PARÓDIAS

Por Lacerda
(Do blogue Mangaratiba)



“Eva coava o café que Adão tomava...
Mas, um dia, Adão furou o coador
E nunca mais Eva coou.”


Benedito Lacerda e Luiz Vassalo fizeram a marchinha “Eva querida” para o carnaval de 1935. A paródia fez sucesso por muitos carnavais seguintes através da paródia acima que eu cantava quando ainda criança.

Houve um tempo em que todos os sucessos musicais –sucessos mesmo, não essas porcarias atuais - viravam paródias. Principalmente as marchinhas carnavalescas, e até os sucessos românticos como “Saudade torrente de paixão, emoção diferente”. Cantávamos assim: “Soldado correndo de calção, mas que coisa indecente”.

A paródia com o “Pirata da perna de pau”, marchinha de 1947, quando eu tinha quase dez anos, incrivelmente eu lembro toda:



“Eu sou o Getúlio, já fui ditador,
Eu sou trapaceiro, eu sou gozador...
Meti o papo no trabalhador,
Com o voto dos trouxas, eu sou senador.
Minha galera, com quinze anos de navegação,
Trouxe a miséria, o câmbio negro e a inflação...
Por isso, eu sou pai dos pobres,
Sou mãe dos ricos em compensação.
Pro Borghi eu dei muita roupa,
Roupa de algodão”.






Até o hino da Marinha, o Cisne Branco, virou paródia lá em Bangu: “O Silveirinha, em noite de lua, saiu de casa e foi cagar na rua. Vem cá seu guarda, mete o dedo e cheira, vê se é de hoje ou de sexta-feira”.

Empolgado pelas paródias, eu fiz algumas para o colégio onde estudava o ginásio. Com a melodia de “Torrente de paixão”, eu cantava: “Na MABE a organização é toda diferente, os professores ajudam a gente e ao pau não vai quase ninguém. Nas provas, se cola às pamparras, não há quem reclama, pois o ensino na MABE é bacana, reprovação entre nós não convém”. Também fiz uma paródia da imortal "Ronda" de Paulo Vanzolini.



Quem nunca passou por isso?
De noite, que puta vontade
Me dá de mijar, sem levantar...
Cansado, com sono, com frio,
Sinto um calafrio, não vou aguentar...
Fico na cama contido, durmo apertado, encolhido,
O sonho agonia me dá, nele vou urinar.
Ah! Se eu pudesse e acordasse depressa,
ao banheiro corria... 
Desisto, a corrida é inútil, isso é covardia.
Mas sei que em minha sonolência
Eu não posso urinar, hei de aguentar.
Acordo sentindo a torrente,
Um líquido quente a jorrar sem parar.
Sei que esse dia, então, vai ser o meu dia de cão...
E ela se zanga a gritar "quero um novo colchão".


OBS: Texto extraído do blogue Mangaratiba, originalmente postado em 26/06/2018, conforme consta em http://muriqui-lacerda.blogspot.com/2018/06/parodias.html

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