sábado, 22 de novembro de 2025

Novembro de 1910 – Quando a chibata virou símbolo de resistência



Há exatos 115 anos, o Brasil assistiu a um dos episódios mais marcantes da luta por dignidade e direitos humanos em sua história naval: a Revolta da Chibata. Liderada pelo destemido João Cândido Felisberto (1880 - 1969), marinheiro negro, o movimento denunciou os castigos físicos, como o uso da chibata, impostos a marinheiros, a maioria descendentes de africanos, que enfrentavam condições de extrema exploração, fome e humilhação diária. João Cândido tornou-se símbolo de coragem e resistência, mostrando que a luta pela igualdade e respeito à vida humana pode nascer mesmo nas circunstâncias mais adversas.


A revolta começou no dia 22 de novembro de 1910, quando os marinheiros do encouraçado Minas Geraes se rebelaram contra os castigos violentos. Durante os quatro dias seguintes, o movimento se espalhou por outros navios da esquadra e tomou força suficiente para exigir mudanças concretas: o fim das punições físicas e melhores condições de trabalho. Apesar de inicialmente bem-sucedidos, os líderes, incluindo João Cândido, enfrentaram traições e represálias, com muitos sendo presos ou perseguidos. Mas a coragem daqueles dias permanece viva como exemplo de resistência contra a injustiça.


Essa história de bravura e luta ressoa profundamente com a Semana da Consciência Negra, lembrando-nos que a luta por igualdade racial e direitos humanos é contínua e necessária. João Cândido não lutou apenas por si, mas por todos aqueles que eram silenciados e oprimidos, e sua coragem inspira até hoje movimentos por justiça social no Brasil.


Salve o Almirante Negro!


💭 Nota pessoal: Meu bisavô, Francisco Ancora da Luz (1883-1951), pai do meu avô paterno, era oficial da Marinha naqueles tempos. Segundo alguns relatos familiares, ele teve a oportunidade de conhecer João Cândido e concordava com seu movimento. É de grande honra para a nossa família que a estátua de João Cândido esteja atualmente na Praça Marechal Ancora, logradouro do Centro do Rio, próximo à Praça XV, que homenageia outro ancestral nosso mais antigo, porém oriundo do Exército, simbolizando a conexão entre coragem, memória e legado familiar.


📷: Registro do líder da Revolta da Chibata, João Cândido (primeira fileira, à esquerda do homem de terno escuro), com repórteres, oficiais e marinheiros a bordo do Minas Geraes em 26 de novembro de 1910.

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