Na postagem anterior, em que somente quatro membros desta confraria virtual participaram com seus comentários, a condução do debate entre eu e o Levi Bronzeado acabou se conduzindo para a construção de um novo modelo de Igreja, quando então o companheiro respondeu propondo que se passasse "a régua" e viesse um novo texto. Eu, no entanto, resolvi que seria mais apropriado dar continuidade à discussão tratando aqui sobre o tema Igreja e deixando de lado a ordem das postagens uma vez que a última reforma do blogue não pegou entre os nossos colaboradores.
Amados, será que a reforma da Igreja é algo que acabou e deva ficar somente na história? E nós que somos hoje os seus exilados nesta era de fundamentalismo religioso e do marketing do televangelismo, por acaso não sentimos falta de um convívio comunitário fraterno, ansiando por caminhar unidos com nossos irmãos/irmãs, ajudando uns aos outros sem dogmas, sem causar o obscurecimento de ideias, sem discriminação de qualquer tipo, sem a exploração da fé alheia, sem demagogias e evitando as armadilhas do nefasto secularismo?!
Verdade é que sempre desejamos retornar aos primeiros tempos, o que também ocorre com os entusiastas da Igreja de Cristo como ainda é o meu caso. Mas tenho aprendido ser impossível "tomar banho duas vezes num mesmo rio", segundo bem havia dito o filósofo considerando que todas as coisas estão em permanente evolução. Logo, tanto a C.P.F.G. quanto a amada Igreja, a Noiva do Cordeiro que Cristo buscará "sem ruga e sem mácula", caminham neste sentido. Parece-me uma ilusão alguém achar que vai conseguir recriar o ambiente de comunismo voluntário e de aventuras milagrosas experimentado pela Igreja Primitiva, tal como foi nos tempos apostólicos descritos pelo autor do livro de Atos.
Durante o debate com o Levi, eu havia esboçado algo sobre o novo modelo de Igreja que sonho, algo capaz de promover uma revolução espiritual. Por isso, cito novamente alguns valores e propostas que, a meu ver, devem ser buscados com esse propósito evolucionista para serem colocados em prática pelos reformadores do século XXI:
- Educação espiritual das crianças com leitura bíblica e uma espécie de doutrina religiosa introdutória;
- a discussão permanente das condutas éticas que seriam codificadas em livros para a observância das pessoas;
- a atuação na área social prestando socorros emergenciais, elaborando e executando projetos, acompanhando e participando das decisões políticas relevantes a nível local, regional, nacional e mundial;
- o diálogo e a cooperação com outros grupos religiosos;
- a execução de trabalhos voltados para a assistência psicológica dos membros e não membros.
Meus irmãos e irmãs (espero ler desta vez alguma letra feminina), essas são apenas algumas sugestões e acredito que, com a contribuição de mais internautas, avançaremos ainda mais nos debates. Minha ideia nesta postagem não é a de escrever um enorme tratado pois, em tal caso, eu editaria um livro ou um moderno e-book. E como se trata de algo ainda em construção na minha mente, quero mais é debater e colher opiniões de maneira que me coloco aberto para ouvir o que outros têm a me dizer, quer estejam desiludidos com a Igreja ou não.
A paz do Senhor!
OBS: A ilustração acima refere-se à célebre pintura do artista italiano Pietro Perugino (1448-1523) encontrada na Capela Sistina, Vaticano, onde se retrata Cristo entregando as chaves da Igreja a Pedro. Foi extraída de http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Gesupietrochiave.jpg
Comentários
"A exceção do Altamirando que virou ateu, por acaso você e o Eduardo já desistiram totalmente da Igreja? "
Da igreja evangélica enquanto sistema religioso e doutrinário, eu já desisti, sim.Ela já não me acrescenta nada. O que eu não desisti foi continuar defendendo o direito das pessoas acreditarem no que quiserem, mesmo quando eu mesmo, critico algumas dessas crenças, já que a boa crítica, é sempre desejável.
Também não desisti de valorizar o lado espiritual que todo ser humano possui. A Bíblia continua me interessando enquanto literatura religiosa antiga, que se lida de forma atualizada, pode ainda ter muita coisa a nos dizer.
Essa é só uma introdução, amanhã volto para alimentarmos mais o papo.
O ministro Ayres Brito, católico, fez ver que num país laico, é totalmente anticonstitucional vender o espaço público das Tvs para setores privilegiados, formados na maioria por seitas pentecostais, justamente, as que comercializam milagres e curas de mentiras, vivendo do nefasto espetáculo de exploração da fé com interesses escusos.
Lembro-me de que em 2011, com o apoio da arquidiocese do Estado, vinte e sete vereadores do Rio de Janeiro (quase toda a bancada) aprovaram uma Lei obrigando o “Ensino” religioso nas escolas.
