como uma Deusa, aparecem como modalidades de manifestações míticas que se completam , e que apesar de opostas devem ser internalizadas como “dualidades” (que você não gosta, rsrs) inerentes de nossa psique. Em outras palavras, Ela nunca será expulsa do inconsciente, e será sempre um fator estrutural de nossa esfera psíquica –espiritual.

Essa mulher vestida de sol tendo a lua a seus pés, ainda que tenha servido como símbolo de Maria na festa litúrgica da assunção, não é, no Apocalipse, a santíssima Virgem Maria, porque essa mulher vestida de sol, como Eva por causa de seu pecado, dá a luz em meio à dor (ver Ap 12: 1 e 2).

Falta decifrar o “dragão” do apocalipse, assim como a briga no céu entre Miguel e seus anjos contra o dragão. Quão rico em simbologia são essas imagens vindas do inconsciente de João.

O que você Edu, como homem dos símbolos, me diz de tudo isto?

Abçs,
Levi B. Santos
Levi B. Santos disse…
Boa meu confrade Gresder

Seu comentário me fez lembrar de um "causo" verídico:

Quando eu era ainda criança em minha cidade natal ao assistir a procissão do Senhor Morto, sempre me chamava a atenção, um velho rabugento que nunca deixou de carregar sobre os seus ombros o andor do Senhor Morto,na semana santa.

Passado, muitos anos, eu avistei esse velho numa concentração evangélica, naturalmente, acho que tinha virado "crente". Ele era analfabeto, mas estava sempre com a sua bíblia a tiracolo, exibindo a mesma galhardia de quando carregava o andor do Senhor Morto.

Aí eu pensei: "Será que esse velho não fez apenas trocar de andor?

Antes venerava a imagem do Senhor morto, hoje "crente", idolatra a sua velha bíblia de capa preta.
Anônimo disse…
Levi, primeiramente, obrigado pela aula magistral, que deverá adentrar os anais desta Confraria, juntamente com textos de peso, como os de J. Lima e Edu Medeiros.

Seu texto é tão brilhante e rico que é difícil comentar.

A figura materna está presente no imaginário humano. Ela é quem traz a vida, quem fertiliza os campos, quem alimenta com seu leite. As pessoas sentem um apelo instintivo para amamentar, seja em sentido figurado ou literal.

Impossível, assim, imaginar que o arquétipo feminino não fosse reverenciado pelas mais remotas civilizações e pelos mais distantes povos. Inclusive, derivando na trindade cristã. Na verdade, numa Deusa Mãe, uma vez que só uma Deusa Mãe poderia ser "Maria, a Mãe de Deus"...

Mestre Levi, grato mais uma vez por este belo ensaio. E desculpe pela minha demora.
Anônimo disse…
Mestre LEVI,

Concordo em gênero, número e grau com ISA:

"Seu texto é tão brilhante e rico que é difícil comentar".

E como você põe esta dinamite na minha mão?! ....falar sobre o imã irresistível que existe no coração da mulher, é uma dinamite que vai explodir e me matar ...hahahaha.....

Mas falando sério agora, eu concordo muito com o comentário do Isa. A figura feminina (materna) já está no imaginário humano (nosso isconsciente)...mas simplesmente pelo arquétipo figura MULHER ter sido acobertado de sinônimos de indicam proteção, amor, defesa da sua "cria"...

A mulher começou a ser vista como um "divindade" pelo fato de "trazer debaixo de sua asas" o indefeso, o inofensivo (os próprios filhos)...e a igreja católica, veio com o intuito de desencadear o pensamento de adoração à imagem da "Deusa mãe", o que se segue ainda pelos dias de hoje....

Mas se refletirmos, a imagem feminina, com o cargo de proteção e divindade..acabou por trazer à forma da MULHER um novo cargo chamado INDIVIDUALISMO, AUTENTICIDADE e "PODER", o que a separa muito em comparação à imagem MASCULNA...e ambos que estavam caminhando por caminhos totalmente distintos, estão hoje praticamente no mesmo patamar...

Segundo o filósofo Lipovetsky, a concepção da mulher como protagonista da sua própria vida,
provém de uma “nova cultura” que, “centrada no prazer e no sexo, no lazer e na livre escolha individual, desvalorizou um modelo de vida feminina mais voltada para a família do que para si mesma, legitimou os desejos de viver mais para si e por si”.


Beijos!!!

