sexta-feira, 7 de novembro de 2025

🌹 "Janja é uma ruptura simbólica"

 


Por Beta Bastos


Há algo de profundamente político no modo como Janja existe.

Ela não pediu licença para ser, simplesmente é.

E isso, em um país que ainda tenta enquadrar as mulheres em papéis silenciosos, é um ato revolucionário.


Janja não é apenas a companheira de um presidente.

É uma mulher que reivindica o direito de estar onde sempre disseram que não era lugar para nós, no centro das decisões, no gesto que acolhe e também no gesto que enfrenta.

Ela devolve à política uma dimensão esquecida, a da afetividade como força transformadora.


Enquanto muitos associam poder à frieza, Janja o resignifica com empatia.

Ela fala de cultura, de meio ambiente, de igualdade e de memória.

Temas que, na boca de uma mulher, ainda são tratados como menores.

Mas é justamente por essa via que ela desmonta a velha lógica da dominação e mostra que governar também é cuidar, preservar e lembrar.


Por isso a atacam.

Porque uma mulher que ocupa o espaço público sem pedir desculpas por ser inteira, política, sensível, lúcida e amorosa, é insuportável para quem ainda acredita que o poder é masculino.


Janja é o incômodo necessário.

É o retrato de uma nova ética do feminino na política, a que não se curva, mas também não endurece para existir."

quarta-feira, 5 de novembro de 2025

A Dor Invisível – O Drama dos que Carregam o Peso da Depressão

 


Autor anônimo


Há dores que gritam, e há dores que se calam. A depressão é uma dessas dores silenciosas, que corrói por dentro enquanto o mundo, do lado de fora, segue sem perceber. É um sofrimento que não deixa marcas na pele, mas fere a alma de forma profunda, minando o ânimo, o apetite, o sono, a vontade de existir. Para muitos, é como carregar um corpo pesado demais, uma sombra constante que impede de seguir o ritmo dos outros.

A sociedade, ainda hoje, tem dificuldade em compreender que a depressão não é fraqueza, preguiça ou falta de fé. É uma doença — séria, incapacitante, e por vezes mortal. Mas a incompreensão é cruel. Muitos pacientes escutam conselhos que doem mais do que ajudam: “levanta e vai trabalhar”, “você tem tudo, não devia estar triste”, “isso é falta de Deus”. O que falta, na verdade, é empatia. O que falta é entender que o deprimido não escolhe estar assim, e que sair do abismo não depende apenas de vontade.

No sistema público de saúde, o cenário agrava o desespero. Consultas com psiquiatras são escassas, demoradas, e muitas vezes superficiais. Há quem espere meses por uma vaga, quem desista no meio do caminho, quem seja tratado como um número. O tratamento adequado exige acompanhamento contínuo, psicoterapia, ajustes de medicação — mas a estrutura pública raramente oferece esse cuidado integral. Muitos acabam dependendo unicamente de comprimidos, distribuídos de forma irregular e sem o devido acompanhamento, o que transforma o remédio em uma âncora de sobrevivência, e não em um caminho real de cura.

Essa dependência medicamentosa, aliada à instabilidade emocional, torna quase impossível a reinserção no mercado de trabalho. Empresas evitam contratar quem carrega um histórico psiquiátrico, temendo faltas, crises ou baixa produtividade. O preconceito é disfarçado de critérios técnicos. O resultado é a exclusão — o deprimido se vê sem renda, sem autonomia, sem perspectiva. Quando busca auxílio do Estado, enfrenta um outro tipo de sofrimento: a frieza burocrática. O processo para conseguir um benefício previdenciário é longo, desgastante e cheio de obstáculos. Perícias que duvidam da dor, exigências que humilham, e um sistema que, em vez de acolher, desconfia.

Nem mesmo os espaços de fé, que deveriam ser refúgios, estão isentos de incompreensão. Alguns líderes religiosos, movidos por dogmas, insistem em ver a depressão como sinal de fraqueza espiritual, castigo divino ou falta de oração. Esse tipo de julgamento, travestido de zelo, apenas aprofunda a culpa e o isolamento. O fiel, já fragilizado, passa a se sentir indigno de Deus e da própria vida — uma ferida a mais em quem já sangra por dentro.

A dor humana, quando invisível, é facilmente ignorada. E a depressão é, talvez, o maior exemplo disso. Enquanto não houver um olhar mais humano, mais paciente e menos moralista, continuaremos perdendo vidas — lentamente, silenciosamente, todos os dias.

O que essas pessoas pedem não é piedade. É compreensão, acolhimento e dignidade. Que possam ser vistas não como um fardo, mas como seres humanos que lutam — todos os dias — contra um inimigo interno que poucos conseguem entender.

Porque, no fim, o maior remédio que ainda falta é o mais simples de todos: o olhar humano sobre a dor do outro.


Para concluir a postagem, feita por um autor anônimo que se utilizou da IA para expressar o seu drama e de muita gente, gostaria deixar em aberto a seguinte pergunta: o que pode ser feito para efetivamente ajudarmos as pessoas com depressão?

domingo, 2 de novembro de 2025

Denúncia comprova necessidade de ataque ao CV

 

EDITORIAL DO JORNAL O GLOBO DE 02/11/25


São estarrecedores os métodos do Comando Vermelho (CV) para manter o controle do complexo de favelas do Alemão e da Penha. A denúncia do Ministério Público que serviu de base à megaoperação das polícias do Rio na última terça-feira é repleta de revelações sobre práticas repugnantes da facção. Mensagens interceptadas demonstram que o CV montou uma estrutura complexa de domínio, altamente hierarquizada e militarizada, levada a cabo por meio de tortura, execuções sumárias determinadas por um “tribunal” do tráfico e até um departamento para cuidar de propinas pagas a agentes da lei. Não há como nenhuma sociedade civilizada tolerar esse abominável estado de exceção.

Sessões de tortura são usadas para punir comparsas e moradores que não seguem as regras impostas pela facção. Num dos casos citados, uma mulher é mergulhada numa banheira de gelo, sob a alegação de ter brigado durante um baile funk. Noutro episódio, um homem amordaçado e algemado, sem camisa, é arrastado por um carro. Enquanto implora por perdão, um dos algozes debocha de seu sofrimento. Num terceiro, um traficante diz ter dado uma “massagem” na vítima e pergunta se ela queria morrer logo. Perversidades chegam a ser filmadas, tamanho o sentimento de impunidade.

