Bendito Bolsa Família!



"Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos." (Paulo de Tarso)
No artigo anterior deste blogue, intitulado Misantropia, escrito pelo sr. Altamirando Macedo, percebi que a discussão nos comentários entre mim e o autor acabou recaindo num antigo debate sobre fracos e fortes. Ao finalizar seu texto, após tratado da questão ecológica, o ilustre colaborador do site assim havia concluído: "E nós estamos financiando a reprodução de párias e a superlotação de presídios". Todo seu pensamento ficou exposto nas réplicas seguintes às críticas que fiz quando ele chegou a defender políticas de exclusão social "pela inutilidade", atacando, obviamente, o bem sucedido programa do governo federal que se chama Bolsa Família.

Não há como negar o papel histórico do cristianismo em ter reforçado no mundo a importância da assistência que, até às políticas públicas mais contemporâneas, era costumeiramente prestada aos necessitados por meio de atos generosos dentro da própria sociedade. Ou seja, através da família, dos amigos e da Igreja, as pessoas em situação de vulnerabilidade recebiam sustento dos que se encontravam em condições melhores. Praticar a caridade para com quem nada possuía, sem ter como prover seu sustento, tratava-se de uma questão moral em que muitos sentiam-se, no mínimo, constrangidos a distribuir esmolas.

Cerca de 1200 anos antes de Jesus, ou mais, a legislação mosaica já determinava o apoio aos mais pobres, estabelecendo o basilar princípio "viva o teu irmão contigo", cuidando especificamente da assistência entre os entes dentro da própria sociedade:

"Se o teu irmão empobrecer, e as suas forças decaírem, então, sustenta-lo-ás. Como estrangeiro e peregrino ele viverá contigo. Não receberás dele juros nem ganho; teme, porém, ao teu Deus, para que viva o teu irmão contigo. (Lv 25: 35-36) - destaquei

Na atualidade, pode-se afirmar que os contribuintes se vêem desobrigados a prestar apoio econômico a um desconhecido já que consideram suficiente o pagamento dos impostos. Entretanto, percebo o quanto as pessoas abastadas da classe média e das elites criticam egoisticamente os programas oficiais de assistência como se estivessem financiando a perpetuação dos problemas sociais. Principalmente em relação ao Bolsa Família! Querem que os recursos estatais sejam destinados para ações que lhes interessam ao invés de se contemplar as necessidades da maioria. Isto quando não pretendem enfraquecer a arrecadação tributária até hoje um instrumento indispensável para o custeio de políticas justas em em prol do desfavorecido.

Para um melhor esclarecimento, vale a pena lermos a entrevista da digníssima socióloga Walquíria Leão Rego, de 67 anos, a qual escreveu o livro Vozes do Bolsa Família juntamente com o filósofo italiano Alessandro Pinzani. Ela afirma que, dez anos após sua implantação, o Bolsa Família mudou a vida nos rincões mais pobres do país. Durante cinco anos, entre 2006 e 2011, a dupla realizou entrevistas com os beneficiários e percorreu lugares como o Vale do Jequitinhonha (MG), o sertão alagoano, o interior do Maranhão, Piauí e Recife. Queriam investigar o "poder liberatório do dinheiro" provocado pelo programa. Sendo professora de teoria da cidadania na Unicamp, Walquíria defende que o Bolsa Família "é o início de uma democratização real" do país. Vamos então ao que essa ilustre pensadora brasileira respondeu à imprensa:

Folha - Como explicar o pânico recente no Bolsa Família? Qual o impacto do programa nas regiões onde a sra. pesquisou?

Walquiria Leão Rego - Enorme. Basta ver que um boato fez correr um milhão de pessoas. Isso se espalha pelos radialistas de interior. Elas [as pessoas] são muito frágeis. Certamente entraram em absoluto desespero. Poderia ter gerado coisas até mais violentas. Foi de uma crueldade desmesurada. Foi espalhado o pânico entre pessoas que não têm defesa. Uma coisa foi a medida administrativa da CEF (Caixa Econômica Federal). Outra coisa é o que a policia tem que descobrir: onde começou o boato. Fiquei estupefata. Quem fez isso não tem nem compaixão. Nossa elite é muito cruel. Não estou dizendo que foi a elite, porque seria uma leviandade.

Folha - Como assim?