Agora tome posse que o filho é teu ...kkkkkkkk
Anônimo disse…
Duzinhoooo...seus comentários são sem comentários!! heheeeee

Olha quando abrirem as inscrições para o seu curso de teologia, me comunique com antecedência para fazer o meu cadastro e garantir a minha vaga na primeira fila. kkk

Parabéns LEVI e DUDU pelo magnífico diálogo teológico!!
Anônimo disse…
Só para aumentar mais um comentário para a Top Paulinha..haha.....

Isa quanto tempo!!!!!!...

Gresderzitto....serve para você também, quanto tempo!!

Mas agora, cadê os outros integrantes da C.P.F.G....evadiram todos..ahhhhhhhhhhh não!!

Oséiasss pelo amor de Deus, você poste um texto depois do mestre levi, porque esta semana não vai dar pra eu escrever nadica de nada.....heheh.....estou atropelada de coisas da escola pra fazer..

Please!! Please!!!
Levi B. Santos disse…
"As pessoas sentem um apelo instintivo para amamentar, seja em sentido figurado ou literal".

Aproveitando o que escreveste acima, vou tentar fazer uma análise mais profunda da simbologia do se deliciar nos peitos maternos, recitando aqui, esse emblemático poema de Manuel Bandeira que pode nos ser muito útil, meu caro confrade Isaias

A MAÇÃ

"Por um lado te vejo como um seio murcho
Por outro como um ventre
Cujo umbigo pende ainda o cordão placentário
És vermelha como o amor divino.

Dentro de ti
em pequenas pevides
palpita a vida prodigiosa
Infinitamente...

E quedas tão simples
Ao lado de um talher
Num quarto pobre de hotel."
Levi B. Santos disse…
Paulinha

Sou grato pelo seu feminino comentário que veio realçar, sobremaneira, o ensaio postado sobre essa misteriosa “Deusa -Mãe” , que nos apazigua e nos acolhe em nossas crises existenciais.

A função estruturante feminina, simbolizada por uma deusa, opera desde os primórdios de nossa de nossa vida e vai até o final dela. É o arquétipo da deusa simbólica que estrutura a nossa sexualidade, a nossa imaginação e a ambição de crescimento, no bom sentido do termo.

Foi essa deusa impulsionada pela “serpente simbólica edênica” cujo significado é a “Intuição”, que nos fez abrir os olhos para o conhecimento do bem e do mal.

Dizem:

a mulher é osso duro de roer, pois foi esculpida de uma costela nossa, mas não podemos esquecer, que é uma coluna óssea que nos faz manter de pé ─ a coluna vertebral.

Abraços,

Levi B. Santos
J.Lima disse…
Querido levi.
O seu texto é magnifico!
sinceramente uma aula de psicanálise, mitologia e simbolos!
Olha li o seu texto e estou lendo os comentários postados, principalmente o diálogo entre vc e o Mestre simbólico Eduardo.
Voltarei ainda hoje para ver se consigo fazer um comentário sobre o conteúdo do texto ok?
não posso deixar passar em branco um magnifico texto como esse!
rssss
Aproveito para lhe pedir se puder por gentileza mandar para min por emaio em anexo todos os textos que vc tive de psicanálise que tenha relação com a religião.
Preciso escrever um livro para a escola na qual sou diretor pedágogico. ok?
Abraço e até mais tarde.
Eduardo Medeiros disse…
Levi, muito bem observado

"... exuberância simbólica do inconsciente do autor do Apocalipse, ao enxergar em sua “visão”, elementos de deus e de uma deusa fundidos numa só imagem: “ e também

"como modalidades de manifestações míticas que se completam , e que apesar de opostas devem ser internalizadas como “dualidades” (que você não gosta, rsrs) inerentes de nossa psique. "

Sem dúvida nenhuma, o mundo antigo era dualista. Sol, Lua; Céu,Terra; Noite, Dia...Só creio que temos que prestar mais atenção ao monismo idealista que venho estudando muito nos últimos dias.

Levi, suas tiradas psicanalísticas de narrativas bíblicas é fantástica, eu nunca procurei ler assim esses textos, pois à princípio, meu maior interesse era saber o que o símbolo queria dizer para quem estava lendo aquele texto, àquela época pré-Freud..rss

Mas a psicanálise de fato, é capaz de meter mesmo a mão lá no fundo da psiqué e buscar arquétipos universais.

