O Sábio, o Menino e a Caverna




Um ancião e um menino caminhavam por uma montanha, quando se depararam com a abertura de um túnel escuro, e de imediato resolveram explorá-lo. Tatearam pelos labirintos e corredores secretos escavados na rocha. Rastejaram por fendas quase intransponíveis. O menino pensava que estava perdido nas raízes da montanha.
De repente, um feixe de luz invade a caverna inundando-a de uma claridade intensa que lhes ofuscou os olhos. Então, apareceram diante deles toscas pinturas de variadas formas e cores, imprimidas nas paredes de argila. O menino extasiado foi logo gritando:
— Isso só pode ser obra de um grande artista! — disse, à medida que passava os dedos sobre os desenhos.
Mas o sábio que não enxergava através dos olhos do menino, procurava insistentemente ver o que lá não estava, levado por algum entusiasmo evolucionário ou científico.
O bom senso do menino, naquele momento, restringia-se, unicamente, à apreensão dos fatos.
O homem sábio, por sua vez, ligava tudo o que via ao que tinha lido sobre o homem primitivo, aquele bárbaro que batia em suas mulheres. Plantado, ali ficou por alguns minutos, olhando para coisas que eram demasiadas grandes para ver, e demasiadas simples para entender. Sua mente já deduzia tudo em detalhes. Já via significados primários nos rabiscos pintados na rocha, todos ligados, segundo ele, à superstição e aos sacrifícios humanos de um governo tribal.
O que o menino dissera — “isto é obra de um artista! ” — suscitou no mestre um questionamento: “Como àquilo poderia ser obra de um artista, se o que ele via ali na caverna, na realidade, eram apenas sombras do REAL?”
Quando saíam juntos da caverna, o sábio ancião resolveu contar para o menino a história da “Caverna de Platão”, a qual, ele ouviu com atenção redobrada. Após o desfecho da história contada pelo mestre, o menino fez essa inusitada constatação:
— Acho que deve ser muito prazeroso viver numa caverna!
O velho estufando o peito, resolve dar ao menino, uma pequena amostra de seus sólidos conhecimentos:
— Não, meu filho, você está equivocado! — Os primitivos da caverna eram homens bárbaros, sem entendimento algum. Aquelas pinturas que você viu são falsas, são “ilusões”, pois os selvagens pintores não conheciam o “real”, viam somente “sombras” do “real”. O homem da historia que lhe contei, conseguiu sair da caverna, para conhecer a “verdade” lá fora. Os que ficaram, pediram ao fugitivo que trouxesse a sua “verdade” para dentro da caverna, mas ele se vendo incapaz de descrever tudo o que vira na linguagem dos seus, compreendeu que a única solução era todos deixarem aquele buraco hostil para entender o mundo de lá de fora. Os encavernados não aceitaram a proposta de sair do seu habitat. E foi assim que o corajoso fugitivo ficou, solitário, a desfrutar a sua descoberta.
O sábio, enquanto falava, viu lágrimas saírem dos olhos do pobre menino, e, mediante essa súbita reação infantil, assim racionalizou:
— Já sei! Você está chorando com pena dos que ficaram presos na caverna!
— Não, não foi isso que me fez chorar. Estou com pena daquele que saiu da caverna. É que fiquei triste, pensando na imensa saudade que ele iria sentir, por não poder mais voltar ao seu ninho — respondeu o menino, enxugando os olhos com a manga da camisa.
O deslumbramento do menino diante das pinturas rupestres intuiu no velho a reflexão de que a “verdade” simples dos primitivos poderia até ficar remota, mas nunca iria deixar de ser verdadeira. Não é que o ancião, agora, tinha a impressão de estar mais perto da caverna do que outrora? Isto, porque sentia algo dentro e ao mesmo tempo separado dele, algo como uma emoção guardada em segredo, a dizer: “adeus”.
— É meu filho, meditando bem, em uma afirmação tão simples, você fez o que quase ninguém tem a coragem moral de ponderar — concluiu o mestre — passando carinhosamente a mão sobre a cabeça do menino.
No caminho de volta para casa, o sábio senhor dizia de si para si: “Aprendi mais uma! Num dos meus próximos sermões irei falar sobre essa servil fraqueza sentimental, essa melancolia exagerada, denominada SAUDADE ou NOSTALGIA, que faz a gente viver sem estar lá”.
Foi numa reunião da recém-formada Sociedade dos Pensadores Exilados da Caverna (SOPECA), que o velho e sábio homem teve um “insight”: Nostalgia da Caverna” — disse enfático — este, sim, será o tema de minha preleção de encerramento do ano letivo.

Por Levi B. Santos
.

Comentários

Esdras Gregório disse…
Sabe Levi às vezes eu entro no blog do Marcio e Edson só para ver textos antigos (de um ano atrás) e zoar com eles, daí eu comento e eles ficam dizendo que não é para eu revirar o passado deles e não trazer a tona as suas ignorância antiga.

Mas sabe por que eu faço isso? Só par dizer nas entrelinhas que este passado é a soma total de mais de noventa por cento de suas vidas, ou seja, se eles desprezarem isso, eles estão se auto intitulando-se idiotas de toda uma vida.

Eu não desprezo o meu passado, pois foi toda a minha verdade, a verdade que eu cria a verdade que me fez feliz, e eu as trato como verdade, pois isto é estagio e plataforma quer me trouxeram ate aqui e que vão me levar muito mais.

Desprezar e se envergonhar do meu passado religioso é desprezar meu Presente que um dia será passado com as minhas verdades atuais não tão mais verdades assim.

Entender que o que eu vivi e senti foi à verdade do meu coração e da minha razão do momento, é respeitar quem esta neste mesmo ritmo e estagio p respeitar meu processo no processo do outro.

