Tomado pela Razão

Por Edson Moura


Quando cheguei em casa, sentei-me numa cadeira ao lado da cama. Sentia-me superior a todos os outros mortais, como se de repente, tivesse alcançado de mim mesmo a indulgência por já não ter dezoito anos de idade. Como se a juventude, de supetão, já não tivesse valor. “Meus filhos dependem de mim, dependem de minha existência!”, pensei com uma vaidade que amargava em minha boca. 

Num momento de introspecção, vi e revi passagens de minha longa vida. Repeti para mim mesmo: “Dependem de mim!”. Senti-me sólido, como uma rocha de milhões de anos que sobrevivera até a ação dos mais impetuosos ventos. Achei-me até mesmo um pouco pesado. Depois, por instantes que pareceram uma eternidade, contemplei as paisagens que emergiam de meu subconsciente.

Era como se flutuasse, cheio de gritos mudos e de esperanças sem perspectivas, de brilhos sombrios, de figuras e de perfumes mortos, flutuava à margem do mundo, entre parênteses, inesquecível e definitivo, mais indestrutível do que um mineral, e nada, nada mesmo me podia impedir de ter sido algo ou alguém. Estava sofrendo uma metamorfose, talvez a última. Meu futuro coagulava como o sangue de um animal morto na estrada. Uma vida (pensei) é feita de um futuro projetado, como os corpos são feitos de os átomos e como a alma é cheia de um vácuo. Baixei um pouco a cabeça. Pensava na própria vida.

O futuro penetrara-me até à medula. Tudo em mim estava em suspenso. Os dias mais recuados da minha infância, o dia em que disse ser ateu, o dia em que disse: “Serei importante”, apareciam-me agora, como um futuro particular, como um minúsculo céu pessoal e bem desenhado em cima de mim, e esse futuro era eu, eu tal qual sou agora, cansado e amadurecido, talvez até um pouco apodrecido. 

Esses pensamentos tinham poder sobre mim agora, sem poder escolher em que pensar ou do que lembrar, minha mente castigava-me com remorsos esmagadores porque o meu presente, cético e negligente era agora o meu velho e aniquilado futuro dos tempos de meu passado. Era por esse futuro que eu tinha esperado mais de vinte anos? Era desse homem cansado, que uma criança dura exigira a realização de suas esperanças? Dependia desse coitado atual que os juramentos infantis permanecessem infantis para sempre? Ou seria este o sinal de que um destino de fato existe e não há nada que possamos fazer para fugir das engrenagens do tempo?

Meu passado sofria açoites sem trégua. Constantes retoques do presente. Cada dia vivido destruía um pouco mais os velhos sonhos de grandeza, e cada novo dia tinha novo futuro. As coisas não paravam de mudar, numa constante tão severa que dava calafrios olhar muito adiante, e ânsia ao tentar olhar para tudo. Com esse frenesi em minha mente, via tudo ao tempo em que não enxergava nada. De cena em cena, de imagem em imagem, de futuro em futuro minha vida deslizava rapidamente diante de meus olhos entreabertos, em direção a lugar nenhum. Olhando em direção ao nada. Pensei em Eunice. Estava jovem ainda, e a vida dela, como a minha, não fora senão uma espera. Existiu com certeza, num outono do passado, uma menina de cabelos ruivos, que jurara amar-me.

Ainda ontem, obscuro e vacilante, eu esperava encontrar o sentido do futuro, ainda ontem ela esperava viver comigo e ser amada um dia após o outro. Os momentos mais cheios, mais pesados, as noites de amor que lhe tinham parecido mais eternas, não passavam de esperas. Não havia tido que esperar. A morte desabaria sobre todas essas esperas algum dia, parando-as, aniquilando-as totalmente, se é que se pode aniquilar pela metade. Elas continuavam imóveis, mudas, sem objetivo, absurdas. Não tinha havido nada que esperar. Nunca ninguém saberia se eu teria afinal sido amada por Eunice. A pergunta não fazia sentido para mim agora. 

Eu estou morrendo, não há mais um gesto a fazer, nem uma carícia, nem uma prece, e prece não farei mesmo! Já nada há senão esperas de esperas, nada mais senão uma vida vazia, de cores confusas, e que se abatia sobre mim. “Se eu morresse hoje (pensei) ninguém saberia se estava realmente confuso ou se tinha ainda possibilidade de me salvar de mim mesmo”. Não saberiam se eu me sentia grande ou amado. Não saberiam absolutamente nada de mim, não deste Edson que sou agora. Não neste momento. Eles falariam de outro Edson, o Edson que muitos acreditam que conhecem.

De volta ao meu quarto, regressando de uma viagem estática, olhei novamente para a arma em minha mão. Que covarde que sou (pensei). Mesmo aniquilado pelo tempo, velho, pobre, fracassado e cansado, mesmo assim eu não ouso levar a cabo minha vontade. Pela centésima vez em cem dias eu desisto de morrer. Mas deve ser assim mesmo. Sou racional, sou um animal consciente, e é isso que a consciência faz do homem... Um covarde. Um covarde de 70 anos.

Edson Moura

Comentários

Edson Moura disse…
“Por que, e para que viver, se tudo acabará com a morte?” Quem nunca se fez esta pergunta? Devemos nos lembrar que para Heidegger, não podemos contar com a saída da crença em vida eterna, ou seja, imortalidade da alma, possibilidade dado pelos filósofos metafísicos tradicionais como Platão, Descartes, ou Leibniz.

Diante da angústia perante a desagradabilíssima e inevitável experiência da morte, o que não significa medo psicológico, depressão ou pensamento mórbido sobre a morte, temos duas saídas apenas: Uma existência autêntica dos que assumem essa angústia e aceitam sua finitude, voltando-se para um viver crítico, responsável e quem sabe livre. Se esta é a única vida que tenho, cabe somente a mim vivê-la em plenitude, a construí-la com os outros no mundo, sem medo, sem amarras, sem escravidão e mesquinharias.

A outra posição que um ser humano pode tomar diante dos pensamentos aterradores acerca de sua morte é o do homem inautêntico, que foge da angustia da morte, que nega a sua realidade por meio de mil subterfúgios, refugiando-se na impessoalidade, alienação religiosa e massificação. E por negar a angústia da morte, acaba por negar-se a si mesmo e a autenticidade de sua vida.
Edson Moura disse…
O ser humano vive sua existência como projeto, com suas infinitas possibilidades de realização no futuro, mas somente uma poderá ser sua escolha, que nunca é definitiva. A todo momento a liberdade humana é chamada a se posicionar, a se ajustar, mas sabendo que a própria liberdade não é um dado pronto e acabado. A liberdade se faz a cada momento que se coloca, a cada ato, livre ou não. Todavia o homem sabe que há uma “situação limite” colocada pela morte. E este é um fato do qual homem algum poderá escapar, fazendo surgir assim a angustia existencial e as tantas perguntas sobre o sentido de nossa existência.
O Provocador disse…
Podemos também falar de Epicuro, nascido na cidade de Samos, tornou-se discípulo de Demócrito com apenas quatorze anos de idade. Depois de muitas idas e vindas, instala-se em Atenas onde funda sua escola filosófica para homens e mulheres, que, como não podia deixar de ser, foi alvo de fofocas escandalosas. Epicurismo ou Hedonismo, tem como princípio de sua doutrina, pregar que a felicidade humana deve se basear na vivência do prazer, o que não significa desregramento ou, imoralidade. Para ele, o prazer devia ser regido pela razão, pelo equilíbrio, ou seja, a justa medida de Aristóteles.

Epicuro ensina seus discípulos a não temer a morte, pois pior seria viver para sempre e pior, viver em desgraça, miséria ou dor. Antecipar o pensamento de morte não vale à pena, pois o morrer, em si, não faz parte da vida. Será apenas um momento que, de repente nos conduzirá para outros horizontes ou para o nada. Assim como dormimos todas as noites e não percebemos como isso acontece, assim será a morte. Portanto, o que vale na vida de verdade, é procurar viver bem, desfrutar o que há de bom, viver intensamente cada instante, e estar com os amigos.
Edson Moura, no texto não entendi só o medo da morte, percebi a prestação de contas consigo mesmo de alguém que na vida não fez ao certo, seu dever de casa. Não fez jus a vida que levou e o salário do seu pecado não é a morte e sim, o suicidio como castigo. A morte não é um castigo, ela é uma conseqüência, a diferênça está no legado que deixamos. Uns passam pela vida como vermes, escafedendo-se por atalhos gerando malefícios. Muitos não fedem nem cheiram, passam pela vida sem perceberem ou serem percebidos e por nada sáo respnsáveis mas alguns são altruistas e deixam seus nomes na história por haver deixado algum legado a seus semelhantes. Mas todos vão para o mesmo céu, o mesmo inferno, para o nada ou voltarão.
Marcio Alves disse…
MIRANDINHA

Que "complexo de Aquiles" (LEVI, precisamos "tratar" o MIRANDINHA) é este que estais vivendo?? rsrsr

Quer dizer que a sua grande preocupação na vida é de ser lembrando??

Quero então deixar para sua reflexão e consolo, uma pequena parte de um texto que escrevi há dois anos atrás:
"A verdade também é que nossa falta como nossa não existência não faria como realmente não faz falta ao mundo, mesmo quando nós tentamos nos alto enganar dizendo que nossa vida faz sim, falta para nossos familiares e amigos, mas pense comigo: A vida também de seus familiares e amigos não fazem falta para o mundo, e, portanto, conseqüentemente, sua vida também continua não fazendo falta da mesma maneira ao mundo.

Outro drama de nossa existência é que nós inevitavelmente iremos todos morrer um dia, e junto de nossa morte, se perderá com ela as lembranças de que um dia existimos, pois mesmo que digamos que seremos lembrados pelas pessoas que nos amam, elas também irão morrer e com elas as lembranças de nós". (trecho extraido do texto postado por mim: http://outroevangelho.blogspot.com.br/2010/09/existencia-do-tragico-o-tragico-da.html)

Pense nisto MIRANDINHA, e viva sua vida por viver, sem cobranças e ideais de como se viver a vida, pois a "vida se vive vivendo".

Se bem que agora não adianta mais estes meus conselhos, porque você já esta na no "bico do urubu, Batendo a caçuleta, indo para o saco, Descendo a serra, Comendo capim pela raiz" kkkkkkkkkk

È brincadeira heim MIRANDINHA rsrsrs
Marcio Alves, não estou querendo ser lembrado e muito menos pelo mal feito. Eu não moro em São Paulo, vivo em terras planas e sei nadar, portanto não estou com o pé na cova. He, he, he... Bico do urubu, héin!?. Tenho 62 anos e ainda sou debutante baseando na longevidade familiar. Meu avô 93, meu pai 92 e os dois por falência múltipla. Minha mãe aos 84 está enxutona, acabou de fazer períneo. Ainda tenho mais uns trinta, que é a média do paulistano.
Não me atormento a pensar no futuro, se eu viver até lá, terei como guia esta mesma razão que sempre me orientou.
Edson Moura disse…
A grande questão é que, embora falemos de morte. morte pra cá, morte pra acolá, não somos totalmente honesto na maioria das vezes. O texto, subjetivo e adornado de poética, tenta mostrar que mesmo um ser que se diz resolvido sobre a questão, ainda hesita em findar sua existência. Seria a prova, e como percebemos pelo mundo afora, que ninguém é honesto o suficiente para querer chegar mais rápido onde todos os vivos querem chegar depois de mortos. No céu.