A passagem de Ap 12 foi interpretada de várias maneiras pela teologia. Alguns viram na mulher a sinagoga ou a comunidade de Israel do qual o messias nasceria; ou ainda à Igreja que gera o messias em cada cristão. A interpretação mais interessante para o seu texto é sem dúvida, ver na mulher a virgem Maria.

Mas de fato, ali mesclam-se mitos antigos do oriente, judaicos e gregos.

Roma, era considerada rainha do céu, cultuada como Mãe; O imperador Augusto que tinha sua pessoa ligada ao deus Apolo, o deus solar grego.

Nero era uma figura muito importante simbolizado nas bestas dos capítulos seguintes de apocalipse.

contava-se uma história muito parecida com a passagem da mulher. Diziam que Nero, quando bebê fora resgatado do ataque de uma serpente, exatamente como aconteceu com Apolo. Píton, tentou matar Leto, que estava grávida de Apolo, filho de Zeus, que faz o vento do norte soprar e salvar Leto, carregando-a para uma ilha.

As semelhanças são nítidas. Isto sem falar nas tradições da deusa-Mãe que luta contra uma serprente.

O Comentário Bíblico Loyola nos iforma o seguinte:
Eduardo Medeiros disse…
"Os mitos refletem o símbolo modelar da Mãe celeste e seu divino filho, atacado pelo monstro das águas do Caos...para os leitores da época, é um retrospecto da história primeva...nascimento/resgate do divino filho. Dá uma explicação mítica para a hostilidade entre os seguidores da besta e dos do Cordeiro..."

Sem dúvida, o apocalipse cristão reflete a "guerra" entre os seguidores de Cristo e o império Romano, que todas as formas, tentavam destruir aqueles que ousavam não adorar a figura divina do imperador.

Todo o apocalipse reflete essa drama histórico mas de forma simbólica, usando os mitos conhecidos à época. Essa é a característica do gênero literário judaico conhecido como Apocalíptica. Sua principal característica é "ler" o presente, através dos olhos simbólicos que evocam um direcionamento escatológico da história que caminha para a vitória final de deus e do seu messias...
Eduardo Medeiros disse…
Então, o sinal da mulher no céu torna-se o protótipo mítico da realidade terrena que os leitores do apocalipse enfrentavam.

Dá prá sacar também outros pontos simbólicos no AT. Por exemplo, a mulher vestida de sol também refelte a glória com que deus está vestido (Sl 104). As 12 estrelas em sua coroa simbolizam tanto os 12 signos zodiacais como as 12 tribos de Israel.

Em Is 66, as dores de parto da mulher são seguidos pela era messiânica. Aqui no apocalipse, a ideia é a mesma.

E o Dragão? A igreja sempre viu no dragão o diabo, o adversário de Cordeiro. Mas o dragão também é animal mítico que está relacionado com os forças destruidoras do Caos.

Estou esperando o comentário do JL...

Paulinhaaaaa....pode deixar que quando eu abrir meu curso teológico, você vai ser minha primeira aluna haaaaahhaaaaa mas enquanto isso, vai aprendendo aí com teu pretinho Nureda Edson que é um profundo conhecedor da matéria..haaaa
J.Lima disse…
Levi.
Antes de mais nada quero dizer que a profundidade do texto é incrível.

Sinceramente não me acho à altura para fazer um comentário relevante, mas posso tentar? Hhahahahaha. (Afinal o Eduardo já disse que está esperando o meu comentário, tenho que postar antes que venha o próximo. Hahahahahha).

Quanto mais estudo a religião em conexão com a psicologia, mais percebo o quanto responsável é os arquétipos que estão por trás de toda a construção da vida humana.

A tradição judaica quanto à narração ao Genesis, tinha antes de Eva na tradição rabínica uma figura feminina por nome “Lilyth”, essa foi à primeira “mulher”, que foi criada perfeita, mas se “rebelou”, contra a autoridade masculina.

Na cabala Lilith é tida com a primeira mulher, ela antecede a Eva do antigo testamento, também responsável pela “desordem no universo masculino” (sempre elas não é? Hahahahahahaha)

Ela abandonou o jardim do Èden por causa de uma disputa sobre igualdade dos sexos, chegando depois a ser descrita como um demônio, essa passagem está registrada no livro do profeta Isaias.(só não me lembro onde? Hahhahahaha)

Algumas interpretções do antigo testamenteo diz aue Lilyth se rebela quando percebe que é da mesma matéria prima que adão, e por isso recusou-se: “a ficar sempre por baixo durante o ato sexual).