Surpreende a organização da quadrilha. De acordo com a denúncia, havia funções como “general de guerra”, “juiz do tribunal do tráfico” e especialista em propinas pagas a policiais. Um dos bandidos, que escapou ao cerco policial, era responsável por definir estratégias de enfrentamento à polícia, incluindo monitoramento das tropas com equipamentos sofisticados. Um dos chefes da facção ficava encarregado de coordenar os “soldados” do tráfico e montar as escalas de plantão. Também administrava eventos como bailes funk. O CV mantém regras rígidas para proteger os chefes do tráfico em locais cercados de barricadas e dotados de armamento pesado, que dificultam as operações policiais e a prisão dos bandidos.

A denúncia do MP deixa clara a necessidade da operação para interromper o domínio cruel do CV. Não se pode admitir que grupos sanguinários sequestrem extensões relevantes do território e instalem nesses enclaves um Estado paralelo, onde não vigoram a Constituição e as leis que regem os demais brasileiros. Autoridades têm obrigação de reprimir essas organizações criminosas. Mas é fundamental que essas ações sejam permanentes e não fiquem restritas às incursões policiais. Precisam ser seguidas de policiamento de rotina e serviços como educação, saúde, transporte, urbanização e moradia, como mostram todas as experiências internacionais bem-sucedidas para vencer o crime organizado.

A demanda por serviços públicos nas comunidades cariocas é enorme. Quando atendida pelo poder público, a população responde com avidez. Basta lembrar que, das cerca de 600 mil vagas oferecidas nas escolas municipais, 248 mil (41%) estão localizadas em áreas vulneráveis, em geral sob o comando de facções ou milícias — e apenas 13 mil permanecem desocupadas. Proporcionalmente, a demanda nessas áreas é maior que nas demais regiões da cidade (favelas concentram 1,3 milhão de cariocas, ou 22% da população). Não há indicador mais persuasivo de que a melhor forma de combater a tirania das facções é levar ainda mais educação às áreas conflagradas, dando outra perspectiva de vida às crianças.

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Guerra no Rio

 




EU QUERIA ESCREVER UMA HISTORINHA ENGRAÇADA, DIVERTIDA, LEVE, mas diante do que aconteceu ontem aqui no meu Rio de Janeiro, a graça foi embora, o riso trancou-se e quedou-se sem saber do que rir, pois só havia motivos para prantear, lamentar, duvidar, ponderar. O que aconteceu ontem aqui foi uma guerra. Não que os mais de 3 milhões de cariocas que moram em áreas dominadas por facções do tráfico de drogas não estejam acostumados com esses confrontos - mas o que assustou foi a grandeza dessa operação: Mais de cem mortos!

Em vários pontos da cidade criminosos fecharam vias, fecharam o comércio e centenas de pessoas não puderam voltar para casa diante da escassez de ônibus, visto que vários foram queimados.

Até ontem, o governo do Estado apontava ter havido 64 mortes sendo 4 policias na operação que buscava prender traficantes e impedir a expansão da facção Comando Vermelho.  Depois que o olho do furacão passou, os próprios moradores do complexo de favelas da Penha e do Alemão entraram na região de mata para procurar corpos e  o que encontraram foi chocante como mostra a foto acima. Numa cena bizarra de guerra, os moradores foram enfileirando os corpos no chão um ao lado do outro.

Um dos moradores que esteve nas buscas pelos corpos declarou:

Encontramos um deles com uma granada na mão e outra sem pino, aparentemente. Então deixamos lá (na mata), não sabemos o que fazer. A angústia é grande, uma tristeza. Conhecia muitos de infância, mas mudaram de vida (para o crime) depois — relata. — a forma como foram encontrados é de execução: tinha gente amarrada com tiro na testa. 

O que mais choca a nós, moradores desta cidade linda do Rio de Janeiro, centro cultural do Brasil, é que essa operação não vai frear o avanço da facção em nem um centímetro. O narcoterrorismo está tomando conta do Brasil. A continuar essa progressão, logo seremos como Colômbia e Venezuela. O conceito de “narco‑estado” (ou narco-state) designa um país em que o tráfico de drogas ou redes de narcotráfico têm influência decisiva nas instituições estatais — governo, polícia, judiciário — ou ainda, o Estado está tão enfraquecido que grupos criminosos comandam de facto grandes partes do território. 

O Brasil está repleto de regiões que são dominadas pelas facções criminosas. Lá a polícia não entra a não ser com conflitos que sempre geram a morte de bandidos, policiais e inocentes. As facções já entraram na política conseguindo financiar e eleger seus candidatos e expandindo seus negócios na economia legal com farmácias, postos de gasolinas, etc.

E tudo fica mais surreal quando a poucos dias o presidente Lula cometeu uma das suas piores gafes ao dizer que o traficante também é vítima do viciado! Caiu tão mal no próprio escopo governamental que ele foi às redes se retratar.

Quando o país terá uma política de enfrentamentos ao crime organizado e ao crime do dia a dia que seja inteligente e eficiente? Os governos de esquerda são sempre acusados de defender criminosos como se fossem apenas "vítimas da sociedade" e até certo ponto isso é verdadeiro. O próprio presidente Lula em outra ocasião declarou que quem rouba celular quer apenas "tomar uma cervejinha" ou porque não tem "o tênis da moda". Por outro lado, políticos da direita radical só veem o confronto, a morte, como tática de enfrentar o problema.

Essa é uma guerra que segundo vários especialistas, só será vencida com políticas públicas onde Estados e União estejam articulados conjuntamente e não somente com o uso da força mas principalmente com o uso da inteligência para cortar as artérias financeiras que alimentam as facções. O aumento de penas também pode ajudar a não passar a ideia de impunidade à população. 

Apesar das atuais propostas engendradas pelo Ministério da Justiça, ninguém realmente acredita que a coisa vai melhorar, ainda mais diante de posicionamentos  do  ministro da justiça Ricardo Lewandowski, que vê como algo positivo que 40% dos presos em flagrantes são soltos durante as audiências de custódia. Segundo ele, "a polícia prende mal". Por "prender mal" pode estar uma situação em que um policial dá um tapão na cara de um bandido pego em flagrante e na audiência de custódia o juiz vai perguntar se o preso foi "bem tratado" e ele vai dizer, "não, seu juiz, eu levei um tapa na cara" - pronto, o policial foi contra os direitos humanos do bandido e ele sairá livre, leve e solto pela porta da frente dando uma bela banana para a polícia e para a sociedade.