Então me pergunto: Pra que religião? Pra que crença no além vida, se não queremos largar esta? Quanta hipocrisia. Quanta crença sem um mínimo de fundamento. Possivelmente existe uma, digamos, seita, que priorize a questão da aceitação da morte. Não uma Seita suicida, mas uma que deixe seus fiéis à vontade para cogitarem seu fim. Sei lá, posso estar falando besteiras. Mas acho interessante.

Lembrados seremos, queiramos ou não. Nem que seja pelo coveiro que terá de desprender um pouco de suor para cavar a cova de um indigente. Seremos lembrados por termos sido inúteis também. Ou seja, por um momento, seja ele curto ou longo, seremos lembrados. É onde o Marcio acerta em sua colocação. Mesmo quando nossos entes lembram-se de nós com orgulho, sabemos que um dia eles também morreram, e com eles morreram as lembranças.

Mas então: Agonizar numa vida fracassada, ou abreviá-la com um tiro na boca? Particularmente, a opção 2 me é atrativa. Mas não para agora, aos 33 anos, e sim aos 70, que é o período em que o texto está inserido. Pois sei que, mesmo afundado em merda agora, ainda tenho tempo para mais uma tentativa de fuga, de luta.
Marcio Alves disse…
Já que esta uma epidemia colocar trechos de nossas postagens ou comentários antigos, para relembrarmos, e, de certa maneira colocarmos o "passado" para dialogar com o presente, vou usar de um trecho de um texto que escrevi e postei aqui há mais de um ano, que se não responde de maneira satisfatória e plena, a meu ver, responde parcialmente a estas questões levantadas pelo EDSON.

Segue abaixo um trecho da minha postagem:
"A conclusão que se chega é de que a vida é uma vontade cega de sempre querer viver!

Exemplo: Uma pessoa bem idosa, mesmo em fase de uma doença terminal, luta com toda sua vida, com todas suas forças em busca de viver e não morrer, mesmo quando não existem razões suficientes para isto, aliás, ela pode até achar algumas razões, mas como vimos em Schopenhauer, essas razões ou justificativas são secundarias e subseqüentes ao motor maior que nos impulsiona e guia: VONTADE!

Mesmo quando a pessoa se suicida, ela se suicida porque quer acabar não exatamente com sua vida, mas no fundo, o que ela quer e deseja mesmo é acabar e por fim ao seu sofrimento.

Por isso é que todo suicídio não é contrario a vida em si, mas contra alguma espécie de sofrimento e dor que a pessoa não suporta mais."(trecho da minha postagem http://outroevangelho.blogspot.com.br/2011/05/alguns-rabiscos-sobre-vontade-e.html)
Edson,

Se minha memoria não falha, os primeiros cristãos praticavam o suicidio, eram praticamente martires, a ponto de "provocar um leão para devora-lo inteiro" (li esse trecho de algum lugar...).
A ideia deles, era chegar o quanto antes na morada de cristo.
Depois de um tempo que os sacerdotes anunciaram que suicidio era pecado, e dai em diante poucos cometeram suicidio para chegar logo ao paraiso.
Marcio Alves disse…
TIAGO

Como termos certeza de que o premio que os martires aguardavam e buscavam era realmente "a morada de cristo" ao inves da gloria de ter os seus nomes para "sempre" lembrandos como verdadeiros herois?

Você já viu o filme "tróia" com Brand Pitter??
Pois lá tem justamente esta questão: viver uma vida "normal" como qualquer ser humano banal, e depois da morte ser completamente esquecido, ou morrer como um heroi e ser para sempre lembrando??

Pelo visto esta era uma pratica recorrente dos povos antigos, que preferiam a honra do que a viver a vida covardemente.

abraços
Eduardo Medeiros disse…
Já tinha lido esse texto. Literariamente, é um dos seus melhores, existencialmente, não faz meu gênero.

A vida tem valor em si mesma.

Vale lembrar uma das últimas frases do Chico Anysio:

"Não tenho medo de morrer, tenho pena".
Eduardo Medeiros disse…
Marcinho,

Já dizia Paulo que o "morrer para mim, é lucro". Deixar o nome na história como "herói"? Longe disso, ele queria era estar "perto do Senhor". Ficar na história foi apenas uma consequência.

Mas sem dúvida, a demonstração de coragem dos primeiros mártires tiveram consequências já no seu tempo.

Assim escreveu o historiador Alexandre Grandazzi, professor da história da religião romana na Sorbonne, Paris:

(sobre os cristãos que eram assassinados e que serviam de espetáculo para a turba ávida de sangue)

"...Tamanha crueldade pelo menos tornava as perseguições mais eficientes? Muito pelo contrário. Diversos espectadores se impressionavam com a coragem sobre-humana dos supliciados, o que os levava, mais cedo ou mais tarde, a questionar suas próprias crenças. Esses espetáculos acabaram levando a conversões, como a de Tertuliano, que se tornaria um dos mais ferrenhos apologistas da nova fé".

Dá para chegar à conclusão que esses primeiros cristãos queriam morrer exclusivamente para serem lembrados como heróis? Muito pouco provável, mas mesmo assim, acabaram por receber a alcunha de "heróis da fé".

Isso era cristianismo; o que temos hoje é apenas uma coisa que nem de longe lembra o que significava ser cristão nos primeiros séculos da Era Comum.

Se bem que tudo está condenado a entropia.
Eduardo Medeiros disse…
Nietzsche espetou a todos os seus leitores ao indagar se eles estariam dispostos a viverem suas vidas repetidamente e para sempre(o eterno retorno).

Taí uma boa largada para uma autoanálise sem nem mesmo precisar de psicanalista...
A morte é um tema bizaro para mim,ao pensar seriamente sobre o assunto, fico confuso, chego a poucas ou nenhuma conclusão.

Dentre as coisas ao qual me vem a cabeça, é que meu medo de morrer, é que irá causar sofrimento às pessoas que ficam, e que eu não poderei ver tudo o que quero, sendo assim, a proposta de vida eterna me satisfaz.
Mas ao pensar na vida eterna, me encaro durante minhas divagações sobre eventos passados, tenho medo de carregar tantos arrependimentos, tantas magoas, tantas pessoas que já se foram e que fazem falta, a ponto de ter uma vida completamente infeliz.

É como se o modelo de paraiso, proposto por algumas vertentes religiosas, fosse perfeito e angustiante ao mesmo tempo.
Edson Moura disse…
Pessoal, é sério, cheguei em casa agora e só dei uma lida por cima dos comentários. Amanhã (putz, vão me chamar de Hubner) eu comento no meu horário de intervalo que vai de 15:30 até 18:00. Aliás, é neste horário que escrevo os textos e comento o que posso, além de ler um bocadinho.

Mas só para não passar em branco:

MArcio seu burro!!! O nome do ator holliwoodiano é Brad Pitt. Por favor "Magda" não dá uma dessas! rsss
Levi B. Santos disse…
Edson


Cheguei atrasado para falar daquilo que, influenciado pela cultura, não gosto de pensar, por enquanto – a morte (rsrsrs). E olhe lá: estou com 65 anos de idade (rsrs)

Se fosse fazer um cateterismo nas minhas artérias coronarianas, sei que o resultado, pelo tempo de uso da máquina, seria: 70% de obstrução na maioria das artérias. Natural para a idade? Sim.
Nem por isso deixo de tomar a minha cervejinha e o meu vinho de forma moderada. (rsrs)

. Na verdade, a morte é um processo que começa logo após o nascimento. Eu diria que exercemos um mecanismo de defesa tão forte, representado pela resistência em discutir a maior certeza que temos, por amor a essa vidinha gostosa e meio hipócrita que levamos.

Falamos no mártir cristão, mas será que um candidato a mártir, em seu imaginário, faria uma oração como esta:

"Se eu te adorar por medo do inferno, queima-me no inferno. Se eu te adorar pelo paraíso, exclua-me do paraíso”.

O apóstolo Paulo, em outras palavras, nem de longe queria ouvir tal coisa, pois disse: Se não vai haver ressurreição dos mortos, é VÃ A NOSSA FÉ — é a tal da compensação — uma vaidade transportada para o “além túmulo”.

Sem não fosse a história mítica de uma ressurreição do corpo após a morte, o “cristianismo” não teria vingado. Concorda ou não?
Marcio Alves disse…
EDUARDINHO 1

Como assim “A vida tem valor em si mesma” ? (sua frase)

Se realmente tivesse “valor em si mesma” não seria votado no Brasil a liberação do aborto de feto anencéfalo que praticamente é uma vida vegetativa.
Portanto, antes de afirmarmos ou negarmos que a vida tem “valor em si mesma”, precisamos definir: “o que é a vida?”, “o que é viver a vida?”, e, “o que é valor em si mesma?”, pois, uma pessoa respirando por ajuda de aparelhos, por exemplo, tem “valor a sua vida em si mesma”?

Você na verdade não acha que o valor da vida somos nós quem damos para ela? Ou ela já “nasce em si mesma com valor”? Por exemplo, podemos afirmar, que a vida de um mendigo que morreu como indigente, tem o mesmo valor de um presidente Nelson Mandela? (se fudeu EDUARDINHO kkkkkkkk)

E mais, de qual vida, estamos a dizer que tem “valor em si mesma”?
Se a vida tem “valor em si mesma” como você afirma, então a planta teria o mesmo valor de vida de um ser humano, pois ela é um ser vivo, mas no entanto, ninguém faz velório para uma planta, rsrsrsrs, portanto, não seria errôneo da sua parte afirmar com absoluta convicção que o “valor da vida esta em si mesma”?...fique a vontade EDUARDO, para dar a sua definição e respostas a essas “simples” perguntinhas. Rsrsrs

Desculpa ae EDSON por ter “saído” do assunto, para voltar ao assunto. Rsrsrsr
Outra coisa EDSON...Escrevi na pressa o meu comentário onde falo do “Brand Pitter” rsrrs mais o que importa é o que é importante, não é mesmo??? rsrsrs
E burro é quem me chama. Rsrsrr
Marcio Alves disse…
EDUARDO 2

Na filosofia, com certeza você já deve ter lido, e pode explicar melhor do que eu, temos um conceito que se chama “causas ocasionais” que nada mais é do que uma chance de podermos realizarmos uma vontade (inconsciente? LEVI me ajude rsrsr) que na verdade é a primaria, que muitas vezes nós desconhecemos, ou negamos, para ficarmos com a explicação da motivação secundaria como único grande incentivo de termos feito o que fizemos.