Mas ensino religioso a cargo da Igreja Católica ou de qualquer outra igreja em um pais laico, é fazer pouco da inteligência do brasileiro.
E onde ficam os direitos dos filhos dos Espíritas, dos agnósticos, dos ateus, dos que professam outros deuses?
Vejo como um desrespeito à Constituição a transmissão de programas de seitas religiosas em canais abertos de TV. Os “ religiosos” de origem africana, andam a reclamar que estão sendo alijados das grades comerciais da TV, que sempre favorecem as seitas que têm grandes currais eleitorais de ovelhas.
E como levar, Rodrigo, esse novo modelo de Igreja às escolas e às televisões?
Como você faria a inserção dos argumentos e conceitos dos ateus, agnósticos, antideístas, nas escolas?
Para o presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), Daniel Sottomaior, o ensino religioso nas escolas nem deveria existir. “Nossa sociedade não tem capacidade de oferecer essa disciplina sem haver proselitismo, como a lei determina”, lamenta.
Não sei, mas acho extremamente difícil, Rodrigo, coadunar a sua proposta de”Educação espiritual das crianças com leitura bíblica e uma espécie de doutrina religiosa introdutória”. com os pressupostos do Estado Laico que propõem a não intervenção da Igreja no Estado ― aspecto que contraria a postura do ensino religioso nas escolas públicas.
Ide ao Facebook e pregai a C.P.F.G.!!!!!!
Pra mim seria uma repudiável censura impedir programas religiosos de qualquer natureza na TV. Mesmo aqueles feitos pelos pastores mais charlatões.
A TV é algo que pode ser ligada e desligada, bem como mudada de canal. Por isso, a criação de emissoras deve ser algo facilitado e bem democratizado. Não pode continuar sendo um espaço usado pelas grandes corporações privadas e pelo governo que dispõem de granes recursos econômicos e influência política na obtenção da concessão. Mas a internet tem mudado isso.
Sobre as escolas, eis aí uma boa pergunta. Há que se distinguir a educação religiosa dada numa instituição pública do ensino dos padres, pastores, ou rabinos num colégio religioso. Por exemplo, se eu tivesse filho, gostaria que a escola lhe ensinasse a Bíblia dando aulas extras, bem como houvesse grupos de corais e de louvores. Pois vejo que a educação cabe primeiramente aos pais e estes devem ter o direito de escolher onde o filho será educado. Numa escola pública, porém, fica inviabilizada um ensino religioso parcial ou voltado para uma determinada crença.
No meu modelo de Igreja, sou favorável ao ensino religioso e que as congregações cristãs se esforcem financeiramente para construírem e manterem escolas para os filhos de seus membros. Trata-se de algo importantíssimo para evitarmos as perigosas assimilações do secularismo.
Eu não me tornei ateu, eu nunca fui crente. Fui obrigado a frequentar a congregação Batista até descobrir através da história que não havia evidências para eu acreditar que a bíblia tinha razão Isto aos 12 anos. Não concordo com a frequência de crianças nas igrejas, assim como não concordo com crianças em bares, prostíbulos e estádios de futebol. Induz o infante ao fanatismo e destes quatro meios o pior é a igreja. Deixa cicatrizes indeléveis na psiquê imatura.Também sou contra religião nas escolas, o que já deveria ser proibido há tempos. Caráter e personalidade é berço. A escola lapida isto e dá cultura.
Oro pela sua conversão e que você aproveite as oportunidades que Deus te tem oferecido ainda nesta vida para se tornar um crente. Não falo em ser mais um tipo social, mas sim em se tornar um verdadeiro seguidor de Cristo. Mas Deus é tão magnífico e bondoso que respeita o livre arbítrio de irreligiosos de coração endurecido que não querem abraçar o Evangelho e ainda concede tempo para que mude de ideia. Não pense que estou coagindo-o psicologicamente a crer no Eterno...
Lendo o que escreveu, vejo que e encontra redondamente enganado quanto às igrejas a ponto de considerá-las piores do que os botecos e os prostíbulos. O fato de muitas instituições religiosas induzirem ao fanatismo não significa que todas façam o mesmo. Aliás, pode-se afirmar que muitos jovens estão protegidos das drogas e de uma vida desregrada enquanto se encontram frequentando um ambiente religioso. Pense em quantos rapazes e moças estão deixando e experimentar o crack porque vão dominicalmente a uma escola bíblica ou mesmo a uma tradicional missa católica, ou a reuniões mais informais da Renovação Carismática e dos cultos pentecostais. E aí mesmo quando existe um grau elevado de fanatismo, reconheço os outros valores positivos da instituição que, com seus erros e acertos, está a cuidar de vidas.