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Foto e informações do jornal O Globo.

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Lula à Caça dos Evangélicos sem Pastor

 




O PRESIDENTE LUÍS INÁCIO está com uma missão: Conquistar votos no campo evangélico. Aquele campo que ele e a escória da esquerda chamam de "fascistas" por serem conservadores, valorizar a família, por serem patriotas, serem contra o aborto, serem contra o comunismo. Para a esquerda neurótica, essa turma é o lixo do mundo, poderia muito bem ser colocada em um paredão e ser metralhada, como já sugeriu um certo professor universitário marxista revolucionário em uma palestra, arrancando sorrisos da plateia democrática. Então, para tentar conquistar esse bando de fascistas ainda sem pastor, Luís Inácio deve indicar para o STF, o evangélico esquerdista Jorge Messias - que virou um famoso desconhecido por ser chamado de "Bessias" pela presidenta Dilma.

Como é bonito ver Lula e Gleise contritos, de olhos fechados, orando juntos com evangélicos que entram no barco que navegar melhor por esse mar sistemático de Brasília - e atualmente -  o barco de Luís Inácio vai bem(apesar do país ir mal), já que a direita espevitada, se apequenou com a intentona do Eduardo Bolsonaro contra a economia do país e a dificuldade de Bolsonaro largar o osso e até agora, não indicar seu sucessor. 

A campanha de 2026 já começou.

terça-feira, 14 de outubro de 2025

📰 A EXISTÊNCIA DA FOME É UMA ESCOLHA POLÍTICA




Por Luiz Inácio Lula da Silva

Presidente da República do Brasil


(Artigo do Presidente Lula publicado entre 13 e 14 de outubro de 2025 no Infobae 🇦🇷, Al Jazeera 🇶🇦, La Tercera 🇨🇱, El Espectador 🇨🇴, El País 🇪🇸, Libération 🇫🇷, La Repubblica 🇮🇹, La Jornada 🇲🇽, Jornal Notícias 🇲🇿, Público 🇵🇹, Daily Nation 🇰🇪 e The Independent 🇬🇧)


A fome não é uma condição natural da humanidade, nem é uma tragédia inevitável: ela é fruto de escolhas de governos e de sistemas econômicos que optaram por fechar os olhos para as desigualdades. Ou mesmo promovê-las.


A mesma ordem econômica que nega a 673 milhões de pessoas o acesso à alimentação adequada permite a um seleto grupo de 3 mil bilionários deterem 14,6% do PIB global.


Em 2024, as nações mais ricas ajudaram a impulsionar o maior aumento em gastos militares desde o fim da Guerra Fria, que chegaram a US$ 2,7 trilhões no ano. Mas não tiraram do papel o compromisso que elas mesmas assumiram: investir 0,7% do PIB em ações concretas para a promoção do desenvolvimento nos países mais pobres.


Vemos, hoje, situações semelhantes àquelas que existiam há oitenta anos, quando a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a FAO, foi criada. Diferente daquela época, contudo, não temos apenas as tragédias da guerra e da fome se retroalimentando, mas também a urgente crise climática. E a concertação entre as nações criada para resolver os desafios de 1945 não dão mais conta dos problemas atuais.


É necessário reformar os mecanismos globais de governança. Precisamos fortalecer o multilateralismo, criar fluxos de investimentos que promovam o desenvolvimento sustentável e garantir aos estados a capacidade de implementar políticas públicas consistentes de combate à fome e à pobreza.


É fundamental incluir os pobres no orçamento público e os mais ricos no imposto de renda. Isso passa pela justiça tributária e a taxação dos super-ricos, tema que conseguimos incluir – pela primeira vez – na declaração final da cúpula do G20 em novembro de 2024, realizada sob a presidência brasileira. Uma mudança simbólica, mas histórica.


Defendemos tal prática no mundo – e a adotamos no Brasil. Está em vias de ser aprovado no Congresso brasileiro uma mudança substancial nas regras tributárias: pela primeira vez no país, haverá uma taxação mínima sobre a renda das pessoas mais ricas do país, isentando do imposto milhões de pessoas com salários menores.


Também à frente do G20, o Brasil propôs a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. A iniciativa, embora recente, já conta com 200 membros — 103 países e 97 parceiros como fundações e organizações. Não se trata só de trocar experiências, mas de mobilizar recursos e cobrar compromissos.


Com a Aliança, queremos que os países tenham as capacidades necessárias para conduzir as políticas que efetivamente reduzam a desigualdade e garantam o direito à alimentação adequada. Políticas que têm resultados rápidos, como os registrados no Brasil após elevarmos o combate à fome à condição de prioridade de governo em 2023.


Dados oficiais divulgados há poucos dias mostram que libertamos da fome 26,5 milhões de brasileiros desde o início de 2023. Além disso, o Brasil saiu, pela segunda vez, do Mapa da Fome da FAO em seu relatório sobre a insegurança no mundo. Mapa ao qual não teria retornado se as políticas iniciadas ainda nos meus primeiros governos (2003-2010) e da presidenta Dilma Rousseff (2011-2016) não tivessem sido abandonadas.


Por trás desta conquista, estão ações coordenadas em diversas frentes. Qualificamos e ampliamos nosso principal mecanismo de transferência de renda, que passou a atender a 20 milhões de lares, com atenção a 8,5 milhões de crianças de até 6 anos.


Ampliamos os recursos destinados à alimentação gratuita nas escolas públicas, que beneficia 40 milhões de estudantes. Por meio de compras públicas de alimentos, garantimos renda a famílias de pequenos agricultores e distribuímos comida gratuita e de qualidade a quem realmente precisa. Além disso, aumentamos o fornecimento gratuito de gás de cozinha e eletricidade às pessoas de menor renda, abrindo espaço no orçamento familiar para fortalecer a segurança alimentar


Nenhuma dessas políticas, porém, se sustenta sem um ambiente econômico que as impulsione. Quando há empregos, quando há renda, a fome perde sua força. Por isso, adotamos uma política econômica que priorizou o aumento dos salários e nos levou ao menor índice de desemprego já registrado no Brasil. E também ao menor índice de desigualdade de renda familiar per capita.