Trocando em miúdos, o que fica na historia para nós, de todos os mártires cristãos, é a “causa ocasional” (secundaria), como única motivação, mas ai eu te pergunto: (já chamando o LEVI para a conversa também) como podemos afirmar que eles morreram porque acreditavam com toda certeza, e, esperavam com toda convicção, no paraíso do “senhor” Jesus, e não na gloria terrena deste mundo que eles tanto “repudiavam” conscientemente, mas amavam inconscientemente?
(na verdade, quanto mais amamos inconscientemente uma “coisa”, podemos odiar ela muito mais conscientemente, não é mesmo LEVI??? Veja os cristãos que repudiam conscientemente e publicamente a promiscuidade, na verdade, eles odeiam tanto por justamente gostarem demais da sacanagem, e não poderem usufruir publicamente, é claro. Kkkkkkkkkkkkkkk)

Além, é claro, de se na hora “H” recuassem diante da morte, seriam tidos e marcados pelo resto de suas vidas como covardes??
Pois já é difícil o próprio homem conseguir conviver com sua intima covardia, quanto mais, sendo esta covardia manifesta e marcada em sua vida para sempre publicamente???
Marcio Alves disse…
TIAGO
Seu comentário esta ótimo...daria um ótimo conteúdo de analise psicanalista, não é mesmo LEVI???

Sua frase: “Dentre as coisas ao qual me vem a cabeça, é que meu medo de morrer, é que irá causar sofrimento às pessoas que ficam, e que eu não poderei ver tudo o que quero, sendo assim, a proposta de vida eterna me satisfaz”.

Minha resposta (ou analise): Não se engane meu amigo, o ser humano (e não somente você) é extremamente egoísta, mesmo quando se sacrifica pelos outros, na verdade esta fazendo para si mesmo. Explico com sua própria fala: na verdade o seu medo de morrer porque irá causar sofrimento às pessoas é um engodo do seu inconsciente (?) ou de si mesmo, pois na verdade, você esta com medo de morrer porque deixará para sempre de existir, mesmo que na sua cabeça seja neste mundo aqui. (mas não se esqueça que este mundo aqui tão desprezado pelos religiosos, é tudo que nós temos, e o outro lá e depois, não passa de uma aposta incerta)

Sua frase: “Mas ao pensar na vida eterna, me encaro durante minhas divagações sobre eventos passados, tenho medo de carregar tantos arrependimentos, tantas magoas, tantas pessoas que já se foram e que fazem falta, a ponto de ter uma vida completamente infeliz.
É como se o modelo de paraiso, proposto por algumas vertentes religiosas, fosse perfeito e angustiante ao mesmo tempo”.

Minha resposta: Que perfeito este seu comentário! Nele vejo a mais angustiante ambivalência humana na relação de desejo e rejeição, de espera como de medo...sabe porque? Porque na verdade TIAGO, muitas pessoas erram ao acreditar que o conceito de eternidade é mais consolador do que o do nada depois da morte.
Pelo contrário! A eternidade assusta muito mais do que o vazio do nada, porque o nada depois da morte é nada, é o fim de tudo, de nenhuma lembrança, já a eternidade é apavorante, porque imagina nunca poder morrer?? Se você mesmo para sempre, sem ter a possibilidade de deixar de existir. Sem contar que você nem imagina o que vem depois desta vida, e, isto para sempre, junta-se a isto, a crença de que as pessoas que você amam pode por toda eternidade, se não forem cristãs, arderem no inferno para sempre, e quanto você, fica numa boa (?) lá no céu....é uma piada este conceito mesmo.

Ai amigo é para pirar o cabeção mesmo.
Por isto que na minha visão, não existe nada de glorioso em ser ateu como ser crente (ou de qualquer outra religião), pois os dois continuaram tendo aquilo que nos faz humanos: angustia, duvida, medo, sentimento de abandono cósmico, porque no fim, somos animais marcados pela angustia do viver e o viver pela angustia, pois sabemos mais do que devemos, e menos do que precisávamos saber!
Marcio Alves disse…
LEVI

Na verdade eu vou até mais longe, pois penso que se não fosse PAULO para começo de conversa, o cristianismo não seria “cristão” como conhecemos hoje, e de tamanha magnitude.
Neste pensamento, o cristo seria apenas um coadjuvante importante, mais ainda sim precisando de toda sistematização teológica filosófica posterior de Paulo.
Portanto, não seria exagero afirmar que foi Paulo quem criou o “Jesus cristão” e o “cristianismo dos cristãos”.

Portanto, o Jesus que os cristãos seguem é o Jesus de Paulo, não o “Jesus-Jesus”.
E a base principal do cristianismo de Paulo é justamente a ressurreição, com toda certeza, como bem você já disse.
Levi B. Santos disse…
E essa prece do “evangélico autêntico”, o que me diz dela, Márcio?:

“Senhor meu Deus e meu Senhor, não sou mercenário para morrer por Ti pensando em dar-me recompensas. Sirvo- Te, mas não busco nenhum prêmio. Amo-Te com um amor puro, desinteressado e filial. Se Te apraz dar-me alguma coisa, de minha parte, nada Te solicito” (rsrs)

O homem que abdica de viver aqui e agora, reprimindo a “carne”, como diz Paulo, para viver outra vida no além, simplesmente, o que deseja é não morrer nunca. (rsrs)

Aí de noite, em sonhos terríveis, vê um dragão falante (ou a burra de Balaão) gritar para ele:

Mentiroooooooooooso!!! (rsrs)
Edson Moura disse…
Madonna! Agora sim os comentários entraram nos eixos e parece-me que vamos sair deles transbordando de conhecimento. Bom, vou pinçar (como diria o Levi) um fragmento de mu mano Marcio, só para traçar um paralelo com uma passagem do texto acima postado:

"Trocando em miúdos, o que fica na historia para nós, de todos os mártires cristãos, é a “causa ocasional” (secundaria), como única motivação, mas ai eu te pergunto: (já chamando o LEVI para a conversa também) como podemos afirmar que eles morreram porque acreditavam com toda certeza, e, esperavam com toda convicção, no paraíso do “senhor” Jesus, e não na gloria terrena deste mundo que eles tanto “repudiavam” conscientemente, mas amavam inconscientemente?"

Bravo Marcio!!! Bravíssimo! E se reparar no fragmento que colocarei à seguir, verás que é justamente disso que se trata o artigo:

"Eu estou morrendo, não há mais um gesto a fazer, nem uma carícia, nem uma prece, e prece não farei mesmo! Já nada há senão esperas de esperas, nada mais senão uma vida vazia, de cores confusas, e que se abatia sobre mim. “Se eu morresse hoje (pensei) ninguém saberia se estava realmente confuso ou se tinha ainda possibilidade de me salvar de mim mesmo”. Não saberiam se eu me sentia grande ou amado. Não saberiam absolutamente nada de mim, não deste Edson que sou agora. Não neste momento. Eles falariam de outro Edson, o Edson que muitos acreditam que conhecem"

É isso! Ninguém, por mais que conheça o outro, jamais poderá falar do que ele sentia. Ainda que, após minha morte, vasculhassem meus documentos e encontrassem um diário cheio de anotação que ocultei por anos, mesmo assim, não saberiam se aquilo era de fato, ou se era mais uma vez auto-engano. Portanto, usar seres do passado para contextualizar um pensamento atual, é no mínimo arriscado demais.

Isso vem sendo feito há muito tempo e de forma irresponsável por pastores evangélicos de todas as denominações. querem que sigamos à risca, querem que apliquemos à nossas vidas, pensamentos arcaicos, de um tempo onde o futuro era apocalíptico, onde um Jesus voltaria para o dia da vingança. Mas esse futuro já chegou, diria mais, já passou, e tornou-se passado. Nada aconteceu, e sabe por quê? POrque não passavam de divagações, não passavam de expectativas, e e como todas elas, também estavam sujeitas aos açoites do presente, que, invariavelmente as fariam mudar, como de fato mudaram.

Acontece, que um paradigma não se pode desfazer de um dia para o outro. Será necessário muito tempo para que a humanidade liberte-se desse medo da morte, dessa angústia a não saber o que virá depois, e o pior, desse achismo de "achar" que Deus está nos esperando em algum lugar.

Somos todos analfabetos em matéria de ciências, ou seja, Hoje nem tanto, mas até pouco tempo atrás, tudo que não se podia explicar era logo jogado para o "degrau de cima". Podemos, e devemos questionar tudo, para que, uma vez livre da ciência cristã, não nos vejamos presos a uma pseudo-ciência, cada vez mais longe da ciência-real, que é a única mãe má, que diz ao filho que ele morrerá e não voltará jamais.

Por hora é só galera. O Bistrô aqui está bombando e eu dei uma escapadinha para fazer este comentário. Vou jantar e voltar para o segundo tempo.
Marcio Alves, é por estes e outros comentários que eu não abro mão de freqüentar esta singela e desprezada confraria.
"Você na verdade não acha que o valor da vida somos nós quem damos para ela? Ou ela já “nasce em si mesma com valor”? Por exemplo, podemos afirmar, que a vida de um mendigo que morreu como indigente, tem o mesmo valor de um presidente Nelson Mandela? (se fudeu EDUARDINHO kkkkkkkk)".Discordo em parte; Nícola Tesla morreu como um mendigo. Albert Einstein morreu como um mendigo e no entanto os dois deixaram um legado tão, ou mais, importante que Nelson Mandela. Depende do Mendigo.
No entanto, qualquer vegetal, até a urtiga, tem mais valor como vida do que um encarcerado, um criminoso, um pária.
Um homem bomba ou um mártir cristão têm o mesmo valor para os Orixás.
Eduardo Medeiros disse…
Levi,

permita-me nesse ponto, tentar defender o que Paulo queria dizer com

"Se não vai haver ressurreição dos mortos, é VÃ A NOSSA FÉ — é a tal da compensação — uma vaidade transportada para o “além túmulo”."

Essa frase, sem dúvida, pode ser interpretada como se ele estivesse apenas se fixando na recompensa que a fé daria pós morte, mas não é só isso. Paulo estava sendo lógico.

No contexto da frase ele estava exatamente ensinando a crença da ressurreição dos mortos(aliás, crença do judaísmo tardio do livro de Daniel e crença também dos principal partido da religião judaica, os farizeus).

Naquele início de fé cristã, muitas dúvidas começaram a surgir em relação à morte e à ressurreição de Jesus e se de fato, os mortos um dia ressuscitariam. Usando a pura lógica teológica(digamos assim), Paulo ensina que a fé cristã está ligada à ressurreição, logo, se não há ressurreição, a fé cristã era vã, já que alcançar a glória da ressurreição(como Jesus Cristo) deveria ser o alvo dos seus seguidores.

Então, essa moeda aí tem dois lados.

E por que receber um "prêmio" no além seria assim "vaidade" ou desejo inícuo por recompesas? Todo pai já disse alguma vez para o filho:

"Se você se comportar bem, estudar e passar de ano, o pai compra a sua bicicleta. Não há nada de mal nisso. Ter uma recompensa a buscar, nos faz trabalhar com mais afinco nos meios para recebê-la.

