sábado, 27 de setembro de 2025

Viva São Cosme e São Damião!




Aí um texto publicado no Facebook pelo historiador e deputado Chico Alencar que confere um bom sentido às crenças religiosas e aos costumes culturais. 


"PRECE A COSME E DAMIÃO

Louvados sejam São Cosme e São Damião!

Que esses gêmeos crianças da Síria, mártires do cristianismo nascente e rebelde, mortos pelo imperador romano Diocleciano no ano 303 da nossa era, nos infundam coragem e fé! 

Que os poderes de qualquer império das trevas não prevaleçam sobre nós!

Que os ibejis, filhos de Xangô e Iansã, reacendam em nós a alegria de ser e de viver. Que estejamos sempre mais pros guris que pros falsos messias e gurus!

Curai-nos, gloriosos médicos Cosme e Damião, de todas as nossas dores e doenças. E ajudai-nos a suportá-las sem desespero, quando inevitáveis. Como vocês na perseguição e no martírio, fazendo de cada estocada um lírio.

Abram, Cosme e Damião, as portas do nosso coração, para que sintamos sempre como escândalo vil as muitas crianças abandonadas do Brasil. 

Velai por elas, Santos infantis Cosme e Damião! E garantam a todas, pelas nossas iniciativas e orações, escola, afeto, cuidado e proteção.

Fazei, Damião e Cosme, com que a toda a meninada - daqui, de Gaza, do mundo inteiro! - só cheguem balas de mel, guloseimas de alegria, e não as balas e bombas letais, de fel. Balas destruidoras e "perdidas", quase sempre achadas em corpos inocentes.

Livrai-nos, Cosme e Damião, dos dementes que, só vendo inimigos ao seu redor, se armam até os dentes - espalhando o veneno do ódio e da violência.

Louvados sejam, Cosme e Damião! E que nossas vidas se teçam como um dia a dia de generosa solidariedade, com doces passos de transformação e bondade, em qualquer idade!"


Embora, no meio evangélico, Cosme e Damião não sejam festejados e muitas igrejas falem até coisas errôneas contra eles (é a ignorância junto com a guerra proselitista), ambos foram cristãos do passado que fizeram algo proveitoso pela coletividade. 


Independente de acreditar ou não na intercessão de santos, ou mesmo na existência de Deus, sempre haverá espaço nos nossos corações para reconhecer o valor de quem, num momento da História, deixou uma contribuição significativa para a humanidade e se integrou à cultura nacional de uma maneira tão forte como estão presentes as festas juninas e o Natal. Ainda mais pelos bons momentos vivenciados na infância como o recebimento de doces, motivo de alegria para a maioria das crianças, à exceção de quem é diabético. 


Portanto, deixando de lado qualquer preconceito religioso, viva São Cosme e São Damião!


📷: Arte de Del Nunes

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

LULA E TRUMP CHEGARÃO A UM ACORDO?

 O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que, do ponto de vista comercial, tudo está sobre a mesa com a possibilidade real de diálogo entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, incluindo o acesso dos americanos a minerais críticos e a regulação das grandes plataformas digitais. A parte política das reivindicações americanas, que pede uma interferência no Judiciário para favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro, está totalmente fora de questão.

Trump e Lula conversaram pela primeira vez, por menos de um minuto, nesta terça-feira, em uma sala reservada durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Uma reunião entre os dois líderes deve acontecer, provavelmente de forma remota, nos próximos dias. 

Segundo interlocutores do governo Lula, por enquanto, o que existe são suposições sobre as prioridades dos americanos. Desde o anúncio do tarifaço de Trump, nenhuma autoridade dos Estados Unidos formalizou nenhum pleito econômico por parte dos americanos. 

Na noite de terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que Lula e Trump devem começar a discutir sobre “coisas que realmente importam”, como integração econômica e investimentos mútuos. 


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Já passou da hora de Lula baixar a bola, parar de criticar o governo americano e abrir um diálogo produtivo. O Brasil tem muito a perder se ficar fazendo oposição aos americanos.



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fonte: O Globo

sábado, 20 de setembro de 2025

OS ERROS DE LULA

 





Petista faz política econômica mais parecida com a que gerou disparada de preços e recessão há uma década. Governo quer fazer crer que gasto em alta alavancará atividade, como se fosse possível obter prosperidade sem base de poupança e produção


No terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o país se vê novamente submetido a uma política econômica inconsistente, que prioriza o imediatismo eleitoral sobre a sustentabilidade orçamentária e o próprio desenvolvimento a longo prazo.

Por meio de gastos públicos crescentes e crédito oficial, o governo petista retoma a busca por impulsionar a demanda interna além da capacidade produtiva e da geração de poupança.

