O clamor da ministra pela serenidade

Nesta segunda-feira (02/04), a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), gravou um pronunciamento de 3 minutos e 18 segundos no qual defendeu o "fortalecimento da democracia", afirmando sobre a necessidade de "se respeitar opiniões diferentes" e pediu "serenidade" a fim de que diferenças ideológicas não resultem em "desordem social". 

Embora a sua assessoria não haja informado qual a motivação do comunicado da ministra ao país, pode-se perfeitamente presumir que tudo o que Carmen Lúcia disse tem a ver com o polêmico julgamento do habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cujo desfecho, por certo, não poderá agradar a uma nação hoje dividida.

De qualquer modo, vale a pena refletirmos sobre o que disse a presidente da mais alta Corte de Justiça deste país pois, afinal, os dias não têm sido lá muito favoráveis para o cultivo da tolerância depois que as redes sociais de internet promoveram a bipolarização da sociedade pela radicalização do debate. 

Com a palavra, a nossa excelentíssima ministra:



A democracia brasileira é fruto da luta de muitos. E fora da democracia não há respeito ao direito nem esperança de justiça e ética.

Vivemos tempos de intolerância e de intransigência contra pessoas e instituições.

Por isso mesmo, este é um tempo em que se há de pedir serenidade.

Serenidade para que as diferenças ideológicas não sejam fonte de desordem social.

Serenidade para se romper com o quadro de violência. Violência não é justiça. Violência é vingança e incivilidade.

Serenidade há de se pedir para que as pessoas possam expor suas ideias e posições, de forma legítima e pacífica.

Somos um povo, formamos uma nação. O fortalecimento da democracia brasileira depende da coesão cívica para a convivência tranquila de todos. Há que serem respeitadas opiniões diferentes.

Problemas resolvem-se com racionalidade, competência, equilíbrio e respeito aos direitos. Superam-se dificuldades fortalecendo-se os valores morais, sociais e jurídicos. Problemas resolvem-se garantindo-se a observância da Constituição, papel fundamental e conferido ao Poder Judiciário, que o vem cumprindo com rigor.

Gerações de brasileiros ajudaram a construir uma sociedade, que se pretende livre, justa e solidária. Nela não podem persistir agravos e insultos contra pessoas e instituições pela só circunstância de se terem ideias e práticas próprias. Diferenças ideológicas não podem ser inimizades sociais. A liberdade democrática há de ser exercida sempre com respeito ao outro.

A efetividade dos direitos conquistados pelos cidadãos brasileiros exige garantia de liberdade para exposição de ideias e posições plurais, algumas mesmo contrárias. Repito: há que se respeitar opiniões diferentes. O sentimento de brasilidade deve sobrepor-se a ressentimentos ou interesses que não sejam aqueles do bem comum a todos os brasileiros.

A República brasileira é construção dos seus cidadãos.

A pátria merece respeito. O Brasil é cada cidadão a ser honrado em seus direitos, garantindo-se a integridade das instituições, responsável por assegurá-los.

OBS: Créditos autorais da imagem acima atribuídos a Marcelo Camargo/Arquivo/Agência  Brasil, conforme extraído de http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2018-04/em-pronunciamento-na-tv-carmen-lucia-destacara-tempos-de-intolerancia-no

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