O Apocalipse do Rodrigo



Um dia, depois dos crentes ditos evangélicos terem orado tanto pela “volta de Jesus” e o “arrebatamento da Igreja”, Deus resolveu atender este pedido conforme a Sua vontade soberana. Mandou que seus anjos Miguel e Gabriel fossem até à Terra pilotando um enorme disco voador e transportassem metade da população para outros planetas. E isto aconteceu numa ocasião inesperada, sem que fosse feriado ou dia “santo” de alguma religião.



Contudo, os evangélicos em sua maioria ficaram bem surpresos com o acontecimento. Quando foram instantaneamente arrebatados para a grande nave, não encontraram apenas pessoas do seu segmento confessional. Além dos católicos, estavam lá cristãos espíritas, gnósticos, homens desviados de igrejas e gente que nunca levantou a mão durante um apelo de conversão a Jesus nos cultos eclesiásticos. Também estavam reunidos muitos judeus, muçulmanos, budistas, hindus, taoístas, xintoístas e seguidores das mais diversas tradições religiosas do planeta. Até ateus poderiam ser encontrados dentre os que tinham sido “salvos”.



- “Não acredito que encontraria a senhora por aqui”, exclamou uma evangélica da Assembleia de Deus quando viu do seu lado uma vizinha umbandista.



Esta prontamente lhe retribuiu:



- “Mas por que, minha filha? Será que o teu Jesus seria tão injusto de me mandar queimar no inferno por toda a eternidade apenas porque não sigo o seu pastor? Sempre amei Jesus a quem chamo de Oxalá.”



Uma comissão de evangélicos e outra de espíritas foram até os anjos pedir explicações sobre o que estava ocorrendo:



- “Gabriel, eu sempre considerei que só os crentes fieis a Jesus seriam arrebatados. Será que vocês não andaram se confundindo ao cumprirem as ordens de Deus? Lembre-se do que Paulo escreveu nas epístolas ao tessalonicenses”, reclamou o representante dos evangélicos.



Porém, os espíritas argumentaram de uma maneira inversa:



- “Anjo, segundo o livro Os Exilados de Capela, vão ser as pessoas ruins que serão expulsas da Terra, não os bons. Como você me explica isto?”



Gabriel respondeu-lhes:



- “Meus amigos, aprouve a Deus fazer a coisa da maneira como está ocorrendo. Ele é o Rei do Universo e faz coisas que nem os anjos sabem o motivo. Agora tratem-se de se comportar. A nave é grande, mas o espaço ficou apertado para caber três bilhões e meio de pessoas e mais um bando de animais no andar de baixo. Aguardem que, em breve, chegaremos a um novo planeta.”



Nisto vieram os hindus afim de se informarem com Gabriel para qual planeta estariam indo:



- “Será que vamos até o planeta de Krishna ou iremos para a terra de algum outro Deus?”, indagaram eles, sendo que ficaram discutindo continuamente entre si a respeito de quando seria o fim da era de “Kali Yuga”.



Enquanto isto, na Terra, houve muita confusão entre os que ficaram. Pessoas queriam uma explicação e não achavam respostas satisfatórias. Houve uma série de atritos, acidentes com veículos, quedas de energia nas cidades, saques em supermercados, brigas e assaltos. Dentre os religiosos que restaram, a grande maioria foi se lamentar como fez um fanático neo-pentecostal:



- “Senhor, por que você me deixou para trás! Todos os dias eu estava na igreja te servindo, jamais atrasava o dízimo, procurava converter novos membros e ainda jejuava duas vezes na semana. Agora não estou mais afim de te servir! Vou aproveitar cada instante fazendo de tudo até você acabar com a Terra. Seu injusto!”



Gente em toda parte chorava. Uns expressavam culpa, saudades pelos familiares que partiram e outros até contentamento:



- “Que bom! Agora temos menos gente no mundo e eu ainda receberei a pensão deixada pela minha mulher. Terei bastante sossego porque meus dois vizinhos do lado também se foram. Vou ver se ganho algum dinheiro nesta crise e ocupo os terrenos deles que, tempos depois, poderei adquirir por usucapião”, pensou consigo mesmo um rapaz ambicioso.



Com o passar dos meses, a situação acomodou-se na Terra e a economia começou a crescer devido a um plano de recuperação proposto em conjunto pelos governos dos países. Só que este desenvolvimento veio acompanhado de mais miséria, desigualdade social, restrições na liberdade do indivíduo, falta de respeito para com o ser humano, degradação do meio ambiente, além de guerras para a indústria de armas ganhar mais dinheiro e novas doenças criadas em laboratório para as multinacionais farmacêuticas lucrarem bastante.



Afim de sufocar revoltas populares em diversos locais, até bombas atômicas foram usadas em cima de algumas cidades e povoados, com transmissão ao vivo pelos noticiários da TV afim de amedrontarem as massas. Se um protesto qualquer fosse organizado, a polícia tinha autorização para meter bala nos manifestantes, bem como prender, torturar e sequestrar. Foi criado um clima de terror psicológico intenso.



Proporcionalmente aos governantes, a crueldade do povo também aumentou. Para divertir a população, lutas mortais foram liberadas e começaram a ser transmitidas pela televisão e internet, lembrando os antigos tempos dos gladiadores do circo romano. Prisioneiros passaram a ser usados em trabalhos forçados e nas experiências científicas, com a possibilidade de serem mortos quando ficassem velhos ou imprestáveis. E qualquer cidadão pobre e considerado inútil estava sujeito a ser eliminado pela polícia, se fosse pego nas vias públicas.



Nas ruas a degradação ética tornou-se patente. Numa fila de banco, dois conhecidos de meia idade encontraram-se e foram conversar enquanto aguardavam a agência abrir:



- “E aí, cara. Como vão as coisas? Teu pai já morreu?”



- “Infelizmente, não. Aquela coisa não morre tão cedo e só me dá trabalho. Não vejo a hora de encontrar o velho durinho no sofá! Desejo isto todas as noites pensando que, quando finalmente a morte dele acontecer, volto aqui e saco tudo o que ele tem na poupança para pagar as dívidas e vou receber os alugueres de cada imóvel.”



- “Cara, sabia que você já pode pedir ao governo para recolhê-lo e aplicar aquela injeçãozinha do adeus Totó lá do centro de zoonoses? Consegui fazer isto no mês passado com a vaca da mamãe e foi super fácil quanto à documentação. Só tive que pagar uma funerária para livrar-me do corpo fedorento dela e também desembolsei uma taxa simbólica recolhida pelo governo já que eles cobram da família pela visita do médico e do psicólogo que fazem a aplicação no veneno na veia do velhinho. Tente agendar uma hora com a assistente social. Vou te passar um email sobre isto ainda hoje.”