Até se consegue por algum tempo impulsionar o consumo e a atividade, mas a custo de pressão inflacionária, juros altos que agravam o problema de financiamento da dívida pública e aumento de déficits com o exterior.

Rombos simultâneos nas contas públicas e no saldo de transações correntes com o restante do mundo são chamados de déficits gêmeos. Longe de meros números abstratos, são sintomas de um modelo que financia excessos de demanda com dívida e importações —e que em algum momento está fadado a se esgotar.

Os sinais já se mostram claros. Nos 12 meses encerrados em julho, o déficit do governo federal atingiu 7,12% do Produto Interno Bruto, o que inclui R$ 1 trilhão em pagamentos com juros —o equivalente a 6,84% do PIB, cifra só comparável às dos últimos momentos da administração ruinosa de Dilma Rousseff (PT).

A dívida pública bruta chegou a 77,5% do PIB, um salto de 6 pontos percentuais em pouco mais de dois anos e meio, e deve superar 80% do PIB ao final do próximo ano. Enquanto isso, mesmo com exportações sólidas, o déficit na conta corrente (transações de bens e serviços com o exterior) passou de 1,4% para 3,5% do PIB nos 12 meses até julho.

Práticas e resultados assim são marca registrada dos mandatos petistas. No segundo governo Lula (2007-2010), o intervencionismo estatal começou a plantar sementes de descontrole, com expansão de dispêndios e subsídios que, embora populares, ignoravam os limites orçamentários.


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Lula ficou velho e não aprendeu nada. Repete os mesmos erros de sempre. Mas dizem que cachorro velho não aprende truque novo.



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Editorial da Folha de SP

domingo, 14 de setembro de 2025

A democracia e a soberania brasileiras são inegociáveis

 



Por Luiz Inácio Lula da Silva*

(New York Times, 14 de setembro de 2025)


Decidi escrever este ensaio para estabelecer um diálogo aberto e franco com o presidente dos Estados Unidos. Ao longo de décadas de negociação, primeiro como líder sindical e depois como presidente, aprendi a ouvir todos os lados e a levar em conta todos os interesses em jogo. Por isso, examinei cuidadosamente os argumentos apresentados pelo governo Trump para impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.


A recuperação dos empregos americanos e a reindustrialização são motivações legítimas. Quando, no passado, os Estados Unidos levantaram a bandeira do neoliberalismo, o Brasil alertou para seus efeitos nocivos. Ver a Casa Branca finalmente reconhecer os limites do chamado Consenso de Washington, uma prescrição política de proteção social mínima, liberalização comercial irrestrita e desregulamentação generalizada, dominante desde a década de 1990, justificou a posição brasileira.


Mas recorrer a ações unilaterais contra Estados individuais é prescrever o remédio errado. O multilateralismo oferece soluções mais justas e equilibradas. O aumento tarifário imposto ao Brasil neste verão não é apenas equivocado, mas também ilógico. Os Estados Unidos não têm déficit comercial com o nosso país, nem estão sujeitos a tarifas elevadas. Nos últimos 15 anos, acumularam um superávit de US$ 410 bilhões no comércio bilateral de bens e serviços. Quase 75% das exportações dos EUA para o Brasil entram isentas de impostos. Pelos nossos cálculos, a tarifa média efetiva sobre produtos americanos é de apenas 2,7%. Oito dos 10 principais itens têm tarifa zero, incluindo petróleo, aeronaves, gás natural e carvão.


A falta de justificativa econômica por trás dessas medidas deixa claro que a motivação da Casa Branca é política. O vice-secretário de Estado, Christopher Landau, teria dito isso no início deste mês a um grupo de líderes empresariais brasileiros que trabalhavam para abrir canais de negociação. O governo americano está usando tarifas e a Lei Magnitsky para buscar impunidade para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que orquestrou uma tentativa fracassada de golpe em 8 de janeiro de 2023, em um esforço para subverter a vontade popular expressa nas urnas.


Tenho orgulho do Supremo Tribunal Federal (STF) por sua decisão histórica na quinta-feira, que salvaguarda nossas instituições e o Estado Democrático de Direito. Não se tratou de uma "caça às bruxas". A decisão foi resultado de procedimentos conduzidos em conformidade com a Constituição Brasileira de 1988, promulgada após duas décadas de luta contra uma ditadura militar. A decisão foi resultado de meses de investigações que revelaram planos para assassinar a mim, ao vice-presidente e a um ministro do STF. As autoridades também descobriram um projeto de decreto que teria efetivamente anulado os resultados das eleições de 2022.