Fico por aqui porque, pela nossa longa experiência de alguns anos debatendo na internet, não acho que meus argumentos, por mais racionais que sejam, irá mudar a sua opinião já que te falta abertura suficiente para questionar suas próprias razões. Assim como há crentes bitolados, também encontro ateus e irreligiosos que se acham donos da verdade. Agora não se esqueça que...
IGREJA TAMBÉM É UMA ESCOLA.
Que Deus tenha misericórdia de tua alma e te ilumine o coração. Vê se deixa Jesus entrar neste teu coração, amigo!
No comentário que fiz, Rodrigão, não tive essa intenção de proibir programas pentecostais na TV.
O que quis, realmente dizer, é que a concessão de um canal aberto de TV é pública, e como tal, se faz necessário dar espaço a todos os setores de que se convencionou como “vida espiritual da comunidade”, onde só alguns poucos segmentos religiosos (católicos e pentecostais) detém o monopólio do “ensino religioso”, em detrimento de outros setores da sociedade, como os agnósticos, os psicanalistas, ateus, umbandistas, judeus, muçulmanos, budistas, espíritas, etc.
Você bem sabe, de quem estou falando. São dois ou três donos de rebanhos “invangélicos” e católicos, compradores de concessões de TV, que se valem de um bem público para vender só um tipo de comida em um espaço que ele tem que oferecer o contraditório em matéria de cunho supostamente espiritual e psicológico.
Um Estado laico é incompatível com tamanha ilegalidade. Veja que não estou censurando programas evangélicos na TV. Estou sim, querendo a democratização deste SETOR nevrálgico da nossa sociedade, onde impera o “Toma-lá-dá-cá”. (rsrs)
Muito interessante seu artigo, e principalmente sua esperança, que seguida de um planejamento de ação como o descrito no artigo, poderíamos chamar de "visão". Seria o amigo, o profeta deste tempo, o mais novo Elias em meio a esta era de apostasia eclesiástica? rsrsrsrs Mas receio que a execução deste projeto desencadearia em uma onda de protestos ateístas, neo-ateístas e humanistas em relação a laicidade do estado. Até me permito ver o Jean Wyllys dizendo: "Viu, viu, eu não falei... Esta ai o governo teocrático do qual falava" kkkkk
Paul Tilich talvez tenha sido o teólogo que mais enfatizou esta questão da comunidade, ele falava sobre a realidade de uma "Comunidade Espiritual" que estaria relacionada e definida somente pelo evento de Jesus como o Cristo, e que de forma alguma se identificava com a realidade das igrejas cristãs e seus esquemas de controle da fé alheia. Algo do tipo bem pessoal, de dentro para fora, no homem para o próximo, tornando a manifestação do Cristo um bem viver. Quando leio o amigo falar sobre a reforma, e sobre a possibilidade de uma outra reforma, eu imagino o mesmo velho de cabelos brancos e olhos como chamas de fogo, sentado no seu alto e sublime trono, com o cajado em sua mãos, mas agora com uma nova roupa... Talvez um all star, camiseta branca e calça jeans, ou ainda um terninho Armani com uma gravata luminosa bem ao estilo pentecosta... não sei... Mas sempre que escuto a palavra "reforma" eu imagino isso, pegar o velho e redefinir supondo que surgira algo novo, sendo que no fundo tudo permanece igual... Martinho fez isso... Pegou o óbvio segundo ele mesmo, jogou tudo dentro de um liquitificador, bateu e entregou como se fosse uma nova verdade, a única verdade.
Quando Paulo fala em Romanos 12 sobre a renovação da mente, eu percebo ali o único evento que pode de fato transformar a realidade da vida de um homem que confessa o Cristo... O renovar continuo e progressivo do pensamento. Algo pessoal, particular e intransferível que independe a formação de um sistema de condução, mas unicamente ao comungar da pessoa do Cristo. Se assim não for, penso que não adianta trocar as roupas do velinho.
Abraço.
O mercado não é justo, e nem amigo... Ele não faz graça a ninguém, muito pelo contrário, só faz o que lhe convém. Estes camaradas que o amigo menciona só permanecem na mídia porque possuem uma audiência fiel. Enquanto vendem, ficam, mas a hora que o pasto secar, e o rebanho não der mais audiência terão que dar lugar ao "pasto da vez".
Penso que colocar as comunidades agnósticas, psicaliticas, ateistas e por aí vai em pé de igualdade com a massa evangélica e seus simpatizantes se tratando de algo que só visa "números" não dá. Infelizmente o evangeliquez atual vende!!!
