Fé x ateísmo

Por Arthur Virmond de Lacerda Neto e-mail: arthurlacerda@onda.com.br

As pessoas aderem ou “aderem” às religiões, freqüentemente, por influência do ambiente em que são criadas: família e escola. Criadas em meio, por exemplo, católico, as crianças deixam-se persuadir pelos dogmas, ritos, tradições, maneiras de pensar e de atuar que encontram no seu ambiente e que reproduzem por imitação. A criança criada em família católica será, tendencialmente, católica; criada em ambiente budista será, tendencialmente, budista e assim por diante, e as suas “verdades” resultarão do seu meio familiar e não do exercício racional do seu discernimento, que as leve a analisar as diferentes religiões e a eleger uma, dentre várias. Por outro lado, as pessoas apostatam da religião que professam, em regra, após a infância, da adolescência por diante, quando informam-se acerca das origens dos dogmas, culto e práticas da sua religião, ou quando atentam às críticas que se lhes fazem, ou quando exercem crítica pessoal acerca destes dogma, culto e práticas.
A adesão dá-se por influência do meio, sem persuasão racional; a apostasia dá-se pelo exercício da inteligência do apóstata. A adesão também pode resultar de necessidades emocionais, de insegurança pessoal, de carência de cura, em que o necessitado, o inseguro, o enfermo, de fraca ou nula capacidade crítica acerca das religiões, deixa-se persuadir pelas promessas de proteção, cura, oportunidades, gratificações, bençãos, alegrias, vitórias etc. Note que, no Brasil, a religião propaga-se por entre o povo pobre e ignaro: na pobreza, a carência material e de recursos; na ignorância, a credulidade, a propensão a deixar-se impressionar pela figura do padre ou do pastor, pelos textos da Bíblia, a ausência de contra-argumentação, de crítica, de desmentidos. O ateísmo pode consistir, apenas, na ausência de crença nos deuses (que o cristão é um deles); pode-se viver sem a idéia de deus. Mas o ateísmo pode ser, também, viver com conhecimento de filosofia, de história, de sociologia, de crítica religiosa que justifique a descrença. Para mais de mera negação do sobrenatural, o ateísmo pode comportar a afirmação da naturalidade, do humanismo, dos valores humanos, de dar sentido à vida sem sobrenatural. Ateísmo como ausência de crença sobrenatural; como tal ausência e com cultura a-religiosa, como antropocentrismo.
É uma habilidade explorada pelos religiosos dizer que apenas a fé sobrenatural propicia valores, moral, bons costumes, defesa da família, amor, paz etc. Tudo isto é possível sem deus, sem Cristo, mediante o exercício da bondade espontânea do homem e na sua inteligência, com senso de realidade, ou seja, sem ilusões, fantasias e crendices. A farsa do milagre de Guadalupe.
A história da igreja católica é pródiga em milagres e acontecimentos extraordinários; sempre, no entanto, mal contados. É claro que a versão extraordinária interessa à igreja, que a mantém e que procura corroborá-la com experiências alegadamente científicas e com depoimentos de cientistas, no intuito de tentar comprovar o caráter milagroso dos fatos com a palavra da ciência.
A igreja usa cientistas, os seus, os que escolhe; e alguns cientistas aceitam efetuar experiências. No entanto, que garantia se tem da idoneidade deles? Que idoneidade tem as experiências que realizam? São, de fato, experiências capazes de comprovar as suas alegadas conclusões ? Na verdade, como as pessoas aceitam a ciência, a igreja usa-a para validar os seus supostos milagres. É fácil um cientista qualquer fabricar conclusões falsas e com elas impressionar os ingênuos – é exatamente isto o que a igreja faz, como ardil para convencer as pessoas.
Cientista que corrobora milagre é farsante a serviço da mentira.
Tudo que o documentário exposto até 2016 no You Tube mostrava é, evidentemente, impossível e falso. Não existe milagre de aparição, de imagem gravada em manto, de imagens no fundo do olho, constelações na formação das estrelas, tecido incorruptível.Documentários deste tipo são feitos para consumo dos crédulos. É fácil encontrar algum farsante que se preste a inventar coisas, ou um crédulo já convencido do milagre que se preste a encontrar aspectos maravilhosos inéditos ou um corrupto que se preste a vender declarações para o autor do documentário.
A tela não é de aiate, material corruptível, mas de linho, material muito duradouro; ela é cópia da imagem existente na Extremadura, na Espanha; na tela, há a sobreposição de 3 pinturas, de autores identificados; ela não vem durando milagrosamente intacta há séculos, mas foi restaurada cerca de vinte vezes.
A narrativa do suposto milagre não é coevo a ele, mas foi narrado por ouvir dizer 118 anos depois. Os personagens coevos ao suposto milagre nada dizem dele, a começar pelo bispo Zumarraga, a quem João Diego narrou o milagre. O bispo seguinte também nunca nada disse a respeito, tampouco outros clérigos do tempo.
Se o milagre acontecera, era natural que, ao tempo, as autoridades eclesiásticas se referissem a eles em documentos eclesiásticos, em crônicas, em memórias; era natural que terceiros, laicos e clérigos, também escrevessem a respeito. Mas ninguém declarou nada, até , 118 depois dos supostos fatos, um padre contar , por ouvir dizer, que o “milagre” ocorrera.
É exatamente igual a Cristo: ao tempo da sua suposta existência, ninguém ouviu dizer dele; fala-se dele depois e cria-se o mito.
Em 1883 J. Icazbalceta , católico, historiador, em carta ao arcebispo do México, declarou, expressamente que o milagre de Guadalupe é falso, não existiu (nas últimas linhas do número 70):
http://www.sectas.org/Catalogo/textocompleto.asp

https://cgnauta.blogspot.com.br/2008/12/la-virgen-de-guadalupe-la-verdadera.html https://pt.scribd.com/document/93285219/Virgen-de-Guadalupe-La-Farsa-mas-grande-de-la-historia-de-la-Iglesia-Catolica http://www.sectas.org/secciones_especiales/canonizacion/guadalupana.htm


OBS: Texto extraído parcialmente do blogue do autor, com apenas uma das fotos, conforme se lê em https://arthurlacerda.wordpress.com/2018/01/03/fe-x-ateismo/

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