O governo Trump acusou ainda o sistema judiciário brasileiro de perseguir e censurar empresas de tecnologia americanas. Essas alegações são falsas. Todas as plataformas digitais, nacionais ou estrangeiras, estão sujeitas às mesmas leis no Brasil. É desonesto chamar regulamentação de censura, especialmente quando o que está em jogo é a proteção de nossas famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio. A internet não pode ser uma terra de ilegalidade, onde pedófilos e abusadores têm liberdade para atacar nossas crianças e adolescentes.


Igualmente infundadas são as alegações do governo sobre práticas desleais do Brasil no comércio digital e nos serviços de pagamento eletrônico, bem como sua suposta falha em aplicar as leis ambientais. Ao contrário de ser injusto com os operadores financeiros dos EUA, o sistema de pagamento digital brasileiro, conhecido como PIX, possibilitou a inclusão financeira de milhões de cidadãos e empresas. Não podemos ser penalizados por criar um mecanismo rápido, gratuito e seguro que facilita as transações e estimula a economia.


Nos últimos dois anos, reduzimos a taxa de desmatamento na Amazônia pela metade. Só em 2024, a polícia brasileira apreendeu centenas de milhões de dólares em ativos usados em crimes ambientais. Mas a Amazônia ainda estará em perigo se outros países não fizerem a sua parte na redução das emissões de gases de efeito estufa. O aumento das temperaturas globais pode transformar a floresta tropical em uma savana, interrompendo os padrões de precipitação em todo o hemisfério, incluindo o Centro-Oeste americano.


Quando os Estados Unidos viram as costas para uma relação de mais de 200 anos, como a que mantêm com o Brasil, todos perdem. Não há diferenças ideológicas que impeçam dois governos de trabalharem juntos em áreas nas quais têm objetivos comuns.



Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. Mas a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta. Em seu primeiro discurso à Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2017, o senhor afirmou que “nações fortes e soberanas permitem que países diversos, com valores, culturas e sonhos diferentes, não apenas coexistam, mas trabalhem lado a lado com base no respeito mútuo”. É assim que vejo a relação entre o Brasil e os Estados Unidos: duas grandes nações capazes de se respeitarem mutuamente e cooperarem para o bem de brasileiros e americanos.


(*) Luiz Inácio Lula da Silva é o presidente do Brasil.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

AS DIVERGÊNCIAS ENTRE FUX E MORAES

 

No julgamento da "trama golpista", o ministro Fux foi o único que divergiu dos outros ministros, condenando parcialmente apenas Mauro Cid e Braga Neto. Abaixo, um resumo dos argumentos de Moraes e Fux.



MAURO CID

Ministro Moraes: Entendeu que mensagens entregues por Cid comprovam a preparação do golpe e rechaçou críticas à delação premiada.

Ministro Fux: Destacou a comprovação de participação em etapas do plano golpista, como reuniões preparatórias, obtenção de financiamento para sua execução e pedido de monitoramento de Moraes.


ALMIR GARNIER

Ministro Moraes: Lembrou participação em reuniões e que afirmou que colocaria tropas à disposição de Bolsonaro. Também se recusou a participar da cerimônia de transmissão de cargo ao sucessor, sinalizando a adesão ao projeto autoritário.

Ministro Fux: Apontou ausência de elemento que indique anuência ao plano. "Afirmar que as tropas estão à disposição não define um ato concreto”, argumentou Fux.


ALEXANDRE RAMAGEM

Ministro Moraes: Destacou monitoramento de adversários, alinhamento de documentos do ex-Abin com discurso de Bolsonaro contra urnas e mensagem ao ex-presidente em que enfatizou necessidade de "constante publicidade" a alegações de fraudes.

Ministro Fux: Entendeu que o fato de documentos encontrados com o ex-diretor da Abin confirmarem alinhamento com Bolsonaro "não conduz à conclusão" de que praticou crime.


ANDERSON TORRES

Ministro Moraes: Mencionou conversas e documentos apreendidos sobre boletins de inteligência que mapeavam locais com mais votos em Lula no Nordeste para direcionar abordagens da PRF na eleição.

Ministro Fux: Defendeu que não há documentos ou outras provas que mostrem que tenha determinado a prática de ilícito em blitzes da PRF ou tenha responsabilidade pelo 8 de Janeiro, quando estava fora do país.


AUGUSTO HELENO

Ministro Moraes: Notas encontradas em uma agenda do general, descritas como "anotações golpistas" que preparavam "a execução de atos para deslegitimar as eleições, o poder Judiciário e para se perpetuar no poder", reforçam crimes.

Ministro Fux: Entendeu que as anotações na caderneta apreendida, supostamente de viés golpista, são rudimentares, sem data e de caráter privado, o inviabilizaria seu uso como prova, e que criticar as instituições não é crime.


