quarta-feira, 25 de março de 2015

O SETE, SEU MISTICISMO E A CULTURA INÚTIL




Por Lacerda

Deus criou o mundo em sete dias. A semana possui sete dias que, em diversos idiomas, estão relacionados com o sol, a lua e alguns planetas: domingo - dia do Sol (sunday); segunda  - dia da Lua (Monday, lunes); terça - dia de Marte (tuesday, martes); quarta - dia de Mercúrio (wednesday, miércoles); quinta - dia de Júpiter (thursday, jueves); sexta - dia de Vênus (friday, viernes); sábado - dia de Saturno (saturday)
Sete são as notas musicais cujas denominações são uma homenagem à letra em latim do hino de São João Batista:
Ut (dó) queant laxis  - Para que possam
Resonare fibris         - ressoar as
Mira gestorum          - maravilhas de teus feitos
Famulli tuorum         - com largos cantos
Solve polluit              - apaga os erros
Labii reatum             - dos lábios manchados
Sancti Ioannis           - Ó São João
O sete é o algarismo que mais aparece em todas as obras místicas, na magia, no ocultismo, na Bíblia e em todos os livros sagrados. São sete os pecados capitais (Gula, Avareza, Soberba, Luxúria, Preguiça, Ira e Inveja) e, também, as virtudes para combater respectivamente os sete pecados (Temperança, Generosidade, Humildade, Castidade, Disciplina, Paciência, Caridade).
São sete os sacramentos: batismo, crisma, eucaristia, penitência (ou confissão), ordenação, matrimônio, extrema-unção.
Na Bíblia, o sete está em toda parte: Deus descansou no sétimo dia; sete foi a quantidade de pães que Jesus multiplicou para alimentar a multidão; sobraram sete cestos de pães.
Cristo expulsou sete demônios do corpo de Maria Madalena e disse que não devemos perdoar apenas sete vezes, mas, sim, setenta vezes sete. Foram sete pessoas que se salvaram na arca de Noé; foram sete as pragas do Apocalipse, o qual está repleto de setes: sete estrelas, sete cornos, sete selos, sete candelabros, sete anjos, sete trombetas, sete coroas, sete trovões e sete taças.
São sete os Arcanjos: Miguel, Jofiel, Samuel, Gabriel, Rafael, Uriel e Ezequiel.



Por que será que existem tantas citações referentes ao sete na Bíblia?
O Menorah, que tem sete letras, é o candelabro judaico de sete braços que representam a luz, a justiça, a paz, a verdade, a bevolência, o amor fraterno e a harmonia. O templo de Jerusalém levou sete anos, sete meses e sete dias para ser construído.
Segundo os ensinamentos judaicos, o universo é composto de sete céus: Vilon, Raki'a, Shehaqim, Zebul, Ma'on, Machon e Araboth que é o sétimo céu.
E pra não ficar por baixo, Maomé criou os sete céus do islamismo que, na verdade, são oito: Firdaus (o mais alto),‘Adn, Na’iim, Na’wa, Darussalaam, Daarul Muaqaamah, Al-Muqqamul Amin, Khuldi (o mais baixo).
A mitologia hindu cita sete mundos superiores (sete céus) e sete mundos inferiores (sete infernos). A terra é considerada o mais baixo dos sete mundos superiores.
A umbanda, que também tem sete letras, está igualmente repleta de setes: em suas falanges, encruzilhadas, flechas, raças, porteiras, na estrela de sete pontas, etc, e em suas sete Linhas (de Oxalá, de Iemanjá, de Xangô, de Ogum, de Oxóssi, de Cosme e Damião e dos Pretos Velhos).
São sete as maravilhas do mundo antigo (a Pirâmide de Quéops, os Jardins Suspensos da Babilônia, a Estátua de Zeus em Olímpia, o Templo de Artemis em Éfeso, o Mausoléu de Halicarmasso, o Colosso de Rodes e o Farol de Alexandria) e são sete as maravilhas do mundo atual. Mas, essas vivem mudando, não adianta relacioná-las. O que não muda são as sete artes: A música, a pintura, a escultura, a arquitetura, a literatura, a dança e o cinema. Esta considerada como a sétima arte.
São sete os elementos que compõem tudo o que existe: neutrino, elétron, quarks, glúons, bósons, fótons, gráviton.
São sete os anões da Branca de Neve (Dunga, Zangado, Atchim, Soneca, Mestre, Dengoso e Feliz); são sete as vidas do gato; é o sete que a gente pintava quando criança; e as menininhas cantavam “sete e sete são quatorze, três vezes sete vinte e um, tenho sete namorados só posso casar com um”.
São sete as listras vermelhas da bandeira americana. São sete as cores do arco-íris (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil, violeta) e foram sete os sábios da Grécia Antiga (Sólon, Pítaco, Quílon, Tales de Mileto, Cleóbulo, Bias e Periandro).
São sete os mares na ficção árabe da idade média (o Adriático, o Arábico, o Cáspio, o Mediterrâneo, o Negro, o Vermelho e o Golfo Pérsico).
Sete dias é a duração de cada fase da lua. É a sete chaves que devemos guardar um segredo. Com sete letras apenas podemos escrever todos os algarismos romanos. Sete é o número de elementos de qualquer conjunto de pagode. Sete são os cargos políticos eletivos no Brasil. Sete é o primeiro algarismo do código de barras de produtos brasileiros.
Sete é o número da minha casa, e até o meu e-mail do gmail tem sete letras e três setes. Além disso, 77 é a minha idade cronológica.
E dizem que o casamento feliz tem que superar a crise dos sete anos que é o tempo para a renovação interna por que passamos ao longo da vida. E no final, vamos todos para sete palmos abaixo da terra, mesmo tendo pulado sete ondas no réveillon.
Pitágoras afirmou que o sete é um número sagrado, perfeito e poderoso, além de mágico.Tanto misticismo em torno do sete é algo inexplicável e muito complicado.