Nesse caso Lilyth é a précursora que remonta o inconsciente revoltado contra o “dominio patriarcal”!

Ela questionou Deus sobre a razõa dessa inferioridade ele reponde: “essa era a ordem natural, o domínio do homem sobre a mulher, dessa forma abandonou o Éden”.

Após os hebreus terem deixado a Babilônia Lilith perdeu aos poucos sua representatividade e foi eliminada do velho testamento. Eva é criada no sexto dia, e depois da solidão de Adão no gênesis.

Agora deixando o fundo histórico, o que percebo é que o homem ao longo da história criou mecanismos de defesa, sentiu-se ameaçado, seja qual for a forma que a mulher ganhou ao longa da história seja Astarte, Lilith, Rainha dos céus, Eva ou Maria.

Uma coisa percebe-se no fundo do inconsciente masculino e me permitam a sinceridade aos meus amigos homens: “O homem sente-se ameaçado”, concordo com o levi, e vou usar um pouco a psicologia Junguiana para colocar o meu parecer.

Creio que a divindade do Espírito Santo, no novo testamento, sendo uma “personalidade assexuada”, seria a síntese inconciente, para ficar num “meio termo”, nem o pai vetero testamentário, nem o filho néotestamentário, ou maria mãe de Deus, que sendo mulher
CONTINUA...
J.Lima disse…
CONTINUA.....
Gerou um filho do pai, mas esse não era homem somente: “era Deus-homem” filho de Mulher sem contato de homem!

Acho que o Espírito Santo é a SINTESE da divindade, nem masculino nem femino, “neutro”, visto que a ausência da figura masculina ou feminina no arquétipo humano deixa-o deficiente.

Só o Pai do AT) , simbolizando a força o poder da guerra a manutenção da vida, deixa a deficiencia da ausência do colo materno, geradora da vida, leite, cuidado no crescimento!
A figura feminina é responsavel por gerar a vida, a masculina por protegê-la.

A história da humanidade não conseguiu conciliar esse dois lados importantes da existencia humana, um sempre exluiu o outro, no novo testamento, sugre uma terceira via, que ninguém via, a saber: um “Deus” que os cristãos adota pela necessidde inconsciente de apaziguar esse conflito.

Nem o pai, nem a mãe, nem o filho, ou todos ao mesmo tempo e nenhum exclusivamente, que tal o “Espírito Santo”? Na teologia tem as mesmas glórias do pai e do filho, são eternos, mas diferentes individualmente! (Essa é para você mestre Levi e Eduardo mestre dos simbolos. Hahahahahahah)

Além de que a teologia do Espírito pode ser uma expressão inconsciente da associação do pecado com o sexo, por isso a mulher fica “gravida do Espírito” não é um homem que a engravida, mas o proprio “Deus”, isso porque a “mulher” não teria pureza suficiente para gerar um “santo”, com o homem, nem o homem a poderia “purificar” visto ser ele também incapaz desse feito!

Isso não seria uma forma do Novo testamento incoscientemente valorizar a mulher? Ao mesmo tempo que a salvação embora venha por um homem, não é o homem o autor dessa salvação?

È um “homem” que redime, mas esse não é filho da “mulher”, e nem “filho de homem” não é fecundado por homem, mas sim pelo “Espírito”, (Ruah: vento, sopro, ar em movimento), com personalidade, mas sem “sexo”!

O que me diz mestre?
Seria incoscientemente uma repugna contra o “sexo”, ao mesmo tempo um resignação contra o dominio “masculino”, e um “equilibrio”, visto que a mulher tem maior participação do que o homem, afinal ainda o “filho homem”.

Não seria “filho do homem”, mas ainda assim seria “semente da mulher”! Opa! Mas quem disse que mulher tem semen-te? Fica com essa Levi e Eduardo? Hahahahahahha

Olha ai Eduardo você pediu agora descasca essa! hahhahaahhahahah.
Abraço a todos.
Levi B. Santos disse…
José Lima (sempre nas últimas)

Só para animar o debate.

Conheço um evangelista aqui na Paraiba, que prega que esse negócio de "inseminação" não é novidade, pois, Cristo foi inseminado pelo E. Santo - Eita revelação bombástica, a desse irmão que reside aqui pertinho de mim (a cerca de 40 quilômetros).