- “Amigo, eu já andei pesquisando na internet acerca do assunto. No caso do trapo do meu pai, o governo não autoriza e até pode me punir tomando todos os bens da herança, se eu fizer por minha conta clandestinamente. É que papai tem a propriedade de alguns imóveis e, neste caso, ele é considerado um cidadão útil porque mesmo não saindo de casa consome medicamentos das empresas.”



- “Pô! Que chato! Eu se fosse você procurava ver um daqueles discretos anúncios nas páginas dos classificados sobre matadores profissionais. Fica bem na seção de serviços sem especificar do que se trata. Você liga para o telefone e apenas pergunta o preço e onde encontra o sujeito sem dizer do que se trata para a ligação não ser interceptada. Aí eles vão forjar um assalto na sua residência e se livram do seu pai. Tem muito policial que trabalha com isto nas horas vagas e eles sabem muito bem como fazer a coisa e conseguem por panos quentes na investigação sem que você seja descoberto”.



- “Muito obrigado, amigo. Isto vai me ajudar bastante. Já não suporto mais sentir o cheiro de urina daquele velho dentro de casa e ainda ouvi-lo a todo hora me pedindo água. Pior é que ele faz isto justo quando estou no computador fazendo sexo virtual.”



Nesta hora, passou uma menina por ali e colou no poste o cartaz de publicidade de uma clínica de aborto informando preços promocionais e que assim dizia sugestionando: “Não desperdice sua vida com um bebê te enchendo o saco e tome a decisão certa. Venha nos procurar”. Em seguida, veio um carro de som pela rua fazendo propaganda de uma boate:



- “Esta noite a Strip City vai bombar! Leilão de virgens a partir de quinze mil reais. Teremos a estreia de Samanta. Loira, 12 aninhos, bem no início da puberdade. Venha conferir! Entrada a partir das 23 horas. Clientes vip ganham dez gramas de cocaína grátis! Não percam e tragam seus amigos!”



Enquanto isto, na imensidão do Universo, o disco voador chegou a um planeta selvagem.



- “Será aqui a nossa nova casa, anjo?”, perguntou um rabito ortodoxo a Miguel.



- “Não senhor. Neste planeta ficarão só os índios mais alguns ecologistas e hippies que gostam de viver nus. O restante dos terráqueos povoarão uma planetinha desértico que fica no sistema solar daquela estrela lá. Judeus e árabes não terão muita dificuldade para se adaptar.”



- “E não tem nada para comer e beber nesse outro planeta?”, indagou um mestre budista.



O anjo esclareceu:



- “O outro planeta para o qual a maioria de vocês está destinado a ir nada mais é do que um lugar como ficará a Terra num futuro breve depois que seus moradores se autodestruírem por causa da ganância desenfreada e da quebra de valores éticos. Infelizmente, não deverá sobrar ninguém para contar história pra outra geração”.



Ao prestar a atenção nas conversas entre os anjos e as comissões de religiosos, um jovem naturista, coincidentemente chamado Jesus e que estava na fila do desembarque com os índios, resolveu intervir. Ele não era o Cristo e nem o ex-namorado da Madonna, mas foi corajoso em se manifestar no meio daquelas lideranças todas:



- “Miguel e Gabriel, quero que vocês me mandem de volta pra Terra antes que seja tarde. O céu pra mim não está em lugar nenhum. Ele encontra-se dentro de mim. Por isto, quero fazer a diferença no Universo e tentar amar meu próximo. Se formos para um novo planeta, quem garantirá que nós e nossos descendentes viverão lá em perfeição. Não demorará muito para que transformemos este paraíso num outro inferno. Então é melhor lutar para que o inferno vire céu. E, mesmo que não alcance o êxito desejado, pelo menos terei contribuído para que a consciência do outro seja despertada”.



Ouvindo as sábias palavras daquele jovem, que amava a Deus independente de doutrinas ou de instituições religiosas, todos ficaram admirados, inclusive os anjos. Foi aí que uma mulher propôs:



- “Gente, ainda dá tempo de salvarmos a Terra? O Miguel não poderia dar meia volta a fim de retornarmos o quanto antes?”



Todos apoiaram e os anjos foram falar com Deus. Minutos após, Gabriel convocou uma assembleia e anunciou a resposta divina:



- “Acabei de consultar o Onipotente e o Rei dos reis agradou-se da ideia de vocês retornarmos, ficando a critério de cada um decidir se voltam pra Terra ou se continuam na nave. Aviso, porém, que será preciso ter muita paciência, meus amados. Com a ausência dos justos, a impiedade tomou conta da sociedade mundial e eles constituíram uma nova ordem de governos perversos. É como se a humanidade tivesse retrocedido uns dois milênios na sua história evolutiva fazendo coisas da época de Nero.”



Um padre brasileiro exclamou:



- “Agora entendo o que Deus fez conosco! Ele permitiu que fôssemos arrebatados como Paulo dizia para despertarmos das nossas alienações religiosas. Afinal, foram quase dois mil anos em que a Igreja ficou alimentando expectativas erradas sobre céus, inferno e fim do mundo, deixando de fazer o seu papel na Terra. Mas de agora em diante vou ser um leitor do Leonardo Boff. Viva a Teologia da Libertação!”



Por unanimidade, os arrebatados decidiram retornar para a Terra, inclusive os índios que também compreendiam a importância de participarem da transformação espiritual do planeta. Miguel deu meia volta e foram em direção para a periferia da Via Lactea, rumo ao Sol.



Quando reapareceram na superfície terrestre, já tinham se passado sete anos e o mundo estava vivendo um caos incontrolável com gente se matando pelas ruas e os governantes sem nenhuma sabedoria para conduzir a política. Desde os chefes dos órgãos oficiais até os funcionários mais simples estavam totalmente corrompidos.



Assim, o retorno dos arrebatados acabou sendo uma grande bênção para o mundo. Não demorou muito para que os regimes dos governos caíssem e novas eleições fossem convocadas em todos os países. Os religiosos passaram então a adotar uma nova postura, buscando conscientizar o povo para que buscasse soluções pacíficas no presente e cada qual aprendesse a servir a Deus na sociedade espalhando o amor do Messias por toda a Terra. Ou, em outras palavras, buscando alcançar a consciência messiânica que se realiza na vida amorosa.