Levi, não querendo dar conselhos de saúde para um médico, mas como sou atrevido, vou repetir para você o que disse para o estimado e caro Mirandinha:

se você todos os dias dar um boa caminhada em passo acelerado por meia-hora, não comer muita gordura, diminuir a cervejinha(essa é mais complicada...heee) mas continuar tomando aquela taça de bom vinho e usar também azeite extra-virgem, suas artérias irá agradecer....pelo menos é o que todo médico diz...mas tem aquele problema do médico que manda você parar de fumar e ele mesmo é um fumante contumaz....kkkekekekekeke
Eduardo Medeiros disse…
Marcinho,

a vida tem valor em si mesma, o problema é as autoridades cuja mentalidade pós-moderna relativiza a vida, reconhecer tal valor.

" precisamos definir: “o que é a vida?

De fato, precisamos, mas a vida é algo tão maravilhoso e misterioso, que ainda não conseguiram defini-la adequadamente. Até parece que a vida não pede para ser definida, pede para ser apreciada e vivida.

"Por exemplo, podemos afirmar, que a vida de um mendigo que morreu como indigente, tem o mesmo valor de um presidente Nelson Mandela? (se fudeu EDUARDINHO kkkkkkkk)"

Porra, Marcinho, essa é uma afirmação bem nazi-ateísta. A vida do mendigo e a vida de qualquer outro, seja Mandela, seja Os grandes personagens da história, é a mesma. Todos nasceram, todos foram tecidos de átomos, células, químicas, consciência, inteligência.

O problema do mendigo e de todos os marginalizados não é a vida em si, e sim, a dinâmica social perversa que dá valor ao que usa colar de ouro e que queima quem usa jornal como cobertor.

Sinceramente, Márcio, eu como humanista que sou, fiquei decepcionado com sua frase.
Marcio Alves, você não acha que seu paradigma é diametralmente igual ao paradoxo do Tiago?
Um tem medo da morte mas não quer viver. O outro tem medo da vida eterna mas não quer morrer. Assim nem Cedar Riproller explica.
Eduardo Medeiros disse…
Marcinho, continuando a comentar suas bobagens:

"Se a vida tem “valor em si mesma” como você afirma, então a planta teria o mesmo valor de vida de um ser humano, pois ela é um ser vivo, mas no entanto, ninguém faz velório para uma planta

Evidentemente, eu estou me referindo à vida humana, mas até a vida de plantas e animais, possuem seu valor. É muito simples: arranque todas as árvores do planeta, mate todos os bichos do planeta e você vai ver o que acontece com a raça humana...

Por que é tão difícil para o homem pós-moderno entender que ele faz parte da natureza e que não está acima dela? Todo ser vivo neste planeta está ligado um ao outro, tudo isso aqui é um sistema em equilíbrio que nós, estamos desequilibrando de forma preocupante.

Eu falei de entropia, mas nossa raça humana está provocando uma entropia artificial no meio ambiente ao se colocar "fora da natureza" e da natureza dispor conforme suas conveniências econômicas insanas e poder a qualquer custo.

Eu não estou dizendo que a vida de um vírus da dengue tem o mesmo valor que a sua, estou dizendo que toda vida tem um papel a desempenhar no esquema da natureza.

Mas estou dizendo que a sua vida tem o mesmíssimo valor que a vida daquele mendigo que mora na praça perto da sua casa e que você inconscientemente(será que não?), gostaria de jogar numa câmara de gás junto com os doente mentais, os paraplégicos e todos aqueles que não entram na sua concepção de terem "vida com valor".
Eduardo Medeiros disse…
Marcinho,

"temos um conceito que se chama “causas ocasionais” que nada mais é do que uma chance de podermos realizarmos uma vontade (inconsciente? LEVI me ajude rsrsr) que na verdade é a primaria, que muitas vezes nós desconhecemos, ou negamos, para ficarmos com a explicação da motivação secundaria como único grande incentivo de termos feito o que fizemos.

!!!!!!!!!!!! porra caralho, fala a minha línguaaa ...kakakakakakakakak kakakakakakakaka
Anônimo disse…
Eu vou pedir vênia para me abster de comentar o conteúdo do texto em si porque, na minha opinião, a forma e a beleza poética dele já valem por si mesmas. Abraços.
Eduardo Medeiros disse…
Marcio,

como podemos afirmar que eles morreram porque acreditavam com toda certeza, e, esperavam com toda convicção, no paraíso do “senhor” Jesus, e não na gloria terrena deste mundo que eles tanto “repudiavam” conscientemente, mas amavam inconscientemente?

Pois bem, mas você pode afirmar com toda certeza que eles buscavam com o martírio a glória do mundo? que porra de glória que eles nem iriam usufruir?

Ora, Marcinho, você já foi um bom cristão, já leu a Bíblia toda, conhece bem os ensinamentos de Jesus:

- Bom mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna?

- Por que me chamas bom? (eu não sou bom, sou um como você), bom é o Pai. Mas para terdes a vida eterna, cumpra os mandamentos, você já os conhece. Eles são a ética do meu Reino interior, pessoal e intransferível.

- Ah, é isso? só isso? já o faço desde minha mocidade! Sou um judeu cumpridor da Torá.

(Mas Jesus, sabendo que todo rico tem em seu deus, Mamon, o que o torna escravo desse deus que o faz sentir-se superior aos pobres dos quais dissera serem "bem-aventurados"), respondeu:

_ Muito bem, filho, vai, vende tudo o que tens, dai aos pobres e segue-me.

O final da história todos nós conhecemos, e a lição também.

(texto revisto e ampliado pelo teólogo existencialista, Eduard Mederikisvosky.)

Esse não me parece um projeto de vida existencial que busca nas glórias do poder e do dinheiro a sua força motriz.

Em uma outra ocasião, Jesus diante de Pilatos, disse uma significativa afirmação:

"Meu reino não é deste mundo".

Pobres romanos, sentiram-se ameaçados por um galileu que dizia-se rei, mas rei não deste mundo, mas de um mundo interior. "O reino está dentro de vós", teria ele dito em outra ocasião; desse reino, ele era rei.

Os primeiros cristãos não queriam tomar o poder, não queriam se sentar à mesa com os Césares; a glória que eles queriam era espiritual.

Acuse-os, portanto, de morrerem por uma glória ou recompensa espiritual, pois dizer ao contrário, é querer ver cabelo em ovo(desde que não seja, claro, os ovos do saco escrotal).

Tô fazendo um cursinho com o MIRANDINHA de frases metafóricas de efeito mas não sou bom aluno....hehehehee
Eduardo Medeiros disse…
Mirandinha.

"No entanto, qualquer vegetal, até a urtiga, tem mais valor como vida do que um encarcerado, um criminoso, um pária.
Um homem bomba ou um mártir cristão têm o mesmo valor para os Orixás.


Não confunda alhos com bugalhos. A vida em si é valiosa. A vida de um criminosa é biologicamente, a mesma que a sua; seus atos é que são reprováveis e valem menos que uma urtiga.

Mas há sempre a reflexão de Nietzsche do Eterno Retorno para quem quiser fazer.

Então, me diz, Mirandinha: Até aqui você viveria e repetiria eternamente a vida que você construiu?

Eu não, com a minha. Aqui cabe bem o dito popular: "Enquanto há vida há esperança". Nós podemos ser os atores principais das nossas vidas, fazendo-a de fato, valer a pena.

Mas quem foi mesmo Nícola Tesla?

Faltou aí na lista, Jesus Cristo, que era sustentado pelas doações do povo pobre que lhe seguia, Francisco de Assis e Sidarta Gautama(que fizeram-se pobres).

Mas deve haver muitos outros...
Eduardo Medeiros disse…
É brincadeira,

O nobre confraterno, membro fundador desta Confraria, passa anos sem aparecer e quando aparece diz isso aí em cima...

Pô, Isa, libera aí esses neurônios, pô!!!!!!

rssss
Levi B. Santos disse…
“como podemos afirmar que eles morreram porque acreditavam com toda certeza, e, esperavam com toda convicção, no paraíso do “senhor” Jesus, e não na gloria terrena deste mundo que eles tanto “repudiavam” conscientemente, mas amavam inconscientemente?”

Um comentário que fiz ao texto do Franklin lá no “Logos e Mithos”, Edu, talvez explique o que Marcio tenha querido dizer com seu comentário acima (rsrs) :

Percebo no meu meio de convivência uma quase unanimidade expressa naturalmente através da seguinte assertiva: “Se não fosse a promessa do céu, e o medo de ir para o inferno, eu estaria no mundo gozando o que ele tem de ‘bom’, estaria ‘PINTANDO e BORDANDO’ — (aqui está explícito o que o crente repudia conscientemente e ama ou deseja inconscientemente)

Com a bola, o Márcio (rsrs)
Eduardo Medeiros disse…
Márcio,

continuando o meu comentário sobre o desejo das glórias do mundo ou das glórias celestiais dos mártires cristãos:

Como eu disse que você conhece muito bem os textos do NT, eu posso esperar que você me cite vários textos nos evangelhos em que Jesus fala de uma recompensa escatológica para seus seguidores.

Mas eu vejo que as recompensas e bens prometidos aos fiéis judeus que seguiam Jesus seria no Reino escatológico de Deus, Reino que não seria conforme os "Reinos do mundo" (uma outra interpretação para a frase de Jesus, "o meu reino não é deste mundo).

Seria um reino(utópico, é verdade) de paz e justiça, com o messias sendo o regente deste reino. Ora, num reino estabelecido pelo próprio Deus, os valores seriam outros; poder, dinheiro tratado com um deus, injustiça social, opressão, religiosidade doentia, não existiriam ali.

É o reino perfeito que todos buscamos, pois todo homem de bem busca a justiça, a paz e a não opressão.

Tal reino pode ser utópico, mas as utopias existem para serem um guia, ainda que inalcançável, para que as extruturas socias corruptas, sejam um dia, pelo menos, enfraquecidas.

Esse é um comentário teológico que achei por bem fazer para não desconsiderar que existe de fato, uma recompensa para os fiéis.

O problema não é a recompensa, mas sim, qual recompensa.
Levi B. Santos disse…
"Se você se comportar bem, estudar e passar de ano, o pai compra a sua bicicleta”. (Edu)

Eu acrescentaria o outro lado da moeda: se não se “comportar bem” — receberá o castigo merecido.

É aí, Edu, que a psicanálise, diz que a primeira autoridade introjetada na criança é a do pai. E o Deus do crente, um sucedâneo Dele.