É um bicho-de-sete-cabeças.


OBS: O texto acima foi recebido para publicação aqui na C.P.F.G. via email enviado a mim pelo seu autor (foto), o qual também atua na blogosfera administrando a página Mangaratiba. Quanto às ilustrações acima, ambas foram extraídas respectivamente extraída da internet em http://www.aquarela.poetica.nom.br/sete/sete_imagem.jpg e http://pt.wikipedia.org/wiki/Arcanjo#/media/File:Archangels.JPG (Wikipédia)

sábado, 21 de março de 2015

O problema das coincidências




Certa vez uma pastora evangélica do meio pentecostal disse-me não haver coincidências. O que existe, segundo ela, seria a "jesuscidência", dando a entender que os acontecimentos da vida seriam determinados pelo Cristo de Nazaré.

No entanto, não sei o que essa líder religiosa iria falar diante da repetição de fatos negativos, os quais também ocorrem com muita gente debaixo do céu, inclusive com os justos. Será que, neste caso, ela caracterizaria a situação como uma diabocidência ou imputaria a causa do evento ruim diretamente a Deus?!

Considero muito complicadas as interpretações do ser humano (e principalmente das mentes mais fechadas) diante das coincidências. Pois é uma tentação para qualquer um, ao invés de buscar respostas racionais, achar que é uma questão de sorte, destino, bênção, castigo de Deus, um ataque demoníaco, macumba de um vizinho invejoso, efeito de uma simpatia, intercessão de um santo, etc. Se, por exemplo, um sujeito desesperado reza para a Virgem Maria sobre algo que necessita e vem a receber uma boa notícia tempos depois acerca daquilo que havia pedido, tal homem pode convencer-se facilmente ter sido ajudado por Nossa Senhora. E não duvido que ainda vou ler comentários na internet de devotos da santa afirmando serem beneficiários de um milagre. Ou quem sabe terei mensagens de evangélicos radicais alegando ser "coisa de Satanás" tal atribuição à mãe de Jesus...

Até quando iremos perder tempo tentando identificar padrões onde eles não existem?! Chega de querermos conectar dados aleatórios a ponto de criarmos estúpidas crenças religiosas, as quais muitas das vezes tornam-se frutos de uma psicose não tratada.

Há que se ter sempre cautela, meus amigos! Se nos faltar o devido discernimento, corremos o sério risco de cair num terrível auto-engano deixando de usar a lógica nas nossas análises e decisões. Dai ser indispensável aprendermos a levar em conta as probabilidades comuns a todos os eventos. Pois obviamente é muito mais fácil você sair à rua e se apaixonar por uma pessoa adequada ao seu perfil do que acertar sozinho na loteria vindo a ganhar 100 milhões de reais com apenas uma jogada. E para chegar a uma conclusão assim não depende de sorte ou azar, mas sim de cálculos matemáticos e estatísticos.

