Os mais de quatro séculos e meio de história do Rio podem ser entendidos e contados das mais diversas maneiras, conforme o olhar valorativo de cada um...
Há exatos 460 anos, mais precisamente em 1° de março de 1565, o militar português Estácio de Sá lançava os fundamentos da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em homenagem ao rei Dom Sebastião I. Logicamente que a história da região que, há milênios era habitada por indígenas (os últimos foram os tupinambás), não começou ali, embora possamos dizer que a cidade sim.
Estácio de Sá é considerado o primeiro governador-geral da Capitania do Rio de Janeiro. Era, portanto, um agente do governo colonial e que atuava em defesa dos interesses da Coroa portuguesa, o que não o torna herói na perspectiva de um indígena, apesar da luta com bravura pela expulsão dos franceses, já instalados na Baía de Guanabara cerca de dez anos antes.
Certamente não temos necessidade nenhuma de apagar a imagem do Estácio de Sá, mas apenas de compreendermos o início violento de uma cidade. Aliás, um começo genocida que tomou dos indígenas Uruçu-mirim, a atual Praia do Flamengo, e Paranapuã, que era o nome da Ilha do Governador.
Com grande e enorme prestígio, eis que, por mais um século, várias gerações da família Sá governaram o Rio de Janeiro repetidas vezes. Isso ocorreu num período em que a economia da Capitania era baseada no cultivo da cana de açúcar com os engenhos se expandindo pelo litoral fluminense e, obviamente, suprimindo a vegetação nativa, fazendo uso da mão de obra escravizada.
Podemos dizer que o século XVIII trouxe mudanças significativas para o Rio de Janeiro. Devido ao ciclo do ouro, a cidade ganhou uma importância geopolítica maior para o Império português em razão de sua proximidade das Minas Gerais.
Em 1763, o então primeiro ministro de Portugal, Marquês de Pombal, transferiu a capital de Salvador para o Rio. Assim sendo, a cidade passou a ser sucessivamente governada pelo vice-reis, o que durou até à chegada da família real, em 1808.
Indubitavelmente, tudo isso gerou uma evolução cada vez maior no Rio, embora a cidade continuasse desigual, injusta e ambientalmente maltratada. Além de se tornar a capital de Portugal por alguns anos durante a estadia de D. João VI no Brasil, o Rio foi também a sede do governo imperial brasileiro em todo o período monárquico, isto é, desde a Independência (1822) até à Proclamação da República (1889).
Fomos um dos principais destinos do tráfico de escravizados que desembarcavam no cais do Valongo e o lugar de martírio de muitos revoltosos, inclusive do Tiradentes, sendo que o Rio de Janeiro passou a ter também graves problemas habitacionais ainda na primeira metade do século XIX. Devido ao crescimento demográfico, parte da população passou a viver em cortiços sendo que o carioca convivia também com a falta de água.
Uma das causas dos transtornos que há tempos assola o Rio seria a bem assolando nas políticas públicas, realidade que o período republicano não foi capaz de mudar. Aliás, a destruição dos cortiços e a política urbanista do bota-abaixo do Pereira Passos só contribuíram para que houvesse mais favelização.
Assim sendo, o século XX testemunhou o surgimento de novos problemas para os cariocas como o trânsito congestionado, transportes públicos lotados, poluição em vários aspectos e o aumento da violência. A população continuou aumentando até os anos 2000 e as políticas públicas não atenderam as demandas atuais e futuras, apesar do trem, do metrô, das barcas, do aumento do policiamento, da abertura de novas vias, etc.
Contudo, nas últimas décadas, o crescimento da população do Rio de Janeiro tem diminuído. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população do Rio de Janeiro cresceu a uma taxa média anual de 0,8% entre 2010 e 2020, o que é algo relativamente baixo em comparação com outras cidades brasileiras.
Além do mais, a população carioca tem envelhecido, o que também contribui para a diminuição do crescimento populacional. E, segundo os dados do IBGE, a proporção de pessoas com 65 anos ou mais aumentou de 10,4% em 2010 para 14,1% em 2020.
De qualquer modo, apesar da diminuição do crescimento populacional, os problemas habitacionais no Rio de Janeiro ainda persistem, especialmente em áreas precárias e ocupações informais. E isso realmente está sendo um grande desafio para o atual governo municipal do prefeito Eduardo Paes que hoje se encontro no exercício de um quarto mandato.
A meu ver, tanto a gestão do César Maia quanto do Eduardo marcam um momento de adoção de políticas públicas sérias em âmbito municipal, embora não se possa negar as contribuições dos dois governos Brizola e as ajudas do governo federal atraves das administrações de Lula e Dilma.
Confesso que sou otimista e acredito num futuro melhor para o Rio, apostando na continuidade de um trabalho em parceria do município com outros entes federados. Daí a importância atual do prefeito Eduardo Paes nesse cenário tão importante de revitalização da área central da cidade, de expansão do BRT, do incentivo à cultura e ao turismo, de promoção de uma educação de qualidade, de políticas de inclusão social e de integração das áreas favelizadas.
Portanto, em que pese um passado injusto e omisso na história do Rio, acredito num futuro promissor com mais qualidade de vida para a população carioca.
Sejamos otimistas e jamais nos esqueçamos dos pontos positivos da realidade atual.
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