Walquiria - Tem uma crueldade no modo como as pessoas falam dos pobres. Daí aparecem os adolescentes que esfaqueiam mendigos e queimam índios. Há uma crueldade social, uma sociedade com desigualdades tão profundas e tão antigas. Não se olha o outro como um concidadão, mas como se fosse uma espécie de sub-humanidade. Certamente essa crueldade vem da escravidão. Nenhum país tem mais de três séculos de escravidão impunemente.

F - Qual o impacto do Bolsa Família nas relações familiares?

W - Ocorreram transformações nelas mesmas. De repente se ganha uma certa dignidade na vida, algo que nunca se teve, que é a regularidade de uma renda. Se ganha uma segurança maior e respeitabilidade. Houve também um impacto econômico e comercial muito grande. Elas são boas pagadoras e aprenderam a gerir o dinheiro após dez anos de experiência. Não acho que resolveu o problema. Mas é o início de uma democratização real, da democratização da democracia brasileira. É inaceitável uma pessoa se considerar um democrata e achar que não tenha nada a ver com um concidadão que esteja ali caído na rua. Essa é uma questão pública da maior importância.

F - O Bolsa Família deveria entrar na Constituição?

W - A constitucionalização do Bolsa Família precisava ser feita urgentemente. E a renda tem que ser maior. Esse é um programa barato, 0,5% do PIB. Acho, também, que as pessoas têm direito à renda básica. Tem que ser uma política de Estado, que nenhum governo possa dizer que não tem mais recurso. Mas qualquer política distributiva mexe com interesses poderosos.

F - A sra. poderia explicar melhor?

W - Isso é histórico. A elite brasileira acha que o Estado é para ela, que não pode ter esse negócio de dar dinheiro para pobre. Além de o Bolsa Família entrar na Constituição, é preciso ter outras políticas complementares, políticas culturais específicas. É preciso ter uma escola pensada para aquela população. É preciso ter outra televisão, pois essa é a pior possível, não ajuda a desfazer preconceitos. É preciso organizar um conjunto de políticas articuladas para formar cidadãos.

F - A sra. quer dizer que a ascensão é só de consumidores?

W - As pessoas quando saem desse nível de pobreza não se transformam só em consumidores. A gente se engana. Uma pesquisadora sobre o programa Luz para Todos, no Vale do Jequitinhonha, perguntou para um senhor o que mais o tinha impactado com a chegada da luz. A pesquisadora, com seu preconceito de classe média, já estava pronta para escrever: fui comprar uma televisão. Mas o senhor disse: 'A coisa que mais me impactou foi ver pela primeira vez o rosto dos meus filhos dormindo; eu nunca tinha visto'. Essa delicadeza... a gente se surpreende muito.

F - O que a surpreendeu na sua pesquisa?

W - Quando vi a alegria que sentiam de poder partilhar uma comida que era deles, que não tinha sido pedida. Não tinham passado pela humilhação de pedi-la; foram lá e compraram. Crianças que comeram macarrão com salsicha pela primeira vez. É muito preconceituoso dizer que só querem consumir. A distância entre nós é tão grande que a gente não pode imaginar. A carência lá é tão absurda. Aprendi que pode ser uma grande experiência tomar água gelada.

F - Li que a sra. teria apurado que o Bolsa Família, ao tornar as mulheres mais independentes, estava provocando separações, uma revolução feminina. Mas não encontrei isso no livro. O que é fato?

W - É só conhecer um pouco o país para saber que não poderia haver entre essas mulheres uma revolução feminista. É difícil para elas mudar as relações conjugais. Elas são mais autônomas com a Bolsa? São. Elas nunca tiveram dinheiro e passaram a ter, são titulares do cartão, têm a senha. Elas têm uma moralidade muito forte: compram primeiro a comida para as crianças. Depois, se sobrar, compram colchão, televisão. É ainda muito difícil falar da vida pessoal. Uma ou outra me disse que tinha vontade de se separar. Há o problema de alcoolismo. Esses processos no Brasil são muito longos. Em São Paulo é comum a separação; no sertão é incomum. A família em muitos lugares é ampliada, com sogra, mãe, cunhado vivendo muito próximos. Essa realidade não se desfaz.

F - Mas há indícios de mudança?