Já na década de 1950, Julian B. Rotter (1916 - 2014) introduziu em Psicologia o conceito de locus of control (o lugar do controle) afim de designar a percepção do indivíduo a respeito das causas subjacentes aos eventos existenciais. Para Rotter, o nosso comportamento muitas das vezes seria reforçado pelas ideias de recompensa e punição, a partir das quais são geradas crenças em torno das ações que devem ser tomadas. Logo, o locus of control seria a plataforma de onde a pessoa atribui significação de responsabilidade aos fatos ocorridos na vida.

Ao deslocar o locus of control para o lado externo (culpando a outros) o indivíduo pode muito bem estar fugindo de suas responsabilidades caracterizando uma atitude imatura como se ele estivesse sempre certo e o mundo inteiro errado. E, infelizmente, é o que muita gente costuma fazer devendo cada um de nós agirmos com cuidado acerca dessa análise afim de constatarmos corretamente qual a nossa exata parcela de contribuição.

Caros leitores, o que a vida cada vez mais me ensina é que devo saber creditar aos acontecimentos do mundo físico os resultados que obtenho. Principalmente as minhas ações e omissões! Assumir que sou a causa torna-se então uma revelação libertadora que muito pode ajudar a ter o controle da própria história, mesmo sabendo que não alcançarei tudo o quanto desejo. E aí já não preciso mais ficar tirando falsas conclusões acerca da coincidência dos fatos que se repetem sabendo que Deus como a Causa Primeira do Universo não retira da humanidade o poder de decidir muitos aspectos de seu destino pelas escolhas que fazemos no uso do livre arbítrio.

Um ótimo descanso semanal para todos!


OBS: A ilustração acima refere-se à uma foto da NASA tirada em 1976 quanto à superfície do planeta Marte aparentando ilusoriamente uma face humana conforme o ângulo de visão do observador.

sexta-feira, 6 de março de 2015

O desenvolvimento da política e da democracia nos municípios brasileiros




Curioso como que, após um quarto de século da Constituição de 1988, os municípios brasileiros em sua grande maioria continuam gozando de uma menor democracia do que no âmbito da União Federal e de seus respectivos estados. Falo das oportunidades de participação cidadã dentro da política local, do processo de disputa eleitoral e da impossibilidade de formação de partidos municipais, além dos direitos do estrangeiro em votar e ser votado para os cargos de prefeito e de vereador.

Uma de minhas críticas à deficiente democracia nos municípios refere-se à propositura de projetos de lei de iniciativa popular. Nossa Carta Magna proclama que "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente" (art. 1º, parágrafo único). Porém, para que ocorra a participação da sociedade na elaboração das leis de sua cidade exige-se que a proposta de projeto seja subscrita por no mínimo 5% (cinco por cento) do eleitorado do Município. Isto é, para que os vereadores ao menos apreciem a proposta legislativa vinda de um cidadão comum, podendo a Câmara aprová-la ou rejeitá-la, é preciso recolher um percentual de assinaturas de munícipes com direito a voto que, a meu ver, mostra-se flagrantemente excessivo.

É certo que, em alguns lugares, criou-se um atalho para que a sociedade civil organizada (ONGs, associações de moradores e sindicatos) pudessem dialogar melhor com os vereadores através das respectivas comissões de legislação participativa, as quais são geralmente conhecidas pela sigla CLP. Por meio desse organismo, as ideias dos grupos atuantes numa cidade podem virar normas jurídicas mesmo que apresentadas informalmente cabendo ao edis (ou à assessoria dos integrantes da comissão) adaptar a proposta aos termos técnicos afim de que a mesma vire um projeto de lei de autoria do referido órgão colegiado da Câmara. Só que são poucas as cidades brasileiras que até hoje abriram esse simples canal de contato... Por que será???!!!