Não sou tão ingênuo agora, mas nossas almas foram puras um dia, fomos felizes com o que entendíamos de felicidade e verdade naqueles dias. não desejo voltar o tempo, mas guardo no coração a verdade e intensidade com que eu fui feliz aqueles dias.
Eduardo Medeiros disse…
Sabe Levi e Gresder, hoje eu estava colocando material de construção para dentro do quintal e um rapaz dos seus 30 anos que trabalha fazendo biscates, vendendo ferro velho e tirando entulho, estava fazendo um trabalho para o meu vizinho. Ele é simples, nem sei se sabe ler, todo dia passa por aqui com sua caçamba fazendo seu trabalho e está sempre sorrindo e cantando músicas evangélicas.

Ele falou comigo, eu brinquei um pouco com ele dizendo que precisava de "braço" prá carregar tanto entulho naquela caçamba e ele me disse:

- é isso, irmão, mas cantando e louvando ao senhor tudo fica fácil...disse ele com um grande sorriso na cara!

e eu, claro, concordei.

Fiquei mais de uma hora colocando pedra pra dentro e durante esse tempo ele ia e vinha da casa do meu vizinho com sua caçamba cheio de entulho. Cada vez que me via, sorria e dizia:

-É isso aí, irmão, cantando "louvô" o trabalho fica mais fácil...e eu, claro, concordei.

Depois de quase uma hora de serviço, na sua última vinda com entrulho, sua caçamba não aquentou e quebrou, esparramando entulho no chão.

Ele deixou a caçamba, veio em nossa direção e disse:

-tá bom por hoje, era a última viajem mesmo...irmão, tudo o que Deus faz é bom, falou, com um sorriso enorme na cara suada...eu, claro, concordei.
Levi B. Santos disse…
GRESDER

“No caminho de volta para casa, o sábio senhor dizia de si para si: “Aprendi mais uma! Num dos meus próximos sermões irei falar sobre essa servil fraqueza sentimental, essa melancolia exagerada, denominada SAUDADE ou NOSTALGIA, que faz a gente viver sem estar lá”.”


Sou um fora da caverna há décadas.
Ontem fui convidado a assistir o culto de 35 anos de aniversário de casamento dos pais de minha nora; não nego que senti essa “fraqueza sentimental” denominada saudade, quando um conjunto musical executou de forma magistral um dos belos hinos do meu tempo. E isso, de certa forma, influenciou a escrever o que escrevi.
É certo que não concordo com os métodos dos ganhadores pentecostais de almas, mas nem de longe isso significa dizer que um dia irei deletar da memória o meu passado igrejeiro.

Não tenho nenhuma dúvida de que foi esse afeto cultivado e gravado nos recantos obscuros de meu inconsciente dos tempos de criança, o responsável por tudo que senti.


SINTO SAUDADES


“Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...”

(Clarice Lispector)
Levi B. Santos disse…
EDUARDO


Lendo o seu sucinto relato a respeito do feliz irmão da carroça, lembrei-me de um questionamento de Jung , no livro “Psicologia e Religião, e que fiz questão de grifar:

“Haverá uma verdade melhor, em relação às coisas últimas, do que aquela que ajuda a viver?”
Eduardo Medeiros disse…
Levi, bela frase esta de Jung. O que ajuda a viver não deve ser atacado, menosprezado, questionado ou visto com desdém, pois pode não trazer nenhuma ajuda para nós(ou pode...), mas é o farol que ilunina a existência de alguém. Digo isso, principalmente, do sentimento religioso que tantos possuem e que nós, na nossa arrogância de "saídos da caverna" queremos atacar e destruir como coisa menor ou como pura ilusão.

Que boa e doce ilusão que leva a um simples catador de entulhos quando a sua ferramenta de trabalho que é seu ganha pão quebra e ele sorri e diz que tudo o que Deus faz e bom. Me pede uma marreta emprestada, vai lá, dá umas batidas aqui e ali, desentorce sua caçamba, me devolve a marreta, agradece, e segue seu caminho cantando.

Ele me deu uma bom exemplo do que o "que ajuda a viver" pode fazer num coração simples que nunca soube do tal mito da caverna e nem sabe quem é o tal Platão.

Levi, teu texto está carregado de significados. Tanto você quanto o ISA anteriormente, fizeram um bom trabalho ao trazer este tema para reflexão.
Eduardo Medeiros disse…
A Ciência, a ciência, a ciência...
Ah, como tudo é nulo e vão!
A pobreza da inteligência
Ante a riqueza da emoção!

Aquela mulher que trabalha
Como uma santa em sacrifício,
Com quanto esforço dado ralha!
Contra o pesar, que é o meu vício!

A Ciência! Como é pobre e nada!
Rico é o que alma dá e tem.

Fernando Pessoa
Levi B. Santos disse…
Muitas circunstâncias nos levaram a ver com outros olhos o “Bom Deus” dos primórdios da caverna.

O conhecimento que adquirimos fez desaparecer os estatutos bem definidos que O fazia comum com os que estavam lá. Ao sairmos da caverna encontramos o que entendemos como verdade desse Deus, verdade que não conseguimos, até agora, reproduzir para o interior do nosso antigo nicho.

Queixamos –nos de não ser compreendidos, e os encavernados por sua vez temem que a nossa verdade destrua a sua caverna. Aquilo que entendemos num nível inconsciente só pode ser alçado na consciência dos encavernados de uma forma antropomórfica.

Às vezes fico pensando que para o homem piedoso da caverna disposto a colher a revelação, Deus continua a nos fechar as portas do “túnel subterrâneo” para com isso permanecer alí escondido, sem que nada o traia. Não será assim que Ele existe na caverna, onde talvez uma experiência mais profunda esteja costeando o abismo da alma humana, afim de que ela não abandone a margem da saúde biopsíquica?