W - Indícios, sim. Certamente elas estão falando mais nesse assunto. Em 2006, não queriam falar de sentimentos privados. Em 2011, num povoado no sertão de Alagoas, me disseram que tinha havido cinco casos de separação. Perguntei as razões. Uma me disse: 'Aquela se apaixonou pelo marido da vizinha'. Perguntei para outra. Ela disse: 'Pensando bem, acho que a bolsa nos dá mais coragem'. Disso daí deduzir que há um movimento feminista, meu deus do céu, é quase cruel. Não sei se dá para fazer essa relação tão automática do Bolsa com a transformação delas em mulheres mais independentes. Certamente são mais independentes, como qualquer pessoa que não tinha nada e passa a ter uma renda. Um homem também. Mas há censuras internas, tem a religião. As coisas são muito mais espessas do que a gente imagina.

F - O machismo é muito forte?

W - Sim. E também dentro delas. Se o machismo é muito percebido em São Paulo, imagina quando no chamado Brasil profundo. Lá, os padrões familiares são muito rígidos. É comum se ouvir que a mulher saiu da escola porque o pai disse que ela não precisava aprender. Elas se casam muito cedo. Agora, como prevê a sociologia do dinheiro, elas estão muito contentes pela regularidade, pela estabilidade, pelo fato de poderem planejar minimamente a vida. Mas eu não avançaria numa hipótese de revolução sexual.

F - O Bolsa Família mexeu com o coronelismo?

W - Sim, enfraqueceu o coronelismo. O dinheiro vem no nome dela, com uma senha dela e é ela que vai ao banco; não tem que pedir para ninguém. É muito diferente se o governo entregasse o dinheiro ao prefeito. Num programa que envolve 54 milhões de pessoas, alguma coisa de vez em quando [acontece]. Mas a fraude é quase zero. O cadastro único é muito bem feito. Foi uma ação de Estado que enfraqueceu o coronelismo. Elas aprenderam a usar o 0800 e vão para o telefone público ligar para reclamar. Essa ideia de que é uma massa passiva de imbecis que não reagem é preconceito puro.

F - E a questão eleitoral?

W - O coronel perdeu peso porque ela adquiriu uma liberdade que não tinha. Não precisa ir ao prefeito. Pode pedir uma rua melhor, mas não comida, que era por ai que o coronelismo funcionava. Há resíduos culturais. Ela pode votar no prefeito da família tal, mas para presidente da República, não.

F - Esses votos são do Lula?

W - São. Até 2011, quando terminei a pesquisa, eram. Quando me perguntam por que Lula tem essa força, respondo: nunca paramos para estudar o peso da fala testemunhal. Todos sabem que ele passou fome, que é um homem do povo e que sabe o que é pobreza. A figura dele é muito forte. O lado ruim é que seja muito personalizado. Mas, também, existe uma identidade partidária, uma capilaridade do PT.

F - Há um argumento que diz que o Bolsa Família é como uma droga que torna o lulismo imbatível nas urnas. O que a sra. acha?

W - Isso é preconceito. A elite brasileira ignora o seu país e vai ficando dura, insensível. Sente aquele povo como sendo uma sub-humanidade. Imaginam que essas pessoas são idiotas. Por R$ 5 por mês eles compram uma parabólica usada. Cheguei uma vez numa casa e eles estavam vendo TV Senado. Perguntei o motivo. A resposta: 'A gente gosta porque tem alguma coisa para aprender'.

F - No livro a sra. cita muitos casos de mulheres que fizeram laqueadura. Como é isso?

W - O SUS (Sistema Único de Saúde) está fazendo a pedido delas. É o sonho maior. Aliás, outro preconceito é dizer que elas vão se encher de filhos para aumentar o Bolsa Família. É supor que sejam imbecis. O grande sonho é tomar a pílula ou fazer laqueadura.

F - A sra. afirma que é preconceito dizer que as pessoas vão para o Bolsa Família para não trabalhar. Por quê?

W - Nessas regiões não há emprego. Eles são chamados ocasionalmente para, por exemplo, colher feijão. É um trabalho sem nenhum direito e ganham menos que no Bolsa Família. Não há fábricas; só se vê terra cercada, com muitos eucaliptos. Os homens do Vale do Jequitinhonha vêm trabalhar aqui por salários aviltantes. Um fazendeiro disse para o meu marido que não conseguia mais homens para trabalhar por causa do Bolsa Família. Mas ele pagava R$ 20 por semana! O cara quer escravo. Paga uma miséria por um trabalho duro de 12, 16 horas, não assina carteira, é autoritário, e acha que as pessoas têm que se submeter a isso. E dizem que receber dinheiro do Estado é uma vergonha.