CONCLUSÃO



Esta é a mensagem que eu, Rodrigo Luz, dou hoje às religiões do mundo e, principalmente, às inúmeras igrejas do meu país. Estava em minha casa quando então veio-me esta inspiração bem natural. Não me encontrava em Patmos e muito menos fui levado aos céus. Apenas deixei os pensamentos correrem livremente a ponto de escrever este Apocalipse durante os dias de Carnaval, em pleno século 21, usando a imaginação para quem sabe despertar meus conservos sobre as coisas que precisamos fazer pelo planeta.



Digo a todos os leitores deste texto que: se alguém reproduzi-lo e o divulgar, mesmo fazendo modificações (não importa se acrescentando ou suprimindo), vou desejar que Deus abençoe esta pessoa. Afinal, no meu Apocalipse, não existem pragas, nem cálices de ira, anjos tocando trombetas e muito menos um lago de enxofre para queimar as pessoas. Pois quero é que tiremos de dentro dos nossos corações o inferno e vivamos o céu.



Que a graça divina manifestada no Cristo Universal acompanhe a vida de todos vocês!




OBS: A ilustração acima trata-se do quadro O Jardim do Éden do pintor norte-americano Thomas Cole (1801–1848) e foi extraída da Wikipédia. Preferi esta figura do Paraíso do que xolocar imagens sobre o Juízo Final ou coisas semelhantes que só servem para meter medo e coagir. Afinal, o meu Apocalipse é antes de mais nada um retorno às origens edênicas existentes no nosso interior.

Comentários

Olá, amigos.

Pela ordem, parece que seria a vez do Márcio postar depois do Levi. Porém, como se passou mais de 4 dias, resolvi publicar este meu texto aqui, o qual havia escrito durante o Carnaval.

Abraços e fiquem à vontade para comentar.
Levi B. Santos disse…
“Miguel e Gabriel, quero que vocês me mandem de volta pra Terra antes que seja tarde. O céu pra mim não está em lugar nenhum. Ele encontra-se dentro de mim. Por isto, quero fazer a diferença no Universo e tentar amar meu próximo. Se formos para um novo planeta, quem garantirá que nós e nossos descendentes viverão lá em perfeição. Não demorará muito para que transformemos este paraíso num outro inferno. Então é melhor lutar para que o inferno vire céu. E, mesmo que não alcance o êxito desejado, pelo menos terei contribuído para que a consciência do outro seja despertada”.

Esse trecho do teu apocalipse, Rodrigo, está simplesmente fantástico.
Ofuscaste de maneira humorada e firme, o arrebatamento que Paulo um dia imaginou ou sonhou que iria acontecer (rsrs)
Levi B. Santos disse…
Pelo andar da carruagem, o texto da Semana da Páscoa que se aproxima, vai falar sobre um herege, filho de um tal de José, que teve o descabimento de tocar na menina dos olhos de Javé (O Templo), quando irado e revoltado tentou desarticular uma gang que tinha transformado “A Casa Universal do Reino de Deus”, do V.T., em um covil de ladrões.

Releitura, desleitura e desconstrução das histórias contadas há dois mil anos, é o que precisamos fazer. A ficção, o humor, a sátira e a ironia são as melhores armas para esse fim.
Eduardo Medeiros disse…
Esse apocalipse é a revelação que a igreja atual precisa. O "céu" não é o lugar de destino de uns poucos salvos e escolhidos mas é o destino de todo homem que vivendo na tensão da proximidade da morte(aqui, metáfora de todas as ações humanas que atentam contra a vida), prefere a vida e anda de mãos dadas com seu "inimigo":

— “Mas por que, minha filha? Será que o teu Jesus seria tão injusto de me mandar queimar no inferno por toda a eternidade apenas porque não sigo o seu pastor? Sempre amei Jesus a quem chamo de Oxalá.”

Só para depois perceber que o melhor do céu é viver aqui mesmo nesta terra, lugar ímpar deste canto do universo, buscando equilibrar esses dois polos que vivem em conflito em nós: vida-morte, amor-ódio, paz-guerra.

Aquele versículo de Josué vem a calhar. Diz mais ou menos assim:

"hoje te proponho a vida e a morte, escolhe pois a vida"
É verdade, Levi.

O arrebatamento de Paulo segrega pessoas ao invés de unir todas elas.

No entanto, tenho dúvidas de que Paulo tinha toda uma doutrina escatológica semelhante ao que atualmente se vê nas igrejas, no sentidod e que, após o arrebatamento se cumprirá a última semana de Daniel, os que ficarem serão triturados pelo anticisto e, finalmente, Jesus volta para matar os seguidores da besta e do falso profeta.
Pois é, Levi! Também inventei uma história sobre um Josué, filho de uma pobre Maria que virou prostituta. Ele se afasta da mãe e vira padre... Deixo o link aqui para que os demais possam conferir já que você e o Franklin chegaram a comentar wem meu blogue:

http://doutorrodrigoluz.blogspot.com/2012/02/josue-o-filho-de-maria.html

E viva o humor e sátira!
Edu,

Apesar de todas as modificações feitas no Pentateuco e as doutrinas posteriores dos homens, a mensagem simples da Torá para que possamos escolher a vida continua sensacional.

Acredito que a vida jamais cessa. Para quem está bem velhinho e idoso torna-se confortante saber que não deixará de existir após a morte. Mas te digo que é mais confortante ainda quando descobrimos que o inferno não existe, pois o alívio chega a ser maior do que descobrir a existência de vida após a morte. Ou seja, antes deixar de existir do que permanecer para sempre numa condição de tormentos e castigos. Ou achar que a Terra é um lugar de sofrimentos e que teemos que retornar várias vezes aqui para cumprirmos um carma ou até alcançarmos o Nirvana.

Curioso que a religião trás as boas novas de uma vida eterna e feliz, mas, ao mesmo tempo, é capaz de gerar uma falta de sossego e de paz do homem com o presente.

Ora, por que não deixarmos essas ideias doiutrinárias de lado e vamos celebrar a vida? Que independentemente do passado ou du futuro, façamos do hoje uma tremenda festa!
Unknown disse…
Rodrigo, o conceito de vida após a morte surge em que momento no VT (se é que surge?).
Eduardo Medeiros disse…
Ora, vivas!!!! não é que o apocalipse do Rodrigo incitou nosso estimado confrade Bill a se materializar por aqui????