E nós os exilados, como nos livraremos da saudosa sinfonia cavernosa que teima em não desaparecer dos nossos ouvidos?
Por acaso, poderemos negar o óbvio?
Poderemos um dia não mais sentir os eflúvios que sobrevém sobre nós, independentemente de nossa vontade?

Com a palavra, Marcio, Edson, Eduardo e Isa
Levi B. Santos disse…
Seria bom se Evaldo e o Bill interagissem conosco sobre o "sentimento religioso", que parece fazer parte intrínseca dos nossos instintos.

Será que esse afeto tão marcante e profundo, pode desaparecer de nós, sem mais nem menos?
Esdras Gregório disse…
A pode deixar Levi que daqui a pouco eles aparecem, pois a unica coisa que eles sabem ou gostao de comentar é sobre isso, o dia que nao falarmos mais de sentimento religioso e provas cietificas eles nunca mais vao voltar aqui.
Marcio Alves disse…
LEVI


Lendo seu magnífico (e bota magnifico nisto) texto, eu pude me ver-me tanto no menino quanto no sábio.


Explico:


Quando olho para o menino, volto ao meu passado, mas quando vejo o sábio me reporto ao meu presente, tanto o menino quanto o sábio me revelam trazendo a baila meu conflito interior sem fim de passado e presente, também descrito mitologicamente pelo conto do Éden.


Esse conflito se dá justamente ao percebermos que a busca pelo conhecimento, onde nossos olhos foram abertos, traz um mundo sem graça, sem cor, magia e fantasia, claro, comparado ao mundo até então crido e sentido, porém, quando tentamos voltar atrás já é tarde demais, pois o caminho do conhecimento é um caminho sem volta, portanto, resta-nos a nostalgia, e como não podemos mais viver como vivíamos, acreditar como acreditávamos, sentir como sentíamos, tentamos então sentir o sentimento que sentíamos quando éramos crianças, no resgate das lembranças marcantes.


Para mim, a experiência religiosa ou o sentimento religioso é semelhante à transformação da fase infantil em adulto, ou seja, quando éramos crianças vivíamos buscando nos tornar adultos, agora já adultos, queremos ser outra vez crianças, a grande diferença é que uma criança pode se tornar adulto, só que uma vez adulto, nunca mais poderá se tornar criança de novo.


Acho que chegar inevitavelmente a esta conclusão é ser honesto consigo mesmo, pois a verdade quer queiramos ou não é que o que nós somos tem haver com o nosso passado, já o presente é onde nós vivemos.


Portanto, negar o nosso passado é negar a nós mesmos, querer apagar o passado é querer apagar a si mesmo, pois somos o que fomos, e estamos sendo o que já somos, sendo que seremos o que havemos de ser.


Mas eu de maneira nenhuma trocaria meu presente pelo meu passado, e nem o meu passado pelo meu presente, foram fases diferentes onde vivi sentimentos diferentes, sendo eu mesmo diferente em cada situação, mas nunca deixando ser eu mesmo eu e não outro eu de mim.


Ninguém nasce adulto já pronto e formado, como ninguém continua pela vida inteira a ser criança, portanto, vivamos a verdade de sermos nós mesmos na verdadeira identidade de sermos que fomos, de quem já somos e de quem seremos um dia.


Portanto, sabio e criança são fases vividas de formas diferentes por nós todos!
Levi B. Santos disse…
Nobre pensador dos pensamentos pensantes – MARCIO

A tua confissão em forma de comentário merece ser postada lá no “Outro Evangelho”. Parabéns!

“Sentimos saudade da caverna, mas é impossível ser criança de novo, ou seja, é impraticável o retorno à caverna”.

Mas agora, faço duas perguntas:

“A criança morreu, ou ela continua lá dentro de nós a reger a orquestra que executa a nossa música atual?”

“A partitura de nossa música moderna está sendo escrita por nós, ou ela é produto dos impulsos inconscientes de uma criança que aos nossos ‘olhos científicos’ parece está morta, mas na verdade está apenas adormecida?”


Foi justamente o que eu quis dizer, de forma metafórica no trecho abaixo, que não sei se você concorda:

“O deslumbramento do menino diante das pinturas rupestres intuiu no velho a reflexão de que a ‘verdade’ simples dos primitivos poderia até ficar remota, mas nunca iria deixar de ser verdadeira.”

Vamos lá, queimar os nossos neurônios enquanto o J. Lima não chega. (rsss)
Levi B. Santos disse…
Cadê Isa, que deu início aos textos cortantes de auto-crítica, que não aparece?

Eu estou apenas continuando o que ele, magistralmente, trouxe à baila aqui na confraria.
CH disse…
Bela reflexão.

Quando se nega o passado, cria-se uma fonte de grande incoerência no pensamento, mas o oposto, o apego extremo ao passado, tem o mesmo poder.

Dentre os que realmente buscam a reflexão, creio haver poucos que nunca se flagraram defendendo uma idéia tendo como única base uma afirmação equivocada feita no passado, principalmente se esta afirmação tiver sido amplamente divulgada em um blog, um site, uma sala de aula, ou entre amigos, por mais que se tenha buscado racionalizar essa idéia posteriormente. Para não parecer uma "metamorfose ambulante" e incoerente, opta-se por persistir no erro. Isto não surge apenas no contexto religioso, mas em qualquer contexto em que o rancor possa atuar.

De certa forma, todos um dia já fomos crianças em cavernas, se não no contexto religioso, em outros. Inclusive, em alguns contextos, talvez ainda o sejamos.