O Brasil ainda tem muito a avançar até garantir a plena segurança alimentar a toda sua população, mas seus resultados confirmam que a ação do estado é capaz, sim, de vencer o flagelo da fome. Tais iniciativas, contudo, dependem de mudanças concretas nas prioridades mundiais: investir em desenvolvimento, e não em guerras; privilegiar o combate à desigualdade, e não as políticas econômicas restritivas que por décadas têm provocado enorme concentração de riqueza; e encarar o desafio da mudança do clima, tendo as pessoas no centro de nossas preocupações.


Ao sediar a COP30 na Amazônia, no mês que vem, o Brasil quer mostrar que o combate à mudança do clima e o combate à fome e à pobreza precisam andar juntos. Queremos adotar, em Belém, uma Declaração sobre Fome, Pobreza e Clima que reconheça os impactos profundamente desiguais das mudanças climáticas e seu papel no agravamento da fome em certas regiões do mundo.


Também levei estas mensagens ao Fórum Mundial da Alimentação e à reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global Contra a Fome, eventos dos quais tive a honra de participar no dia 13, em Roma. Mensagens que mostram que as mudanças são urgentes, mas são possíveis. Pois a humanidade, que criou o veneno da fome contra ela mesma, também é capaz de produzir o seu antídoto.



segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Nós, os Pobres

 






NOSSO PRESIDENTE, LUÍS INÁCIO, declarou recentemente: 

"Pobre e trabalhador só tem valor na época das eleições porque todo mundo trata pobre bem porque ele é maioria. Depois que ganha as eleições, o pobre é esquecido mais uma vez. (...) Nós somos a maioria, e se nós somos a maioria e a gente usar a consciência da gente, a gente consegue fazer a maior revolução pacífica e democrática que esse país precisa que seja feita. É preciso acabar com os privilégios desse país para garantir que todos tenham direitos".

Que fala linda! Chego a ficar arrepiado de emoção! Que sensibilidade tem nosso presidente! Ele, que já está em plena campanha disfarçada, disse que pobre e trabalhador só tem valor na época de eleição. Ele mesmo confirma o que diz...Uma outra fala me deixou totalmente afônico. Sobre os pobres, ele disse:  "Nós somos a maioria". Esta é uma frase digna de um grande estadista, vejam  como ele se identifica conosco, pobres, ao dizer que "nós somos a maioria". INÁCIO É POBRE TAMBÉM! Sim, ele nos entende, porque é um de nós, pobres. 

Luís Inácio disse que é preciso acabar com os privilégios. Deixa eu fazer as contas aqui...é... três mandatos seus e quase dois da sua pupila Dilma. Ao todo, quase 20 anos de governos petistas e eles ainda não conseguiram acabar com os tais "privilégios".  E nem com os pobres. Mas eu desconfio que se acabar com os pobres  deste país, ninguém mais vota no PT...Tudo bem, meu presidente, eu sei que é difícil lutar contra os poderosos! 

É difícil o Executivo parir uma reforma do Estado Brasileiro que acabe com tantos privilégios? Sim, Inácio,  porque antes de querer caçar privilegiados que enriqueceram com dinheiro privado, é preciso acabar com os privilegiados que enriqueceram com dinheiro público. Mas eu sei que você sabe disso, né Inácio, és um dos tais que enriqueceram com dinheiro público. Mas o importante, e eu sei e atesto, é que sua alma ainda é de pobre. Será que em mais um mandato dá pra fazer sua revolução?


domingo, 5 de outubro de 2025

Exerça a sua cidadania!

 


Na data de 05/10, é celebrado o Dia da Cidadania, a qual também coincide com a promulgação da Constituição Federal de 1988 há exatos 37 anos. 

Graças a essa Carta Política, temos hoje democracia no Brasil, porém tudo depende do nosso ativo exercício da cidadania. 

Certamente que a democracia não acontece apenas com o nosso comparecimento às urnas a cada dois anos, pois ela também se consolida todos os dias, quando nos mobilizamos em defesa dos nossos direitos. 

Portanto, é preciso que as pessoas usem a voz que têm para decidir sobre o futuro que querem viver. Do contrário, tudo não passará de uma formalidade sem sentido.

Assim, proponho que sejamos protagonistas e ocupemos espaços de decisão, construindo juntos políticas públicas e garantindo conquistas reais.

Bora voltar às ruas, defendermos o fim da escala 6X1 e apoiar as propostas defendidas pelo nosso Presidente Lula?! A hora de mudar o Brasil é agora!

Que tenhamos um domingão abençoado!

sábado, 4 de outubro de 2025

Ratinho Junior




Por Julio Auler


Desde o início de 2023, Ratinho tem se posicionado de forma calculada para se afastar das pautas mais extremas associadas ao ex-presidente, como a defesa irrestrita da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro ou críticas diretas ao STF.


Ele critica a violência dos atos, reforça a defesa da democracia e evita eventos radicais, priorizando temas como gestão fiscal, segurança pública e obras no Paraná, o que rendeu a ele a maior aprovação entre governadores (acima de 80% em pesquisas recentes).


Isso o torna menos tóxico para o eleitor de centro e até para parte da esquerda moderada, sem alienar completamente a direita mais conservadora.


Em enquetes informais ele aparece como o nome da direita com mais chances de bater Lula, se o Tarcísio de Freitas não sair como candidato (36,2% das respostas em uma com mais de 4 mil votos).


Comparado a outros nomes ventilados,  como Tarcísio, Zema ou Caiado, Ratinho tem menos "bagagem" ideológica pesada.


Tarcísio, por sinal, tem se aproximado mais de Bolsonaro ultimamente (inclusive na pauta da anistia), o que desgasta sua imagem no centro e no mercado.


Já Ratinho flerta com o apoio da família Bolsonaro. Ele é elogiado por eles e pode até ter Michelle ou Eduardo como vice em uma chapa, mas sem se queimar com o radicalismos.

sábado, 27 de setembro de 2025

Viva São Cosme e São Damião!




Aí um texto publicado no Facebook pelo historiador e deputado Chico Alencar que confere um bom sentido às crenças religiosas e aos costumes culturais. 


"PRECE A COSME E DAMIÃO

Louvados sejam São Cosme e São Damião!

Que esses gêmeos crianças da Síria, mártires do cristianismo nascente e rebelde, mortos pelo imperador romano Diocleciano no ano 303 da nossa era, nos infundam coragem e fé! 