PAULO S NOGUEIRA

Ministro Moraes. Apontou o general, enquanto Ministro da Defesa, como o responsável por atrasar a divulgação do relatório das Forças que atestava a lisura das eleições. Também citou sua participação em reuniões na pasta em que minutas golpistas eram discutidas.

Ministro Fux: Considerou não haver provas de que ele convocou as Forças a permanecerem de prontidão e que o atraso na entrega do relatório sobre as urnas é reprovável, mas não pode ser considerado ato executório de crime.


JAIR BOLSONARO

Ministro Moraes: Listou provas de sua liderança em 13 atos executórios que incluíram lives, discursos e reunião ministerial para atacar as urnas, elaboração de documentos para decretar medidas de exceção, planejamento de assassinato de autoridades e insurreição contra os Poderes.

Ministro Fux: Entendeu não haver comprovação de sua participação no 8 de Janeiro e que ataques às urnas são apenas críticas. Apontou fragilidades na ligação de Bolsonaro com provas como o plano de assassinar autoridades e as diferentes versões de minutas.


BRAGA NETO

Ministro Moraes: Mencionou o documento "Operação 142", encontrado na mesa de um assessor na sede do PL, voltado para a anulação das eleições. Também citou uma planilha com informações sobre o plano para matar autoridades a ser executado pelos kids pretos.

Ministro Fux: Entendeu que a delação de Cid, mensagens e demais provas confirmam que o general foi responsável por planejar e financiar os kids pretos no plano para matar autoridades, configurando tentativa de abolição.


Todos os réus foram condenados pelo ministro Moraes. O ministro Fux condenou parcialmente apenas Braga Neto e Mauro Cid


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Fonte: O Globo.

terça-feira, 9 de setembro de 2025

A erosão da arrogância norte-americana e europeia



Por Leonardo Boff*


No  momento atual estamos verificando uma feroz competição entre uma visão unipolar do mundo sustentada a ferro e fogo, com guerras comerciais e híbridas pelos Estados Unidos sob Donald Trump e pela União Europeia, e outra visão multipolar requerida pelas duas grandes potências, a Rússia e a China, junto com grande parte dos países do Sul Global.


O que se esconde, subjacente a esta disputa, entre outras tantas razões, é uma imensa arrogância dos EUA e dos países europeus. A arrogância é a famosa hybris dos gregos, vale dizer, a perda da justa medida, a afirmação da extrema autoimportância, a exaltação superestimada de suas qualidades, o desprezo de outros que não sejam como eles ou submetidos a eles. Isso se revela por se considerarem os melhores do mundo, de terem a melhor forma de governo, a democracia, de terem a introduzidos os direitos humanos, a melhor tecnologia, a economia mais poderosa, a força militar mais destrutiva, agora se rearmando de novo, a religião (ou fé) revelada, o cristianismo. Segundo os gregos, a hybris era castigada pelos deuses. E hoje como fica?


Essa arrogância trouxe conflitos e guerras contra todos os demais, a nível mundial, haja vista o processo de colonização forçada do mundo a partir da Europa do século XVI até as grandes guerras do século XX. Com razão afirmou Samuel P. Huntington em seu discutido livro O Choque de Civilizações e a recomposição da Ordem Mundial  (Objetiva 1997):”É importante reconhecer que a intervenção ocidental nos assuntos de outras civilizações provavelmente constitui a mais perigosa fonte de instabilidade e de um possível conflito global num mundo multi-civilizacional”(p.397). Cabe citar também o historiador Arnold Toynbee, em seus doze volumes Um Estudo da História, nos quais estuda o  nascimento, o crescimento e a queda das civilizações e onde confere centralidade à arrogância  como indício do ocaso de inteiras civilizações.


Ultimamente o conhecido economista e ecólogo Jeffrey Sachs da Universidade de Columbia tem afirmado a um jornalista brasileiro (Leonardo Sobreira:Brasil 247 de 6/9/25):”Os EUA sofreram de uma ilusão de que liderariam o mundo sozinhos. A Europa também sofre da mesma arrogância…Não apenas os EUA estão sozinhos, mas eles não mandam mais. Estamos observando o fim de um longo processo histórico. E a arrogância não é apenas nos EUA, como também na Europa… A mentalidade é de arrogância continuada”.


Trump se julga o “imperador do mundo” (Lula), põe e dispõe como lhe dá na veneta. Destrói  hábitos democráticos tradicionais dos EUA e com sua guerra comercial (ameaçando com outra real que seria final) tem se inimizando com quase todo o mundo, até com seus aliados mais fiéis como os europeus e sul-coreanos. Arrogante, não negocia, não discute, simplesmente impõe suas medidas, como o fez com o Brasil.