O que quis, realmente dizer, é que a concessão de um canal aberto de TV é pública, e como tal, se faz necessário dar espaço a todos os setores de que se convencionou como “vida espiritual da comunidade”, onde só alguns poucos segmentos religiosos (católicos e pentecostais) detém o monopólio do “ensino religioso”, em detrimento de outros setores da sociedade, como os agnósticos, os psicanalistas, ateus, umbandistas, judeus, muçulmanos, budistas, espíritas, etc.
há projeto dentro da tal da regulamentação da mídia, para que se proíba que igrejas comprem espaço em canais de TV. Isso para mim é a boa e velha censura. Talvez o medo do avanço político dos evangélicos provoque medo no PT, já que os evangélicos ainda não perceberam que a política petista é totalmente contra a moral evangélica, e quando perceber, isso tire muitos votos. Será que estou exagerando?
A verdade é que qualquer ramo religioso pode comprar horários na TV. Há programas espíritas e afros; sem dúvida, não tanto quanto os evangélicos, que são mais poderosos financeiramente. Veja que não entro no mérito da crítica ao conteúdo destes programas, e sim, do direito deles comprarem horários na TV.
Agora, quanto a educação religiosa em escolas eu sou contra. A não ser que as aulas fossem dadas por um ateu formado em ciências das religiões.
Não há mais pensamento teológico na igreja atual no Brasil. Tudo virou um grande mercado religioso.
Não dá pra reformar, tem que no mínimo, derrubar tudo e começar do zero. Mas até isso eu acho que não daria certo. Como podemos ter um modelo de igreja do século I em pleno século XXI?
Isso me parece impossível. Acredito que cada época tem a igreja que reflete o seu próprio contexto histórico e social. Não dá pra fugir disso.
Então se alguém quiser ser hoje, um autêntico cristão "primitivo", ele tem que ser fora do sistema evangélico. Ele tem que viver sua fé em sua solidão existencial. Se quiser ainda refletir um pouco mais o cristianismo primitivo, poderiam se reunir em pequenos grupos nas casas. Nada de templos, nada de mercado gospel, nada de pretensões políticas.
“O Artigo 19 da Constituição proíbe qualquer favorecimento a uma religião, em detrimento das outras, e consagra o princípio do Estado laico”.
“Para o Ministério Público, a Empresa Brasileira de Comunicações descumpre a Constituição ao privilegiar apenas duas religiões em detrimento das cerca de 140 identificadas em nosso país”.
Há quase dois anos a TV Brasil, através do seu Conselho Curador (que não sei se é petista - rsrs) tomou a decisão de trocar o culto evangélico e a missa católica por uma programação de debate e informação incluindo todas as crenças, sem o viés proselitista das enfadosas pregações “in$pirituai$”.
Sobrou para os discípulos de Luiz Felipe Pondé, Edu. (rsrsrs)
Essa expressão que usou sobre colocar "a bunda na janela" foi... bem adequada para definir a perda de privacidade das redes sociais. (rsrsrs) Não é por menos que eu utilizo o Face mais como um instrumento de divulgação das coisas que posto na blogosfera. Muitas das vezes sou até bloqueado e repreendido em grupos de debates de lá como se estivesse praticando um tipo de spam. Nestas horas, opto então por abandonar o grupo e continuar a compartilhar meus artigos somente nos que compreendem meu comportamento.
Quanto à C.P.F.G., quem faz o blogue somos nós. Claro que, se o assunto do texto postado não nos interessa ou se temos outras coisas em nossa pauta, não forçamos uma frequência desmotivada e aí vários desistem se esquecendo que podem ser parte deste trabalho. Ora, isso não é o que também ocorre com muita gente em relação à Igreja? Quantas vezes os que se decepcionam com alguma coisa preferem se evadir do que utarem para mudar a congregação e combater seus vícios?
Por acaso um bom escriba não deve ser competente para saber tirar de seu tesouro coisas novas e coisas velhas ao mesmo tempo?
Estou de acordo quando o irmão diz que deve haver essa independência "de um sistema de condução" pois é preciso que a Essência se mantenha e também que Ela continue sendo o foco da comunidade organizada uma vez que nem sempre o viver juntos nos leva... a Cristo. Daí Paulo ter escrito em 1Co 13 sobre a indispensabilidade do amor ágape, sem o que os dons espirituais, a caridade e o auto-sacrifício tornam-se inúteis. E vale lembrar que esse amor encontramos em Cristo e, concretamente, no outro.
Em toda essa caminhada de reforma, não podemos jamais nos esquecer desse amor! Durante a reforma protestante do séc. XVI, houve situações em que Luthero e João Calvino também falharam quanto a esse mandamento principiológico. Igualmente hoje muitos que combater as "teologias de prosperidade" e outros supostos desvios da Igreja, não estariam a cometer erros quando se fossilizam em suas atividades de apologética deixando de compreender as necessidades das pessoas?
