Mulher: O que a fez esquecer do prazer?



Por Antar Vartan

A herança da criação patriarcal repressora e religiosa faz muitas mulheres não se importarem com o prazer obtido através de seus corpos.

A sensibilidade feminina tende a ficar em segundo plano até mesmo nos relacionamentos duradouros. Talvez por acumular afazeres domésticos, maternidade e todas os cuidados exigidos pelo estereótipo de vaidade aos quais a mulher passou a acreditar, o tempo tenha ficado curto no que diz respeito ao prazer feminino.

O corpo da mulher pode ser mutilado sem culpa e nem cerimônia, como nas intervenções cirúrgicas durante o parto, onde a fisiologia do corpo possui todos os recursos necessários para cumprir o objetivo de parir - na grande maioria dos casos.

Na antiguidade muitas mulheres foram obrigadas a utilizar o cinto de castidade. Um aparelho que envolvia a cintura pélvica feminina e possuía um cadeado que o marido trancava em sua ausência, para garantir que sua propriedade não fosse violada. Durante a ausência do marido a mulher não podia fazer a higiene de seu genital.

Tais abusos criaram o registro cultural da submissão criando o histórico da dependência masculina. O homem tinha o direito instituído de exercer a violência sobre o corpo feminino implementando sobre ele o registro da dor.

O corpo feminino serviu aos interesses masculinos e poucas mulheres foram além do que a selvageria masculina permitiu. Exceto as transgressoras que ousaram se tocar, viajar, estudar, trabalhar, não aceitar o casamento arranjado, dirigir, votar, ou seja, romper as correntes e superar as barreiras que limitavam o acesso ao prazer de viver.

Por causa da posse masculina sobre o corpo feminino, a genitália da mulher era conhecida apenas por sua função reprodutiva. Até pouco tempo não se conhecia as estruturas do genital feminino e seu potencial imenso de fornecer o prazer a mulher.

O sexo penetrativo condiciona as mulheres aos limites orgásmicos do homem. Já que a maioria dos homens se limitam a ter uma relação sexual com o objetivo da ejaculação e esta acontece com bastante rapidez, muitas mulheres não chegam ao orgasmo e acreditam ser normal. Aquelas que chegam ao orgasmo, não conhecem mais que um ou dois, por conta da impotência de alguns parceiros.

Sendo assim, poucas mulheres conhecem o potencial multi-orgástico do seu corpo, já que a cultura repressora limitou os estudos da anatomia do corpo feminino a função reprodutiva e a religião castrou a chance de homens e mulheres de se conhecerem, fazendo entender as manobras sexuais além do coito penetrativo como pecado.

Em tempos de internet wifi com acesso pelo celular, a limitação do acesso  a informação já não pode ser desculpa para perpetuar situações desconfortáveis. O prazer da mulher é pessoal e intransferível, podendo apenas ser compartilhado.

(*) Antar Vartan é terapeuta tântrico, renascedor e instrutor de cursos individuais e em grupo de Massagem Tântrica.

OBS: Artigo divulgado via e-mail pela Rede Metamorfose sendo que a imagem acima trata-se de uma reprodução do quadro Moments of Pleasure, do artista israelense de origem bielorrussa Leonid Afremov.

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