Que os poderes de qualquer império das trevas não prevaleçam sobre nós!

Que os ibejis, filhos de Xangô e Iansã, reacendam em nós a alegria de ser e de viver. Que estejamos sempre mais pros guris que pros falsos messias e gurus!

Curai-nos, gloriosos médicos Cosme e Damião, de todas as nossas dores e doenças. E ajudai-nos a suportá-las sem desespero, quando inevitáveis. Como vocês na perseguição e no martírio, fazendo de cada estocada um lírio.

Abram, Cosme e Damião, as portas do nosso coração, para que sintamos sempre como escândalo vil as muitas crianças abandonadas do Brasil. 

Velai por elas, Santos infantis Cosme e Damião! E garantam a todas, pelas nossas iniciativas e orações, escola, afeto, cuidado e proteção.

Fazei, Damião e Cosme, com que a toda a meninada - daqui, de Gaza, do mundo inteiro! - só cheguem balas de mel, guloseimas de alegria, e não as balas e bombas letais, de fel. Balas destruidoras e "perdidas", quase sempre achadas em corpos inocentes.

Livrai-nos, Cosme e Damião, dos dementes que, só vendo inimigos ao seu redor, se armam até os dentes - espalhando o veneno do ódio e da violência.

Louvados sejam, Cosme e Damião! E que nossas vidas se teçam como um dia a dia de generosa solidariedade, com doces passos de transformação e bondade, em qualquer idade!"


Embora, no meio evangélico, Cosme e Damião não sejam festejados e muitas igrejas falem até coisas errôneas contra eles (é a ignorância junto com a guerra proselitista), ambos foram cristãos do passado que fizeram algo proveitoso pela coletividade. 


Independente de acreditar ou não na intercessão de santos, ou mesmo na existência de Deus, sempre haverá espaço nos nossos corações para reconhecer o valor de quem, num momento da História, deixou uma contribuição significativa para a humanidade e se integrou à cultura nacional de uma maneira tão forte como estão presentes as festas juninas e o Natal. Ainda mais pelos bons momentos vivenciados na infância como o recebimento de doces, motivo de alegria para a maioria das crianças, à exceção de quem é diabético. 


Portanto, deixando de lado qualquer preconceito religioso, viva São Cosme e São Damião!


📷: Arte de Del Nunes

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

LULA E TRUMP CHEGARÃO A UM ACORDO?

 O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que, do ponto de vista comercial, tudo está sobre a mesa com a possibilidade real de diálogo entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, incluindo o acesso dos americanos a minerais críticos e a regulação das grandes plataformas digitais. A parte política das reivindicações americanas, que pede uma interferência no Judiciário para favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro, está totalmente fora de questão.

Trump e Lula conversaram pela primeira vez, por menos de um minuto, nesta terça-feira, em uma sala reservada durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Uma reunião entre os dois líderes deve acontecer, provavelmente de forma remota, nos próximos dias. 

Segundo interlocutores do governo Lula, por enquanto, o que existe são suposições sobre as prioridades dos americanos. Desde o anúncio do tarifaço de Trump, nenhuma autoridade dos Estados Unidos formalizou nenhum pleito econômico por parte dos americanos. 

Na noite de terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que Lula e Trump devem começar a discutir sobre “coisas que realmente importam”, como integração econômica e investimentos mútuos. 


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Já passou da hora de Lula baixar a bola, parar de criticar o governo americano e abrir um diálogo produtivo. O Brasil tem muito a perder se ficar fazendo oposição aos americanos.



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fonte: O Globo

sábado, 20 de setembro de 2025

OS ERROS DE LULA

 





Petista faz política econômica mais parecida com a que gerou disparada de preços e recessão há uma década. Governo quer fazer crer que gasto em alta alavancará atividade, como se fosse possível obter prosperidade sem base de poupança e produção


No terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o país se vê novamente submetido a uma política econômica inconsistente, que prioriza o imediatismo eleitoral sobre a sustentabilidade orçamentária e o próprio desenvolvimento a longo prazo.

Por meio de gastos públicos crescentes e crédito oficial, o governo petista retoma a busca por impulsionar a demanda interna além da capacidade produtiva e da geração de poupança.

Até se consegue por algum tempo impulsionar o consumo e a atividade, mas a custo de pressão inflacionária, juros altos que agravam o problema de financiamento da dívida pública e aumento de déficits com o exterior.

Rombos simultâneos nas contas públicas e no saldo de transações correntes com o restante do mundo são chamados de déficits gêmeos. Longe de meros números abstratos, são sintomas de um modelo que financia excessos de demanda com dívida e importações —e que em algum momento está fadado a se esgotar.

Os sinais já se mostram claros. Nos 12 meses encerrados em julho, o déficit do governo federal atingiu 7,12% do Produto Interno Bruto, o que inclui R$ 1 trilhão em pagamentos com juros —o equivalente a 6,84% do PIB, cifra só comparável às dos últimos momentos da administração ruinosa de Dilma Rousseff (PT).

A dívida pública bruta chegou a 77,5% do PIB, um salto de 6 pontos percentuais em pouco mais de dois anos e meio, e deve superar 80% do PIB ao final do próximo ano. Enquanto isso, mesmo com exportações sólidas, o déficit na conta corrente (transações de bens e serviços com o exterior) passou de 1,4% para 3,5% do PIB nos 12 meses até julho.

Práticas e resultados assim são marca registrada dos mandatos petistas. No segundo governo Lula (2007-2010), o intervencionismo estatal começou a plantar sementes de descontrole, com expansão de dispêndios e subsídios que, embora populares, ignoravam os limites orçamentários.


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Lula ficou velho e não aprendeu nada. Repete os mesmos erros de sempre. Mas dizem que cachorro velho não aprende truque novo.



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Editorial da Folha de SP

domingo, 14 de setembro de 2025

A democracia e a soberania brasileiras são inegociáveis

 



Por Luiz Inácio Lula da Silva*

(New York Times, 14 de setembro de 2025)


Decidi escrever este ensaio para estabelecer um diálogo aberto e franco com o presidente dos Estados Unidos. Ao longo de décadas de negociação, primeiro como líder sindical e depois como presidente, aprendi a ouvir todos os lados e a levar em conta todos os interesses em jogo. Por isso, examinei cuidadosamente os argumentos apresentados pelo governo Trump para impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.