Enfim, reforma sem amor seria trocar o eis por meia dúzia. Sem amar não chegamos à perfeição do sete!
A paz do Senhor.
Entendi o que o ir. pretendeu comunicar. Apenas discursei em cima desta questão.
Sou favorável à democratização dos meios de comunicação em todos os aspectos (tanto no âmbito das religiões como na política), mas fico a pensar se o sistema de concessões da TV aberta consegue mesmo promover uma real democracia. Se há limitação de horários, como assegurar que, numa TV aberta, todas as minorias tenham seus espaços respeitados? Fica complicada a intromissão de um órgão oficial na programação das emissoras de modo que opto pela facilitação do acesso à construção de novas emissoras. Algo que o governo deveria fazer a exemplo do que foram as rádios comunitárias que surgiram durante o governo FHC.
Atualmente, como sabemos, os adoradores do deus mercado controlam as emissoras. Para eles a busca da audiência e do lucro estaria em primeiro lugar. Detestam ceder espaço de modo que até mesmo os programas religiosos acabam sendo transmitidos fora do horário considerado "nobre". E, no que se refere a dar voz aos diversos grupos políticos, inclusive os de base popular, as emissoras e os editores dos telejornais costumam cortar muitas falas dos líderes quando estes conseguem ser ouvidos. Tudo em razão dos interesses de audiência/lucro bem como dos proprietários e patrocinadores. Mas hoje em dia, com o auxílio da internet, essa realidade tem mudado e não vai demorar muito para que as pessoas em seus modernos aparelhos (de celular, de rádio, de TV e até na geladeira da casa) assistam as emissoras alternativas que, inevitavelmente, vão surpreender.
Ora, se uma instituição religiosa hoje em dia pretende estar mais presente nas casas das pessoas, não seria uma boa ideia investir em canais de internet?
Vc fala coo um controlador onisciente achando que seus filhos não precisam de uma igreja, mas eu não os conheço pessoalmente. Agora posso lhe dizer que todo ser humano carece de seu Criador. Por que, meu amigo, em todas as culturas ao redor do mundo houve um movimento religioso mesmo havendo tanta diversidade geográfica? Por que tal sentimento seria de algum modo comum à humanidade (apesar da grande maioria dos povos ter descambado para a idolatria substituindo o relacionamento com o Criador pela criatura como bem considerou Paulo na sua carta aos Romanos)?
Agora saiba, amigo, que para o crente o relato bíblico da criação não é nem "lenda" e nem "muleta". As narrativas das Escrituras Sagradas são meros veículos para o despertar da fé e para a transmissão de ensinamentos. Contudo, todos devem ser capazes de compreender intimamente a Verdade e de se guiar por Ela.
Caro irmão,
Você não explicou aqui se tal posicionamento seria em relação às escolas públicas ou às de orientação religiosa.
Em se tratando de escolas religiosas, por que não pode haver aulas e atividades opcionais afim de que as crianças sejam instruídas conforme os valores espirituais pretendidos por seus pais/tutores?
Neste sentido, a instituição de ensino daria as aulas comuns sem a interferência da religião (p. ex., ao se estudar biologia o professor tocaria no assunto da evolução as espécies sem sofrer censuras), mas teria atividades complementares voltadas para a educação espiritual. A aprovação não dependeria do fato do aluno cursar ou colar grau nas disciplinas religiosas, ainda que a sua continuidade no colégio para o ano letivo seguinte possa ser exigida. Neste caso, a opcionalidade por não frequentar as aulas de religião pode dar ensejo ao convite aos pais para que coloquem o filho numa outra escola no período seguinte, assegurando à criança o direito de não ser assediado.
Prezado Edu,
Se o ir. leu atentamente meu texto, vai ver que não defendo uma volta aos primeiros séculos do cristianismo e nem quero alimentar ilusões deste tipo. Antes desejo que possamos descobrir qual o papel da Igreja neste século XXI e o povo de Deus conseguir sair dessa onda de "liquidez" da qual se referiu em seus comentários.
Lembrando da vocação à qual foi chamado o Jeremias (ler Jr 1:10), concordaria de que hoje também seja necessário haver o predomínio dos verbos de destruição que anteceda a esperança presente nas ações de "edificar" e de "plantar". Ou seja, levando-se em conta o sentido amplo do termo reforma, há que se buscar algo revolucionário. Contudo, Jeremias não iniciou suas pregações de juízo e de desconstrução sem ter em vista o novo.