O fato, constatado pelos melhores analistas da geopolítica mundial, é que o tempo da dominação norte-americana está em franca erosão. Pior ainda, tal fato comparece na União Europeia que deveria se envergonhar por se portar contra toda a sua tradição civilizatória e humanística, ao apoiar a guerra implacável que o Israel de Netanyhau está levando contra a Faixa de Gaza. São milhares de mortos e dezenas de crianças inocentes, num verdadeiro genocídio a céu aberto. Os europeus são colocados de escanteio porque Trump se dá conta da erosão acelerada daquela envelhecida e arrogante civilização.


A potência mais emergente que, provavelmente, definirá o futuro próximo, é a China com uma proposta, nada arrogante  mas sensata, de um mundo com um destino comum partilhado, respeitando a ordenação das Nações Unidas, fundada na abertura comercial e na não intervenção nos assuntos internos de outros países.


Em dois livros tratei desta questão da arrogância que vem sob o nome mais genérico de “falta da justa medida”, valor presente em todas as éticas das civilizações de que temos notícia. A desmesura e o rompimento da justa medida é o estopim que incendeia o processo de decadência de uma cultura, de um projeto social ou de um comportamento pessoal.


O que predomina no mundo, digamos o nome, é o sistema do capital ou como preferem, a economia de mercado, (quase toda financeirizada) que denuncia completa falta de medida, exemplificada pelos arrogantes das Big Techs, um dos quais já sonha, arrogantemente, com uma acumulação pessoal de um trilhão de dólares.


Por este caminho de ilimitada arrogância, associada à uma abissal desumanidade e falta  completa de sensibilidade para com os outros, nos acercaremos de um abismo. Como advertia Sigmunt Bauman, pouco antes de falecer: “Engrossaremos o cortejo daqueles que rumam na direção de sua própria sepultura”. Isso não pode acontecer.


Nossa confiança e nosso esperançar nos alentam a afirmar a supremacia do espírito (com sua espiritualidade natural) contra a barbárie. Ele se dará conta de seus desvios e de suas errâncias. Poderá definir um caminho que nos conserve ainda sobre este belo planeta. E nos garanta ainda um futuro no qual não seja tão frequente a arrogância, mas floresça o cuidado pela Casa Comum e a amorosidade entre todos os humanos.


(*) Leonardo Boff escreveu A busca da justa medida: como equilibrar o planeta Terra (2 vol), Vozes 2023.

OBS: Artigo reproduzido na íntegra do blog do autor e créditos de imagem atribuídos a Daniel Bianchini, conforme extraído de https://www2.ufjf.br/noticias/2019/08/28/leonardo-boff-participa-de-conferencia-e-lanca-livro-em-eventos-da-ciencia-da-religiao/

sábado, 6 de setembro de 2025

ERIKA HILTON E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO

 


Erika Hilton perde ação de transfobia; livre expressão vence

Ao se referir à deputada de acordo com seu sexo biológico, Isabella Cepa não pretendia insultar uma mulher trans


Por Thaís Oyama


Vai ser chatíssimo: as lésbicas negras sadomasoquistas vão disputar direitos com os pais gays brancos protestantes etc. etc. Marcuse não é nada comparado com o que vem.” A frase, de Jorge Mautner, descreve o que o compositor e profeta nas horas vagas imaginou que aconteceria quando a política de esquerda baseada na luta de classes caducasse e fosse substituída pela luta das minorias — que então passariam a se engalfinhar.


    A fala está no livro “Verdade tropical”, de 
    Caetano Veloso, e, se a memória do
    baiano não falhou, ele a ouviu de Mautner nos anos 1970. Isso foi cinco
    décadas antes de a escritora britânica J.K. Rowling inaugurar a briga entre
    feministas e ativistas trans que a fez ser cancelada e ameaçada de atirarem
    seus livros à fogueira (para quem passou os últimos cinco anos confinado a
    alguma bolha,o pecado de Rowling foi ter feito troça da ideia, defendida por
     ativistas trans, de que mulheres biológicas deveriam ser chamadas de
    “pessoas que menstruam” para diferenciá-las das mulheres trans, que deveriam
    ser chamadas de mulheres, que não menstruam por terem nascido com
     sexo biológico masculino).

No mesmo ano do linchamento da criadora de Harry Potter, a contenda 

chegou ao Brasil pelas mãos de Erika Hilton, mulher trans eleita deputada 

federal em 2022 pelo PSOL. Ela decidiu processar, sob acusação de transfobia, 

a designer gráfica e ativista feminista Isabella Cepa, que, em 2020, 

comentando o resultado das eleições para vereador em São Paulo, 

lamentou no X que “mulheres verdadeiramente feministas não foram eleitas” 

e que “a mulher mais votada de São Paulo é um homem”.