Finalmente, não creio que tal criança ainda viva em mim, exceto em forma de lembranças de bons e maus momentos que fizeram de mim o que sou hoje. Por isso, vivo na tentativa de me equilibrar entre a negação e o apego à ela.

Abraços.
Anônimo disse…
A menina de alguns morreu? Pois tratem de ressuscitá-la, pois ela ainda sabe de coisas que os homens e os "sábios" já se esqueceram pelo seu muito divagar.

A menina não está condicionada por livros, filosofias, não está marcada por decepções com outras pessoas, igrejas e ideologias. Ela ainda não conhece a caverna dos pensadores.

Já os habitantes desta caverna julgam que a menina é burra, incompleta, falta de conhecimento.

Acontece que ela é mais livre do que todos eles juntos. As verdades das quais ela necessita para viver ela já as têm, enquanto que as verdades dos habitantes da caverna dos pensadores não levam nem eles nem ninguém a lugar algum, haja visto serem verdades condicionadas por suas experiências peculiares de vida e ininteligíveis para os "de fora".

Qual seria o sentido da conhecida frase "se não te tornares como uma criança não poderás ver o Reino de Deus"?. A maioria das pessoas a interpreta como uma referência - pra lá de improvável - à suposta "inocência e pureza da criança", mas será que ela não quer dizer que devemos tentar enxergar as coisas simples e de uma maneira simples - assim como a crianças fazem - ao invés de nos perdermos em vãs divagações "sábias e adultas" acerca de temas complexos demais para qualquer ser humano em sã consciência na face da Terra? E ainda mais nos arrogando portadores de novas verdades?...
Levi B. Santos disse…
Carlos H.


Somos gratos pela sua ilustre presença nesta sala, e pelo seu lúcido comentário.

Com certeza o apego extremo ao passado é doentio e prejudicial.

Creio que não se deve desprezar o passado, pois é dele que estamos retirando material para renovação de nossas mentes nesse eterno caminhar, nessa eterna passagem que é a páscoa nossa de cada dia. Se desprezarmos o passado, ficaremos impossibilitado de realizar RELEITURAS. É nas releituras daquilo que um dia fomos, que iremos encontrar novos significantes dentro de nossa imprevisível existência.

Ao ignorar o nosso começo ou as nossas primeiras experiências infantis, somos levados a pensar que somos só o que pensamos que somos, quando na realidade antes de racionalizarmos sobre qualquer tema, algo lá no nosso inconsciente é quem previamente determina a nossa postura, atitude ou reação.


Abraços, e volte sempre,

Levi B. Santos
Levi B. Santos disse…
ISA


Mais do que ninguém você está apta a falar sobre o feminino, que os habitantes da caverna viam como uma falha do “princípio másculo e divino”.
Ora, a psicanálise diz que o pai entra em cena no desenvolvimento dos filhos quando eles estão em torno dos quatro anos de idade.

“Isso quer dizer que os filhos são sobre todos os aspectos, mesmo fisicamente, muito mais filhos da mãe do que do pai” — disse Elisabeth Roudinesco (discípula de Lacan).

Nos quatro primeiros anos de vida da criança, nessa perspectiva, o pai deixa de ser o único veículo de transmissão psíquica e carnal.
A irrupção do feminino ocorre primeiramente na criança antes da masculina. (vide: “A Família em Desordem” - E. Roudinesco – página 35 – Zahar Editora)

Nesse aspecto nos dobramos as suas ponderações, pois nós “machos” temos muito de nossas reações mediadas pela repressão do feminino que uma vez experimentamos de forma “inconsciente”, ou não. (rssss).

Você disse: “...Ela ainda não conhece a caverna dos pensadores”

Eu porém vos digo: “A caverna dos pensadores ainda não a conhece” , porque enquanto eles pensam, elas agem.

Mas a Dilma vem aí para nos comandar. E a nossa nação terá a oportunidade de viver sob a égide do feminino.(rsrss)


P.S.: Mas você viu bem, a foto do cabeçalho do texto? Eu não sei se a criança da caverna é um menino ou uma menina.(rsrss)
Eduardo Medeiros disse…
Marcinho, muito boa a sua reflexão. Mas a "crise" que você citou não pode ser o padrão da nossa existência. Não é muito saudável ficar só na tese(sentimento religioso/subjetividade/emoção) e a antítese(razão/crítica/objetividade), temos que fazer a síntese. Busque a síntese entre a criança e o sábio e a crise será diminuida, quiçá, destruída.

Carlos, muito bom te ver comentando por aqui. Volte sempre com suas sempre sábias reflexões.

Levi, sua resposta ao Carlos "Se desprezarmos o passado, ficaremos impossibilitado de realizar RELEITURAS. É nas releituras daquilo que um dia fomos, que iremos encontrar novos significantes dentro de nossa imprevisível existência" é exatamente o que eu quis dizer com "síntese".
rayssa gon disse…
em algumas versões da alegoria da caverna, o homem que insiste para que os outros vejam o que ha alem das sombras, é morto pelos companheiros.


#tenso. :/
Levi B. Santos disse…
O "sentimento religioso" é um sucedâneo do "sentimento pueril" (representado metaforicamente pela criança)

É o grito dessa criança arcaica interna que, às vezes, invade o campo de nossa realidade, presenteando a nós supostos adultos, com o fino néctar dos deuses em forma de poesias como as de Clarice Lispector e Fernando Pessoa que trouxemos para essa sala.

Sentir-se poeta é sentir-se criança. Ao reviver em nossa imaginação as fantasias simples construídas na infância expressadas nas artes, nossas angústias perdem a agudeza, e o tempo parece parar num instante de graça.

Nossa inteligência, nós a medimos pelo saber. No entanto, aquilo que nos alegra, é justamente o convite da inesperada criança interna nos chamando para brincar.