O Adulto pode (ou não) perceber a ressonância do autoritarismo paterno primitivo — “Imago Paterna” — como algo aterrorizante

Veja a complicação que incorre o sujeito, já adulto, que percebe esse “Pai imaginário” como uma figura que lhe provoca terror e calafrio:

Por temor, o fiel abdica de se comportar como gostaria. Então castra o seu desejo, para se submeter ao um Pai Tremendo que para compensar o seu sacrifício da “negação dos desejos reprimidos”, no final do ano (ou da vida) lhe premia com uma bicicleta. (metáfora de Céu).
Edu meu caro, minhas frases não são de efeito, elas são estáticas mas vamos por parte. A vida não é só nascer ou só respirar ela é personalizada na raça humana para diferencia-la de outros viventes. Para a natureza a vida humana não tem importância e para extingui-la basta eliminar com as abelhas.Quanto aos criminosos marginais o governo deveria aplicar o método de Cesare Lombroso nos hospitais públicos para valorizar a vida dos Nelson Mandela, Aída Cury, Carlos Chagas por serem diferentes dos Fernandinho Beiramar, Welington, Carlinho Cachoeira.
Talvez pela experiência adiquirida eu melhoraria minha vivência eterna até o fim da minha vida. He, he, he..
Você sabe quem foi Thomas Edson e Guglielmo Marconi? Eles não existiriam sem Nícola Tesla que ofuscou Einstein no projeto Raimbow.
Eu acho que o castigo amedronta mais do que o prêmio. O moleque estuda para aprovação com mais medo da surra do que pelo desejo da bicicleta. A criminalidade é mais refreada pelo medo do inferno do que pelo desejo de ir para o céu. É mais fácil associar os infortúnios ao Diabo do que a bonança a Deus, é tanto que não se vê rico em igrejas agradecendo a Deus pela Mercedes C180 mas se vê pobres pedindo a Deus que os livre do inferno.
E por falar em debutante, esta frase do Rodrigo no "Diálogo Pós-Arrebatamento vai sobreviver ao apocalípse?
Eduardo Medeiros disse…
Levi,

concordo com o seu comentário "psicanaliticamente falando". Mas de fato, o problema é a "construção do pai". Um mesmo pai pode provocar visões diferentes sobre si nos filhos como na parábola do filho pródigo.

Afinal de contas, o pai era aquele perdoador e acolhedor que o filho pródigo via ou era aquele pai distante, austero, que o filho que ficou percebia?

Quando eu era estudante, lembro que fiquei com grande temor quando não consegui passar na sexta série por causa de meio ponto em matemática. Pois é, já no meu tempo, meio ponto em uma única disciplina fazia o aluno repetir tudo de novo!! (hoje todo mundo passa sem saber ler...bem, mas não vem ao caso agora).

Eu fiquei, eu dizia, com grande temor de como meu pai iria reagir a esse meu fracasso, pois ele sempre presou muito os estudos. Contei antes à minha mãe; sempre a mãe nos momentos de tensão...rsssss ela disse que ela mesma contaria ao meu pai e iria me defender já que eu sempre fui um aluno "estudioso" (na verdade, nem sempre, mas ela achava e não era eu que ia contrariá-la...).

Acontece que meu pai não disse nada, não reclamou nada, não disse que iria me castigar de forma alguma. Naquele dia aprendi uma boa lição quanto ao pai que eu tinha.
Eduardo Medeiros disse…
Levi,

sobre o lema que você ouve dos seus irmãos crentes paraibanos, eu poderia perguntar como podemos ter certeza que a motivação dos mártires primitivos do cristianismo era a mesma desses irmãos "reprimidos".

Teríamos que fazer uma investigação para entender qual era a "visão do Pai" que eles tinham. Se eles seguiam o exemplo de Jesus, Jesus não tinha morrido por medo do inferno e sempre andou no meio de beberrões, batia papo com mulheres(e absurdamente até com uma samaritana), gostava de festes(em caná multiplicou o vinho e em muitas parábolas ele fala de banquetes e festas) e deixando saduceus e fariseus de calça curta com suas palavras. Jesus morreu por uma missão, se os primeiros cristãos entenderam assim, podemos vislumbrar qual eram suas motivações, ainda que o sentimento de recompensa estivesse presente(do modo que eu entendo tal recompensa nos evangelhos como comentei acima e lá na Logos e Mythos)
Eduardo Medeiros disse…
Mirandinha,

"...é tanto que não se vê rico em igrejas agradecendo a Deus pela Mercedes C180"

você não conhece o movimento neopentecostal da confissão positiva e da teologia da prosperidade? já foi o tempo em que cristãos eram pobres e sua pobreza era vista como virtude; pobreza hoje virou pecado e maldição do diabo e está cheio de ricos no meio neopentecostal. (bem, tá certo que os mais ricos são os líderes deles, né, mas eles precisam dar o exemplo...)
Anônimo disse…
kkkk pior que eu nunca mais fui o mesmo. Lamentável...
Levi B. Santos disse…
"Contei antes à minha mãe; sempre a mãe nos momentos de tensão...rsssss ela disse que ela mesma contaria ao meu pai e iria me defender"

Aí, Edu, sem querer querendo, você seguiu o roteiro do auto da Compadecida do Paraibano Ariano Suassuna. (rsrs)
Levi B. Santos disse…
"Afinal de contas, o pai era aquele perdoador e acolhedor que o filho pródigo via ou era aquele pai distante, austero, que o filho que ficou percebia?"

Aí sim Edu, o Pai do filho pródigo simboliza a figura do SUPEREGO que todos devemos ter -, um pai amansado e compreensivo: aquele que está pronto a receber o filho sem cobrança, e ao invés de castigá-lo e de culpá-lo o recebe com festa, independente do que ele praticou.

Mas parece que o crente gosta mesmo é do outro Pai, aquele que que ele internalizou, desde a tenra infância, com matizes de autoritarismo, castigador, que surra o filho que não passou na prova por causa de meio ponto (rsrs).

Talvez seja contra esse pai autoritário, que no fundo no fundo o meu lado ateu resiste em aceitá-lo. (rsrs)

Mas o palco de tudo isso se passa na psique humana, que Paulo em sua percepção mítica denominou de lugares celestiais. (rsrs)

Pensando bem, talvez esse pai acolhedor queira simbolizar a Mãe que roga pelo filho , seja ele bom ou mal.

Aos 65 anos de idade ainda tenho uma mãe (87 anos) que roga por mim ao Pai. Ela quando me encontra sempre diz: "estou intercedendo por você meu filho todos os dias em minha orações". Diz ainda: "Quando você me dá um "ALÔ" - é como o se o céu se abrisse para mim."
Levi B. Santos disse…
O homem é, sempre foi, e será louco pelo poder.

No caso do candidato a mártir, o poder, a glória e a vingança sobre os seus algozes são transferidos para o "além-vida", o que não deixa de ser uma vaidade -, uma vaidade adiada.(rsrs)

Sobre Jesus como Pai, eu diria que ele representa o pai da família em desordem da modernidade, um pai que mutilou o modelo patriarcal autoritário, em prol de um estrutura horizontal, fraterna, entregue ao poder MATERNO, à Ciência, e aos desejos da filharada, que hoje é quem manda nos pais (rsrs)
Edu meu caro, me dê o direito de discordar acintando. O que vejo em todas as igrejas é um bando de infelizes pobres fazendo papel de idiota perante um enganador. Rico, feliz e com plano de saúde em igreja só pode ser brasileiro. Rico constroi hospitais para cuidadar da saúde, rico desenvolve programas científicos para melhorar seus alimentos, rico fabrica veículos para sua locomoção, rico é o pastor que fabrica a idiotice que o sustenta.
Pobres vão para o céu para compensar o inferno que viveram aqui.
Em tempo. Acordei de madrugada para rezar, orar e dançar um terecô por todos os crentes ricos.
Marcio Alves disse…
EDUARDINHO

“Grande” resposta (para registro; estou sendo irônico) que você deu a minha pergunta, se não vejamos sua resposta de novo: “a vida tem valor em si mesma, o problema é as autoridades cuja mentalidade pós-moderna relativiza a vida, reconhecer tal valor”.

Você só pode estar de brincadeira comigo né?? Porra EDU isto é argumento que se preze meu amigo???
Quero argumentos lógicos e coerentes não uma resposta do tipo: “eu acho isto, porque acho isto”.
Me diga, o que você acha que respondeu ai????
Eu perguntei; “a vida tem valor em si mesma”?? Ao que você respondeu: “a vida tem valor em si mesma”. Mas cadê o restante da resposta.....rsrsrsrs

Agora vejamos esta sua outra resposta: “Porra, Marcinho, essa é uma afirmação bem nazi-ateísta. A vida do mendigo e a vida de qualquer outro, seja Mandela, seja Os grandes personagens da história, é a mesma. Todos nasceram, todos foram tecidos de átomos, células, químicas, consciência, inteligência”.

Minha resposta: EDU não seja ignorante (coisa que eu sei que você não é) ou hipócrita meu amigo, pois dizer que a vida de qualquer mendigo, deficiente ou até mesmo nós, meros miseráveis mortais, tem o mesmo valor e peso de vida para o mundo que um dos grandes que fizeram historia.
Então perceba que não estou sendo “nazi-ateista”, mas apenas realista cara.

Alias, perceba que você esta dizendo uma coisa e eu outra....a vida que você se refere ser igual para todo mundo é a biológica, já eu estou dizendo da “vida enquanto vivida pelas estradas desta terra”, ai meu amigo, não podemos dizer hipocritamente que “todos somos iguais”.
Iguais uma porra rsrsrsrs somos e muito diferentes meu amigo, ou vai dizer que uma criança aidética morrendo de fome agora mesmo na áfrica é igual à vida de um filho do Erike Batista, um dos maiores bilionários do mundo????

Tenha dó né EDU!!!

Agora veja esta frase, mas que dó de você meu amiguinho: “
Sinceramente, Márcio, eu como humanista que sou, fiquei decepcionado com sua frase”.
Minha resposta: E eu, realista como sou, fiquei decepcionado contigo pela sua hipocrisia. Kkkkkkkkkkkkk
Marcio Alves disse…
MIRADINHA

Mas é lógico que estou me referindo a mendigos-mendigos que morrem como indigentes, como bem frisei na pergunta ao EDUARDO, e não dos grandes que fizeram historias.
Larga de ser burro MIRADINHA kkkkkkkkkkkkkkkkkk

Agora que declaração bombástica é esta sua: “No entanto, qualquer vegetal, até a urtiga, tem mais valor como vida do que um encarcerado, um criminoso, um pária”.
Então você concorda comigo que a vida não tem valor em si mesma, mas somos nós que construímos valor para ela, contrariando o que o EDUARDO diz, mas que até agora não consegui demonstrar através de argumentos. (deixa eu cutucar o DUZINHO rsrsrs)
Marcio Alves disse…
MIRADINHA
Sua fala: “Marcio Alves, você não acha que seu paradigma é diametralmente igual ao paradoxo do Tiago?
Um tem medo da morte mas não quer viver. O outro tem medo da vida eterna mas não quer morrer. Assim nem Cedar Riproller explica”.