Com certeza esse apocalipse foi inspirado por Deus.

estávamos com saudades.
Elídia :) disse…
hahaha, nossa muito bom, rsrs como diz o Hubner, volto depois pra me 'aprofundar' (vou divulgar em mi blog, ok?)
Fico satisfeito por alguns passarinhos haverem descoberto que o céu e o inferno é aqui e nós os buscamos, a um ou ao outro. Mas aproveito para trocar alguns termos de uma frase de Oscar Niemeyer; Fazer casas de Deus (Igrejas) para os pastores que lá estão é como armar um vaso com flôres e usá-lo como penico.
Levi B. Santos disse…
O Livro de Apocalipse atribuído a João tem um rico conteúdo arquetípico psíquico. A psicanálise freudiana faz ver que esse vasto mundo de símbolos aparece no religioso, como que para compensar o seu sofrimento, tornando sua vida mais suportável. O desejo de segurança e imortalidade no crente faz brotar os monstros, os deuses e os anjos do porão do seu inconsciente. É em situação de medo, desespero, solidão e extremo sofrimento que essas imagens vêm à tona na psique do indivíduo que viveu uma cultura de um Pai (imaginário ou não) rigoroso, que premia o céu para os obedientes e inferno e fogo eterno para os que O questionam.

Mas saindo do terror apocalíptico joanino, vemos, por outro lado que as lendas, o folclore, as obras de arte, a produção literária obedecem as mesmas regras do dinamismo psíquico do escritor do livro do Apocalipse do N. T.,. Elas são também uma linguagem ou “insight” vindo do inconsciente, e estão sempre expressando os valores de uma determinada cultura.

Os filmes apocalípticos, assim como as peças e criações literárias nos atraem tanto, pelo seu poder de nos fornecer prazer numa fantasia em que o medo, que mais nos atormenta, é controlado.

Demoramos tanto em mudar de canal ante os quadros de violência, que aparecem diariamente na TV. Acho que, da mesma forma que acontece nos sonhos em que sentimos pesadelos e calafrios, lá no íntimo, nos contentamos em saber que tudo aquilo não ocorreu conosco.

Na verdade, é a audiência que mantém o nosso Apocalipse de cada dia, no horário nobre das nossas TVs.
Olá Gabriel,

Ao que me parece, a ideia de vida após a morte na TANAK, isto é, nas Escrituras Hebraicas (não gosto do nome Antigo Testamento), teria sido uma ideia pós-exílica.

É mais precisamente no Livro de Daniel que a "ressurreição dos mortos" é mencionada (Dn 12.2). Porém, a visão que antes parecia predominar era que, com a morte, o homem voltava ao pó:

"No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela fostes formado; porque tu és pó e ao pó tornarás." (Gn 3.19; ARA)

Uma teologia posterior ao exílio passou a ver nos salmos de Davi indícios de vida após a morte. É o que se lê em Sl 16.10 que também é citado no discurso de Pedro no dia de Pentecostes comos e tratasse da ressurreição dos mortos e de Jesus (At 2.25-28), o que também foi confirmado por Paulo (At 13.35). Contudo, em seu contexto original, parece-me que o salmista estava mesmo era se referindo a um livramento da ameaça imediata da morte.

Em Eclesiastes, o autor diz:

"e o pó volte à terra, como o era, e o espírito (ruah volte a Deus, que o deu." (Ec 12.7; ARA)

Contudo, esta visão não significa cença em vida após a morte pois a ruah não poderia ser entendido como uma consciência, mas sim como um vento, um movimento, uma animação. Tanto é que neste mesmo livro assim diz:

"Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma". (Ec 9.10; ARA)

Ora, é interessante ver como que este versículo enfatiza a necessiade de se encarar a vida conforme a encontramos. Trata-se, pois, do "aqui e agora".

Abraços.
Elídia,

Fique à vontade para divulgar meu Apocalipse e todos os textos de minha autoria que vier a achar em meu blogue.

Ficarei imensamente grato!
Altamirando,

Não seja tão radical!

Mesmo que as igrejas te causem decepção, lembre-se que elas ajudam bastante gente.

Confesso que sou grato pela formação bíblica recebida no meio batista, embora hoje não me interesse ser membro de qualquer instituição evangélica.

Num mundo tão carente de bons valores, com tanta gente se matando e vivendo sem amor para com o próximo, vejo muitas igrejas, sinagogas e templos de outras religiões como farois que brilham.

Pense nisto!
Levi,

Achei bem interessante e profunda a sua análise.

Mas será que esta nossa atração pelos apocalipses não teria um quê de busca pelo fim de todas as coisas? Ou melhor, pelo nosso próprio fim quanto à presença física neste mundo?

A morte física é uma das coisas mais reais que existem e daí criamos os apocalipses afim de melhor lidarmos com ela. Ficcionamos talvez porque tenhamos a necessidade de lidar com o outro lado da existência, ainda que pela via da negação. E aí tanto as notícias de um terremoto no Japão ou o filme Deixados para trás caussam interesse.

Vale lembrar que, nos tempos de Jesus, uns 1900 anos antes do surgimento da TV, o assassinato dos galileus cujo sangue foi misturado aos sacrifícios que eles realizavam, bem como a queda de uma torre, pareceu ter se tornado um dos princípais comentários populares (Lc 13.1-5). E, inteligentemente Jesus expôs que, em ambos os casos, as vítimas não eram "mas pecadoras" do que os sobreviventes.

Paz!
Rodrigo,
Espiritualmente, não há nada que uma igreja possa fazer por um indivíduo que não possa ser superado por um bom livro de auto ajuda.
Aumenta, astronomicamente, o número de fiéis cristãos e proporcionalmente também aumenta a violência, o número de drogados e o crime hediondo. Não culpo a igreja, só acho que seu placebo é fraco.
No mais, as escolas e hospitais que tem denominação religiosa, são óegãos arrecadadores. Uma organização comercial como qualquer outra.Beneficiência própria.

Também recebi formação bíblica Batista e tive conhecimento da existência do Deus dos Hebreus. Minha cidadania, meu caráter, minha honestidade, minha responsabilidade e minhas idiossincrasias foram formadas no seio familiar, algumas por herança genética outras por ensinamentos. Criei meus filhos com a mesma cartilha sem obrigá-los a freqüentar igrejas, o Deus deles, se houver necessidade, cada um que procure o que melhor lhe aprouver
Por mais que eu pense, não encontrei farol melhor.
Anônimo disse…
Cristianismo mimimi e água com açúcar. Às vezes penso que o que falta para alguns cristãos é apenas mudar oficialmente de religião. Macumbeiro bonzinho? Olha, conheço muito evangélico que de cristão não tem nada, mas macumbeiro bonzinho eu nunca vi [...], eu só ouço falar. Demagogia é triste.
Marcio Alves disse…
Rodrigão,

Pode ficar tranqüilo em relação a postagem, pois ultimamente tem sido corrido demais para mim.
E alem do mais, não sei como poderei voltar a postar aqui na confraria, uma vez que voltei novamente a ter aulas na facul.