A recuperação dos empregos americanos e a reindustrialização são motivações legítimas. Quando, no passado, os Estados Unidos levantaram a bandeira do neoliberalismo, o Brasil alertou para seus efeitos nocivos. Ver a Casa Branca finalmente reconhecer os limites do chamado Consenso de Washington, uma prescrição política de proteção social mínima, liberalização comercial irrestrita e desregulamentação generalizada, dominante desde a década de 1990, justificou a posição brasileira.


Mas recorrer a ações unilaterais contra Estados individuais é prescrever o remédio errado. O multilateralismo oferece soluções mais justas e equilibradas. O aumento tarifário imposto ao Brasil neste verão não é apenas equivocado, mas também ilógico. Os Estados Unidos não têm déficit comercial com o nosso país, nem estão sujeitos a tarifas elevadas. Nos últimos 15 anos, acumularam um superávit de US$ 410 bilhões no comércio bilateral de bens e serviços. Quase 75% das exportações dos EUA para o Brasil entram isentas de impostos. Pelos nossos cálculos, a tarifa média efetiva sobre produtos americanos é de apenas 2,7%. Oito dos 10 principais itens têm tarifa zero, incluindo petróleo, aeronaves, gás natural e carvão.


A falta de justificativa econômica por trás dessas medidas deixa claro que a motivação da Casa Branca é política. O vice-secretário de Estado, Christopher Landau, teria dito isso no início deste mês a um grupo de líderes empresariais brasileiros que trabalhavam para abrir canais de negociação. O governo americano está usando tarifas e a Lei Magnitsky para buscar impunidade para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que orquestrou uma tentativa fracassada de golpe em 8 de janeiro de 2023, em um esforço para subverter a vontade popular expressa nas urnas.


Tenho orgulho do Supremo Tribunal Federal (STF) por sua decisão histórica na quinta-feira, que salvaguarda nossas instituições e o Estado Democrático de Direito. Não se tratou de uma "caça às bruxas". A decisão foi resultado de procedimentos conduzidos em conformidade com a Constituição Brasileira de 1988, promulgada após duas décadas de luta contra uma ditadura militar. A decisão foi resultado de meses de investigações que revelaram planos para assassinar a mim, ao vice-presidente e a um ministro do STF. As autoridades também descobriram um projeto de decreto que teria efetivamente anulado os resultados das eleições de 2022.


O governo Trump acusou ainda o sistema judiciário brasileiro de perseguir e censurar empresas de tecnologia americanas. Essas alegações são falsas. Todas as plataformas digitais, nacionais ou estrangeiras, estão sujeitas às mesmas leis no Brasil. É desonesto chamar regulamentação de censura, especialmente quando o que está em jogo é a proteção de nossas famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio. A internet não pode ser uma terra de ilegalidade, onde pedófilos e abusadores têm liberdade para atacar nossas crianças e adolescentes.


Igualmente infundadas são as alegações do governo sobre práticas desleais do Brasil no comércio digital e nos serviços de pagamento eletrônico, bem como sua suposta falha em aplicar as leis ambientais. Ao contrário de ser injusto com os operadores financeiros dos EUA, o sistema de pagamento digital brasileiro, conhecido como PIX, possibilitou a inclusão financeira de milhões de cidadãos e empresas. Não podemos ser penalizados por criar um mecanismo rápido, gratuito e seguro que facilita as transações e estimula a economia.


Nos últimos dois anos, reduzimos a taxa de desmatamento na Amazônia pela metade. Só em 2024, a polícia brasileira apreendeu centenas de milhões de dólares em ativos usados em crimes ambientais. Mas a Amazônia ainda estará em perigo se outros países não fizerem a sua parte na redução das emissões de gases de efeito estufa. O aumento das temperaturas globais pode transformar a floresta tropical em uma savana, interrompendo os padrões de precipitação em todo o hemisfério, incluindo o Centro-Oeste americano.


Quando os Estados Unidos viram as costas para uma relação de mais de 200 anos, como a que mantêm com o Brasil, todos perdem. Não há diferenças ideológicas que impeçam dois governos de trabalharem juntos em áreas nas quais têm objetivos comuns.



Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. Mas a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta. Em seu primeiro discurso à Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2017, o senhor afirmou que “nações fortes e soberanas permitem que países diversos, com valores, culturas e sonhos diferentes, não apenas coexistam, mas trabalhem lado a lado com base no respeito mútuo”. É assim que vejo a relação entre o Brasil e os Estados Unidos: duas grandes nações capazes de se respeitarem mutuamente e cooperarem para o bem de brasileiros e americanos.


(*) Luiz Inácio Lula da Silva é o presidente do Brasil.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

AS DIVERGÊNCIAS ENTRE FUX E MORAES

 

No julgamento da "trama golpista", o ministro Fux foi o único que divergiu dos outros ministros, condenando parcialmente apenas Mauro Cid e Braga Neto. Abaixo, um resumo dos argumentos de Moraes e Fux.



MAURO CID

Ministro Moraes: Entendeu que mensagens entregues por Cid comprovam a preparação do golpe e rechaçou críticas à delação premiada.

Ministro Fux: Destacou a comprovação de participação em etapas do plano golpista, como reuniões preparatórias, obtenção de financiamento para sua execução e pedido de monitoramento de Moraes.


ALMIR GARNIER

Ministro Moraes: Lembrou participação em reuniões e que afirmou que colocaria tropas à disposição de Bolsonaro. Também se recusou a participar da cerimônia de transmissão de cargo ao sucessor, sinalizando a adesão ao projeto autoritário.

Ministro Fux: Apontou ausência de elemento que indique anuência ao plano. "Afirmar que as tropas estão à disposição não define um ato concreto”, argumentou Fux.


ALEXANDRE RAMAGEM

Ministro Moraes: Destacou monitoramento de adversários, alinhamento de documentos do ex-Abin com discurso de Bolsonaro contra urnas e mensagem ao ex-presidente em que enfatizou necessidade de "constante publicidade" a alegações de fraudes.

Ministro Fux: Entendeu que o fato de documentos encontrados com o ex-diretor da Abin confirmarem alinhamento com Bolsonaro "não conduz à conclusão" de que praticou crime.


ANDERSON TORRES

Ministro Moraes: Mencionou conversas e documentos apreendidos sobre boletins de inteligência que mapeavam locais com mais votos em Lula no Nordeste para direcionar abordagens da PRF na eleição.