Minha resposta: Você tá pegando a mania do EDU de distorcer nossos argumentos...quando falei da IDEIA (e não crença minha, pois se lembre que sou atoa que nem você é kkkkk) da eternidade como assustadora, eu falei justamente no sentido do que REPRESENTA esta mesma idéia no fundo (inconscientemente) para aqueles que tem esta crença ou esperança.
Marcio Alves disse…
EDUARDINHO

Sua fala mano: “Por que é tão difícil para o homem pós-moderno entender que ele faz parte da natureza e que não está acima dela? Todo ser vivo neste planeta está ligado um ao outro, tudo isso aqui é um sistema em equilíbrio que nós, estamos desequilibrando de forma preocupante.
Eu falei de entropia, mas nossa raça humana está provocando uma entropia artificial no meio ambiente ao se colocar "fora da natureza" e da natureza dispor conforme suas conveniências econômicas insanas e poder a qualquer custo”.

Minha resposta: Então seja coerente com seus ideais EDU, vá viver como um índio peladão na selva amazônica, sem os meios “artificiais” que você tanto é contra.
Portanto, não venha falar abstrações para mim, sendo que você mesmo é um tremendo de um hipócrita seu Carlos Eduardo. Rsrsrrs
Marcio Alves disse…
EDUARDO COSTA (ops! Se não é, agora vai ser rsrsrsrs)

Seu julgamento: “Mas estou dizendo que a sua vida tem o mesmíssimo valor que a vida daquele mendigo que mora na praça perto da sua casa e que você inconscientemente(será que não?), gostaria de jogar numa câmara de gás junto com os doente mentais, os paraplégicos e todos aqueles que não entram na sua concepção de terem "vida com valor".

Minha resposta: Penso da mesma forma que o grande diretor woody Allen (e agora EDSON, acertei o nome do cara?? É porque desta vez eu pesquisei o nome dele no Google. Rsrsrs) que disse mais ou menos assim em um filme que ele era também um dos atores: “no mundo, só existe duas categorias de seres humanos; os miseráveis, e, os desgraçados”.
Desgraçados para ele eram todos os doentes. Cegos, mendigos, deficientes e etc.
Miseráveis é o restante que somos todos nós que vive uma vida insignificante e inautêntica. (mas claro que você como bom hipócrita, ops, melhor dizendo HUMANISTA, vai ser contra este pensamento também, não é mesmo??? rsrsrsrs)

Agora matar não...nunca me fizeram mal, então, não tenho vontade de exterminar estes “desgraçados” coitados, porque sofrer, todo mundo sofrer, mas eles sofrem o dobro que qualquer mortal.
Marcio Alves disse…
EDU
Sua fala: “Pois bem, mas você pode afirmar com toda certeza que eles buscavam com o martírio a glória do mundo? que porra de glória que eles nem iriam usufruir?”.

Minha resposta: Tanto eu como você, ambos não podemos afirmar com toda certeza o que se passava na cabeça e no coração, e nem muito menos o que se passava no inconsciente destes mártires. Estamos quites mano!!

P.S: Cara não escrevas mais longos trechos biblicos, pois eu não tem mais saco para ficar lendo. rsrsrs
Marcio Alves disse…
Pronto MIRANDINHA....problema resolvido rsrsrs
Marcio Alves disse…
LEVI

Sua fala: “Percebo no meu meio de convivência uma quase unanimidade expressa naturalmente através da seguinte assertiva: “Se não fosse a promessa do céu, e o medo de ir para o inferno, eu estaria no mundo gozando o que ele tem de ‘bom’, estaria ‘PINTANDO e BORDANDO’ — (aqui está explícito o que o crente repudia conscientemente e ama ou deseja inconscientemente) ”

Minha resposta: O problema da religião, no caso evangélica, é justamente isto: lá eles reforçam demais o superego, sufocando o id que são os impulsos, digamos “mundanos”, só que isto não deixa de existir ou é anulado por completo, antes fica preso no inconsciente, retido pelas forças da resistência, mas não por muito tempo...o pior de tudo é que, geralmente o jovem, chega um tempo que ele tem a necessidade de extravasar, começa pelos sonhos de “trevas” e não podendo mais reter as forças do id, ele sai da igreja para fazer coisas mil vezes “piores” do que ele fazia antes de se converter, o famoso “quem é sujo, suje-se mais ainda” é levado a serio nesta fase que é muito perigosa para o individuo, portanto, LEVI (já passando a bola outra vez para você rsrsrsr) você não acha que a religião neste caso é muito prejudicial para o sujeito religioso???
Marcio Alves disse…
Outrossim LEVI...se o EDUARDO tem deu o conselho tipo “anjinho”, eu te dou o conselho do tipo “diabólico” rsrsrs cara vc já esta com 65 anos de idade, de qualquer maneira você vai morrer, se cuidando ou não – o pior é quando mesmo se cuidando comendo verde e não bebendo, você sofre um acidente e morre – portanto, é melhor morrer fazendo o que mais gosta, porque ai você vai morrer feliz pleno por ter satisfeito seus desejos.

Deixar de tomar sua cervejinha e vinho??? É melhor morrer logo então...fracamente DUZINHO que conselho mais ridículo é este que você deu, tanto é, que tem muito medico que vive dizendo que não pode isto ou aquilo, mas ele mesmo faz, portanto, a teoria esta longe da pratica.
Levi B. Santos disse…
ÔOOOO, seu Márcio vidente!!!


Quem te revelou tanta loucura sábia? (rsrs)

As estatísticas sobre a saúde dos médicos, mais especificamente sobre a prevenção das cardiopatias, dizem que os cardiologistas são os mais relapsos quanto aos exames de rotina na prevenção de doenças cardíacas (kkkkkkkkkk)
Levi B. Santos disse…
Márcio


Já ia esquecendo o principal (rsrs)

Sua fala sobre o problema da religião evangélica, do ponto de vista psicanalítico, está perfeita, e de uma forma bem simples para todo mundo entender.

Sobre sua pergunta: “ você não acha que a religião neste caso é muito prejudicial para o sujeito religioso???, eu tenho duas respostas, que é o mesmo que dizer: “DEPENDE!” (rsrs)

Quando o fiel abdica do crescer para ser criança o tempo todo, deixando-se castrar pela imagem de um Pai (superego) super-exigente que impede a sua capacidade repensar ou transgredir, de ir além ― para esse, minha resposta é NÃO. Eu não tentaria desiludi-lo.

Minha resposta é SIM ― para aquele que quer caminhar sem os patins, isto é, de pés descalços sentindo a aspereza do caminho a lhe esfolar os pés; para aquele que assume os riscos de ser adulto, muito embora tendo a saudade do tempo de criança a lhe invadir os sonhos de vez em quando.

Já que não podemos nos livrar dessa instância (Superego), a única solução que vejo, é aquela que respondi para o Edu, anteriormente, em um dos meus comentários que reproduzo abaixo:

“Aí sim Edu, o Pai do filho pródigo (aquele que o recebeu de volta) simboliza a figura do SUPEREGO que todos devemos ter -, um pai amansado e compreensivo: aquele que está pronto a receber o filho sem cobrança, e ao invés de castigá-lo e de culpá-lo o recebe com festa, independente do que ele praticou.

Mas parece que o crente gosta mesmo é do outro Pai, aquele que ele internalizou, desde a tenra infância, com matizes de autoritarismo, castigador, que surra o filho que não passou na prova por causa de meio ponto (rsrs).”
Eduardo Medeiros disse…
"terecô"????? mas que diabo de dança é essa??? kakkkk

Você um bando de infelizes na igreja? Você por acaso tem o poder de ver o interior das pessoas para afirmar que elas são infelizes?? taí uma revelação das boas: Pai-Mirandinha-dos-sete-caminhos-abertos conhece você por dentro... raaaaaa

Meu nobre filósofo e defensor da cultura como único meio de salvação para as almas humanas: há gente feliz e infeliz em tudo que é classe social, sendo religiosas/teístas/deístas ou ateístas; a infelicidade é o mais democrático dos estados da existência; ainda bem que a felicidade também. Só depende de cada um buscar sua felicidade esteja ela onde estiver e aprender a gerir a infelicidade. Pois sem tristeza "não se faz um samba não..."
Eduardo Medeiros disse…
Marcinho,

vamos clarear as ideias.

eu disse que a vida tem valor em si mesmo e repito e confirmo. Se não fosse a vida, ora, nem mesmo estaríamos aqui discutindo.

Esse padrão de comparação de que a vida de um mendigo tem menos valor que a de um cientista é sim, nazista, pois entende que os "não aptos" devem ser sacrificados em prol dos "mais aptos".

acontece que damos hoje valor à vida de alguém se ele tiver algumas(de preferência todas) características apreciadas pela nossa pós-modernidade capitalista e individualista: sucesso, dinheiro, influência, poder.

E é claro que um pobre mendigo por ser um pária(palavra que o Mirandinha adora escrever), não demonstra ter nenhum sinal de valor segundo a ótica pós moderna que valoriza quem tem.

Por que será que existem mendigos? Por que será que existem oprimidos? Por que será que existem pobres? Por que será que existem milionários? por que será que existe os poderosos?

Será que é por que vida destes é mais valorosa do que daqueles?

vai pensando aí...

O que você escreveu

" Então seja coerente com seus ideais EDU, vá viver como um índio peladão na selva amazônica, sem os meios “artificiais” que você tanto é contra."

é de uma burrice tão grande que nem vou responder.

O que o woody Allen disse é a expressão do pensamento dele; eu não sou tão pessimista assim. Aliás, ele desgraçadamente faz filmes muito bons(apesar de serem, claro, filmes desgraçados na ótica dele).

E não fuja dos meus argumentos dizendo

"Tanto eu como você, ambos não podemos afirmar com toda certeza o que se passava na cabeça e no coração, e nem muito menos o que se passava no inconsciente destes mártires. Estamos quites mano!!

P.S: Cara não escrevas mais longos trechos biblicos, pois eu não tem mais saco para ficar lendo. rsrsrs"

Eu deixei nos textos bíblicos a base para meu argumento do porquê eu achar que eles não buscavam a glória do mundo, como você disse.

Então, leia e refute...

Bem, sobre os "conselhos" de saúde que eu dei recebem se quiser, pois o Levi já os conhece. A máxima para uma boa saúde é MODERAÇÃO.

Mas é claro que saúde é uma coisa que não tem valor algum, o que tem valor mesmo para você é a morte.

Moderação, meu amigo, moderação...Porra!!!!!! kkkkkkk
Eduardo Medeiros disse…
Levi e marcinho,

é verdade, os crentes "antigos" prezavam muito o Deus Pai castigador e moralista; vejo que em muitas congregações, essa ideia têm tido certa flexibilização, e o Pai hoje já não é tão disciplinador assim, se parecendo um pouco com o pai da parábola do Filho Pródigo.

Eu concordo que a religião pode adoecer profundamente a alma de alguém; todos nós devemos conhecer alguém assim, doente pela religião.

Mas como disse sabiamente o Levi, é melhor as crianças continuarem como crianças se é isso que elas querem, apesar de curiosamente, Paulo ter dado uma bronca nos coríntios por eles ainda serem tão crianças e não estavam preparados para a "comida sólida". Tem crente que vai beber leite toda a vida e vai ser feliz assim pois o leite lhe satisfaz.

