Água e energia



Por Danilo Cabral*

Durante a última semana (de 18 a 23 de março) aconteceu, em Brasília, o Fórum Mundial da Água (FMA) e o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), reunindo movimentos sociais, sindicatos e ONGs que defendem a gratuidade da água. Ao todo, foram mais de 170 países representados nos dois eventos.

O ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho mostrou dados alarmantes sobre a situação da crise hídrica brasileira. Pelo menos 917 municípios brasileiros apresentam algum risco relacionado à falta d’água. Isso corresponde a 16% das cidades do país, ou seja, uma a cada seis. “A escassez e a insegurança hídrica não se reportam mais somente ao Nordeste. É fundamental que as intervenções passem para um nível federal, de maneira estruturante para todas as regiões do Brasil”, disse o ministro.

Isso ressalta, ainda mais, a importância desse bem público à sociedade. E diretamente ligado a isso, encontra-se a Eletrobras e suas subsidiárias (a Companhia Hidrelétrica do São Francisco – Chesf, Furnas Centrais Elétricas S.A. – Furnas, Companhia Hidrelétrica do Vale da Paraíba – Chevap e Termelétrica de Charqueadas (S.A. – Termochar). Sua relevância justifica-se, pois das dez maiores usinas hidrelétricas do país, nove são da Eletrobras, que detém 52% da capacidade de armazenamento em termos de reservatórios hídricos e 44% da capacidade de geração hidráulica no Brasil.

A Eletrobras foi e continua sendo a principal responsável por interligar as regiões mais remotas do país ao Sistema Interligado Nacional. A energia elétrica produzida é consumida por praticamente todos os brasileiros e não pode ser substituída. Com a privatização sugerida pelo governo já é certo que haverá um aumento na tarifa de energia em 16%, acarretando mais um prejuízo à população.

A maior obra, depois da própria Chesf é a transposição do São Francisco que deverá desempenhar um papel cada vez mais relevante para o desenvolvimento regional, através do uso múltiplo de sua água, podendo ultrapassar em termos econômicos, os benefícios associados à geração de energia elétrica. Hoje, a Companhia se apresenta como uma das maiores empresas do Brasil, com um robusto sistema de transmissão e um projeto de integração que assegura a oferta de água, até 2025 para 12 milhões de habitantes do Nordeste.

E tudo isso está ameaçado com a venda da Eletrobras. Essa privatização significa entregar à iniciativa privada toda riqueza pertencente ao nosso país. O Governo Temer quer vendê-la a preço de banana – R$ 12 bi, já anunciados. Uma empresa superavitária, que em 2016, segundo dados oficiais, apresentou um lucro de R$ 3,9 bilhões.
Seguiremos na luta contra a privatização da Eletrobras e a valorização da água, porque entendemos que ela é primordial para o desenvolvimento do país.

(*) Danilo Cabral é deputado federal pelo PSB-PE 

OBS: Artigo originalmente publicado em 26/3/2018 na Folha de Pernambuco

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