Ministro Fux: Defendeu que não há documentos ou outras provas que mostrem que tenha determinado a prática de ilícito em blitzes da PRF ou tenha responsabilidade pelo 8 de Janeiro, quando estava fora do país.


AUGUSTO HELENO

Ministro Moraes: Notas encontradas em uma agenda do general, descritas como "anotações golpistas" que preparavam "a execução de atos para deslegitimar as eleições, o poder Judiciário e para se perpetuar no poder", reforçam crimes.

Ministro Fux: Entendeu que as anotações na caderneta apreendida, supostamente de viés golpista, são rudimentares, sem data e de caráter privado, o inviabilizaria seu uso como prova, e que criticar as instituições não é crime.


PAULO S NOGUEIRA

Ministro Moraes. Apontou o general, enquanto Ministro da Defesa, como o responsável por atrasar a divulgação do relatório das Forças que atestava a lisura das eleições. Também citou sua participação em reuniões na pasta em que minutas golpistas eram discutidas.

Ministro Fux: Considerou não haver provas de que ele convocou as Forças a permanecerem de prontidão e que o atraso na entrega do relatório sobre as urnas é reprovável, mas não pode ser considerado ato executório de crime.


JAIR BOLSONARO

Ministro Moraes: Listou provas de sua liderança em 13 atos executórios que incluíram lives, discursos e reunião ministerial para atacar as urnas, elaboração de documentos para decretar medidas de exceção, planejamento de assassinato de autoridades e insurreição contra os Poderes.

Ministro Fux: Entendeu não haver comprovação de sua participação no 8 de Janeiro e que ataques às urnas são apenas críticas. Apontou fragilidades na ligação de Bolsonaro com provas como o plano de assassinar autoridades e as diferentes versões de minutas.


BRAGA NETO

Ministro Moraes: Mencionou o documento "Operação 142", encontrado na mesa de um assessor na sede do PL, voltado para a anulação das eleições. Também citou uma planilha com informações sobre o plano para matar autoridades a ser executado pelos kids pretos.

Ministro Fux: Entendeu que a delação de Cid, mensagens e demais provas confirmam que o general foi responsável por planejar e financiar os kids pretos no plano para matar autoridades, configurando tentativa de abolição.


Todos os réus foram condenados pelo ministro Moraes. O ministro Fux condenou parcialmente apenas Braga Neto e Mauro Cid


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Fonte: O Globo.

terça-feira, 9 de setembro de 2025

A erosão da arrogância norte-americana e europeia



Por Leonardo Boff*


No  momento atual estamos verificando uma feroz competição entre uma visão unipolar do mundo sustentada a ferro e fogo, com guerras comerciais e híbridas pelos Estados Unidos sob Donald Trump e pela União Europeia, e outra visão multipolar requerida pelas duas grandes potências, a Rússia e a China, junto com grande parte dos países do Sul Global.


O que se esconde, subjacente a esta disputa, entre outras tantas razões, é uma imensa arrogância dos EUA e dos países europeus. A arrogância é a famosa hybris dos gregos, vale dizer, a perda da justa medida, a afirmação da extrema autoimportância, a exaltação superestimada de suas qualidades, o desprezo de outros que não sejam como eles ou submetidos a eles. Isso se revela por se considerarem os melhores do mundo, de terem a melhor forma de governo, a democracia, de terem a introduzidos os direitos humanos, a melhor tecnologia, a economia mais poderosa, a força militar mais destrutiva, agora se rearmando de novo, a religião (ou fé) revelada, o cristianismo. Segundo os gregos, a hybris era castigada pelos deuses. E hoje como fica?


Essa arrogância trouxe conflitos e guerras contra todos os demais, a nível mundial, haja vista o processo de colonização forçada do mundo a partir da Europa do século XVI até as grandes guerras do século XX. Com razão afirmou Samuel P. Huntington em seu discutido livro O Choque de Civilizações e a recomposição da Ordem Mundial  (Objetiva 1997):”É importante reconhecer que a intervenção ocidental nos assuntos de outras civilizações provavelmente constitui a mais perigosa fonte de instabilidade e de um possível conflito global num mundo multi-civilizacional”(p.397). Cabe citar também o historiador Arnold Toynbee, em seus doze volumes Um Estudo da História, nos quais estuda o  nascimento, o crescimento e a queda das civilizações e onde confere centralidade à arrogância  como indício do ocaso de inteiras civilizações.


Ultimamente o conhecido economista e ecólogo Jeffrey Sachs da Universidade de Columbia tem afirmado a um jornalista brasileiro (Leonardo Sobreira:Brasil 247 de 6/9/25):”Os EUA sofreram de uma ilusão de que liderariam o mundo sozinhos. A Europa também sofre da mesma arrogância…Não apenas os EUA estão sozinhos, mas eles não mandam mais. Estamos observando o fim de um longo processo histórico. E a arrogância não é apenas nos EUA, como também na Europa… A mentalidade é de arrogância continuada”.


Trump se julga o “imperador do mundo” (Lula), põe e dispõe como lhe dá na veneta. Destrói  hábitos democráticos tradicionais dos EUA e com sua guerra comercial (ameaçando com outra real que seria final) tem se inimizando com quase todo o mundo, até com seus aliados mais fiéis como os europeus e sul-coreanos. Arrogante, não negocia, não discute, simplesmente impõe suas medidas, como o fez com o Brasil.


O fato, constatado pelos melhores analistas da geopolítica mundial, é que o tempo da dominação norte-americana está em franca erosão. Pior ainda, tal fato comparece na União Europeia que deveria se envergonhar por se portar contra toda a sua tradição civilizatória e humanística, ao apoiar a guerra implacável que o Israel de Netanyhau está levando contra a Faixa de Gaza. São milhares de mortos e dezenas de crianças inocentes, num verdadeiro genocídio a céu aberto. Os europeus são colocados de escanteio porque Trump se dá conta da erosão acelerada daquela envelhecida e arrogante civilização.


A potência mais emergente que, provavelmente, definirá o futuro próximo, é a China com uma proposta, nada arrogante  mas sensata, de um mundo com um destino comum partilhado, respeitando a ordenação das Nações Unidas, fundada na abertura comercial e na não intervenção nos assuntos internos de outros países.