F - Há vontade de deixar o Bolsa Família?

W - Elas gostariam de ter emprego, salário, carteira assinada, férias, direitos. Há também uma pressão social. Ouvem dizer que estão acomodadas. Uma pesquisa feita em Itaboraí, no Rio de Janeiro, diz que lá elas têm vergonha de ter o cartão. São vistas como pobres coitadas que dependem do governo para viver, que são incapazes, vagabundas. Como em "Ralé", de Máximo Gorki, os pobres repetem a ideologia da elite. A miséria é muito dura.

F - A sra. escreve que o Bolsa Família é o inicio da superação da cultura de resignação? Será?

W - A cultura da resignação foi muito estudada e é tema da literatura: Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto, José Lins do Rego. Ela tem componente religioso: 'Deus quis assim'. E mescla elementos culturais: a espera da chuva, as promessas. Essa cultura da resignação foi rompida pelo Bolsa Família: a vida pode ser diferente, não é uma repetição. É a hipótese que eu levanto. Aparece uma coisa nova: é possível e é bom ter uma renda regular. É possível ter outra vida, não preciso ver meus filhos morrerem de fome, como minha mãe e minha vó viam. Esse sentimento de que o Brasil está vivendo uma coisa nova é muito real. Hoje se encontram negras médicas, dentistas, por causa do ProUni (Universidade para Todos). Depois de dez anos, o Bolsa Família tem mostrado que é possível melhorar de vida, aprender coisas novas. Não tem mais o 'Fabiano' [personagem de "Vidas Secas"], a vida não é tão seca mais. 

Inegavelmente, amigos, o Bolsa Família mudou a cara do Brasil e hoje inclui milhões de pessoas no país inteiro proporcionando a elas dignidade e condições reais de superação. Através de políticas públicas eficientes, será uma questão de tempo para nos tornarmos uma nação desenvolvida no prazo de algumas décadas.


OBS: Ilustração acima extraída da prefeitura de Oriente (SP), conforme consta em http://www.prefeituradeoriente.com.br/quase-50-familias-estao-irregulares-junto-ao-programa-bolsa-familia/