No entanto, mesmo que dessem a um grupo menor de cidadãos eleitores o direito de iniciativa direta quanto aos projetos de lei, o certo é que tal mudança pouco modificaria as relações de poder num município se o acesso aos cargos de vereador e de prefeito continuar condicionado à filiação prévia nos partidos de representação nacional. Pois penso que, numa eleição municipal, a qual ocorre em época distinta das eleições nacionais e estaduais, caberia a formação de agremiações locais de eleitores. Ou seja, um grupo de pessoas interessadas na gestão do lugar onde vivem criaria uma instituição com um número mínimo de membros afiliados, com CNPJ, estatuto e realizaria sua própria comissão afim de apresentar candidatos à Justiça Eleitoral. O juiz, uma verificando o cumprimento dos requisitos exigidos pela legislação, autorizaria que tais homens e mulheres pudessem concorrer de igual para igual com os partidos políticos já existentes.

Oras, numa cidade isso seria quase que uma revolução cívica porque muitos municípios deixariam de ser feudos daquelas poucas famílias que há décadas se revezam no poder e controlam os partidos. Por outro lado, haveria uma inversão quanto à hierarquia anti-democrática da maioria dos nossos partidos em que as executivas estaduais chegam a intervir nas escolhas dos diretórios municipais conforme os interesses de determinados caciques da política. E, consequentemente, a agremiação local de eleitores não ficaria sujeita a nenhum controle discricionário vindo de cima devendo apenas prestar conta quanto à legalidade de seus atos.

Embora numa democracia seja aconselhável que tenhamos partidos fortes, sindicatos fortes, associações de moradores fortes e ONGs fortes, há que se dar uma maior flexibilidade de organização partidária no âmbito dos municípios afim de que os moradores de uma cidade participem mais ativamente da política. Pois, sem dúvidas, isso traria enormes benefícios para a consciência e identidade local, aumentaria o controle social sobre as decisões e proporcionaria um amadurecimento das pessoas as quais passariam a compreender melhor o espaço urbano como sendo delas e de todos..

Finalmente há que se conceder mais direitos políticos ao estrangeiro. Pois considero justo que os imigrantes com residência permanente no Brasil há mais de três anos possam exercer o direito de voto e de se candidatar ao cargo de vereador, desde que saibam falar e escrever fluentemente o nosso idioma. A esse respeito existem três propostas de emenda à Constituição com temas correlatos: as PECs 14/2007, 88/2007 e 25/2012. A primeira proposta, do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), visa a garantir o direito de manifestação dos estrangeiros, já que o Brasil foi formado com a participação de imigrantes dos diversos continentes. Já a PEC 88, do ex-senador Sérgio Zambiasi, sugere reciprocidade na garantia de direitos políticos a estrangeiros com nações que asseguram o voto a brasileiros natos, como Nova Zelândia, Dinamarca, Holanda, Suécia, Finlândia, Bélgica, Chile, Venezuela, Colômbia, Paraguai e Uruguai. E a PEC 25, do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), garante uma série de direitos aos estrangeiros, entre os quais o direito ao voto àqueles com residência permanente no país.

Por uma questão mesmo de justiça, o Estado brasileiro não pode permanecer indiferente à necessidade de dar voz e voto às grandes correntes migratórias que vêm viver sob sua jurisdição! E, quando falamos da política de uma cidade, não cabe alguém invocar aquele antigo temor de "atentado à soberania nacional" que muitos herdaram dos tempos da ditadura militar. Afinal, as alterações propostas pelos senadores não modificarão a disciplina constitucional relacionada ao preenchimento dos cargos públicos de relevo que a Constituição reserva, em defesa do interesse nacional, a brasileiros natos. Com isso, seguirão privativos de brasileiros natos os cargos de presidente da República e vice, dos ocupantes da ordem sucessória do Presidente – presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal -, assim como os de diplomata, oficial das Forças Armadas e de ministro da Defesa.