Em dois livros tratei desta questão da arrogância que vem sob o nome mais genérico de “falta da justa medida”, valor presente em todas as éticas das civilizações de que temos notícia. A desmesura e o rompimento da justa medida é o estopim que incendeia o processo de decadência de uma cultura, de um projeto social ou de um comportamento pessoal.


O que predomina no mundo, digamos o nome, é o sistema do capital ou como preferem, a economia de mercado, (quase toda financeirizada) que denuncia completa falta de medida, exemplificada pelos arrogantes das Big Techs, um dos quais já sonha, arrogantemente, com uma acumulação pessoal de um trilhão de dólares.


Por este caminho de ilimitada arrogância, associada à uma abissal desumanidade e falta  completa de sensibilidade para com os outros, nos acercaremos de um abismo. Como advertia Sigmunt Bauman, pouco antes de falecer: “Engrossaremos o cortejo daqueles que rumam na direção de sua própria sepultura”. Isso não pode acontecer.


Nossa confiança e nosso esperançar nos alentam a afirmar a supremacia do espírito (com sua espiritualidade natural) contra a barbárie. Ele se dará conta de seus desvios e de suas errâncias. Poderá definir um caminho que nos conserve ainda sobre este belo planeta. E nos garanta ainda um futuro no qual não seja tão frequente a arrogância, mas floresça o cuidado pela Casa Comum e a amorosidade entre todos os humanos.


(*) Leonardo Boff escreveu A busca da justa medida: como equilibrar o planeta Terra (2 vol), Vozes 2023.

OBS: Artigo reproduzido na íntegra do blog do autor e créditos de imagem atribuídos a Daniel Bianchini, conforme extraído de https://www2.ufjf.br/noticias/2019/08/28/leonardo-boff-participa-de-conferencia-e-lanca-livro-em-eventos-da-ciencia-da-religiao/

sábado, 6 de setembro de 2025

ERIKA HILTON E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO

 


Erika Hilton perde ação de transfobia; livre expressão vence

Ao se referir à deputada de acordo com seu sexo biológico, Isabella Cepa não pretendia insultar uma mulher trans


Por Thaís Oyama


Vai ser chatíssimo: as lésbicas negras sadomasoquistas vão disputar direitos com os pais gays brancos protestantes etc. etc. Marcuse não é nada comparado com o que vem.” A frase, de Jorge Mautner, descreve o que o compositor e profeta nas horas vagas imaginou que aconteceria quando a política de esquerda baseada na luta de classes caducasse e fosse substituída pela luta das minorias — que então passariam a se engalfinhar.


    A fala está no livro “Verdade tropical”, de 
    Caetano Veloso, e, se a memória do
    baiano não falhou, ele a ouviu de Mautner nos anos 1970. Isso foi cinco
    décadas antes de a escritora britânica J.K. Rowling inaugurar a briga entre
    feministas e ativistas trans que a fez ser cancelada e ameaçada de atirarem
    seus livros à fogueira (para quem passou os últimos cinco anos confinado a
    alguma bolha,o pecado de Rowling foi ter feito troça da ideia, defendida por
     ativistas trans, de que mulheres biológicas deveriam ser chamadas de
    “pessoas que menstruam” para diferenciá-las das mulheres trans, que deveriam
    ser chamadas de mulheres, que não menstruam por terem nascido com
     sexo biológico masculino).

No mesmo ano do linchamento da criadora de Harry Potter, a contenda 

chegou ao Brasil pelas mãos de Erika Hilton, mulher trans eleita deputada 

federal em 2022 pelo PSOL. Ela decidiu processar, sob acusação de transfobia, 

a designer gráfica e ativista feminista Isabella Cepa, que, em 2020, 

comentando o resultado das eleições para vereador em São Paulo, 

lamentou no X que “mulheres verdadeiramente feministas não foram eleitas” 

e que “a mulher mais votada de São Paulo é um homem”.


Isabella é uma feminista de cepa radical. A corrente teórica a que se 

filia entende que mulheres trans, por terem nascido homens, não 

passaram pelas mesmas experiências de opressão a que foram submetidas 

as que vieram ao mundo já nessa condição. Chamá-las de “mulheres”, 

crê essa corrente, dilui a luta feminista, além de pôr em risco a segurança

 de mulheres biológicas obrigadas a dividir com elas espaços como banheiros

 ou presídios. Ao se referir à deputada Erika de acordo com seu sexo biológico,

 portanto, Isabella não pretendia insultar uma mulher trans, mas expressar

uma crença alinhada ao feminismo crítico de gênero, grupo 

em que milita — e que, até onde se sabe, não foi posto na ilegalidade ainda.


Foi mais ou menos o que entendeu a Justiça ao arquivar na terça passada 

a ação contra Isabella. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo, referendou 

o que já concluíra a primeira instância: o que a feminista escreveu no X 

não é discriminatório, porque não tenta cercear direitos de mulheres trans e, 

como manifestação de opinião, não ultrapassa os limites da

liberdade de expressão. Comentando a decisão, Erika Hilton disse: 

“Mais grave é a narrativa de que está liberada a transfobia no Brasil. 

Isso tem aumentado a violência contra mim e a comunidade LGBTQIA+”.

O processo contra Isabella durou cinco anos. Em julho deste ano, ela recebeu da 

União Europeia o inédito status de refugiada política perseguida por 

posições de gênero. Antes disso, por causa da repercussão do caso, perdeu

oportunidades de emprego no Brasil, viveu sob uma bateria de xingamentos, 

Recebeu ameaças contra ela e sua família e votos de que fosse estuprada e morta. 

O grosso dessas mensagens não partiu de fascistas da direita. 

Isabella afirmou em entrevista que a esquerda abandonou 

as mulheres como ela.

A esquerda, ou parte dela ao menos, sempre teve por hábito defender 

a liberdade de expressão para quem é do seu grupo e ficar bem quieta 

quando o alvo da censura é gente de direita. Agora, com o fogo cruzado

no campo das minorias, estende a prática da omissão ao próprio quintal. 

Também merece desprezo quem lá não adere ao pensamento único ou ousa 

contestar as vacas sagradas do dogma progressista. Para esses, 

sobra só a patrulha moral — a vigilância e a punição. 

Mautner acertou, ficou chatíssimo.


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Publicado no Jornal O Globo.

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  Por Beta Bastos Há algo de profundamente político no modo como Janja existe. Ela não pediu licença para ser, simplesmente é. E isso, em um...