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Feliz aniversário, herói

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 Crônica de DemétrioMagnólio Compartilhamos, você e eu, com o AI-5 (no seu 1968) e o golpe de Jaruzelski na Polônia (em 1981), a data de aniversário. Como presente, ofereço-lhe esse texto em defesa de sua honra. A divulgação do contrato entre o escritório de advocacia de sua esposa e o Banco Master provocou a disseminação de suspeitas gratuitas. Não me calo diante da injustiça. As pessoas andam desconfiadas. É assustador: conhecidos, até transeuntes, abordaram-me sugerindo que o tal contrato indicaria desvios éticos ou mesmo corrupção. Tentei explicar-lhes o absurdo contido na suspeição. O contrato, de valores incomuns, só revela a competência inigualável de sua esposa, a quem peço transmitir meus cumprimentos. Já a insinuação de que, como casal, vocês confabulariam sobre contratos privados sigilosos e processos no STF é de uma perversidade abominável. Vorcaro, diga-se, precisa ser considerado inocente até uma improvável condenação. O ex-dono do Master tem inegáveis qualidades. Pat...

O Jardim de Dois Caminhos

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Rodrigo Tanaka, bisneto de japoneses nascido em São Paulo, desembarcou no aeroporto de Narita com o coração apertado e a Bíblia debaixo do braço. Neo-pentecostal convicto, tinha uma missão clara: levar a “verdadeira fé” aos descendentes de seus ancestrais. Tóquio, com suas luzes de néon e multidão apressada, parecia-lhe ao mesmo tempo estranha e familiar. Nos primeiros dias, Rodrigo percorria bairros comerciais e templos, tentando iniciar conversas sobre Jesus. Cada tentativa encontrava sorrisos gentis, mas recusas educadas. Ele via indiferença, mas aos poucos percebeu algo diferente: os japoneses valorizavam a convivência pacífica entre crenças diferentes , e sua fé era respeitada, mas não imposta. Foi em um pequeno café em Shinjuku que conheceu Aiko , jovem de Hiroshima de olhos claros e sorriso tranquilo. Conversaram sobre trabalho, música e, inevitavelmente, religião. Rodrigo, ansioso para explicar sua fé, ficou surpreso quando Aiko contou que sua família praticava xintoísmo e bu...

Dois Pesos, Duas Medidas: O Episódio Glauber Braga e o Precedente que Ameaça o Parlamento

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A cena ocorrida nesta terça-feira (09/12), no Plenário da Câmara dos Deputados, quando o deputado   Glauber Braga   (PSOL-RJ) foi retirado à força pela Polícia Legislativa, após ocupar a Mesa Diretora em protesto, tornou-se rapidamente o fato político do dia e gerou forte mobilização nas redes sociais — e também muitas perguntas.  O protesto de Glauber, que questionava a pauta e as decisões da presidência da Casa, acabou ganhando contornos mais amplos ao inserir-se em um ambiente já carregado por disputas sobre liberdade de expressão parlamentar, cassações, anistias e o alcance das regras de decoro. O episódio ocorre em meio ao processo de cassação que o parlamentar enfrenta, sob acusação de quebra de decoro. Conforme vem sendo denunciado por aliados do deputado, trata-se de uma tentativa de silenciar um dos membros mais vocais da oposição de modo que a sua cassação simboliza um movimento de cerceamento político contra vozes críticas do governo ou da própria direção da Ca...

4 de dezembro: memória, fé e o legado da intolerância religiosa

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  No dia   4 de dezembro , somos lembrados de três marcos históricos — distintos em seu contexto, mas unidos pelo seu significado profundo: a esperança de fé, o martírio e, sobretudo, a violência da intolerância religiosa.  A data evoca a memória da  Santa Bárbara de Nicomédia  — mártir do cristianismo —, remonta às tragédias da Primeira Cruzada com a conquista de Sídon (1110) e converge com o exílio imposto a comunidades judaicas e muçulmanas na Portugal de 1496.  Revisitar esses episódios e conectá-los aos dias de hoje ajuda a colocar em perspectiva os ciclos de fé, violência e resistência — e a lembrar da urgência da tolerância religiosa. 🕯️ Santa Bárbara: fé, martírio e significado simbólico Segundo a tradição cristã, Santa Bárbara nasceu em Nicomédia (atual Turquia) por volta do ano 280 d.C. Era filha única de um homem pagão chamado Dióscoro, que, temendo pela segurança dela, a enclausurou em uma torre. Lá, Bárbara se converteu ao cristianis...

🚦 O que muda com a nova regra do Contran?!

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A resolução aprovada pelo Contran em dezembro de 2025 retira a obrigatoriedade de frequentar uma autoescola (Centro de Formação de Condutores — CFC) para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).  Eis as principais alterações: - O curso teórico passará a ser oferecido gratuitamente em formato digital.  - A carga mínima de aulas práticas cai de 20 horas para apenas 2 horas.  - O candidato poderá se preparar por diversos caminhos: não apenas via autoescolas tradicionais, mas também com instrutores autônomos credenciados pelos Detrans, preparações “personalizadas” ou mesmo veículo próprio para aulas práticas.  Mesmo com as mudanças, permanecem obrigatórias as provas teórica e prática, além de exames médico e biométrico.  O objetivo declarado pelo órgão é reduzir em até 80% o custo da habilitação, tornando a CNH mais acessível a jovens, trabalhadores de baixa renda, moradores de regiões remotas e motoristas profissionais nas categorias C, D e E.  O no...

José Afonso da Silva — um legado para o Direito e a democracia

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  José Afonso da Silva nasceu no interior de Minas Gerais, em uma pequena fazenda, sendo o segundo de treze irmãos. Sua vida, marcada desde cedo por dificuldades e escolhas humildes, revela uma determinação invencível: ainda jovem, trabalhou como padeiro, mecânico, garimpeiro e alfaiate para poder estudar, mostrando que o sonho de tornar-se jurista não era fruto de privilégio, mas de persistência.  Mudou-se para São Paulo aos 22 anos, completou os estudos por meio do supletivo e, aos 28 anos, ingressou na tradicional Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), onde formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais — marco inicial de uma trajetória cujo impacto ultrapassaria gerações.  Pilar do constitucionalismo brasileiro A trajetória pública de José Afonso é plural: foi advogado, oficial de justiça, procurador do Estado de São Paulo, ocupou cargos administrativos, como chefe de gabinete da Secretaria do Interior e assessor da Secretaria de Segurança, e chegou a ser...

Novembro de 1910 – Quando a chibata virou símbolo de resistência

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Há exatos 115 anos, o Brasil assistiu a um dos episódios mais marcantes da luta por dignidade e direitos humanos em sua história naval: a Revolta da Chibata. Liderada pelo destemido João Cândido Felisberto (1880 - 1969), marinheiro negro, o movimento denunciou os castigos físicos, como o uso da chibata, impostos a marinheiros, a maioria descendentes de africanos, que enfrentavam condições de extrema exploração, fome e humilhação diária. João Cândido tornou-se símbolo de coragem e resistência, mostrando que a luta pela igualdade e respeito à vida humana pode nascer mesmo nas circunstâncias mais adversas. A revolta começou no dia 22 de novembro de 1910, quando os marinheiros do encouraçado Minas Geraes se rebelaram contra os castigos violentos. Durante os quatro dias seguintes, o movimento se espalhou por outros navios da esquadra e tomou força suficiente para exigir mudanças concretas: o fim das punições físicas e melhores condições de trabalho. Apesar de inicialmente bem-sucedidos, os...