Já nos tempos de Jesus, algumas décadas antes do final do segundo Templo judaico, a vinda do Reino de Deus foi por ele anunciada como uma realidade já presente entre os homens. Algo que até mesmo os próprios discípulos tiveram dificuldades para compreender no início daquela caminhada. Em meio a tantas tragédias, injustiças e covardias (leia-se hoje em dia também diante e tanto charlatanismo religioso de "pastores"), o Homem de Nazaré veio nos falar sobre o AMOR. Mostrou à sua geração sobre a possibilidade de buscarmos uma relação mais solidária e fraterna com o nosso próximo apesar de todas as adversidades. Com isto, o Mestre nos deixou inesquecíveis aulas também sobre liberdade incondicional.
Certamente que o novo pode ser edificado a partir do que sobrou de útil do velho. No permanente processo de desconstrução e reconstrução, é preciso saber selecionar a boa semente frutífera conforme o planejamento que fazemos do futuro sob a divina direção. Por isso há que se ter olhos para frente sem nunca perdermos a consciência do que já foi (o igualitarismo da Igreja Primitiva, as inquisições das eras medieval/moderna e a corrupção pastoral do presente). Até meso para não cometermos os mesmos erros dos irmãos do passado.
A paz do Senhor!
Abraços e boa semana.
"a discussão permanente das condutas éticas que seriam codificadas em livros para a observância das pessoas"
quando você fala "das pessoas" se refere a toda sociedade ou aos membros da igreja?
Suponho que ainda não tenha compreendido totalmente as minhas propostas para se definir tão rapidamente. Saiba que estou à disposição para os devidos esclarecimentos, viu?
Você falou em "imposição", mas não é o que proponho e nem tenho ilusões de que o mundo vá aceitar uma nova Igreja. Não tenho ilusões acerca disto sendo que o próprio advertiu aos seus discípulos de que eles seriam odiados pelo mundo. Ago que se evidencia porque os seguidores de Cristo contrariam poderosos interesses dos ricos, dos políticos e os sacerdotes. Além do mais, os tempos da restauração de todas as coisas estão com o Eterno e somente Deus sabe quando ocorrerá a plenificação do Reino que já está entre nós.
Respondendo à pergunta que formulou, penso em algo extensivo também à toda sociedade. Trata-se, pois, de ir ao mundo e pregar o Evangelho... De nos tornarmos "luz do mundo" e "sal da terra". No entanto, sabemos que o grau de exigibilidade é diferente. Enquanto que na Igreja a pertença ao grupo e sua membresia possa se condicionar à aceitação de um determinado padrão ético-moral, o mesmo não ocorre em relação ao mundo. Para os de fora podemos tão somente propor, buscando influenciar o mundo com os valores do Reino de Deus e sabendo que há limitações quanto à liberdade alheia... até que o Senhor venha e mude tudo.
A paz!
Vc deixou de ser batista para virar um ateu católico? (rsrsrs)
Mas falando sério, digo-lhe que meditar sobre o Pai Nosso sem precisar repeti-lo já basta.
Sobre o trecho acima, pinçado de um dos seus comentários, Rodrigo
Entendo que há um conflito entre a visão que temos do mundo e de nós mesmos. Lutamos tentando por nossas expectativas internas ou individuais no outro. Mas o resultado disso é frustrante. Por mais altruísta que eu seja, irei sempre ser protagonista do meu próprio enredo. Já diziam os filósofos:
“Quem contra a vontade é convencido, cala e obedece mas não se dá por vencido”. (rsrs)
E aí me veio a lembrança de um trecho que li do livro 9 (Meditações de Marco Aurélio):
Esse imperador romano estóico do século II, refletindo sobre a PÓLIS idealizada por Platão, assim falou:
“Nunca alimente a esperança de tornar realidade a República de Platão. Quem pode mudar as opiniões dos homens? E, sem que mudem os seus sentimentos, o que fazer senão transformá-los em escravos relutantes e hipócritas?”
Jesus não veio trazer nenhum modelo cultural, e nem fundou uma cultura cristã. Aí o ocidente criou o cristianismo como cultura.
Jesus não estabeleceu uma dogmática cristã rígida. Aí surgiu a igreja, que não estava em seus planos, e ordenou seus ensinos articulando um corpo dogmático inflexível.
Diante de uma religião com padrões morais valorados acima da vida. Jesus pregou uma moral com coração. Surgiu a igreja e convidou sua comunidade a um retorno ao velho e ultrapassado paradigma.
Jesus veio criar um modelo de convivência tomado por uma atmosfera de amor, paz, reconciliação e reciprocidade antevendo o bem comum. Aí surgiu a igreja que procurou meio de obstacular o acesso a essa realidade proposta por ele.
