Habermas, a filosofia e as redes sociais

 



O mais influente pensador vivo completou 89 anos

Jurgen Habermas mantém o saudável hábito de conceder poucas entrevistas. O filósofo alemão, que completa 89 anos nesta segunda-feira 18, continua, porém, a analisar os temas essenciais do mundo contemporâneo em uma volumosa produção de livros e artigos. 

Internet e redes sociais

É possível que com o tempo aprendamos a lidar com as redes sociais de forma civilizada. A internet abriu milhões de nichos subculturais úteis nos quais se troca informação confiável e opiniões fundamentadas. Pensemos não só nos blogs dos cientistas, mas nos pacientes que sofrem de uma doença rara e entram em contato com outros na mesma condição em outro continente para se ajudar mutuamente com conselhos e experiências. Sou velho demais para julgar o impulso cultural que as novas mídias vão gerar. O que me irrita é o fato de que se trata da primeira revolução da mídia na

história da humanidade que serve antes de tudo a fins econômicos, e não culturais.

Filosofia
Sou da antiquada opinião de que a filosofia deveria continuar tentando responder às perguntas de Kant: o que é possível saber?, o que devo fazer?, o que me cabe esperar? e o que é o ser humano? Não tenho certeza, no entanto, de que a filosofia, como a conhecemos, tenha futuro. Atualmente segue, como todas as disciplinas, a corrente no sentido de uma especialização cada vez maior. E isso é um beco sem saída, porque a filosofia deveria tentar explicar o todo, contribuir para a explicação racional de nossa forma de entender a nós mesmos e ao mundo.


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fonte: http://www.panaceiablog.com.br/habermas-a-filosofia-e-as-redes-sociais/

Comentários

Boas colocações. Acessei o blogue de origem desta postagem. Hoje o sociólogo encontra-se com 91 anos. É um homem que dedicou a sua vida ao estudo da democracia, especialmente por meio de suas teorias do agir comunicativo (ou teoria da ação comunicativa), da política deliberativa e da esfera pública, sendo conhecido por suas teorias sobre a racionalidade comunicativa e a esfera pública. Pode-se dizer que a democracia deliberativa constitui-se como um modelo ou processo de deliberação política democrática caracterizado por um conjunto de pressupostos teórico-normativos que incorporam a participação da sociedade civil na regulação da vida coletiva, coisa que avançou muito na Europa mas que é uma raridade no Brasil, estando hoje em declínio, apesar de existirem muito mais conselhos e outros organismos de participação. Como ele bem colocou num trecho da entrevista aqui não republicada, os intelectuais não conseguem existir "se não há mais leitores aos quais continuar alcançando com seus argumentos" e isso é fato. Ainda mais nesse país onde a ignorância impera (vide a eleição do "Bozo"). Logo, está morta (ou abortada) a tão sonhada democracia deliberativa. Ainda mais com a internet subutilizada por uma população que dedica uma parcela significativa de seu tempo às futilidades e permite que uma ferramenta de comunicação a torne refém. Com isso, a filosofia não encontra mais um campo fértil já que a leitura e o bom debate, assim como a reflexão, deixam de ser exercitados.