Essa criança quando surge com todo o ímpeto, chuta a razão lá pra fora e nos surpreende naquilo que o nosso saber científico(lógica,dedução,indução) desconhece.
Levi B. Santos disse…
Prezada Rayssa


Sua presença nessa sala muito nos envaidece.

Na verdade, eu quis fazer uma adaptação da caverna de Platão, justamente para mostrar que nem sempre a nossa "verdade luminosa", pode ser imposta aos de outro "habitat", que a veem em forma de “sombras”, como está exposto no trecho abaixo, retirado do ensaio:


“Os que ficaram, pediram ao fugitivo que trouxesse a sua “verdade” para dentro da caverna, mas ele se vendo incapaz de descrever tudo o que vira na linguagem dos seus, compreendeu que a única solução era todos deixarem aquele buraco hostil para entender o mundo de lá de fora. Os encavernados não aceitaram a proposta de sair do seu habitat. E foi assim que o corajoso fugitivo ficou, solitário, a desfrutar a sua descoberta”.


Abraços, e continue interagindo conosco.


Levi B. Santos
Marcio Alves disse…
LEVI e DUZINHO


Não sei se devo ou não postar o meu comentário transformando o mesmo em texto no “outro evangelho”, uma vez que eu tive que deletar tantos e tantos comentários que eu transformei em postagens, justamente por não pensar igual quando tinha escrito o mesmo.


Como vocês sabem não gosto de dogmas, qualquer que sejam esses dogmas, pois o dogma não existe apenas na religião, mas antes na filosofia, política e em todo e qualquer pensamento, pois o mesmo limita, além de empobrecer nosso pensamento, transformando o mesmo em conceito que nada mais do que uma idéia presa em um circulo....como acho que as nossas idéias não devem ser petrificadas, pois ai seria a morte da mesma, mas antes um fluir de um rio que nunca é o mesmo, assim também deve ser o nosso pensamento pensante.


Em relação as suas duas perguntas que na verdade constituem em uma só, eu penso que em cada um de nós ainda há aquela velha criança que deu origem e servirá para sempre de base para que depois de adultos venhamos andar pelos trilhos da vida.


Só que há dois tipos de crianças no meu entender, uma é positiva e a outra é negativa....há aquela criança do poeta que o inspira a escrever poesias, há aquela outra criança do pintor que o inspira a pintar quadros, em fim, esta criança que sonha, imagina e quer brincar é positiva, mas há a outra que no meu entender é negativa e, portanto, prejudicial que é quando depois de adultos temos medo de enfrentar a vida, nos sentimos dependentes, não conseguindo crescer amadurecendo.


Mas mesmo assim não é de todo prejudicial ser for dosado e bem equilibrado.


Portanto, cabe a nós todos fazermos uma síntese entre a criança em nós que nunca deixou de existir e o adulto que nós viemos a nos tornar, creio eu, que negar um para ficar apenas com o outro é também prejudicial, pois tudo que faz parte de nós deve ser integrado ao nosso consciente.


Abraços
Levi B. Santos disse…
MÁRCIO


Assino embaixo de tudo que você escreveu em seu comentário pensante.

Se somos seres pensantes, ao expressarmos nossos pensamentos, estamos fazendo ARTE.

No meu tempo de menino, diziam os mais velhos: “Não deixem as crianças à sós, por que elas vão terminar fazendo ARTE (grande verdade – ainda não destruída).

Partindo dessa premissa podemos concluir que o “sentimento religioso” e a “arte” não são manifestações distintas.

No alto dos meus 64 anos (que fiz ontem), não tenho vergonha de dizer, que ao ouvir os belos hinos da Harpa Cristã, sinto o mesmo sentimento oceânico dos tempos de minha inocência.

É esse “anseio de se re-ligar a algo” que se deve entender como “sentimento religioso”. Estamos fora da “caverna”, mas enquanto vivermos, esse sentimento que uma vez sentimos na gaiola, sempre estará presente, nos impactando pela vida afora.

Quando dizemos: “Agora somos adultos”, simplesmente estamos dizendo que o vaso primevo foi quebrado, mas é com os cacos do que fomos, que construímos o hoje. Se o material do vaso é o mesmo, a religião não morreu em nós.

Desconstruir para reconstruir é o nosso lema, só que nunca poderemos dar um NOME por nós mesmos a essa reconstrução.


Abraços, nobre pensador (estamos todos no mesmo barco)
Levi B. Santos disse…
MARCIO!

Dá uma olhada, como ficou o pensamento do dia (domingo) - (kkkkkkk)
Esdras Gregório disse…
Mas marcio larga mao de ser burro, voce nao escreve só para voce, mas para os outros tambem, por isso o seu pensamento sincero de onte encontrará lugar no coraçao de quem vem logo logo atrazde voce.
Esdras Gregório disse…
Na bem da verdade dizemos que o passado foi bom como caminho provisorio só é uma forma atenuada do nosso orgulho de portadores presente de nossas verdades a que chegamos, mas nao exiete verdade, em duzentos anos de vida pensariamos sempre diferente em cada fase e o conhecimento é infinito, portanto sem um ponto final desisivo e cocreto, ou seja a criança é e foi tao verdadeira como somos agora, pois somos a criança ainda para daqui a dez anos de crescimento.
Hubner Braz disse…
Oi pensadores!!! Voltei, eu li o texto Levi mas como estou viajando naum deu tempo pra comentar.

Eu fico aqui meditando na caverna que Jesus Cristo passou, pois ele mesmo disse que: "temos que nos tornamos criança para entrar no Reino de Deus"
Isso significa que ele vive o passado no presente, ele sabia que o dia de amanha não pertencia a ninguém e isso conclui que a alusão da caverna e ponderada no ser existencial de cada um.

