Jesus Cristo: Reverencia de um ateu pelo maior homem da historia humana!



Por: Marcio Alves



Naqueles e por aqueles dias, emergindo em um contexto sócio-cultural do imperialismo do autoritarismo e poderio bélico romano, brota uma figura inusitada, frágil, pobre e desprezível, com sua mensagem as avessas do ideal político-econômico, contrariando a lógica e caminhando rumo a desconstrução do senso de que o mundo é dos fortes e dos espertos, que não tem vez para os excluídos e execráveis, marginalizando duas vezes o indefeso: uma por sua circunstancial e envolvente situação, e outra por discriminação social de sua contraditoriedade existencial que na luta pela sobrevivência é deixada como escoria do mundo.



Mas pelo carpinteiro que em seu peito explodia a implosão de uma revolução, virou a mesa, mudou o jogo, inverteu a ordem da fila, dizendo serem os últimos justamente os primeiros, proclamando a chegada de um novo reino, que não era deste mundo, mas paradoxalmente pousava nos corações dos filhos dos mortais, na enunciação da chegada do reino que estava próxima, não dizendo no sentido geográfico ou temporal, mas antes que estava acessível à acessibilidade e sensibilidade dos mais injustiçados justos, no ser que não escolhe a sina, mas é escolhido pelas fatalidades desta vida pela sorte ou azar do jogo da vida, que premia uns, para deixar a própria sorte outros.



Acolhe os abandonados e feridos, confrontando os poderosos, nem mesmo os que se auto-intitulavam serem os escolhidos de Javé, defende a vida diante de uma religião que é contraria a mesma, muda a estrutural e monopolizante concepção de Deus que era o reflexo dos déspotas, reis e dominadores daquele mundo, colocando em si e de si a nova reformulação da identidade de Deus, chamando o de Pai de todos e sobre todos, incluindo os excluídos, não mais como propriedade peculiar e exclusiva de um povo, ou uma facção religiosa, antes abrange todos os seres, fazendo o eco de sua voz soar nos ouvidos surdos dos que não mais tinha esperanças, para bater a estaca do chamado universal aos miseráveis, doentes e promíscuos, de que seu reino está perto de todos e é para todos, onde não há melhor e nem pior, sendo assim, um reino de amor e de justiça.



Leva até as últimas conseqüências, tendo e vendo na própria sina do destino fatal de ter ousado se levantar e protestar contra os poderosos a favor do povo pobre e massacrado, a cruz como apogeu e momento histórico, de gritar através muito mais de sua morte do que em vida, fazer impactar corações não somente naquele tempo para aquela sociedade, mas para o mundo, numa mensagem atemporal e acima de tudo, manchada e glorificada com seu próprio sangue, não mais e apenas escrito em papel, mas imortalmente na alma de todo mortal, sabendo que para todo sempre, sua morte não seria vã, mas antes o divisor de águas para um mundo mais justo, com pessoas mais amáveis e mostrando em e com seu próprio corpo o maior preço já pago em amor a humanidade.

Comentários

Levi B. Santos disse…
Ô Márcio! (que de vez enquanto ressuscita)


Hegel , via no Cristo dos evangelhos , a completa destruição dos deuses.

Lacan dizia que havia uma mensagem atéia no próprio cristianismo . Para ele a morte de Cristo representa o luto do Pai Todo poderoso (Javé)

O psicanalista e escritor Philippe Julien, disse certa vez:

”Por esse Filho (O filho do Homem) se revela um pai esvaziado de sua potência, entregue e abandonado às conseqüências, felizes e infelizes, da liberdade e dos desejos humanos”. (Existencialismo puro - rsrs)
Marcio Alves,
Um homem que fosse um mero homem e dissesse o tipo de coisa que Jesus disse não seria um grande professor de moral. Seria um lunático igual a um homem que diria ser um ovo cozido,ou seria o diabo. Você faz a sua escolha. Este homem poderia ser o filho de Deus, um tolo ou um louco. Você poderia cuspir nele, matá-lo como a um cão ou atirar-se a seus pés e chamá-lo de Senhor seu Deus.
O cérebro é uma máquina de crenças. Construimos nossas crenças por várias e diferentes razões subjetivas, pessoais, emocionais e psicológicas, em contextos criados pela família, por amigos, pela cultura e sociedade. Uma vez consolidadas estas crenças, nós as defendemos, justificamos com uma profusão de razões intelectuais, argumentos convincentes e explicações racionais. Primeiro surgem as crenças e depois as explicações.

"Todo homem é uma criatura da época em que vive, e muito poucos são capazes de se colocar acima das tdéias dos tempos"
Voltaire.
Eis aqui minha oração de ateu:

"Senhor, fiz o melhor que pude com as ferramentas que me destes. Deste-me um cérebro para pensar com ceticismo e eu o usei. Deste-me a capacidade de raciocínio e eu a apliquei a todas as alegações, incluindo a tua existência. Deste-me um senso moral e sentí as dores da culpa e as alegrias do orgulho pelas coisas más e boas que escolhi fazer. Tentei fazer aos outros o que gostaria que eles me fizessem, e, embora tenha sentido falta deste ideal, muitas e muitas vezes, tentei praticar teu princípio fundamental sempre que pude. Seja qual for verdadeiramente a natureza da tua imortal, infinita e espiritual essência, sendo eu um ser mortal, finito e corpóreo, não sou capaz de comprendê-la, apesar de todo meu esforço, e portanto seja feita a tua vontade..."
Amém.