Comentários

Estamos discutindo o mesmo assunto olhando os resultados diametralmente opostos. Você defende os efeitos. No Brasil é o assistencialismo do Bolsa Família mas existem outros países que se preocupam com seus párias. ATÉ AÍ TUDO BEM! ... Eu também concordo. Agora, quero ver explicar isto para a natureza, quero ver você convencê-la a parar com a desertificação de terras férteis, assoreamento de rios, invasão do mar no continente, o desaparecimento das abelhas, a evolução dos vírus ou a desestabilização climática entre outros fenômenos naturais que tantas vítimas humanas causam á nossa espécie. Não me venha com desculpas esfarrapadas pondo a culpa em Deus, ele nada tem haver com isto pois é uma figura virtual e imaginária. A culpa é da nossa incompetência de gerir nossa existência com o que a natureza nos oferece. A água não é um recurso renovável, o oxigênio que respiramos depende de fontes que a superpopulação necessita destruir e poluir. Nossa diferênça está aí. Eu defendo o combate à causa, enquanto você defende a assistência ao efeito. Não defendo uma terceira guerra para dizimar 1/3 da população, não desejo o extermínio de presidiários em massa nem desejo qualquer meio violento através de sofrimento. Temos meios políticos e sociais para inibir a natalidade de indigentes através da infertilidade e da educação. Além do bem causado á natureza há o bônus da redução da violência, redução do analfabetismo, aumento na renda per capta e IDH. Ou adotamos medidas neste sentido ou a terra, quando não suportar mais estes parasitas, tome uma atitude e elimine a praga que seu Deus criou.
LACERDA disse…
Valeu, Rodrigo! Também já tinha reproduzido essa entrevista em meu blog (http://muriqui-lacerda.blogspot.com.br/2013/06/ainda-o-bolsa-familia.html). E apresentei o Bolsa Família da Alemanha (http://muriqui-lacerda.blogspot.com.br/2013/01/bolsa-familia-na-alemanha.html) para tentar convencer os preconceituosos.
Gostaria de ter a tua paciência para discutir comentários chauvinistas de quem se influenciou pela filosofia transumanista de Bertrand Zobrist, o louco personagem de Dan Brown no livro INFERNO.
Qualquer figura tem dois lados, um oposto e outro adjacente. O segundo você explicou bem no texto mas o primeiro você nem cita. Pois bem...
Eu trabalho há 50 anos competindo no mercado com profissionais de alto nível e tenho várias dificuldades para sanar meus compromissos financeiros vivendo numa classe média, talvez. Dois filhos, (dois) me consomem 70% do que eu ganho. Não estou choramingando, estou querendo dizer que gerar filhos é uma empreitada muito cara apesar das compensações. Sempre tiveram acesso a casa, carro alimentação digna e educação.Acho que foram bem criados. Hoje são, um engenheiro e uma dentista. São produtivas e desempenham papeis de importância social.
Agora o lado oposto do assistencialismo. "Um dos lados".
Uma moradora de rua que vive sob uma marquise engravida de um "sem teto" e passa a receber um auxílio gravidez para garantir a alimentação do feto que quando nasce recebe um "Bolsa Família" além do auxílio natalidade e se isto não acontecer é abandonado numa lata de lixo qualquer. Se o Auxílio for concedido, no próximo ano será mais uma gravidez desejada. Muitas aos vinte anos já são multíparas e sua única profissão é parir. Que futuro tem esta criança? Nascer já foi um ato de violência, descaso político, exclusão social e agressão ambiental. Muitas recebem mais para produzir indigentes que uma empregada doméstica para cuidar das pessoas.
Recebem assistência para gerar, nascer, se criar, frequentar escola e lhes são ofertado fundações casa para seus delitos. Quando maiores de idade e encarcerados recebem o "Bolsa Presídio" que é o seu diploma gerado com sucesso pela alfabetização do "Bolsa Família". Pois é Rodrigo, tudo tem dois lados, o bem e o mal, o iang e o ing, o preto e o branco, Deus e o Diabo. O governo tem dinheiro e interêsse em financiar a geração de párias mas não tem interêsse em educá~los. A primeira atitude lhe rende adeptos , na segunda lhe rende inimigos.
Diga-se de passagem,que, o "Bolsa Família" desenvolvido por Dona Ruth Cardoso não tinha o interesse de ser cabresto eleitoral. Uma parte da população, que realmente necessitava, tinha acesso. Mas a quadrilha petista desvirtuou o programa em prol de seus "companheiros".
Alguns leitores de ficção barata tem o hábito de homenagear pessoas com nomes de personagens literários copiando seus autores preferidos.
O que não me surpreende é um cidadão religioso, petista e discípulo da Dilma ser, também, apreciador de escritor herege, gay, usuário de maconha, e esquizofrênico que mistura realidade e ficção desnorteados. Os finais de seus livros são como as novelas da Globo. Aposto como assiste "Família".
Não sou ingênuo, fanático e, muito menos, convencido do sentimento de superioridade ao grupo que pertenço, haja visto que comungo e respiro o mesmo ar. Fui taxado de chauvinista por um cidadão que, por ignorância, desconhece a diferença entre chauvinismo e misantropia.Este ódio ao semelhante às vezes me acomete. Ressuscitaram o "cospe ácido" por desinformação, agora Chupa!...
LACERDA disse…
Nem todo chauvinista é misantropo, mas todo misantropo é chauvinista.
O ódio ao semelhante sempre acomete os fanáticos que têm aversão à sociedade em que vive. Isto já foi demonstrado nos comentários aqui e na postagem anterior.
Não assisto novelas, não sou religioso - sou um quase ateu, graças a Deus - não sou petista nem discípulo da Dilma, mas voto nela sim pelas políticas sociais que pratica.
Também, tenho dois filhos: dois dentistas e um também advogado. A minha vantagem é que eles não me consomem nem um centavo do que ganho. São absolutamente independentes do pai; e, como eu, podem sempre ajudar a quem mais precisa. Temos muitos amigos, parentes e conhecidos necessitados que merecem a nossa ajuda.
Minha ignorância não chega ao ponto de querer eliminar esta parte da sociedade em que vivemos.
E chega, porque não tenho a paciência do Rodrigo para manter este diálogo inútil e deprimente.
Este comentário foi removido pelo autor.
"Consumiam". Analfabeto funcional também escreve o que não entende.
Na postagem anterior,"Misantropia", que deu motivos para o Rodrigo Pharnadzis da Luz publicar sobre o assistencialismo do Bolsa Família, eu tentei mostrar a preocupação das pessoas bem informadas quanto ao meio ambiente fadado ao colápso causado pelo excesso de consumo, degradação, poluição e desperdício. Ignorei que o tema fosse alheio á sala que está acostumada a discutir quem tem,ou não, direito ao céu. Tendo em vista o despertar de atenção.
Uma pena que elementos simpatizantes da escória social e defensor de improdutivos não enxerguem seu próprio umbigo e vivam no planeta sem saberem que ele existe. Agem assim com a certeza que irão para o céu e não se importam com os que pensam diferente vivam no inferno que eles também contribuíram para formar. Estes são os verdadeiros "porcos chauvinistas".
Bom dia, Altamirando.