O pensamento desse irmão vai no sentido do que você escreveu:

"...Seria incoscientemente uma repugna contra o “sexo”,"

Sabemos, que ainda hoje, o cristianismo traz em seu bojo a hostilidade ao prazer e ao corpo, e isso é um legado forte da antiguidade, preservado até hoje.

A noção de que o sexo tem de ter finalidade procriadora, caso contrário será visto sob o estigma negativo do prazer, deixou marcas duradouras no cristianismo.

Quem naquela época teria a audácia de escrever ou profetizar, contra o próprio imaginário que considerava copular e ter orgasmos, coisa do Cão dos Infernos?

Tem mais, eu duvido muito de que Jesus estava de acordo com esse negócio de partenogênese.
Aliás, isso seria uma tremenda vantagem sobre nós, pobres mortais, que não fomos privilegiados com uma geração desse tipo, geração essa que anula de certa forma o sacrifício de Cristo.

Acredito como o pregador aqui de perto: o E.Santo inseminou Maria com o espermatozóide de José.
Levi B. Santos disse…
Prezado Eduardo

Esse seu comentário, merece ser postado na sua sala de pensamento. Nota DEZ.

Como o J. Lima acaba de ressuscitar, chegou aqui já na quarta feira de cinzas, vou aguardar a réplica dele, para depois falar um pouco sobre o que escreveste nesse teu denso e significante comentário de três partes.
Levi B. Santos disse…
Prezados Eduardo e J. Lima


Na narrativa apocalíptica de João temos que buscar entender a maneira de pensar do autor e o que ele estava experimentando na época da escrita do texto. João tinha perdido todos seus amigos de jornada em situações trágicas, e, solitário em uma ilha, deu um mergulho no seu inconsciente pessoal e também um mergulho no inconsciente coletivo da comunidade em que vivia.

OS OPOSTOS EM ATRITO - CONSEQUÊNCIA DA NÃO “INDIVIDUAÇÃO”:

O Apocalipse se detém um pouco em cada um de nós. Ele fala do Eu Sou (Aberto) e do Poço do Abismo, do Alguém e do Shatan, do Cordeiro e do Dragão, dos Viventes e dos Cavaleiros, da Mulher e da Prostituta, da Criança e da Besta, de Jerusalém e da Babilônia.

O que está no Apocalipse é uma realidade que se encontra em nossas vidas. O que se encontra é um combate entre “polaridades de sombra e luz, de inferno e aberto, de consumo e comunhão. O que João expressa é o processo de individuação, de integração do Eu e do Self (imago dei).


A PROPOSTA DOS OPOSTOS QUE ENTRAM EM UM ACORDO:

Na verdade, os antagonismos no processo de individuação não devem ser confrontados, mas sim reconciliados. As tensões entre obediência e desobediência, liberdade e falta de liberdade, divino e demoníaco, mundo e matéria, origem e fim podem ser resolvidos, através da superação dos antagonismos.
A imagem divina do E. Santo, do qual se diz que foi deixado para o homem mortal, tem igualmente uma natureza que une os opostos. Não é a toa que o E. Santo é simbolizado por uma POMBA (aquela que traz a paz entre os opostos; entre Judeus e gentios). Através dele, o amor de Deus e o terror de Deus se fundem em numa unidade sem palavras (olha aí o monismo aparecendo, Eduardo!!! ─ rsrsrs).

É claro que João não tinha essa consciência de interpretação que estamos ventilando aqui. Tanto é, que na própria visão, ele chega a pedir vingança a Deus contra os seus algozes:

“... até quando não vingas o nosso sangue, dos que habitam na terra, ó santo Soberano.” (Apoc. 6 : 10)

Requerer vingança é trabalhar em oposição à "individuação" que une ou integra os opostos em nós mesmos.
As metáforas no apocalipse usadas LITERALMENTE só fazem reforçar a autoridade terrorista patriarcal.