Jesus veio para aposentar o Deus-lei e revelar o Deus-Pai que indiscriminadamente chamava a todos os homens a terem participação no Reino. Surgiu a igreja e assumiu o monopólio de distribuição de ingressos a esse Reino.
Frequentemente confundem igreja com Cristo, teologia feita por homens com a mensagem de Cristo, moral de leis e mandamentos com o querígma. Mas seria importante distinguir a mensagem de Jesus com as ideologias de um grupo feita através da figura de Jesus.
A igreja, para estar conectada ao que originalmente planejou Jesus, deve romper com o atual status quo, abrir mão desse conceito pragmático patente aos olhos de quem quer ver, e promover a necessária revolução em seu sistema como um todo.
Reforma somente não basta.
O respeito pela liberdade alheia é algo que vem de Deus, o qual se auto-limita embora tenha em suas mãos o poder de julgar e de punir os homens pelos atos maus que praticam.
Sendo assim, pode-se dizer que Jesus convidou os homens para abraçarem a causa do Reino de Deus mas, se os seus apóstolos fossem rejeitados numa cidade, deveriam sacudir a poeira dos pés em testemunho.
Até que o Reino se plenifique, tentamos viver por antecipação conforme os seus valores elevados e justamente por isso não cabe à Igreja impor ao mundo um padrão ético. Podemos tentar influenciar a sociedade, tipo nos posicionarmos contra o aborto, contra a violência ou contra a corrupção. Entendemos que determinadas leis protetivas da vida precisam ser aprovadas e cumpridas através da ordem estatal, mas aguardamos que os homens mudem de mentalidade arrependendo-se de seus erros.
Agora como mudar alguém? Confesso aos irmãos que não tenho esse poder. Mesmo o Onipotente Criador, como já disse, prefere se auto-limitar e deixar que cada homem por si mesmo faça a escolha correta. Até que chegue o tempo do juízo quando os ímpios sofrerão as consequências da atitude que tomaram.
Seria tal coisa uma coação? Porém digo que, apesar de muitos absterem-se de certas condutas por medo do juízo divino, porque não querem se queimar brincando com fogo, ainda assim não haveria uma escolha consciente. Pois é. Como aprendi desde cedo na Igreja, uns vêm por amor enquanto outros chegam a Cristo pela dor sendo que o mesmo se aplica ao caminhar de toda a criatura motivo pelo qual até os animais afastam-se dos precipícios, das chamas e de outras situações capazes de lhes oferecer perigo.
Para o momento presente volto a dizer que não tenho ilusões de que a humanidade experimente o Reino em plenitude, mas é possível que muitas pessoas tenham um vislumbre de algo que é bem superior à república platônica. Como Moisés, não podemos ver a face do Eterno e continuarmos vivos, mas podemos degustar brevemente da sua glória, olhando o Senhor pelas costas.
Abraços.
Muito bom o texto do nosso confrade e colaborador Donizete, mas eu lhe responderia que a Igreja ainda vive uma longa transição até vir novamente para Cristo. O povo de Deus não chegou à maturidade esperada, mas haverá o glorioso dia em que o Senhor buscará a sua Noiva sem ruga e sem mácula (Ef 5:27). E, neste dia, creio que o Reino, finalmente, chegará à sua esperada etapa de plenificação.
Nesse longo processo, mano, todas essas críticas à Igreja são bem vindas pois sabemos que Jesus foi de fato uma mente bem a frente de seu tempo e ainda hoje mostramos não compreender a sua mensagem. Tal como o discípulos muitas vezes erraram, nós continuamos a nos desviar do alvo de modo que a história eclesiástica é cheia de avanços e recuos.
Enfim, tudo isso cabe na ideia de reforma. E se este termo não for adequado, usemos então o gênero mudança quer se caracterize como revolução ou algo até mais radical. Só não podemos é ficar paralisados e criticando tudo sem entrarmos em ação. Precisamos fazer a nossa parte para que a Igreja progrida e faça diferença neste mundo decaído onde pessoas são brutalmente assassinadas nas ruas por causa de time de futebol como houve recentemente com um torcedor do Santos em SP. Um mundo onde encontramos jovens vitimados pela droga do crack, corrupção em todas as esferas, crianças sendo jogadas pelos pais numa caçamba de lixo, etc.
Até agora tenho compartilhado algumas de minhas propostas para a Igreja, mas gostaria de ouvir mais as opiniões de vocês.
Qual é a sua Igreja ideal?
E o que a seu ver precisa ser mudado?
Contribua!
●...a igreja convidou sua comunidade a um retorno ao velho e ultrapassado paradigma.