Quanto ao cerne do seu texto que é a religião como instrumento de justiça, bondade e paz no mundo, eu fico com o comentário do ALTAMIRANDO que disse tudo e mais um pouco, em pouquíssimas palavras.

Rodrigo dês que o “mundo é mundo” se tem noticia da religião como sendo “natural” do ser humano....são milhares (milhões?) de anos de historia para comprovar que o mundo não “mudou” no sentido de se tornar um paraíso – mas muito pelo contrario, a barbárie sempre foi feita por ser humano – porque achas que isto algum vai acontecer?

Que pena que o ser humano não consegui viver no mundo tal como é, sem utopias de um paraíso seja no “lá e depois” no céu, ou “aqui e agora” na terra.

Abraços
Altamirando,

Eu não diria que o trabalho das igrejas seja um "placebo", pois vejo grande utilidade. Penso que, se não fosse a formação religiosa de muita gente, teríamos talvez um número maior de jovens viciados em crack no nosso país. E não é só isto! Você já parou para pensar quantos matrimônios não foram recuperados pelo excelente ministério Casados para sempre?

Mas que as iregjas são passíveis de críticas, não tenho dúvidas. Se o discurso dos padres e pastores já está ficando obsoleto, também concordo. Tanto é que minhas posições têm sido não apenas para que haja uma reforma na igreja, mas sim a construção de um novo modelo que trabalhe os valores da cosmoética, promova a educação de adultos, leve esclarecimentos em várias áreas, etc.

Ontem mesmo eu estava conversando com minha tia (irmã da mamãe) que contou ter deixado a Igreja Betesda para congregar-se na Presbiteriana por não concordar com o fato de estarem "mudando a doutrina", trazendo gente de outras religiões para pregar lá e aceitando homossexuais. Até espíritas e muçulmanos teriam ido pregar lá, segundo ela. Resolvi, então, confrontá-la dizendo mais ou menos assim.

Tia, o importante de tudo é o amor. Não é o fato de uma igreja ser mais tradicional ou outra moderninha. Conheço quase nada do trabalho da Betesda para dizer algo sorbe eles. Porém, entendo que a missão cristã é justamente a de acolher pessoas de tudo quanto for tipo e dialogar com as outras religiões na construção do Reino de Deus, o que não significa aderir a um ecumenismo.

Prossegui dizendo que a atuação de uma igreja precisa ser multifocal. Pois não é só adoração e estudo da Bíblia! As pessoas precisam falar de cidadania, saúde física e mental, problemas da comunidade, promover ações sociais em áreas carentes e cuidarem dos pobres que fazem parte da própria congregação. E estas coisas, no meu pontod e vista, são tão importantes quanto ler a Bíblia e orar.

Enfim, se o placebo tá fraco, que venhamos com o remédio ou tratamento certo, afim de que seja despertada a consciência das pessoas.

Abraços.
"Às vezes penso que o que falta para alguns cristãos é apenas mudar oficialmente de religião" (Isaías)

Eu diria, Isaías, que melhor seria que os cristãos mudassem a própria religião.

Muitos falam que, se o Brasil fosse budista, seríamos um país muito melhor. Mas aí eu digo que isto é argumento ilusório porque, se formos até as sociedades orientais que adotam o budismo como religião formal, encontraremos muitos preconceitos e absurdidades.

Atualmente não defendo nenhuma religião. Defendo o caminho da consciência! E como tenho afinidade com a Bíblia, entendo que é possível elaborar uma concepção de vida conforme a sua filosofia e a vivermos em prática, estadno semrpe abertos para a evolução, para as novas ideias (neofilia), a troca com outras tradições religiosas e o amor.
Márcio,

Críticas sempre são bem vindas! Já respondi o Altamirando.

Não acho que o mundo vai mudar por causa das religiões propriamente.

Como exous no meu texto, foi justamente um carinha chamado Jesus, um naturista não religioso, que lembrou a todos sobre a importância de retornarem à Terra e tentar conseguir viver no mundo "tal como é".

Porém, dentro do que colocou faço aqui uma indagação:

O que seria viver no mundo tal como é?

Saindo um pouco do blá-blá-blá religioso, eu diria que isto significaria viver o mundo no que ele pode oferecer de melhor. Pois, se encontramos tanta violência, maldade, corrupção, falta de caráter e desamor, não podemos ficar conformados com a injustiça. Temos que fazer algo, não concorda?

Por mais frustrante que seja, penso que perseguir a utopia de que poderemos fazer aqui um "paraíso", ou ao menos um lugar melhor para se viver, certamente vale a pena. Do contrário, ficaria muito mais frustrado se passar pela vida em branco, vegetando egocentricamente ou fazendo o mal para o meu próximo. E ainda que isto seja inevitável por parte de qualquer pessoa (acho que até Jesus possa ter traumatizado a mulher cananeia que lhe pedira a cura pra sua filha), o caminho do perdão e da reconciliação está aí para revertermos as nossas sementes negativas.

Abraços.
Anônimo disse…
Muito bem, mas determinadas tradições religiosas não se baseiam no amor, e trevas não tem comunhão com a luz.

Os cristãos não precisam mudar absolutamente nada, Rodrigo. Ao contrário: precisam é justamente viver a sua religião, tal como ensinada nos Evangelhos pelo seu Fundador.
Rodrigo,
Respeito seu ponto de vista, mas não vejo na balança das crenças o bem sobrepujar o mal causado. Para quem teve um saco plástico como berço, não tem o nome do pai no registro ou foi parido (existe uma difeença entre ser parido e ter nascido) achar que o placebo oferecido pela igreja lhe norteia, concordo. Se a igreja não fizesse este papel teríamos mais marginais. Então o problema não é religioso e sim, social. O medo do inferno inibe este elemento a matar ou roubar seu semelhante, já que a família lhe foi ausente.
Rodrigo, não entenda meus comentários como uma crítica, eles são só minha opinião. Não quero que ninguém os sigam. Eu, é que sou assim.

Pois bem: A balança religiosa pende para o lado hipócrita e vou citar dois exemplos antagônicos.

Primeiro: Um indivíduo viveu fora da lei, usuário de drogas, cometeu vários crimes hediondos. Assassinou, roubou e estrupou, foi preso e julgado. Condenado pela justiça um nocivo á sociedade em que vive. Na prisão o cristianismo entra com seu placebo e o converte. Cumprida a pena este indivíduo passa a portar uma Bíblia sob o braço, é aceito pela sociedade cristã como um cidadão de primeira categoria com seus pecados remidos e direito a adentrar no céu.