Necessitamos, urgentemente, fazer uma desleitura do apocalipse, para resgatar o significado intrínseco de seus símbolos, levando-os não a confrontação e a guerra, mas a integração de seus pólos “opostos”, em nossa consciência.
Só assim o livro de apocalipse será reinterpretado como livro da paz e não do terror e da destruição.
J.Lima disse…
Prezado Levi.
Como diria se estivesse num tribunal...
Sem mais perguntas a fazer meritissímo!
hahahahhahah
Grato pelo aprendizado que adquiri com o texto e os comentários aqui postados.
Abraço.
Eduardo Medeiros disse…
O JL chega no fim e acaba provocando um novo início de pensamentos que demandariam mais uma semana de análises haaaa

Muito bem lembrado de Lilith, tínhamos esquecido dessa figura feminia singular, com certeza, a primeira "feminista" da história...ficar "por baixo" uma ova....rss

Quanto ao Espírito, Jl, você manda uma tese interessante

"Acho que o Espírito Santo é a SINTESE da divindade, nem masculino nem femino, “neutro"

muito interessante. Mesmo porque, o Espírito é um conceito meio desfocado no NT. Quem de fato é o Espírito?

Sabe, gosto da definição das Testemunhas de Jeová de que o Espírito é a "força ativa de Deus". Sendo assim, também deveria ser Deus pois tudo que emana de Deus, é Deus...(bom, já tô viajando na cabala rssss)
Eduardo Medeiros disse…
Levi, a cada dia estou aprendendo com vocês dois a olhar o texto bíblico através das lentes da psicanálise e é realmente fascinante.

A questão da individuação é interessante pois como você disse "O que está no Apocalipse é uma realidade que se encontra em nossas vidas."

Mais uma aula que tive...

O meu comentário foi focado como você disse também, no que o autor e os seus possíveis leitores tinham em mente quando liam o texto, com toda a bagagem de símbolos e mitos acumulados no inconsciente da época.

De uma forma ou de outra, as abordagens são ricas e significativas.
Eduardo Medeiros disse…
Levi e todo mundo: eu queria falar sobre a confraria, por favor, vão lá no forum.
Hubner Braz disse…
Nossa Levi,

Esse texto está dificil de comentar... tenho que ler e reler mais de duas vezes para comentar.

Parabens para você, mestre em psique.
Levi B. Santos disse…
Caro Eduardo

Aí vai uma dica, para você:

"Que tal continuarmos o empolgante tema da nossa "deusa interior", num futuro texto cabalístico. Você seria, é claro, o mais indicado para tal projeto.

Seria uma grande oportunidade para nos estendermos mais sobre o complexo feminino, que na tradição judaica foi sempre tido como "a alma transgressora".
Penso que à luz da Cabala, teríamos como aprender mais sobre essa Deusa do imaginário arcaico.
Levi B. Santos disse…
Caro Eduardo


Penso que você não irá se opor ao que vou falar:

"Tanto Freud como Jung, cada um a sua maneira, beberam da fonte cabalística. Sendo que o último mergulhou mais profundamente nesse poço de conhecimento".

A obra de Jung demonstra, sem dúvidas, que ele recebeu muita influência dos autores cabalísticos.
Levi B. Santos disse…
Foi no dia 25 de dezembro de 2009, que após ler o esplêndido ensaio "Mito como expressão da Fé" do professor J. Lima, me entusiasmei com a verve desse psico-teólogo de Campinas, e fiquei definitivamente seu fã .
Naquele dia deixei registrado em seu blog esse sucinto comentário ao seu instigante ensaio, que faço questão de reproduzí-lo:


"As imagens míticas passam de geração a geração quase que inconscientemente.
Elas assumem roupagens diferentes quando aparecem em épocas diferentes.

O Mythos é dinâmico, não é exclusivo de uma só forma religiosa. Ele é universal.

Nós, é que, às vezes, erroneamente ou egoisticamente, o particularizamos".


Daí p'ra frente, comecei a arquivar os seus significativos textos, e me tornei o seu aprendiz.

Meus agradecimentos,

Levi B. Santos
J.Lima disse…
Querido Levi.
Esse comentário vindo de um intelecual de primeira classe como você muito me envaidece! rsss

Fico grato pela honra e a reciprocidade quanto a admiração com os seus texto é verdadeira.

Esse texto que você citou, para min foi um dos mais profundos que minha mente pode produzir.

Eu estava de férias, e com bastante tempo, no entanto, coloquei muitos artigos sem espaço de tempo para os leitores lerem refletir e comentar.

Por gentileza permita-me colocar o link daquela reflexão para os amigos que acessa a CPFG possam ler:

http://jl-reflexoes.blogspot.com/2009/12/mito-como-expressao-da-fe.html

Abraço a todos.
Eduardo Medeiros disse…
Levi, o tema que você sugeriu é deveras interessante! bem, podemos compartilhar algumas ideias pois você conhece bem a Cabala como eu já previa rssssssssssss
Unknown disse…
Levi, e o que dizer da Grande Mãe secular, o Estado? O povo me parece abrir mão da democracia por um Estado-Mãe muito facilmente, ou seja, preferem uma Mãe que lhes controle do quê ser livres, mesmo que levem uma vida medíocre.

