No Dia da Bandeira, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) retomou uma proposta de enorme significado simbólico e político: o Projeto de Lei n.° 5.883/2025, que propõe incluir a palavra “Amor” no lema da bandeira nacional, transformando o famoso “Ordem e Progresso” em “Amor, Ordem e Progresso”.
Para muitos, a bandeira é apenas um símbolo visual, algo de cerimônia. Porém, há momentos em que ela pode — e deve — nos lembrar de ideais mais profundos.
O projeto do deputado Alencar é exatamente isso: não se trata de uma simples reformulação estética, mas de resgate de uma filosofia original, a do positivismo comtiano, onde “amor por princípio” não era uma frase de efeito, mas a base moral de uma visão de mundo.
Aqui no meu blog, na postagem Protejam o vermelho e o verde no Brasil!, de 12/02/2024, já escrevi sobre a importância de preservar e ressignificar nosso símbolo maior — de enxergá-lo como algo vivo, mais do que histórico. Daí citei o samba do Salgueiro daquele ano, o qual expressou uma possível visão dos excluídos povos indígenas:
"Antes da sua bandeira, meu vermelho deu o tom
Somos parte de quem parte, feito Bruno e Dom
Kopenawas pela terra, nessa guerra sem um cesso
Não queremos sua ordem, nem o seu progresso"
Sem dúvida, o corajoso projeto legislativo do nobre parlamentar é um convite ao respeito, ao pertencimento, à diversidade simbólica de quem somos como povo.
Incluir “amor” no lema nacional seria reafirmar que a nossa pátria tem vocação para cuidar, para se importar, para amar — até na sua concepção mais simbólica.
O PL n.° 5.883/2025, portanto, é também um ato de esperança. Em tempos difíceis — com polarização, desigualdades profundas, crises sociais — reafirmar que o amor está no princípio daquilo que nos une é uma declaração de fé no Brasil. Ordem e progresso sem amor são vazios; com amor, ganham sentido.
Além do mais, a proposta não surge do nada: ela dialoga com vozes históricas, como a de Jards Macalé, músico que defendia essa visão full do positivismo. E já teve apoio no passado, por exemplo, do senador Eduardo Suplicy.
Por tudo isso, acredito que apoiar o PL 5.883/2025 não é apenas propor uma mudança de lema. É apoiar um Brasil mais ético, fraterno e comprometido com a dignidade humana. É mostrar que símbolos nacionais não são coisa do passado — podem ser instrumentos de transformação.

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