O livro da Cabana descreve um pouco sobre essa tal caverna interna, onde o medo e a lembrança da escuridão abitam e a maioria não quer enfrentar, a maioria foge, a maioria se esconde.

Posso dizer que de vez por outra entro nesta caverna.

Abraços e ate....
Esdras Gregório disse…
Nao! Hubner, voce é a caverana!!!!!..........
Esdras Gregório disse…
Voce é e profundamete tenebroso! misterioso! e confuso!
Hubner Braz disse…
Descupa por não ter lido os outros comentários principalmente o do Marcio. Mas vou tentar ler quase todos os comentários mais a do Marcio não lerei, não posso perder tempo.

Sorry
Hubner Braz disse…
Não gresder, nos não somos a caverna mais estamos nela constantemente.
Levi B. Santos disse…
HUBNER

Já estava sentindo a falta de seus espontâneos comentários.

Ora, Gresder! Por que falar isso do Hubner!

Se o homem do ensaio postado que saiu da caverna, não conseguiu, ou não teve palavras para expressar a “verdade lá de fora” para os que ficaram dentro do seu ninho, como podemos dar uma de intérprete, e traduzir a linguagem do Hubner, ao falar da “caverna” que Jesus passou?
Levi B. Santos disse…
Não sei se o Gresder e o Eduardo vão concordar comigo.

Sobre a frase emblemática que o Hubner trouxe à baila: “temos que nos tornar crianças para entrar no Reino de Deus", talvez, numa LEITURA atual fosse assim expressa:

“Quem não reconhecer a criança que existe em cada um, não pode entender o reino de Deus, que está nos lugares celestiais de nossa mente, ou seja, no “inconsciente”.

Lembrem-se do que nos ensinaram lá na “Caverna”:

"Deus não habita em templos feitos por mãos humanas". (isto é muito profundo).
Marcio Alves disse…
HUBNER


Eu apenas estou repitindo com você o que exatamente você esta cansado de fazer nas postagens dos outros....que é comentar que depois vai comentar.


Oras HUBNER, se não vai comentar naquela hora, porque então dizer que depois vai comentar?


Serás que é para ter bastante comentários???


Pois eu vou ser sincero contigo HUBNER, se o ISA levasse a serio a regra numero 2 dos comentários, ele iria ter que deletar mais de noventa por cento de seus comentários que nada tem haver com a postagem em si, ou seja, o que eu fiz em sua postagem é uma critica, para lhe mostrar o quanto incomoda as pessoas você vir e fazer um monte de comentários bestas dizendo que depois vai comentar, ou que esta sem internet em casa e esta digitando no seu ipone.


Se não tiver nada para acrescentar a postagem, então é melhor nada comentar!!!


Abraços
Marcio Alves disse…
GRESDER

Não é questão de ser burro, mas antes uma questão de honestidade para consigo mesmo, ou seja, eu não posso sustentar pensamentos que não mais fazem parte de minha vida, mesmo sabendo que faz parte da vida de uma outra pessoa, que por sua vez poderá esses meus novos e constantes pensamentoes fazerem parte da mesma ou de outra pessoa.

Como não podemos estacionar nos pensamentos pensantes, também não podemos estacionar na escrita.

Viva o constante fluir das ideias vivas nas escritas!!!
Eduardo Medeiros disse…
Gresder, eu estava exatamente pensando no que você disse que nossa posição hoje é de "tolerar" as crianças que ficaram na caverna com um olhar de pseudo empatia.

Eu busco fazer minha síntese entre a criança e o sábio, mas não vejo com bons olhos essa posição de superioridade orgulhosa que muitos de nós têm ao analisar o mode de viver de um crente, por exemplo.

Eles têm suas certezas espirituais e nós temos o quê? As certezas frias da ciência? Mas qual verdade científica é capaz de nos confortar nas horas difíceis da vida?

"Olha mãe, seu filho morreu atropelado mas fica firme porque a força da gravidade continua nos prendendo ao chão..."

A única força que pode nos confortar nesses momentos é uma força interior que não vem da física mas vêm da mesma fonte de onde nascem os deuses.
Eduardo Medeiros disse…
Marcinho, quero fazer um comentário sobre tuas frases:

" eu não posso sustentar pensamentos que não mais fazem parte de minha vida...Viva o constante fluir das ideias vivas nas escritas!!!"

Como eu já te falei lá na minha sala quando conversávamos sobre moral e ética, os absolutos são necessários. Os dogmas, por mais que o som desta palavra nos cause ojeriza, também o são.

Uma pessoa que não possui certezas de nada, é como um navio à deriva no meio de uma tempestade; ele passa por vários portos mas não conseguem atracar em nenhum deles pois a tempestade não permite e ele não tem mais motor para dar direção ao navio.

No final, ele nunca terá provado o gosto de estar seguro atracado em um porto vendo a tempestade de um lugar seguro, ainda que mesmo ali, o mar bravio sacuda o navio a toda hora. Mas dali, ele pode ver os vários portos que se estendem à sua frente. E olha um dos portos e percebe que esse é mais confiável do que aquele onde você se encontra. É maior, possui amarras mais fortes, etc. Então, você se lança de novo na tempestade mas agora com um alvo fixo: você vai atracar o seu navio em um porto melhor.

Os navios que ficaram no porto onde você estava, talvez não queiram se aventurar na tempestade. Eles ficam ali mesmo, pois para ele, aquele porto lhe dá alguma segurança.

Bem, não sei se a metáfora é perfeita, mas acho que deu para entender o que eu quis dizer.
Eduardo Medeiros disse…
Levi, sua releitura do significativo dito de Jesus "das crianças é o Reino" é bem interessante

"Quem não reconhecer a criança que existe em cada um, não pode entender o reino de Deus, que está nos lugares celestiais de nossa mente, ou seja, no “inconsciente”."