Mas não é só na religião que existem crianças eternas; fora dela também há. Eu vejo em um ateu militante, inimigo da religião, prepotente de que não é "iludido" e se guia somente pela razão, um tremendo crianção...
Eduardo Medeiros disse…
Levi,

sobre sua resposta

"No caso do candidato a mártir, o poder, a glória e a vingança sobre os seus algozes são transferidos para o "além-vida", o que não deixa de ser uma vaidade -, uma vaidade adiada.(rsrs)

Eu concordo que exista tais sentimentos nos mártires; os que estão registrados no apocalipse clamam pela vingança de Deus; mas teologicamente falando, eu vejo nessa vingança um tipo de clamor por justiça. Eles foram perseguidos, injustiçados e assassinados, logo, querem uma vingança através da justiça.

Veja que eu estou no âmbito da teologia.

e

"Sobre Jesus como Pai, eu diria que ele representa o pai da família em desordem da modernidade, um pai que mutilou o modelo patriarcal autoritário, em prol de um estrutura horizontal, fraterna, entregue ao poder MATERNO, à Ciência, e aos desejos da filharada, que hoje é quem manda nos pais (rsrs)"

Levi, já não sei se a filharada mandar nos pais foi uma boa consequência dessa "estrutura horizontal e fraterna"...rsss
Eduardo Medeiros disse…
E MAIS UMA VEZ EU PEÇO:

PRIMO, VOLTE PARA O CONVÍVIO DOS BONS...RS
Levi B. Santos disse…
O Pai heróico e guerreiro dos tempos arcaicos se encontra, hoje, mutilado, Edu.

A família triunfal e autoritária de outrora foi substituída pela família “transgressora” de hoje, feitas de feridas íntimas, violências silenciosas e lembranças recalcadas.

Qual será enfim, o futuro dessa família horizontal?

Os antigos temem a destruição ou dissolução do modelo familiar patriarcal. Mas, em contrapartida, eu vejo que essa família horizontal e em “rêdes” vêm se comportando até bem. A legalização do aborto em certos casos que para os ortodoxos parecia o fim, não foi o apocalipse tão anunciado.

É claro, que nós, os da geração antiga ainda sonhamos com a utopia de que tudo venha a ser como antigamente. Mas eis que o dragão da Ciência já preconiza que a procriação será, um dia, diferenciada do ato carnal.

E eu me pergunto: Como serão os filhos fecundados fora do corpo da mãe biológica, em um útero de empréstimo com a ajuda de um sêmen que não será mais aquele do pai?

Me parece, Edu, que a família do futuro deve ser mais uma vez reinventada. (rsrs)
Eduardo Medeiros disse…
Marcio,

veja como você está desfocando o assunto, só para ficar bem claro:

"Iguais uma porra rsrsrsrs somos e muito diferentes meu amigo, ou vai dizer que uma criança aidética morrendo de fome agora mesmo na áfrica é igual à vida de um filho do Erike Batista, um dos maiores bilionários do mundo????"

Veja que eu não estou dizendo que os seres humanos são iguais, haja vista que desde sempre houve classes dominantes e classes dominadas, ricos e pobres. A experiência socialista, de um país sem classe, foi uma piada de mau gosto.

Não estou negando as diferenças que a sociedade humana impõe sobre as pessoas. Estou falando sobre o valor da vida em si, como evento espetacular da natureza.


A vida enquanto essência, enquanto doação benevolente da natureza, é una. Todos nascem e todos morrem. O que acontece entre nascimento e morte não é o valor de uma vida sobre outra, como se a vida de um rico tivesse mais importância do que a de um pobre.

Evidente que seus papeis sociais são diferentes, têm pesos diversos, e nós sempre damos mais valor aos poderosos e queremos que os fodidos se fodam ainda mais. O pior é quando os fodidos querem que os mais fodidos do que ele se fodam ainda mais...

Marcinho, se você não conseguiu entender a diferença que eu faço do valor da vida em si mesma e o valor que nós damos a vida de cada um segundo nossos critérios bem questionáveis, deixa prá lá, vamos falar de futebol.
Edson Moura disse…
Hum! Minha intenção era mostrar a morte por um viés filosófico-científico, mas acho que algo deu errado, ou não me expressei bem no texto. Tenho consciência de que não esgotarei o assunto, principalmente se debandarmos para outros caminhos.

Falar de morte é falar de "mistério". A palavra nistério tem sua origem do Grego (mysterion) que significa "o que é secreto" e sua raiz provén do verbo (myéin) que por sua vez significa "calar", fechar boca e ouvido. Portanto, mistério, se refere a tudo aquilo que se fecha para o que não pode ser visto com clareza, devido aos olhos fechados, nem expresso claramente em palavras, ao que não é dizível nem codificável, apenas contemplado e, principalmente, vivido e experienciado. Deste modo, podemos dizer que toda e qualquer elucubração filisófica ou científica que envolva a morte chega apenas a um fraquíssimo contorno desta tão densa realidade, que só pode ser alcançada por uma vivência do mistério que envolve a vida e a morte enquanto instrísecas em si mesmas.

Como disse no texto: "A consciência me tornou um covarde". Desde que o homem passou a ter consciência de si mesmo, em algum momento do passaado, a realidade da morte lhe veio como um pesadelo. No entanto, caros amigos, não se dizer com precisão, se a consciência de "si" precede ou procede do medo da morte. Uma coisa é certa, são concomitantes e certamente interligadas, e que a preocupação com a morte ultrapassa, desde a pré-história, o caráter de mero evento biológico.

A imagem da morte tem acompahado a humanidade desde seu alvorecer, abrindo uma enorme lacuna diante de sua vida, representado como um enorme "não-ser-mais". A forma como lidamos com a morte varia de acordo com a época e a cultura na qual vivemos, dando origem a diversos mecanismos de defesa, cuja função é tornar suportável a idéia de nossa finitude, afim de convivermos com ela de maneira menos angustiante.

O que venho fazendo em meus últimos anos é disciplinando-me, escrevendo sobre minha morte. Textos como: "Meu enterro", "Lembranças da minha vida eterna", "Pessoas que morrerão em 2011" (errei no Chico Anizio por questão de meses), "Minha escolha", entre tantos outros textos que trabalham a morte em sua mais aterradora face, ou seja, a morte de si próprio, para assim poder lidar melhor com a "danada" quando estiver a bater-me à porta.

Continua..
Edson Moura disse…
Em parte, a culpa de não "aceitarmos" a morte, é de Hipócrates (risos), que embora confessasse sem orgulho que metade dos pacientes que cuidava tenham morrido, ainda assim, criou um segmento da medicina que estava mais pautada no curar, do que no cuidar. Quem quiser saber um pouco mais do assunto, pesquise em "medicinas da idade média". Atualmente não é raro vermos a vida ser prolçongada em UTI's, coisa que não acontecei tempos atrás.

Vivemos assim, a negação da morte e do morrer. Podemos verificar também em nossa sociedade pós-moderna, o culto e o desejo desesperado pelo prolongamento da vida, fomentado pelos avanços significativos na medicina contemporânea na manutenção da vida, o que, como não poderia deixar de ser, fortalece a ilusão de imortalidade e anegação da morte.

Então pergunto: Quais são os mecanismos hoje, utilizados para suportar a morte? Envelhecer e morrer são fatos vividos em nossa sociedade como uma derrota frente ao tempo, mesmo que a racionalidade nos diga que são inerentes à vida. Posso dizer que este seja um dos motivos do grande aumento das filiações religiosas, principalmnente as de caráter fundamentalista.

Acho que foi Freud que desenvolveu um teoria onde diz que: Uma parte de nossa mente consciente aceita a realidade da morte e convive com ela, mas, procurando deixar esta realidade o mais longe possível de si, por meio do recalque. "Quem morre são os outros e, portanto, a morte é inevitável". Porém, outra parte da nossa mente funciona de forma oposta, negando a morte e afirmando a imortalidade. "A divisão do Ego no processo de defesa", acho que é este o texto de Fróidi.

O que venho trabalhando, como já disse acima, é justamente o recalque, cutucando sempre que posso, o conflito causado pelos dois pensamentos, este segundo já bastante enfraquecido. Na aproximação entre recalque e negação, o medo da morte retorna com força total e sou obrigado a encarar a realidade tão penosa. Porém, é somente neste confronto que posso extrair um sentido amsi aprofundado para minha própria vida. Ao aceitar e absorver ao golpe da inevitabilidade da morte, posso melhorar minha vida e meus laços afetivos em profundidade e qualidade. Não é um pensamento novo, diria até que é medieval. Ao encararmos a morte, podemos vislumbrar de forma especial o doce gosto da vida.
Edson Moura disse…
Vamos lá amigos! Entendam onde quero chegar. Tudo muda, tudo está sujeito à dinâmica do tempo. Não podemos nos manter presos à pensamentos arcaicos. A Ciência e a tecnologia está aí para acender uma luz em meio às trevas (como diria Carl Sagan). Já passamos por tanto, já temos tantos indícios da inexistência da vida após a vida, e a cada dia, mais enfraquecidas se tornam as crenças no eterno.

Não somos idiotas! Ou somos?! Não devemos nos esquecer que até pouco tempo acreditávamos que a Terra era chata, que os corpos mais pesados caem mais rápidos que nos mais leves, que as sanguessugas curavam a maioria das doenças, que algumas pessoas eram nuturalmente, e por decreto Divino escravas, pois não possuiam alma. Acreditávamos que existia um centro do Universo e que aTerra estava situada neste local tão nobre.

Minha proposta não é convencional, pois estamos todos condicionados (como disse o Marcio em seu texto anterior). O que proponho é um debate vigoroso. Isto requer reciocínio adequado, argumentos coerentes, padrões rigorosos de evidências e, acima de tudo, honestidade.

A própria ciência é um meio de desmascarar aqueles que dizem que a conhecem. É um balurte contra o misticismo, contra a superstição e contra a religião mal aplicada em assuntos que não lhe dizem respeito. Se formos fiéis aos valores científicos, ela poderá nos dizer o quanto estamos sendo enganados ou o quanto estamos "nos" enganando. Ela fornece a correção dos nossos erros pelo meio do caminho, enquanto prosseguimos com nossas convicções.

Sei que quando descobrimos uma gota de verdade no meio de um oceano de confusão, precisamos estar duas vezes mais vigilantes, dedicados e corajosos, mas, se não praticarmos esse hábito de colocar à prova tudo que nos foi "ensinado", se não exercitarmos o ato de pensar fora da gaiola, não poderemos ter esperança de resolver os problemas verdadeiramente sérios com que nos defrontaremos. Corremos o risco de nos tornarmos uma nação de patetas, um planeta de idiotas, prontos para sermos ludibriados pelo primeiro Valdomiro Santiago que cruzar nosso caminho.
Edson Moura disse…
Acredito que a proposta deste espaço criado pelo nosso irmão Isaías sempre foi, como diz o nome no topo, Pensarmos Fora da Gaiola, portanto, recitar passagens de Bíblia, recorrer ao que Paulo falou, seria o mesmo que negar a si mesmo o raciocínio lógico. Que dirá então os que estão chegando agora, como o Tiago? A confusão se instalará emj sua cabeça ainda jovem. Eduardo, Marcio e Levi, aceitem esta repremenda como um alerta de quem tem: Pouca instrução acadêmica, pouca idade, pouca autoridade, mas muita vontade de aprender, e prender com vocês.
Eduardo Medeiros disse…
Levi,

você pinta um quadro assustador da família atual:

"A família triunfal e autoritária de outrora foi substituída pela família “transgressora” de hoje, feitas de feridas íntimas, violências silenciosas e lembranças recalcadas."

