DE QUEM É A CULPA?

 




QUANDO UMA CATÁSTROFE ambiental acontece como agora no Rio Grande do Sul e em outras partes do Brasil, como já ocorreu aqui na região serrana do Rio, sempre queremos saber quem "são os culpados". Tirando as mudanças climáticas óbvias, nossa tendência é crucificar o governante de plantão.


EVIDENTE QUE HÁ CULPADOS mas eles não estão somente aqui no poder há 3, 4, anos, os culpados formam uma grande lista que cobre mais de 100 anos!

Foi uma sucessão de equívocos, negligências e desprezo pelo povo mais vulnerável que criou o cenário perfeito para essas catástrofes.

São governos que desde lá atrás permitiram que pessoas construíssem em beiras de rios, em morros e encostas e não fizeram políticas públicas de habitação segura, que não planejaram bem as cidades e não as prepararam para grandes chuvas que não acontecem somente agora.

Os governos atuais precisam levar à sério a questão climática e a questão da segurança em nossas cidades. Não será trabalho para um, dois ou dez governantes; será trabalho para todos que vieram no futuro. Política climática e melhoria na segurança das cidades contra intempéries climáticas precisa fazer parte de um projeto de Estado e não de governo somente.

O Japão convive com terremotos desde sempre e durante anos os governantes adaptaram os prédios com amortecedores que suportam um grande tremor além de mudar o hábito das pessoas para se protegerem durante um evento.

O Brasil precisará disso: planejamento, execução e educação da população. Sem isso, cada dia mais veremos eventos extremos ceifando vidas e destruindo cidades.

Comentários

Penso que cada qual deve responder na medida de sua culpabilidade. Um governante no Brasil costuma herdar as mazelas deixadas pela gestão que lhe antecedeu. No primeiro ano, dependerá da LOA, da LDO e do PPA aprovados anteriormente mas poderá administrar dentro daquilo que for possível. Por outro lado, nem sempre as catástrofes são causadas por condutas comissivas ou omissivas do Poder Executivo sendo que o Legislativo, ao alterar normas jurídicas protetivas da natureza, também possibilita aos particulares a causa ou a manutenção de danos. É o que se vê quando temos a flexibilização de leis ambientais eficazes. O comparativo entre terremotos e as ações das chuvas deve levar em conta que uma enchente pode ter a ação do homem sob vários aspectos, inclusive a escolha do lugar de uma construção que poderia estar num local mais elevado em relação ao rio e distante de barrancos. Muitos imóveis hoje no Brasil, diga-se de passagem, estão em áreas de risco.