Pelo que posso perceber, você erra em relação à "causa" de modo que está atribuindo um outro motivo aos problemas ambientais do planeta. Se quer combater a causa, vá em cima dos maiores poluidores, das empresas de petróleo, da mineração, da indústria automobilística e dos que consomem seus produtos, sendo certo que um sem-teto pouco se utiliza dos recursos naturais. Ou você conhece algum indigente que seja dono de uma Mercedes ou de um BMW?

Nos exemplos que citou acima, eis que, no primeiro caso, não há necessidade de assistência social. Seus filhos tiveram apoio econômico familiar para se formarem conforme consta em seu relato, sendo que, na segunda situação, faz-se necessário o apoio estatal.

Diga-se de passagem que inexiste o "bolsa presídio", mas sim um benefício previdenciário chamado de auxílio-reclusão. Este é diverso da assistência já que a Previdência Social é auto-financiada pelo contribuinte do INSS. Deste modo, a renda recebida pelos familiares dos condenados da Justiça não vem dos impostos que pagamos.

Você falou no programa da Dona Ruth Cardoso e eu lhe digo que aquilo foi só um começo das políticas públicas de assistência. Foi até tardio e bem tímido para enfrentar problemas sociais que são de longa data, originados desde a época da colonização e da escravidão, mas que têm se arrastado e se agravado por séculos de subdesenvolvimento. Contudo, como uma nação não pode retroceder, foi necessário que os gestores deste século começassem a ampliar e talvez ainda seja necessário progredirmos mais afim de alcançarmos um número maior de pessoas até que daqui umas duas gerações ocorra uma estabilização e a desnecessidade de algumas políticas públicas.

Entretanto, acho que consigo compreender a sua intolerância com o Bolsa Família, Altamirando. Como mesmo colocou, você se identifica com a classe média, a qual muitas das vezes pensa que é elite. Bem, se é este o seu caso, não sei, mas tenho o forte palpite de ter perdido a consciência de que também é explorado. Não pelos que chamou de "párias", mas pelos poderosos empresários e seus lacaios que sempre parasitaram a política brasileira, financiando figuras como FHC, o finado ACM, Sarney, Jader Barbalho e também os generais que comandaram o Brasil na época da ditadura.
Caro Lacerda.

Foi através do seu blog que cheguei à esclarecedora entrevista da socióloga Walquíria Leão. Lendo os argumentos e refletindo pude compreender mais ainda a importância dos programas de renda mínima, dos quais já era fã antes mesmo do Lula ser presidente. Aliás, já estava acompanhando o que o governo do PS andava fazendo em Portugal no final dos anos 90, país onde a proporção de miseráveis não se compara com o Brasil, apesar de também existir pobreza lá.

Compreendo sua impaciência já que nem sempre as pessoas têm uma abertura suficiente para reverem os conceitos que têm. Quer sejam ateus ou religiosos, os que se jugam donos da verdade acabam acomodando o próprio entendimento e se petrificam. Aí fica mesmo difícil e cansativo continuar dialogando quando deixa de haver racionalidade. Aliás, como tenho tentado mostrar ao Altamirando, ele erra quanto à "causa".

Agradeço pelo link sobre o "Bolsa Família" da Alemanha, a qual deve ser para nós uma referência não só no futebol como em outras coisas também.