Será que não erramos a mão em destronar o pai como autoridade? ou melhor dizendo, não teria sido melhor que o pai fosse de fato "autoridade" para seus filhos, como modelo de conduta, ética e exemplo, e não como modelo de "autoritarismo"?

Mas afinal de contas, essa família "horizontal" está de fato "indo até bem" por ter aprovado o aborto de crianças sem cérebro?

Esse seria um bom exemplo do que está "indo até bem"?

Não que eu fosse radicalmente contra o aborto nesse caso, mas não é estranho o Supremo posar de legislativo? o próximo passo, com certeza, será o Supremo aprovar o aborto total, amplo e irrestrito. Seria mais uma passo na banalização da vida em nosso país.

A família patriarcal tinha seus problemas, mas creio que a família fragmentada de hoje os tem elevado a décima potência.

Taí a maior prova de que a ciência evoluída dos nossos tempos, não significa uma humanidade mais humana, mais solidária.

A ciência é aética; ética é algo que somente humanos podem ter e construir.
Eduardo Medeiros disse…
Edson,

creio que todo mundo entendeu sua proposta de discutir a morte através do "viés filosófico-científico". Mas você sabe também que dificilmente os debates conseguem se ater sempre ao assunto principal em pauta, pois as questões vão se multiplicando e adendos vão chegando e a dispersão é inevitável.

Mas não creio que eu fugi tanto assim da questão. Como você bem disse, valorizamos a vida quando pensamos na morte. É o que eu estou tentando fazer: demonstrar que a vida por ser exatamente mistério, ela é sublime e possui um valor em si mesma; é a partir do viver de cada um que novos valores(ou anti-valores) vão se dando a ela.

Eu aceito a "reprimenda" mas também quero lhe mandar uma. Você dá muito valor à ciência e à razão; na verdade, você as eleva ao absoluto, como se tudo que não estivesse ao seu alcance metodológico fosse espúrio, misticismos ou está "em trevas".

A razão cientificista morreu como entidade absoluta pela qual os homens deviam pautar seus destinos quando explodiu o horror das duas grandes guerras. Quando a bomba atômica destruiu duas cidades japonesas, ceifando milhares de vidas inocentes, os filósofos(e até mesmo alguns cientistas) começaram a questionar que "progresso" era aquele.
Eduardo Medeiros disse…
Edson, continuando..

E é muito contraditório o que você diz:

"A própria ciência é um meio de desmascarar aqueles que dizem que a conhecem. É um balurte contra o misticismo, contra a superstição e contra a religião mal aplicada em assuntos que não lhe dizem respeito.

e ao mesmo tempo dizer que

"Vivemos assim, a negação da morte e do morrer. Podemos verificar também em nossa sociedade pós-moderna, o culto e o desejo desesperado pelo prolongamento da vida, fomentado pelos avanços significativos na medicina contemporânea na manutenção da vida, o que, como não poderia deixar de ser, fortalece a ilusão de imortalidade e anegação da morte"

Se a morte é mistério; se a vida é mistério maior ainda, o que a ciência tem a dizer sobre "mistérios" que estão para além de seus métodos?

Se devemos nos conformar com a morte, pra quê a ciência pesquisa tanto meios de prolongar a vida e de retardar a morte? Se entendi bem, você escreve isso com um tom de crítica à ciência que você absolutiza. Ou estou errado?


A ciência nada tem a dizer sobre "vida além da morte". Não lhe é da alçada. Não vejo com bons olhos o kardecismo dizer que a ciência pode comprovar a reencarnação. Reencarnação e vida pós morte é um tema religioso, teológico e até filosófico, mas não científico.

Cientistas kardecistas ou não, têm procurado pesquisar pacientes que passaram pela experiência de "quase morte". Se de fato é relevante que as narrativas dessas experiências feita de forma independentes serem bem parecidas, não creio que jamais essas pesquisas poderão dizer que ficou comprovado cientificamente que a consciência humana sobrevive à experiência de "libertação do seu meio físico - o cérebro", apesar de eu particularmente não desconsiderar tal possibilidade.

No mais, o trato com a morte - com a sua própria morte(a morte de cada um, digo), deve ser um assunto pessoal e intransferível.

Por que acusar um religioso(que ao contrário do que alguns querem, não são pessoas sem cultura, iludidas, que precisam de muletas, já que muitos religiosos são cientistas, físicos, literatos, etc) que tem plena certeza da existência de uma vida além da morte, de "cego pelo misticismo", carente da salvação libertadora da ciência?

Ora, cada um que lide com sua finitude da forma que lhe dê paz. Se um ateu radical, que não vê sentido maior algum na vida, deseja se matar quando ficar velho, que se mate.

Mas não queiram tirar de quem tem fé, o seu modo de lidar com a morte.
Edson Moura disse…
Eduardo, não é que eu eleve ao absoluto a Ciência. Assim como você, eu também decepciono-me com as bombas A e H, mas convenhamos, se colocarmos numa balança os prós e os contras na histérioa da Ciência, o que prevalecerá? Mais mal ou mais bem? Seja honesto na resposta!

A Ciência segue absolvida pois, ao menos, ela reconhece que não estará sempre correta, que às vezes pode equivocar-se, que possivelmente algo mudará de uma hora para outra e que será necessário rever os conceitos mais básicos de suas teorias. Sendo assim, acredito que a Ciência deve ser "reverenciada", porque reconhece suas falahas e limitações.

Essa também é uma das razões pelas quais as religiões (olha ela aí novamente) organizadas não me inspiram mais confiança do que a Ciência. Ora Edu, sabemos que os líderes dos principais credos reconheçam que suas crenças talvez sejam imcompletas ou errôneas, mas não criam institutos para revelar possíveis deficiências doutrinárias. Quantos deles fazem testes para ver se seus ensinamentos tradicionais ainda se aplicam nos dias de hoje? Que sermões pregados nas igrejas de hoje examinam imparcialmente a hipótese de Deus não existir?

A ciência, pelo contrário, está sempre nos sussurrando ao pé do ouvido: "Não se esqueça de que você é só um bebê frente a existência do cosmo. Você pode estar equivocado em sua ideias. Você já errou antes, e nada impede que você erre novamente." Apesar de toda ladainha pregada nas igrejas sobre humildade, mostre-me algo comparável na religião. Acredita-se que as escreituras ditas sagradas são de inspiração divina. Mas e se forem simplesmente criadas po0r seres humanos falíveis. Os milagres são "comprovados", mas e se forem exatamente o contrário, uma mistura podre de charlatanismo, estados de consciência desconhecidos, percepções errôneas de fenômenos naturais e doênça mental?

Nenhuma das religiões modernas, assim como nenhum credo da Nova Era levam realmente em consideração a grandeza, magnificência, sutileza e complexidade do Universo revelado pela Ciência.
Edson Moura disse…
Você está certo Edu. Eu fiz uma crítica sim à Ciência. Note que eu disse que a "culpa" é de hipócrates. Ou você realmente acredita que eu absolutizo a Ciência? Favor né Edu?! Eu questiono tudo, principalmente a Ciência, uma vez que religião, essa eu deixei de acreditar há muito.
Eduardo Medeiros disse…
Por hora, um pensamento de Pablo Picasso:

"A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos"
Edson Moura disse…
Então tá Edu, toma essa do Freud:

"Se quiseres poder suportar a vida, fica pronto para aceitar a morte"
Terecô é uma dança da macumba baiana. O "infeliz" é por minha conta quando me dirijo aos alienados fiéis a qualquer seita. Além do mais é tão facil sentir a felicidade como é difícil defini-la.
Edson Moura disse…
E essa do Edson Moura:

"O paradoxo é que só podemos duvidar daquilo em que acreditamos, pois aquilo em que não acreditamos, para nós não é válido de forma alguma, logo, incoerência seria em não descrer às vezes da Ciência"
Levi B. Santos disse…
Me parece, Edu, que a família do futuro deve ser mais uma vez reinventada. (Levi)

Essa dura tarefa de reinventar a família sem a antiga sacralidade dos tempos patriarcais, penso que não cabe mais a nós, saudosistas. (rsrs).

Aos nossos bisnetos e tataranetos está entregue essa missão, que eu nem posso imaginar ou sonhar a que ponto chegará.

Será que as futuras gerações vão nos definir como retrógrados? O nosso anseio de humanismo sobreviverá num mundo de tendência cada vez mais mecanicista e individualista?

Quanto ao STF, Edu, acho que eles (os ministros) estão constatando o que já é um consenso na sociedade guiada pela Senhora (deusa) Ciência. (rsrs)
Capim é com "m", você comeu meu "n" por quê? Pois é, eu também quiz dizer isto. He,he,he...
A vida como sôpro "DIVINO" e, igualmente, ofertada a todos. Cabe a cada um de nós dar-lhe a importância competente. Claro que eu concordo contigo. Não é pelo fato de nascer que, obrigatoriamente, impera a igualdade. Uns nascem em berço de ouro, enquanto outros recebem um saco plástico como manta.
Você não entendeu minha picardia. Diametralmente igual é do lado oposto e tem o mesmo sentido de "ter medo da morte e não querer viver" na afirmação aparentemente contraditória do texto, que é igual a falta de formas do Tiago quando diz ter medo da vida eterna mas não quer morrer. Eu só completei o festival de dicotomias. Eu não sou atoa e deixei de ser ateu, agora eu nada sou. Até aparecer algum ídolo eu acredito em mim.
Frase de efeito contra. (Eduardo Medeiros)

"Tudo quanto vive provém daquilo que já morreu".
Eu, por exemplo!!!...
A parte que ignoramos é muito maior que a tudo quanto sabemos.

Gostaria de ter participado mais, mas estava em trânsito...de Vênus.
Edson Moura disse…
Ei pessoal. É só aqui no meu PC ou vocês também não estão visualizando os últimos comentários?
Eduardo Medeiros disse…
EDSON,

meu último comentário sumiu...logo o comentário irrefutável que deixaria o Noreda pensativo....rssssssss

maldito blogger

a minha outra conta também está com problemas.
Edson Moura disse…
Entendo, muito conveniente né Edu? Pois bem, aprendi copm o Marcio a copiar todos os comentários antes de postar. Foi uma das poucas coisas que o Marcio me ensinou. Rsss

Irrefutável é? Tá pra nascer alguém que refute um de meus argumentos.?

Veja que sou: Bonito, sarado, inteligente, humilde, e perspicas...

Tá bom...tá bom...pode tirar o humilde vai.