Isabella é uma feminista de cepa radical. A corrente teórica a que se 

filia entende que mulheres trans, por terem nascido homens, não 

passaram pelas mesmas experiências de opressão a que foram submetidas 

as que vieram ao mundo já nessa condição. Chamá-las de “mulheres”, 

crê essa corrente, dilui a luta feminista, além de pôr em risco a segurança

 de mulheres biológicas obrigadas a dividir com elas espaços como banheiros

 ou presídios. Ao se referir à deputada Erika de acordo com seu sexo biológico,

 portanto, Isabella não pretendia insultar uma mulher trans, mas expressar

uma crença alinhada ao feminismo crítico de gênero, grupo 

em que milita — e que, até onde se sabe, não foi posto na ilegalidade ainda.


Foi mais ou menos o que entendeu a Justiça ao arquivar na terça passada 

a ação contra Isabella. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo, referendou 

o que já concluíra a primeira instância: o que a feminista escreveu no X 

não é discriminatório, porque não tenta cercear direitos de mulheres trans e, 

como manifestação de opinião, não ultrapassa os limites da

liberdade de expressão. Comentando a decisão, Erika Hilton disse: 

“Mais grave é a narrativa de que está liberada a transfobia no Brasil. 

Isso tem aumentado a violência contra mim e a comunidade LGBTQIA+”.

O processo contra Isabella durou cinco anos. Em julho deste ano, ela recebeu da 

União Europeia o inédito status de refugiada política perseguida por 

posições de gênero. Antes disso, por causa da repercussão do caso, perdeu

oportunidades de emprego no Brasil, viveu sob uma bateria de xingamentos, 

Recebeu ameaças contra ela e sua família e votos de que fosse estuprada e morta. 

O grosso dessas mensagens não partiu de fascistas da direita. 

Isabella afirmou em entrevista que a esquerda abandonou 

as mulheres como ela.

A esquerda, ou parte dela ao menos, sempre teve por hábito defender 

a liberdade de expressão para quem é do seu grupo e ficar bem quieta 

quando o alvo da censura é gente de direita. Agora, com o fogo cruzado

no campo das minorias, estende a prática da omissão ao próprio quintal. 

Também merece desprezo quem lá não adere ao pensamento único ou ousa 

contestar as vacas sagradas do dogma progressista. Para esses, 

sobra só a patrulha moral — a vigilância e a punição. 

Mautner acertou, ficou chatíssimo.


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Publicado no Jornal O Globo.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Os bolsonaristas vivem em um paradoxo

 




Por Hermes C. Fernandes


Se Bolsonaro não tentou o golpe, então traiu as expectativas de sua própria base, incluindo aqueles que acamparam diante dos quartéis e os que arriscaram tudo nos atos de 8 de janeiro. Nesse caso, ele foi covarde. 


Mas, se ele foi fiel à sua base, então tentou o golpe. Nesse caso, além de cometer um crime, traiu a pátria que jurava defender. Logo, ao afirmar que não tentou para escapar da justiça, ele está sendo covarde. De um jeito ou de outro ele foi ou está sendo covarde.


O mesmo paradoxo se repete em seus “patriotismos”: dizem amar o Brasil, mas ostentam bandeiras de potências estrangeiras. Antes pediam intervenção militar; agora clamam por intervenção internacional. É o que só pode ser chamado de patriotismo reverso.


E a contradição não para aí. Com o ídolo preso e prestes a ser condenado, apelam para os direitos humanos, os mesmos que desprezavam ao exaltar uma ditadura que torturava e matava sem direito de defesa. Chamam de “ditadura” o STF, mas têm saudades de um regime que cassou direitos, inclusive o direito de se manifestar. Se o golpe houvesse sido bem-sucedido, manifestações contra o regime seriam suprimidas. 


No fim, vivem reféns do próprio labirinto de incoerências que ajudaram a construir.

Banco Central na mira do Congresso

 

'Coisa de republiqueta', diz Arminio Fraga sobre projeto que permite ao Congresso destituir cúpula do BC


Líderes de partidos do Centrão na Câmara dos Deputados assinaram ontem um requerimento de urgência para acelerar a tramitação de um projeto de lei que permite ao Congresso destituir presidentes e diretores do Banco Central (BC), em meio às pressões para a aprovação da compra do Banco Master pelo BRB pela autoridade monetária.

O requerimento de urgência encabeçado pelo PP foi endossado por líderes de legendas do Centrão, da oposição e até da base do governo. Ex-presidentes do BC ouvidos pelo GLOBO afirmam que a ideia é um retrocesso que pode prejudicar a economia.