Segundo: Um cidadão bem nascido numa família que prima pela honestidade, de caráter ilibado, cumpridora de seus deveres sociais, não necessitou buscar em igrejas seus preceitos pois a família os nutriu. È um ateu. Aos olhos do cristianismo, este elemento tem passaporte garantido para o inferno, simplesmente por não ser regido pela mesma crença. A isto eu dou o nome de HIPOCRISIA.
Marcio Alves disse…
Rodrigão,

Quando você diz que “devemos fazer do mundo um melhor lugar para se viver”, esta de maneira implícita em seu comentário dizendo que não aceita o “mundo tal como é” e que, diga-se de passagem, que sempre foi assim e assim sempre será....se a violência, injustiça, ódio, maldade, vaidade, egoísmo e etc (todas características julgadas como “ruins”) fazem parte do ser humano, (e também as pseudos “boas”) teremos então que “matar” de algum jeito o ser humano, seja ele sendo hipócrita, negando seus instintos, ou pior, exterminando os “maus” (marginais e bandidos) e todos aqueles que não concordam com a política de marketing do “bem” de “amar e ajudar o próximo”.

Em minha opinião o problema com o ser humano vai muito alem do simples fator social-economico....o ser humano esta para alem de qualquer mera e utópica solução....é por isto que para mim, toda pessoa que carrega a bandeira da utopia messiânica de querer salvar o mundo, transformando ele num paraíso, e o ser humano num anjo sem assas, ou é porque é ingênuo ou oportunista, para se passar de bonzinho, ser o cara legal e bem aceito pela sociedade. (Quem pode suportar isto que entenda)

Abraços
Levi B. Santos disse…
Antecipando-me a réplica de Rodrigo, quero saudar o confrade Márcio, que como sempre, está com seu bisturi amolado dissecando o “ser em si”! (rsrs)

No caso do Apocalipse bíblico, concordo com você, Márcio. Esse negócio de transformar o mundo, eliminando os “maus”, além de ser uma luta inglória, é a mola geradora de todos os conflitos, que quase sempre tem em seu bojo, um fundo religioso.

Contudo, acho que o sonho, a utopia, não podem ser expulsos do ser humano, assim, sem mais nem menos. Apesar de todo mal estar da civilização, ainda penso que podemos ser capazes de obter uma vida mais digna e mais justa, entendendo que a tendência autodestrutiva dos apocalipses nossos de cada dia pode ser arrefecida.

Quanto mais conscientes de nossa condição de seres paradoxais, formos, mais aptos seremos para suportar uns aos outros. Poetizando: somos adestrados para o convívio real ou virtual, visando o estabelecimento de ligações afetivas mais estáveis e equilibradas, sem o maniqueísmo do proselitismo que faz do outro um objeto.

Eu usaria a expressão “mudar o mundo” como metáfora de um estágio mais avançado do nosso desenvolvimento psíquico, com a consequente compreensão de que os antagonismos de nossos afetos internos, não podem ser usados para prejudicar o outro.
Eduardo Medeiros disse…
Mirandinha,

entendo sua crítica. As igrejas evangélicas ajudam a recuperar muita gente. Se o cabra cometeu crimes, pagou sua dívida com a sociedade e agora achou conforto e novas perspectivas de vida na fé, que bom que seja assim.

Falta a igreja aprender que há aqueles que não precisam dela para ser cidadãos de bem. Quando ela entender isso, seu trabalho será ainda mais relevante.
Eduardo Medeiros disse…
Marcinho,

e quem foi que decretou que temos que nos conformar como o mundo é?

O mundo na verdade não é; ele se torna aquilo que nos fizermos dele.
Edu, meu caro.

"Que bom que seja assim".
Eu não necessito de igrejas, religiões e deuses. Só exijo que me respeitem porisso. Busco outro inferno e me recuso a ir para o mesmo dos deístas.
Eduardo Medeiros disse…
Pois é, exatamente como eu disse.
Altamirando,

Penso que não somente é hipocrisia dizer que o crente vai entrar no céu e o incrédulo não como também pensarmos que aqueles que nunca cometeram crimes são melhores do que os bandidos.

A sociedade estabelece um padrão e quem não se enquadra nele torna-se bandido. Também é certo que parte deste padrão social foi criado pela necessidade, de maneira que até certo ponto concordo parcialmente com ele. Todavia, nada disto significa que as pessoas que não conseguem manter uma conduta adequada sejam ruins de caráter.

Você falou da hipótese de um drogado, ladrão, estuprador e assassino. Tudo isto pinta um quadro bem negativo como se o cara fosse o demo em pessoa. Sóq ue, se buscarmos compreender a realidade dele, veremos que o indivíduo também pode ter um lado bom e que, até certo ponto, a sociedade e o meio no qual ele viveu cont ribuíram para afundá-lo. Isto sem nos esquecermos do fator genético, da possibilidade de haver algum transtorno psíquico, etc.

Enfim, a sociedade não pode esquecer do quanto ela é hipócrita por considerar uns melhores do que os outros. Por distribuir méritos que muitas das vezes vão é apra as pessoas erradas. Vejamos, por exemplo, as cerimônias em que cidadãos são agraciados com honrarias por motivos de vaidade, bajulação, interesse político-eleitoral, status, etc.
Márcio,

Eu entendo o que está querendo dizer e acho que dá para conciliar meu pensamento, o seu, o do Levi e de tantos outros que ingenuamente sonham (ou malandramente defendem ideias ilusórias).

Por que ao invés do "anjo sem asas" não buscamos simplesmente dignificar o simples e humilde ser humano com todas as suas falhas, dificuldades e transtornos?

Não fico pensando que o meu mundo desejado só existirão criaturas perfeitas. Nada disto! Penso que pessoas continuarão tendo conflitos de relacionamento, nascendo com problemas, sentindo sensações desagradáveis em suas mentes, morrendo, sofrendo acidentes, cometendo ainda injustiças, equivocando-se em suas decisões, etc.

Maso que não podemos fazer é ficarmos de braços cruzados, mano! Penso que se faz necessário melhorar o ser humano e, principalmente, no aqui e agora. Isto sem nos importarmos se o nosso trabalho será permanente ou se, daqui algumas gerações, vão todos seguir os "falsos deuses" como podemos metaforicamente analisar na conduta do povo de Israel cujos reis não andaram nos caminhos de Davi.