Um abraço e participe sempre que desejar.
Eduardo Medeiros disse…
Um tema que merece discussões. Em minha pálida visão dos fatos, o bolsa-família é necessário, mas se não houver outros elementos atrelados a ele, torna-se apenas um indutor de votos. Não adianta dá dinheiro aos muito pobres se nada for feito de fato, para os tirar da extrema pobreza. O bolsa-família deveria ser apenas um começo. Por que o governo não cria um programa que realmente funcione para educar e qualificar os mais pobres? Por que nossas escolas públicas que são frequentadas pelos filhos dos mais pobres é inútil na tarefa de educar?

Se o bolsa-família for só dar dinheiro, ele é inútil para atacar as causas da extrema pobreza, e além disso, ele é imoral pois acaba tornando essa massa em eleitores perpétuos.

Mas concordo com o Rodrigo quando diz que os verdadeiros responsáveis pela destruição do planeta não são os "párias", são os grandes empresários que só visam o lucro; é esse nosso atual modelo de capitalismo que consome os recursos naturais de forma ávida e criminosa como se não houvesse amanhã. E se você parar, pra pensar, na verdade não há...(salve, RR)
Pena que meu linguajar seja intraduzível por desinteresse ou fanatismo político. Em nenhum momento eu excluí o topo da pirâmide social do crime ambiental. Talvez a elite seja a única camada social responsável por gerir mal seus recursos naturais e financeiros. A elite que detém o poder tem maior participação neste crime por não gerar oportunidades de emprego, renda e controle de natalidade. Esta classe social poeria melhorar a distribuição de renda, o nível intelectual e o IDH de seus governados. Mas não. Mascaram o incentivo a vagabundagem e a reprodução indiscriminada de indigentes com o programa Bolsa Família para garantir seguidores às custas de muito desperdício e peculato. Mas colocar a culpa em quem dorme do ar condicionado, passeia de "Mercedes" e faz viagens de férias no exterior, é fechar os olhos para os que jogam seus dejetos, móveis velhos e eletro domésticos nos canais que serpenteiam por seus bairros. É fechar os olhos para os que defecam em suas próprias camas. O problema é que, os que nada tem, já nascem odiando quem tem. A culpa é do patrão que lhe deu o emprego, e não do governo que não lhe facilitou a educação. O próximo texto eu escreverei em "Sânscrito".
Aviso aos navegantes: Minha mãe ainda é virgem, se possível eu gostaria que ela não fosse lembrada aqui....
Rodrigo, você leu o texto na íntegra? Eu não atribuí a culpa do crime ambiental a ninguém. Só dei uma solução simples sem causar prejuízo á sociedade e garantir uma sobrevida ao planeta. Me considero "Classe Média" simplesmente pelo fato de não necessitar de "Bolsas". Mas muito longe da elite.
Concordo que muitas vezes fui explorado por este capitalismo irrefreável. Principalmente por poderosos da elite política, mas nunca me senti tão desmoralizado e envergonhado como nos últimos doze anos. Mas este também não vem ao caso. A natureza ignora minha existência apesar de lhe causar menos mal do quem quem incendeia floresta ou joga seu sofá velho na vala do esgoto, sua vingança, também, me atingirá.
Prezado Eduardo,

Concordo que o Bolsa Família deva ser só o começo, mas é preciso considerar que ações já estão sendo feitas n sentido de educar e qualificar a população. Infelizmente, a escola básica encontra-se municipalizada e agente vê cada coisa absurda nas cidades interioranas e nas periferias das metrópoles. Prefeitos jogam a educação na lata de lixo e já vi por aí classes em zona rural com o mesmo professor dando aula para alunos de 1ª à 4ª séries ao mesmo tempo! E como se isto não bastasse, tem vezes que os jornais mostram coisas de arrepiar com materiais faltando, falta d'água, cadeiras quebradas, salas mofadas, etc. Aliás, foi o que a socióloga entrevistada pela Folha bem colocou:

"Além de o Bolsa Família entrar na Constituição, é preciso ter outras políticas complementares, políticas culturais específicas. É preciso ter uma escola pensada para aquela população. É preciso ter outra televisão, pois essa é a pior possível, não ajuda a desfazer preconceitos. É preciso organizar um conjunto de políticas articuladas para formar cidadãos"

Em tempo!

Faço a ressalva, Edu, de que não concordaria quanto à ideia de se incluir o Bolsa Família de maneira expressa na Constituição devido à existência do princípio da proibição de retrocesso social, implícito na Constituição brasileira de 1988, sendo uma norma decorrente do sistema jurídico-constitucional pátrio e que tem por escopo a vedação da supressão ou da redução de direitos fundamentais sociais, em níveis já alcançados e garantidos aos brasileiros.