Mas esse é um texto que dá margem a várias interpretações. O que será que o Jesus da história quis dizer com aquilo?

Será que ele contrapôs homens feitos e sábios como os fariseus (capazes de refletir e questionar) com as crianças (coração aberto para receber a "novidade" do Reino?)

A mensagem de Jesus, podemos dizer, vinha de fora da caverna do judaísmo farisaico. A mensagem de Jesus era a luz que penetrava na caverna das tradições tão arraigadas e propunha um chamamento para se ter novos significados para a vida diante dos novos tempos que se avizinhavam.

Mas os sábios fariseus ou os homens que carregavam a desilusão no coração por tantos messias que já tinham fracassado e deixado o povo de novo desiludidos, não eram capazes de abrir o coração para a mensagem do Reino.

Mas as crianças ainda não tinham sido contaminadas pela desesperança. Coração de criança é coração que não processa o infortúnio, a dominação romana, a dureza da vida.

Das tais eram o Reino.

Fiz uma análise histórica-teológica e não psicológica, mas no fim Levi, a sua interpretação é perfeitamente condizente com aquela.
Levi B. Santos disse…
EDUARDO


Na verdade, o Jesus narrado pelos evangelistas demonstrava uma profunda percepção da realidade psíquica dos seus contemporâneos.

O médico Augusto Cury rotulou-O como o maior psicólogo que já existiu.

Na medida que Cristo fazia suas parábolas e dizia suas máximas, dava verdadeiras aulas de psicologia profunda.

A parábola do Filho pródigo ainda hoje é tida pela psicanálise, como uma pérola, pois consegue de forma extraordinária explicar o corolário psíquico que envolve a nossa baixa auto estima.

Outro exemplo é essa frase do Nazareno,que evidencia um dos princípios básicos da psicologia:

"- O Reino de Deus vem sem se deixar sentir. E não dirão: '- Vede-o aqui ou ali, porque o Reino de Deus já está dentro de vós' ".

Aliás, a psicologia é filha da tradição judaico-cristã. (Freud – filho de pai judeu e de uma mãe católica. Jung — filho de um pastor protestante)

E por aí vai...
Marcio Alves disse…
DUZINHO

Nessa sua explicação análoga do navio com os dogmas, você por alguns instantes reviveu sua experiência de marinheiro....não é mesmo?? Rrsrsrsrsrsrs

Entendi e concordo.....embora eu não amarro meu navio em apenas um porto, eu tenho provisoriamente portos, de onde eu passo de vez enquanto para deles partir para algum mar de idéias, não estacionando definitivamente, nem menos ainda, limitando-me apenas em um deles, mas na pluralidade vasta de possibilidades portuárias.
Eduardo Medeiros disse…
Marcinho, Gostei da "possibilidades portuárias" kkkkkkkk só não esqueça que existem aqueles que estão muito bem nos portos onde estão atracados...


Levi, eu aprendi a dar mais atenção a esse lado psicológico de Jesus através das suas "aulas" e tenho aprendido a cada dia com você. Tanto que comprei a coleção do Cury sobre a análise da inteligência de Jesus para me aprofundar no tema.
Hubner Braz disse…
Dudu,

Eu li a coleção inteira de Augusto Cury, é muito bom, gostei muito mesmo.

ALguns até reeli...

Levi você interpletou muito bem aquele versiculo das crianças temos que torna-nos.

Abraços
Hubner Braz disse…
Valeu Marcitto por esclarecer o seu resentimento. Estarei acatanto.

Abraços
Levi B. Santos disse…
Mas finalmente, caros confrades que aqui debateram.

O homem da história que conheceu a “verdade” lá fora não teve como trazê-la para dentro da caverna.

Vocês acham que a “verdade” dos desviados poderá, um dia, encontrar receptividade no meio dos que estão na caverna?

E se os encavernados aceitarem de bom grado a nossa “verdade”, não é o caso de dizer que o grande assombro deles evaporará junto com a tal caverna?

O preço a pagar pelo o avanço inequívoco de nossa “verdade”, poderá ser um novo valor de “verdade”, que estará sempre reaparecendo e produzindo novas interpretações, até que chegue o FIM.

E após o apocalipse cavernal, uma nova caverna (como um novo céu) irá nascer sobre os escombros da primeira.

E os encavernados e os desencavernados serão um só rebanho. Não haverá pecados e culpas. Lá não haverá nem prós nem contra, porque em todos, tudo será subjetividade e relatividade.

AMÉM.
Levi B. Santos disse…
Prezados pensadores pensantes


Achei melhor substituir a última frase de minha profecia, por essa:

“Lá, no reino do SUBJETIVISMO e do RELATIVISMO não haverá crianças nem adultos, nem meninos nem meninas, nem vencedores nem vencidos. Lá, enfim o Leão habitará com o Cordeiro, e os dois serão um só. E a PAZ reinará por séculos e séculos.

Amém.
Marcio Alves disse…
LEVI

De fato é verdade que saídos de uma caverna, poderemos estar entrando em outra, mas não tem que ser assim, ou não é assim o caminhar constante de um pensador pensante?


Conhecer explorando novas cavernas, sem deixar paralisar em apenas uma, pois toda caverna por maior que seja é demasiado pouca e limitada para um ser pensante em constante metamorfose, portanto, esta é a sina de qualquer que ouse olhar para alem de qualquer caverna...o de não mais se contentar e nem muito menos de se con-formar em cavernas, buscando provisoriamente de caverna em caverna, construir suas próprias verdades “cavernais” absolvidas.

Abraços
Marcio Alves disse…
Outra coisa LEVI....esta sua profecia é impossível de se cumprir, principalmente no meio fundamentalista.