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A Supersimetria da criação

Conta uma tradição chinesa da época Xia (2205-1782), que apareceram dez sóis em nosso ambiente cósmico causando súbitas mudanças. Os povos da terra sofreram, terrivelmente com o calor e, por isso o Imperador ordenou ao seu melhor arqueiro que abatesse os sóis extras. O arqueiro foi recompensado com uma pílula  que tinha o poder da imortalidade mas sua esposa a roubou. Por esta ofensa ela foi exilada imóvel no firmamento transformando-se na lua.
Segundo esta lenda, o primeiro ser vivo foi P’na Ku, que cresceu durante 18 mil anos dentro de um ovo cósmico. Quando se chocou, a casca acima dele se tornou o céu, enquanto a casca abaixo tornou-se a terra. Os opostos da natureza foram separados como masculino e feminino, úmido e seco, claro e escuro, yin e yang. P’an Ku se despedaçou e suas feições se tornaram o mundo natural. Seus membros se transformaram em montanhas, seu sangue em rios, sua respiração no vento, sua voz nos trovões, seu cabelo na grama e seu suor na chuva. Seu olho esquerdo se tornou o sol e o direito na lua.
Antes do início dos tempos havia Nu, o oceano primordial do caos. De um ovo na superfície de Nu surgiu uma divindade referida como Amon-Rá. Amon-Rá produziu filhos e filhas divinos. As lágrimas de Amon-Rá fornaram a humanidade. Seu neto, o Deus Osíres se casou com uma sua irmã Ísis que descobriu a identidade de Amon-Rá, o que permitiu que Osíres tomasse seu lugar como rei. Osíres mostrou aos humanos como obter comida e vinho, enquanto Ísis ensinou-lhes a tecer e fazer medicina. Set, irmão de Osíres, que representava o mal, prende-o em um baú lançado ao Nilo.  Ìsis recuperou o corpo dilacerado de Osíres exceto o pênis que fora comido por um peixe. Ela criou um pênis de barro e soprou a vida de volta para Osíres através dele.  Osires viveu apenas o suficiente para engravidar ìsis do seu filho Hórus. Para manter seu filho a salvo de Set, Ìsis o colocou num cesto para flutuar no Nilo, inspirando a história de Moisés.
No princípio o Deus Amma, o sol e a lua, na forma de dois potes, jogou pedaços de barro no espaço para criar as estrelas e uma bola de barro para criar a terra. Sentindo-se só, Amma se aproxima da terra e fertiliza-a para gerar filhos. Entretanto, uma colina vermelha causou um defeito na gestação. Em vez de gêmeos, nasceu um chacal que trouxe inúmeros problemas para Amma. Esta lenda explica a circuncisão feminina realizada por diversas tribos africanas.
A bíblia conta a lenda de quando Josué rezou para que o sol parasse em seu trajeto de forma que a luz do dia se prolongasse, permitindo a ele terminar a batalha contra os Amoritas em Canaã. Segundo o livro de capa preta, o sol ficou parado por um dia. Atualmente sabemos que isto significa que a terra ficou sem rotação por doze horas. Se a terra fosse imobilizada, de acordo com as leis de Newton, tudo que não estivesse preso a ela, continuaria a se mover na sua velocidade original que é de 1.800 km/h no Equador. Um preço muito alto para um pôr do sol prolongado. Por outro lado, o universo não pode ser rebobinado. As leis matemáticas da física moderna não permitem o desvio de seu curso inexorável, para o futuro.
Mitos de criação como estes são tentativas de responder a questão feita pela ciência; Por que há um universo, e por que o universo é do jeito que é.
As lendas têm significados diferentes. As citadas aqui, umas são poéticas, outras são românticas e outras são mentiras enganosas que perduram. O universo é compreensível por que é governado por leis científicas e seu comportamento pode ser descrito como um modelo matemático. A primeira força descrita em linguagem matemática foi a gravidade. A lei da gravitação universal foi descrita por Newton e publicada em 1687  dizendo que todo objeto no universo atrai qualquer outro com uma força proporcional à sua massa. A ideia de que existem leis naturais ,suscita questões semelhantes àquelas pelas quais Galileu Galilei foi condenado por heresia em 1637.
A humanidade parece ter reconhecido que o universo não foi uma criação recente ou os seres humanos  têm existido apenas durante uma fração menor da história cósmica. Isto porque nossa espécie tem aprimorado tão rapidamente seu conhecimento tecnológico que, se existisse a milhões de anos, já teríamos alcançado a singularidade. A menos que a cada limite da evolução, a sociedade entra em colapso e começa tudo novamente. Inclusive a criação.