Pensando no aqui e agora, sei que hoje temos desafios específicos. E, neste sentido, compartilho com vocês as palavras do ilustre pensador Leonardo Boff:


"Podemos desacelerar a sexta extinção em massa já que somos seus principais causadores? Podemos e devemos. Um bom sinal é que estamos despertando a consciência de nossas origens há 13,7 bilhões de anos e de nossa responsabilidade pelo futuro da vida. É o universo que suscita tudo isso em nós porque está a nosso favor e não contra nós. Mas ele pede a nossa cooperação já que somos os maiores causadores de tantos danos. Agora é a hora de despertar enquanto há tempo."

Isto que ele colocou foi bem sábio além de ser o óbvio. Se não fizermos algo de concreto, a vida no planeta corre o risco de acabar. Nossa geração vil tem aí um problemão para resolver e que ela mesma criou. Chama-se aquecimento global. E, se formos omissos, nossos tataranetos talvez nem estarão aqui para cultuarem a nossa memória. Ou se conseguirem sobreviver, indubitavelmente irão nos responsabilizar pelo mal que temos feito à Terra com o nosso consumo perdulário de energia e falta de consciência.

Enfim, é deste apocalipse real que estou a falar.
Bem colocado, Edu. Afinal, Jesus não queria que todos o seguissem e dizia às pessoas que seguissem em paz.

Abraços.
Boa reflexão, Edu!

Afinal de contas, que planeta queremos para nós e nossos filhos coletivamente?

Trago agora a questão ambiental para melhor refletirmos.

Paz!
Eu diria que os cristãos precisam viver a espiritualidade e o amor na essência do Cristo.

Religião, seja ela qual for, diferencia-se de espiritualidade. Lembremos que as mãos que abençoam também ferem.

A essência da espiritualidade não se encontra nos textos dos evangelhos e nem em qualquer livro considerado sagrado. Por mais que a Bíblia seja uma leitura útil de orientação, sua interpretação pode se tornar corrompida quando perdemos a essência da vida. Pessoas podem ser analfabetas e nada saberem acerca dos livros sagrados, mas conhecerem dentro de si a essência.

"O Reino de Deus está dentro de vós", teria dito Jesus.
"O medo do inferno inibe este elemento a matar ou roubar seu semelhante, já que a família lhe foi ausente" (Altamirando)


Concordo que o "medo do inferno" pode tornar-se um elemento inibidos, mas é também um recurso que muito mal consegue freiar consciências imaturas e infantis, gerando também problemas psicológicos e comportamentais gravíssimos nos seguidores da religião.

Contudo, com o avançar da consciência do indivíduo, a assistência religiosa vai se tornando cada vez menos útil. Aí, num determinado momento, este tipo de assistência torna-se até prejudicial ao crescimento evolutivo da pessoa.

As religiões estão muito atrasadas, Altamirando. Porém, a espiritualidade continua sendo indispensável para que o ser humano seja holisticamente trabalhado.
Marcio Alves disse…
Como estou escrevendo do serviço, tenho que ser bem rapido (desculpe os possiveis erros de portugues "ala gresder" rsrs).

RODRIGO,

Bonito discurso, eu diria, "politicamente correto", isto é que eu chamo "markenting do bem"...como estou cansado deste "discursozinho" do "bem" de que devemos ter "consciencia coletiva", derrepente, todo mundo virou bonzinho agora e quer defender e salvar o ser humano, o mais engraçado, é que quer salvar o ser humano dele mesmo.

Dele mesmo, pois toda maldade existente no mundo, faz parte intrisecamente do ser humano....não tem jeito, se quiser acabar com o mal no mundo, terás que acabar com o "causador" do mal no mundo, no caso, o proprio ser humano.

Melhorar a condição de vida, evoluir na ciencia, e outras coisas que não fazem parte da discursão maior, ai já é outra questão, e concordo, mas querer fazer das pessoas um rebanho de ovelhas, sendo que o ser humano não passa de lobos feroses ("somos lobos de lobos") ai é ingenuidade ou mal carater mesmo, para sair bem na foto, na maioria das vezes, inconscientemente é claro.
Marcio Alves disse…
EDUARDO

É claro, você e "meia" duzia de "intelectuais" vão mudar o mundo e o ser humano, no discurso é claro.....o que estou dizendo é que são milhões de anos de historia da humanidade, é o mundo sempre foi como esta sendo agora, (violencia,ganancia, egoismo, assassinatos, e tudo o mais que o texto do rodrigo descreve), ou seja, a utopia de um mundo melhor, de um ser humano mais "humano" vai ficar sempre no discurso.

Mas é claro que tudo mundo que ser o "mocinho", nem que seja só no discurso é claro.
Márcio,

Nas vezes em que saí para convocar pessoas pra um protesto ou passeata, sempre teve uns que ficavam falando pelos cantos:

"Não vai adiantar nada. Por trás tem sempre um político querendo se dar bem. No dia seguinte, vai estar tudo uma porcaria novamente..."

Desculpe dizer isso, mas a diferença do seu discurso para o que ouço pessoas do povão falando é que seu papo seria mais polido do que o da grande massa porque a essência é a mesma. Ainda assim, percebo em você uma dose alta de pessimismo e suponho que falte envolvimento de sua parte com as nossas causas coletivas. Aí eu pergunto sobre o que a nossa geração e a seguinte vai colher se ficar de braços cruzados permitindo a destruição do planeta do jeito que está?

Se o homem é a causa, ele também é solução. E a solução não se passa pela extinção de nossa espécie, mas sim pela sua reciclagem ética.

Agora olhe para o passado. Lembre-se da 2ª Guerra Mundial e imagine no que seria o mundo hoje se as forças aliadas não tivessem combatido Hitler e vencido os alemães? Será que eu e você estariamos vivos se o mundo hoje fosse nazista? Pois digo que talvez nem tivéssemos nascido visto que Hitler nos exterminaria com os judeus porque somos um povo mestiço.

Quando vejo gente sincera e honesto que sai pelo mundo ajudando o outro sem nada em troca, a exemplo de Madre Tereza de Calcutá e inúmeros outros homens e mulheres anônimos dos tempos recentes e atuais, torno a acreditar no ser humano.

É quando vejo uma criança com fome repartindo com seu irmão o único pedaço de comida que recebeu de uma ONG humanitária.

É quando vejo alguém doando um de seus órgãos para salvar a vida de quem está morrendo.

É quando vejo pessoas sendo voluntárias numa instituição sem fins lucrativos sem nada querer em troca.

É quando vejo pessoas que vivem para cuidar e sustentar animais de rua que foram irresponsavelmente abandonados por seus antigos donos.