●...Surgiu a igreja e assumiu o monopólio de distribuição de ingressos a esse Reino. ( Confissões do Donizete)
As confissões do Donizete que eu repliquei acima, e aprovadas por você, Rodrigo, estão até consoantes com o meu pensamento. A instituição igreja de paradigmas ultrapassados que embalou nossos sonhos, nos abandonou.
Essa “igreja” que em criança, para me acolher em seu seio me metia medo, não mora mais em mim. A canção do seu acalanto, tal qual a cantiga de ninar cantada por minha mãe, que falava de um pavão ou dragão que ia me pegar se eu não dormisse, não me satisfaz mais, nem me leva ao sono. Penso ter evoluído dessa fase, apesar de que essa “igreja-dragão” de forma fantasmagórica ainda aparecer em meus pesadelos,
Talvez a nossa linguagem tenha um ponto de conexão. Quem sabe, se quando você diz que não desistiu da igreja, não está implícito um certo temor em admitir seus desejos de não aceitá-la nos moldes das confissões do Doni que, acima reproduzidas, atraíram tanto a sua atenção?
Confesso que ao escrever esse texto não tinha em mente o texto do Doni citado pelo Edu e recitado pelo irmão. Porém, quando compus o título afirmando não ter desistido da Igreja, não me referi em hipótese alguma à instituição dos "paradigmas ultrapassados". Muito pelo contrário! Antes o objetivo dessa mensagem seria buscar alcançar o alvo pretendido pelo nosso Senhor Jesus Cristo.
Ora, nunca que o Mestre Amado desejou fazer da Igreja a concessionária de um monopólio salvífico. Somente Deus pode salvar sendo que, quando os discípulos do Senhor viram um outro homem que não andava com o grupo expulsando demônios no nome de Jesus, foram advertidos para não o proibirem.
Antes do protestantismo, o catolicismo já havia dogmatizado de que "fora da Igreja não há salvação". Porém, numa época mais recente, teólogos católicos mais liberais começaram a reinterpretar o dogma e a considerar a figura do "cristão anônimo", isto é, de pessoas que, mesmo sem confessarem a Jesus Cristo como Senhor e Salvador, nem tão pouco seguirem a doutrina religiosa, confirmam a fé por meio de atitudes coerentes.
Em seus comentários o irmão falou que a fantasmagórica igreja-dragão ainda aparece em seus pesadelos e penso que seja especificamente sobre isto que gostaria de tratar. Sei que, no fundo, mutos ainda não conseguem se libertar dos medos incutidos lá na infância como instrumento de coação religiosa proselitista com base na má interpretação dos textos sagrado. Só que, no meu caso, não foi o trauma ameaçador do evangeliquismo brasileiro que me motivou a defender a Igreja. Muito pelo contrário!
Todavia, não existe o movimento do eu sozinho de modo que nos tornamos limitados quando somente refletimos de maneira crítica sobre os fatos sem partirmos para uma ação concreta transformadora. Neste sentido, cabe aqui uma oportuna citação de Karl Marx que, apesar de ateu confesso, disse algo digno das pessoas de todas as crenças e ideologias políticas:
"Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo"
A paz do Senhor!
Eu estou realmente com muita saudade de tudo que compartilhava, mas me acho pelas florestas e mares de Santo Agostinho, talvez seja meu tempo de Elias. Paz e graça.
Rodrigão, parece fácil ligar ou desligar o aparelho de TV, no entanto, querido, têm pessoas tão inocentes, tão carentes, tão desesperadas, que não têm condições de filtrar pregações, elas absorvem tudo que acreditam ser verdade. Não seria por estas razões que os Edis Macedos da vida, estão cada vez mais ricos?
Eu apoiaria cem por cento a ideia de ser terminantemente proibido fazer comércio da fé.
Um dia eu te escrevi: você tem muita cultura, lhe falta sabedoria...
Te amo amigo. Deus ouça o teu coração, porque Ele te entende. Abraço.
Não me parece uma afirmação sua...
Um ateu ensinaria ciência das religiões sem impor seu ateísmo mesmo que sutilmente? O fato de apenas um ateu poder ensinar sobre ciência das religiões, já seria uma imposição descabida.
Apesar do homem, Jesus estava sempre ensinando nos templos e sinagogas...
O problema é que, se houver uma lei dessas, isto é, proibindo o "comércio da fé", corremos o risco das más interpretações.
O povo precisa é de uma educação de qualidade e cabe às igrejas conscientes in vestirem na formação das crianças. Não apenas através da EBD, mas, principalmente, através de escolas cristãs comunitárias.
Pode-se dizer que Jesus, mesmo sendo um profundo conhecedor da natureza humana, jamais desistiu do ser humano.
Que motivador exemplo, não?
Por mais que a Igreja cometa erros, devemos não desistir de nossos irmãos.
A paz e um ótimo feriado!