A autoridade monetária só conquistou a autonomia operacional com a lei complementar n.º 179, sancionada em 2021 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro após aprovação pelo Congresso Nacional. A lei tornou o BC uma autarquia de natureza especial.

O objetivo era blindar o órgão de pressões político-partidárias, tornando mais transparente e estável a condução da política monetária. O presidente do BC passou a ter mandato de quatro anos não coincidente com o do presidente da República, com possibilidade de recondução por mais quatro.

"A ideia de passar (assinaturas de urgência), logo num dia como hoje (ontem) com as atenções voltadas para o julgamento (do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF), querendo autorizar o Congresso a demitir diretores do Banco Central, num caso ultra polêmico, pouco transparente, é uma insanidade. Isso é coisa de republiqueta. É grave. É grave.

É consenso na experiência histórica de inúmeros países que os BCs funcionam bem quando têm a capacidade de tratar esses temas como questões de estado e que não fiquem a reboque das necessidades conjunturais ou políticas do momento.



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Publicado no O Globo

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

ALGUMA ESPERANÇA PARA OS RÉUS?

 


A fala de Moraes que trouxe um “suspiro de esperança” para as defesas da trama golpista

Por Bela Megale (O Globo, 03/09/25)


A sustentação oral do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, na abertura do julgamento da trama golpista, nesta terça-feira (2), trouxe uma fala que deu certa esperança aos advogados de parte dos réus.

No momento em que o ministro afirmou que a Corte não vai se sujeitar a pressões, ele destacou que, havendo “qualquer dúvida razoável sobre a culpabilidade dos réus, os réus serão absolvidos”.

A manifestação do relator do caso foi descrita como “um suspiro de esperança” de que personagens mais periféricos do processo, com provas consideradas menos robustas de envolvimento direto no plano do golpe, possam ser absolvidos.


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Pode ser que algum dos réus tenham penas reduzidas e até mesmo inocentado, porém, é quase nula a possibilidade que a corte não condene o ex-presidente Bolsonaro, mesmo com várias questões incoerentes no processo conforme já expôs a sua defesa. É uma questão política de honra para o ministro que mostra o dedo do meio em pleno estádio de futebol para torcedores.

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

GASTOS ELEITORAIS E POBREZA

 Gasto eleitoral eleva bem-estar e reduz pobreza, mas ficou insustentável

***Desigualdade gerou ao longo dos anos incentivos para candidatos aumentarem despesas

***Funcionamento da máquina pública está comprometido por falta de investimentos e pessoal


Fernando Canzian

São Paulo

O Brasil atingiu taxas mínimas históricas de pobreza extrema e de desigualdade de renda em 2024 com uma profusão de programas sociais e serviços públicos que custam hoje R$ 2,7 trilhões ao ano, ou 22,7% do PIB —mais que a média de 21,2% dos países da OCDE, que reúne 38 nações de renda elevada.

A contrapartida para a melhora consistente dos indicadores sociais nas últimas décadas foi o aumento da carga tributária e do endividamento público, que colocam o país diante de grave crise fiscal sem que haja muito espaço para seguir aumentando impostos.

Em todos os anos eleitorais desde 1982, a taxa de pobreza no Brasil caiu, sobretudo pelo aumento da despesa pública. Isso demonstra, segundo especialistas, como é poderoso o incentivo político para ampliar gastos sociais com objetivos eleitorais em um país pobre e desigual.

Trabalho do coordenador de Acompanhamento e Estudos da Conjuntura do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ligado ao Ministério do Planejamento), Claudio Hamilton dos Santos, detalha como um Estado de bem-estar social foi sendo montado no Brasil a reboque de eleições.

"O Brasil não é o Brasil porque A ou B se elege. A ou B se elege porque o Brasil é o Brasil", diz Santos.

"O aumento contínuo e insustentável de nossas despesas sociais não se dá por compulsão ou burrice. Mas por necessidade eleitoral, pela preferência de uma maioria pobre por esse tipo de medida."

Essa estratégia, porém, criou uma armadilha: gastos, rombos fiscais e endividamento crescentes vêm estrangulando investimentos públicos em infraestrutura e na máquina estatal convencional, encolhendo órgãos que atendem o dia a dia da população.

O governo federal tem cada vez menos dinheiro disponível para investir em infraestrutura e repor pessoal em áreas estratégicas, pois quase 95% do Orçamento tem destinação "carimbada", sobretudo para a Previdência deficitária, o funcionalismo e programas sociais.

Projeções do próprio governo Lula (PT) indicam que a máquina pública pode travar em 2027 por falta de dinheiro livre de vinculações.