Por isso que me parece que a cada eleição, o povo fica à espera de um milagre, um presidente que será uma mãe, resolvendo todos os problemas e passando a mão na cabeça de todo mundo...
Levi B. Santos disse…
Prezado Gabriel Nagib


Muito oportuna a sua colocação.

Realmente, o Estado, A Igreja, as grandes Instituições, A Previdência Social, são instâncias simbólicas ou repreentativas da "Grande Mãe".

Nós trabalhamos incessantemente pela sobrevivência,para almejarmos, num futuro, ter o nosso sustento sem precisar do esforço e do suor do rosto, em outras palavras, desejamos retornar ao Éden simbólico em que tudo tinhamos sem fazer esforço.

Agradeço a sua grande e significativa colaboração, por levar a simbologia da "Grande Mãe" para essa tão importante área de nossa vida social.

Um grande abraço,


Levi B.Santos
Levi B. Santos disse…
Prezado Gabriel

(Continuando o comentário anterior)

Na verdade,essa esperança de encontrar uma figura política a quem possamos nos alienar, trocando a nossa liberdade de "SER", pelo leite utópico do TER, vem daquele desejo arcaico do nosso inconsciente, quando não nos nos considerávamos um "Ser em si", mas simplesmente um prolongamento de nossa "Grande Mãe".

Infelizmente, os que não se tornaram adultos, ainda vivem no reino encantado da infância, à espera de um presente do céu da mamãe Dilma ou do Papai Serra. (rsrsrs)

Agradeço mais uma vez, por ter levado o ensaio por mim postado para esse interessante lado, que não tinha ainda sido ventilado.

VALEU!

Abçs,

Levi B. Santos
Anônimo disse…
Levi, como sempre sou um dos últimos a comentar, rsrs.

Cumpristes com o prometido.

E como.

Este texto trouxe-me muitas informações importantes.

Como já escrevi em outro post, estou lendo "O prazer sagrado - sexo, mito e política do corpo" de Riane Eisler, estou ainda no quinto capítulo.

No início do livro, Riane aborda estas questões da "Grande mãe".

Vou anotar as referências do teu ensaio para lê-los futuramente.

Abraços.

Evaldo Wolkers.
Levi B. Santos disse…
Prezado Evaldo

Interessante, estamos sempre sintonizados na abordagem dos mesmos temas, visto que você está lendo atualmente algo nesse sentido.

Aproveito a oportunidade para ressaltar sobre o que me levou a escrever sobre o feminino, começando com o tema "A Deusa Mãe".

Entendo que o Mito do Gêneses com seus personagens fala muito dos nossos desejos, de nossa psique. As metáforas bíblicas as mais variadas, como Serpente, Eva, Adão, Éden, Fruto proibido, são elementos padrões que expressam os fenômenos psicológicos comuns a toda a humanidade. São imagens do inconsciente coletivo (Jung).

Na oportunidade, senti o desejo de realçar nesse ensaio a figura femininina, que nos estrutura e nos dá equilíbrio, e que, no entanto foi tão vilipendiada e relegada ao mundo de Belial. Essa deusa "bruxa" e carinhosa que não frustra e não dá limites, mas dá atenção colo e comida e presentes contrabalança a dificuldade de conviver com O "bruxo" agressivo. Digo isso, porque a "brucha" deusa, apesar de ser tão repudiada, não gera tanta culpa.

AO não reconhecermos dentro de nós esses complexos femininos e masculinos (Anima e ânimus), demonizamos o nosso feminino interno, ao invés de procurar integrá-los em nossa vida psíquica, para alcançar um equilíbrio mental saudável.

Foi essa a minha intenção: a de mostrar o prejuízo consequente a repressão do arquétipo feminino que nos estrutura, e ao mesmo tempo mostrar a alternativa democrática de conciliação entre esses dois pólos aparentemente opostos; sabendo de antemão que a TRANSGRESSÃO que leva ao NOVO - simbolizada pela figura de EVA -, é reponsável pelo nosso desenvolvimento e nossa criatividade.

Abraços,

Levi B. Santos