Dissocia-se o universo da criação humana, mesmo que o homem seja criado à semelhança de alguém e pode ser destruído por seu criador. O universo se mantém simétrico com outros universos.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Setenta anos de uma importante conquista




Neste mês completam-se setenta anos da Tomada de Monte Castello, considerada um dos mais importantes feitos do Exército brasileiro em toda a nossa história militar. Embora a mídia pouco esteja relembrando esse acontecimento, sabe-se que tal batalha foi decisiva para conter o avanço dos nazistas no norte da Itália durante a 2ª Guerra Mundial.

Sob o comando do marechal João Batista Mascarenhas de Morais (1883 — 1968), os valentes pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB) lutaram bravamente por três meses, durante os quais foram realizados seis ataques com um grande número de baixas. Enfrentando o rigoroso inverno europeu e o fogo intenso dos alemães, a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) conseguiu tomar um estratégico reduto dos inimigos no dia 21 de fevereiro de 1945. E, a partir daí, abriu-se caminho para uma série de novas vitórias até à completa rendição dos nazistas em 08/05/45.

"O rigoroso inverno de 1944-45, suportado galhardamente por nossos soldados, caracterizou-se pela luta em torno do Monte Castello, importantíssima posição alemã que deveria ser conquistada pela 1ª DIE. Na luta por esse reduto, Mascarenhas de Morais confirmou a já sabida teoria de que os grandes generais não se revelam apenas na vitória, mas também na adversidade. Efetivamente, os dois primeiros assaltos brasileiros foram repelidos pelos alemães, fortemente instalados em suas posições. Aliás, em ambas as ocasiões, Mascarenhas não esteve no comando direto dos ataques, os quais foram dirigidos pelo general Zenóbio da Costa. Mas, sem desanimar com os reveses, o chefe brasileiro soube manter o ardor combativo de seus soldados, até o glorioso dia 21 de fevereiro de 1945. Nessa data, a 1ª DIE, sob a direção pessoal de Mascarenhas, tomou finalmente o Monte Castello, depois de uma árdua progressão realizada sob intenso fogo dos alemães, abrindo caminho para uma série de outros sucessos: Castelnuovo, Montese (a mais sangrenta batalha da campanha), Zocca..." (extraído de Grandes Datas Nacionais, Editora Michalany Ltda, 1997)

Ao todo, 1.916 brasileiros morreram em consequência das ações de guerra. Na FEB, foram 13 oficiais e 430 soldados que perderam a vida, além de 17 desaparecidos. Porém, pode-se dizer que, graças aos nossos bravos combatentes, a Itália recuperou a sua democracia ficando livre do terror nazista. A presença da Força Expedicionária na Europa tornou-se então valiosíssima para auxiliar os trabalhos do V Exército Norte-Americano, atuando como uma inegável ponta-de-lança.

Setenta anos depois dessa inesquecível conquista, o mundo vive agora uma outra ameaça que é o Estado Islâmico. Não só o Oriente Médio como a África e a Europa encontram-se ameaçados por terroristas organizados que hoje dominam porções territoriais na Síria, Iraque e até na Líbia. Vários jornalistas e cristãos já foram decapitados por esses criminosos sendo que um piloto jordaniano acabou queimado vivo numa jaula, o que caracteriza um ato de extrema crueldade e covardia.

Mais do que nunca o mundo precisa intervir pondo fim a essa barbárie enviando tropas terrestres da ONU antes que os terroristas se espalhem pelos cinco continentes. E, neste sentido, o Brasil não pode se omitir. Seja através da nossa diplomacia, bem como participando de ações militares, temos aí o dever de zelar pela vida e pela liberdade das pessoas.

Esta semana, apesar do Carnaval ser umas das principais manchetes dos jornais, a imprensa nacional deveria dar algum destaque às comemorações do episódio da Tomada de Monte Castello. Relembrar um passado de lutas e de glórias contribui para a significação do presente ajudando a projetar um futuro pacífico. Logo, vale a pena parabenizar mais uma vez os feitos de nossos soldados, os quais foram os verdadeiros heróis brasileiros do século XX.


OBS: Imagem acima extraída da galeria de fotos do Portal FEB, conforme consta em http://www.portalfeb.com.br/wp-content/gallery/fotos-da-feb-forca-expedicionaria-brasileira/feb-tomada-de-monte-castello.jpg

A democracia e a soberania brasileiras são inegociáveis

  Por Luiz Inácio Lula da Silva* (New York Times, 14 de setembro de 2025) Decidi escrever este ensaio para estabelecer um diálogo aberto e f...