Fonte: Folha SP

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Ou seja, os gastos públicos por um lado diminuem a pobreza, porém, pode levar a um colapso das contas públicas o que afetaria outra vez os mais pobres. O melhor caminho para o país acabar com a pobreza não deveria passar pelo rombo fiscal que produzirá mais pobreza.

sábado, 30 de agosto de 2025

Os políticos do nosso regime democrático não podem ser negligentes



"A experiência de Weimar ilustra como a democracia pode morrer pelas mãos de seus inimigos declarados, mas também pelas decisões de seus supostos defensores" (Daniel Ziblatt, cientista político de Harvard)

Acima temos uma frase desse grande cientista político dos EUA que tem defendido incansavelmente a democracia. Ele busca na História o exemplo da Alemanha quando se refere à República de Weimar (1918-1933). 

Após o fim da Primeira Guerra, os alemães tiveram uma constituição democrática, com um sistema parlamentar de governo e direitos sociais. No entanto, houve crises econômicas, como a hiperinflação, e também instabilidade política, as quais culminaram na nomeação de Adolf Hitler como chanceler e na desintegração da democracia. 

Assim sendo, podemos dizer que, durante esses 15 anos, os líderes políticos alemães teriam, de certo modo, falhado e, com o fracasso, permitido o crescimento de um movimento extremista que foi o nazismo.

Igualmente, penso que hoje, no Brasil, temos a responsabilidade de fazer com que a democracia prospere e não retroceda. Daí a importância de haver diálogo constante entre governo e sociedade, transparência e coerência, juntando com um desenvolvimento econômico distributivo. 

Portanto, todos os democratas que atualmente estão no poder precisam ter essa consciência e também não flertar de modo algum com a extrema direita, a qual precisa ser isolada no nosso processo político. Isto é, no âmbito da política brasileira, devemos ter um pacto supra partidário contra o bolsonarismo que envolva um entendimento comum de socialistas, sociais democratas, liberais, nacionalistas e conservadores.

Cuidemos bem da nossa democracia!

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Videogames x Redes Sociais

 





Estudos apontam que jogos podem estimular foco e funções cognitivas, enquanto redes sociais estão ligadas à perda de atenção


Com conteúdo inesgotável e um algoritmo preparado para atender às suas expectativas, o celular prontamente gera pequenos prazeres através da dopamina, neurotransmissor produzido no cérebro. Rolar a tela sem controle possui efeitos negativos comprovados cientificamente. Entretanto, um artifício antes mal visto por parte das pessoas, hoje é fuga para quem quer se divertir e exercitar a capacidade cognitiva.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Tecnologia de Swinburne, na Austrália, descobriu que videogames estão associados ao aumento do foco, enquanto mídias sociais estão relacionadas à diminuição dele.

Publicado no Scientific Reports, o estudo revelou que os níveis de hemoglobina oxigenada (HbO) aumentaram mais após o uso das redes, enquanto os de hemoglobina desoxigenada (HbR) subiram depois de jogar. Na segunda situação, o cérebro estava usando ativamente mais do oxigênio que recebia.

“Essas descobertas sugerem que tipos interativos de entretenimento realmente deixam o cérebro mais envolvido", diz Alexandra Gaillard, autora principal do estudo.

O estigma em relação aos jogos surgiu anos atrás, associado ao vício, ao isolamento social e, em alguns casos, à violência. Para Amanda Bastos, neuropsicóloga, ainda existem resquícios desse preconceito — mais sutis que antes — em algumas gerações que cresceram ouvindo críticas sobre o ato de jogar.

Rogério Panizzutti, neurocientista e coordenador do Laboratório de Neurociência e Aprimoramento Cerebral da UFRJ, atribui a “alienação” como outro fator responsável por essa percepção.

— Hoje, mesmo que o adolescente esteja isolado no quarto, muitas vezes ele está jogando com amigos ou com pessoas que conheceu através do jogo, formando um grupo social. Isso desmistificou a ideia de que o videogame precisava ser algo negativo — afirma o especialista.

De acordo com Amanda, o cenário atual é diferente no âmbito da psicologia cognitiva e da neurociência. Hoje, os videogames auxiliam na avaliação de funções cognitivas e neuropsicológicas, em uma estratégia de gamificação.

— É possível avaliar funções executivas e cognitivas, como tomada de decisão, planejamento, resolução de problemas e engajamento com a tarefa — explica.




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Publicado em O Globo, 29/08/25

Viva São Cosme e São Damião!

Aí um texto publicado no Facebook pelo historiador e deputado Chico Alencar que confere um bom sentido às crenças religiosas e aos costume...