A única possibilidade de que o Bolsa Família seja descontinuado seria diante da hipótese de ocorrer uma significativa melhora no quadro social brasileiro, de modo que a necessidade talvez dure várias décadas deste século
Boa noite, Altamirando.

Confesso que não compreendo a sua preocupação quanto à honra de sua mãe. Saiba que , embora eu tenha uma opinião contrária à sua, busco manter um nível respeitoso do debate procurando promover racionalidade nos meus interlocutores ao invés de apelar para a emoção, fazer xingamentos, etc. Saiba que não sou petista e nem anti-petista. Apenas exponho um posicionamento aqui que minha mente considera plausível.

Convido-o a abrir mais a mente e ver as políticas sociais sob uma perspectiva diferente da que tem ou prefere ter.

Um abraço.
Em tempo!

Além de não ser petista ou anti-petista, não me locomovo de Mercedes, exceto aquela grandona que tem um motorista e um trocador. E às vezes nem trocador tem mais. (rsrsrs) Isto porque a elite dona das concessões do transporte público anda obrigando os condutores a ter dupla função: dirigir o veículo e ainda cobrar a passagem. E isto graças aos ilustres prefeitos e vereadores das cidades, os maiores responsáveis pelo caos na mobilidade urbana.

Pior do que aqueles "que jogam seus dejetos, móveis velhos e eletro domésticos nos canais que serpenteiam por seus bairros" são os que jogam fora o dinheiro dos nossos impostos desviando verbas e investindo o dinheiro em benefício das elites retribuindo com muitos juros aos empresários os favores obtidos na campanha. Com toda sinceridade, são até pequenos e justificáveis os danos ecológicos decorrentes da falta de educação dos classes menos favorecidas, muitas das vezes sem contarem com os essenciais serviços de abastecimento. Há situações em que o pobre nem água tem na torneira, mas a conta chega assim mesmo nas suas residências.

Acorda, Altamirando!
Meu caro Rodrigo, nem de longe eu imaginei que você tivesse este comportamento. Eu quis fazer um alerta a alguns "manés" desprovidos de opinião própria que adentram na sala para ofender opiniões alheias ao seu intendimento por falta de entendimento. Jó o conheço de outros carnavais e sei que quando discorda, chuta o balde ou sai pela tangente. O pedido para não xingarem minha mãe não foi direcionado aos confrades que já me conhecem como "Cospe ácido".
Eu já tenho é medo de dormir. He, he, he. Rodrigo, você pôe a culpa nos automóveis de luxo como se a poluição por dióxido de carbono fosse sua exclusividade. Veja bem: Para quantos carros populares há uma Mercedes, BMW e Ferrari?
Você já parou para pensar que o agravamento do caos no trânsito das grandes cidades é uma causa política?
Você sabe que pode comprar um carro com uma entrada de um tostão e dividir o saldo devedor em seis anos?
Você conhece o percentual de carros adquiridos através destes financiamentos que entram em processo de busca e apreensão?
Você sabe quantos currais ou depósitos abarrotados de carros apreendidos pela polícia, Detran e prefeitura tem o Estado de São Paulo?
Você sabe qual a ocupação de UTIs hospitalares por vítimas de irresponsabilidades no trânsito?
Você sabe de quem é a culpa?
É, Rodrigo. Com certeza não sou eu que estou dormindo.
Caro Altamirando.

Por acaso você acha que sou fã da popularização do automóvel? Antes comemoro a cada aumento dos combustíveis, exceto pelo efeito inflacionário que isto gera na economia. A meu ver, o povo deveria andar mais de bicicleta e contar com um transporte público de qualidade. Nas metrópoles dos países ricos da Europa, a população está aprendendo a deixar o carro por mais tempo na garagem e muitos já nem têm mais automóvel. Em Cuba, são mais as autoridades e os médicos (estes suponho que por necessidade de atendimento) que se utilizam de veículo próprio automotor. Já no Brasil é o interesse das montadoras que influenciam o comportamento consumista das massas.

Contudo, não é o beneficiário do Bolsa Família e nem o mendigo que dorme debaixo da marquise quem vai comprar um carro financiado. Disso pode ter certeza...