Explico:

Para que um fundamentalista possa aceitar a idéia do outro, que é tido por ele como herege, terá que relativizar a sua própria verdade, só que para ele, a verdade só é verdade se for absoluta e única, desta forma, ele de antemão criou uma barreira intransponível.....se a verdade dele é absoluta e única, logo a do outro só poderá ser mesmo, uma idéia herege e falsa, criando assim, inimizade, vendo o outro não como amigo, mas como inimigo em um campo de batalha, o qual ele como cristão, tem o dever de salvar o outro do inferno, con-vencendo que sua verdade é a única que leva para os céus.

Mas bem que poderia essa profecia ser verdadeira, não é mesmo?

Deve ser que é da carne, por isto não se concretizará, pois se fosse vinda de gesuis ou de Jeová....ai seria outra historia. Kkkkkkkkkkkkkkkkk

Abraços
Levi B. Santos disse…
É meu caro pensador, MARCIO


Aos nossos olhos, seria uma monotonia cavernal esse novo céu dos fundamentalistas, sem os nossos diálogos pensantes. Não seria? (kkkkkk)

Mas o que dizer dessa estonteante declaração do apóstolo fundador do cristianismo?:

“As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam” (I Co. 2:9).
Eduardo Medeiros disse…
Levi, seu profeta descavernado: Gostei muito da tua profecia e vou orar à Consciência Cósmica para que ela se concretize. O Hubinho pode orar à Jeova. Gresder, também pode. Evaldo (cadê o Evaldo heim?) pode orar para Zius e o Bill (cadê o Bill??) pode orar para Thor...e o marcinho pode orar para...para...bem, o marcinho pode orar para qualquer um porque ele é um navegador que não passa muito tempo em nenhum porto. O Isa (cadê o Isa, heim???) pode orar para o doutorando celestial.
Eduardo Medeiros disse…
A "verdade" de fora da caverna não é mesmo bem vista pelos "de dentro". Os de dentro, em outras eras, já queimaram quem se atreveu a ensinar a "verdade de fora" e se hoje já não mais os queimam, os relega a hereges e pertubadores da fé.

O que fazer?

Para mim, se você conseguiu aprender a "verdade de fora" não deve querer impor agora aos "de dentro", pois estes, em sua maioria, estão felizes com as suas verdades e certezas e nós não temos o direito de impor-lhe nossa verdade do mesmo jeito que muitas vezes eles querem nos impor a sua.

Mas podemos proclamar em alto e bom som a nossa verdade de fora. Podemos "tocar a buzina em Sião", ninguém pode nos impedir. Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça; e quem não tiver, não ouça; quem quiser dialogar e confrontar ideias, que venham e comprem sem dinheiro e sem preço a luz de uma "verdade de fora".

Levi, agora você me deixou com o elefante atrás da orelha ao citar esse que é para mim ainda hoje, um dos mais bonitos ditos do Apóstolo Paulo.

“As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam” (I Co. 2:9)."

Me faz lembrar de uma antiga canção do nosso tempo.

certamente você tem uma profunda explicação psicanalítica para esse versículo onde o inconsciente com certeza deve entrar em cena.

O que você nos diz sobre?
Levi B. Santos disse…
EDUARDO


Os olhos e ouvidos como órgãos de percepção externa não têm essa capacidade de olhar para dentro, de olhar para o mistério que está enclausurado no inconsciente.

Os olhos e ouvidos da nossa consciência racional são incapazes de penetrar nesse grande mistério, nesse grande ASSOMBRO, que é a ABSURDIDADE dos sonhos que sonhamos.

A linguagem do inconsciente é o avesso da linguagem racional, porque nela não há dolo. O seu conteúdo latente está nos mitos, nas artes e na religião.

A desconstrução ou interpretação da linguagem mítica e religiosa tem o condão de poder mostrar alguns reflexos de nossos desejos inconfessáveis e nossos crimes não ditos, que a nossa vida de representação recalcou-os para um porão OBSCURO denominado INCONSCIENTE.

"Se os teus olhos te escandalizarem, arranca-os"

Ou seja:

Esse "escândalo" é o que na psicanálise se chama "mecanismo de defesa", ou "reação" que a consciência lança para proteger os recalques do indivíduo, Nesse caso, os olhos projetam os recalques do sujeito no outro.
O "mal" que está no interior do sujeito(de maneira inconsciente)é transferido para um outro (bode expiatório).

"Arrancar" esse olho que projeta, segundo Jung, só se consegue através do processo de "individuação".

Mas esse assunto poderá ser ventilado numa próxima postagem, com a ajuda de vocês, é claro.
Levi B. Santos disse…
EDUARDO

Quanto ao Márcio, acho que ele está procurando a "verdade do seu ser pensante" em cada porto que atraca. Mas no final, ele vai entender que esses portos de navegação são apenas sombras cavernosas do seu inconsciente.

Enfim, verá que nada está lá fora, pois a velha caverna continua inscrita nas tábuas do seu passado,que não foi deletado. Quanto a esse arquivo, ele não está no momento tendo acesso, porque o mesmo está guardado a sete chaves nas profundidades abismais de sua psique.

O hino 15 da Harpa Cristã [Ó quão cego andei e perdido vaguei...] que ele tanto cantou na caverna, com certeza, ecoará nos seus tímpanos, quando o novo céu e a nova terra chegarem. (kkkkkk)
Evaldo Wolkers disse…
Edu,

Estou aqui, meio quieto, estou fugindo dos diálogos extensos.

Mas podes saber que estou lendo os textos.

Parabéns Levi,

Zios seja louvado. (Edu, não pronuncies o nome do Senhor de forma errada, é Zios, aleluia).

Abraços,

Evaldo Wolkers.