Sei que ninguém é perfeito. Sei que os trabalhos da Madre Tereza na Índia foram bem criticados. Sei que muitos apegam-se a um animal de estimação porque estão fugindo da convivência com outro ser humano. Sei que tem pessoas que ajudam o próximo apenas porque se sentem moralmente constrangidas. Sei que toda assistência prestada será sempre falha, incompleta e insatisfatória. Contudo, fica aí a opção de como você olhará para o outro e aí nos evangelhos existe uma frase que aprecio bastante:

"Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso".

Ora, se estou vendo só as trevas nos outros, não será por que apenas estou enxergando minha própria escuridão?

Bondade e maldade sempre continuará existindo no ser humano. Cabe a cada um decidir pela escolha do bem. Do cotnrário, se todos optarem somente pelo mau, iremos perecer.

Paz!
Em tempo!

Márcio,

Mesmo discordando de você, agradeço-o por me confrontar e questionar minhas ideias.

E quanto aos erros "ala gresder", até que ficou bem engraçado. Mas falando no cara, cadê ele?

Valeu!
E viva o contraditório!

(desde que haja ampla defesa, é claro)
Eduardo Medeiros disse…
Pô, Marcinho,

gostava mais quando você me chamava de Duduzinho...rsssssssss
Rodrigo, qual é a etnia que você sugere reciclar?
Nem todo lixo é reciclável, existem alguns cuja contaminação os impedem de serem reutilizados. O ser humano é um deles. Seu colápso é iminente.
Marcio Alves disse…
RODRIGÃO,

Para falar a verdade já estava com saudade dos debates...como era bom nos velhos tempos é que não tinha a faculdade para estudar e podia ficar horas e horas debatendo...mas isto já é outra historia, portanto, vamos ao que interessa porque tenho pouquíssimo tempo.

Falta de envolvimento da minha parte? Com toda certeza...você nunca vai ver eu defendendo utopias.

Dose alta de pessimismo meu? Com certeza...sou totalmente pessimista em relação ao ser humano, mas na verdade, eu diria que toda “bondade” existe no mundo, não passaria da inteligência do ser que sabe se adaptar, e por isso, pratica “boas” ações.

Destruição do planeta? Será que seriamos capazes de tamanho poder? Eu diria mais; o planeta como tudo que é vivo tende se a morrer um dia...e outra coisa; como a morte é a única certeza do ser humano, porque haveríamos de ficar preocupados com a suposta extinção da vida no planeta? De um jeito ou de outro tudo que é vivo um dia tem que morrer...é a ordem natural das coisas....

Mas porque combateram Hitler? Porque eles eram bonzinhos e pensavam salvar os judeus? Conte outra piada rsrsrs
Na verdade, nunca se ajuda o outro tão eficazmente, quando o seu também esta na “reta”.

Olhe esta sua frase “Quando vejo gente sincera e honesto que sai pelo mundo ajudando o outro sem nada em troca, a exemplo de Madre Tereza de Calcutá e inúmeros outros homens e mulheres anônimos dos tempos recentes e atuais, torno a acreditar no ser humano”.

Rodrigo, você esta realmente falando serio?? Que estas pessoas podem ter ajudado, isto é indiscutível, mas você dizer que não houve ganho, mesmo secundário, ai já é demais.
Nem que seja o ganho de se achar um cara legal e bondoso....mas quero deixar bem claro: toda ajuda há um ganho, mesmo secundário, e mesmo que seja inconsciente, mas há.

Esta sua frase, me desculpe, mas é mais hilária ainda: “É quando vejo pessoas que vivem para cuidar e sustentar animais de rua que foram irresponsavelmente abandonados por seus antigos donos”;

Sabe porque eu digo isto, porque os nazistas, eram defensores dos animais, ou seja, isto não muda nada.
Há quem diga que o ser humano se preocupa mais com os animais do que com os próprios seres humanos.
Marcio Alves disse…
EDUARDO

Vez por outra é bom dar uma mudada, se não, cai na mesmice e não tem graça. rsrsrsr
Marcio Alves disse…
ALTAMIRANDO

Mas como tu és pessimista mano?! Porque você não acredita como os caras no ser humano?? Pelo menos você seria visto como um cara legal e do bem. kkkkkkkkkkkkkkk
Marcio Alves disse…
LEVI

Eu me esqueci de você rsrsrs é porque estou numa correria danada.

Concordo contigo, até penso que o legal é reconhecer que agimos sempre por interesses, e tentar ser justo, no sentido, de que se alguém me ajudou eu devo também ajudar...como você mesmo citou o grande psicologo Flavio, em outra ocasião, em que ele discorria sobre o egoísta e o generoso, em que o legal, e ficarmos no meio destes dois pólos, tentando evitar os extremos, nem sugando e também nem permitindo ser sugado pelos outros.

É o que eu disse para o RODRIGO, o ser humano é mal, porém inteligente, e sabe que precisamos do outro, talvez, por sermos os únicos animais totalmente dependente, em que a nossa existência depende e passa necessariamente pelos outros, devemos preservar e cuidar uns dos outros, pois ai, estaremos cuidado de nós mesmos.

Abraços
Marcio Alves, o sujo não pode criticar o mal lavado.
Sou tão otimista quanto você, só que eu não douro a pílula.Comigo o sistema é bruto, não adianta chorar sobre o leite derramado,nós já sujamos nossa cama e não temos tempo nem vontade de limpá-la. E há quem procura virtudes na raça humana sendo que seu próprio criador se arrependeu do feito. Pois é, Marcio Alves, eu não sou um misantropo. Sou um ateu e por extensão também não acredito na evolução homogênea da humanidade. Para uns DEUS dá um carro, para outros dá fome necessidade e miséria.
É... Só resta fechar as portas. Para postar tem que adular, pedir por misericórdia e agradecer pela demonstração de interêsse. Tem dó! Comigo não, meu irmão.
Levi B. Santos disse…
Miranda


O anjo Esdras não apareceu, nem mandou recado. A vez é sua. (rsrs)
Caro Levi,

Publiquei "Herança maldita" dia 01/02.
No dia 07/02 foi a vez de Eduardo Medeiros.
Isaías no dia 12/02, Levi no dia 17/02 e Rodrigo em 23/02. Dos ativos ainda faltam Elídia, Hubner e os que estão dando sinal de vida como Márcio Alves, Evaldo Wolkers e Esdras. Que alguém se manifeste!...
Não estou me recusando a postar, esta não é a confraria do "eu sozinho". Mas também não é um cemitério com muitos nomes de mortos nas lápides.
Levi B. Santos disse…
Miranda

Se os "mortos-vivos" que você citou em seu comentário não ressuscitarem nesse domingo (dia do Senhor), pode sapecar um texto de tua lavra.
Os que estão vivos agradecem (rsrs)