O 11 de Setembro Está Vivo



Por Levi B. Santos



Os turistas que estão visitando Nova York, dizem que estão se sentindo em casa, chegando até a compará-la com a nossa São Paulo. Dizem eles que ao redor da Times Square, o que mais se vê são bugigangas (olhe o respeito!) como chaveiros, porta-retratos, canetas, camisetas e outras quinquilharias para que os turistas as adquirem como lembrança da tragédia que se abateu sobre um dos seus maiores símbolos ― as Torres Gêmeas. A criatividade dos americanos foi muito além: há até rolos de papeis higiênicos com a cara de Bin Laden com os dizeres: “acabe com o terrorismo!”. Há também estatuetas de policiais e bombeiros que foram os grandes heróis. Nessa época, bandeiras brasileiras se juntam às americanas numa irmandade patriótica fora do comum. Há até brasileiros de dois corações que levam as duas bandeiras, uma em cada mão.

Não é à toa que a expressão — “O Brasil é o Quintal dos EUA” ― já entrou para Wikipédia como “um conceito utilizado em Ciência Política e nos contextos de relações internacionais para se referir à esfera de influência dos Estados Unidos”.

Como acontece desde 2002, Nova York, nesta semana, vai parecer mais uma festa dos mais variados povos do mundo e, não poderia faltar nesta miscelânea o “brasileiro-americano”, que não perde essas ocasiões para exteriorizar seu ufanismo. Ele se vê hasteando a bandeira americana no meio dos escombros imaginários, talvez, sentindo os eflúvios da reminiscência histórica internalizada em sua psique: Estaria ele erguendo, inconscientemente, o pendão nacional em Monte Castelo na Itália, sei lá de que forma, por ocasião da segunda Guerra Mundial?

Contardo Calligaris, psicanalista e colunista da Folha de São Paulo, que faz constantemente a ponte aérea Brasil — EUA, em um de seus artigos, oferece uma explicação para toda a evocação patriótica que, nessa época, faz Nova York fervilhar de gente de todos os recantos do mundo.

Quanto à compra de bugigangas, como recordação do 11 de setembro de 2001, Contardo faz uma abordagem interessante. Diz ele:

“O propósito dos turistas de comprar todas essas lembrancinhas não é para embelezar suas residências nem lembrar suas viagens. Seu propósito é a domesticação do mundo. Nem todos os turistas viajam para negar a intolerável alteridade do mundo. Alguns, ao contrário, viajam para conhecê-la e reconhecê-la. Mas todos parecemos voltar de viagem com objetos encarregados de conciliar a estranheza dos lugares visitados com a familiaridade de nossa casa e de nossa vida”.

As Torres Gêmeas, nesta semana, estarão no centro dos noticiários, e também no centro de nossa mesa. Quanto a Osama você poderá encontrá-lo na privada, impresso em um rolo de papel higiênico. E se ele morder?... (rsrs)

Comentários

Os EUA foram, originalmente, um projeto não de nação, mas de Estado. Um Estado baseado nos ideais da liberdade e da igualdade que se formou no comecinho como uma confederação de ex-colônias independentes buscando construir um futuro livre nas terras do Novo Mundo.

Infelizmente, em sua trajetória histórica, os EUA se corromperam. Principalmente no século XX. Os pais dos Estados Unidos jamais pensaram que o novo país um dia se tornaria uma super potência hegemônica, controladora do mundo, de caráter nocivamente intervencionista e com uma economia sugadora. A participação dos norte-americanos na 2ª Guerra Mundial e depois no conflito leste-oeste com a ex-URSS desviaram-nos do propósito inicial que seus ancestrais tiveram.

Pode ser que a história traga mudanças significativas para os EUA neste século XXI. A eleição do primeiro presidente negro (espero que Obama mantenha-se no poder) e o fato da China estar hoje disputando a hegemonia econômica tornando o mundo atual multipolar, pode promover transformações profundas na sociedade norte-americana que já não é composta apenas pelos descendentes de irlandeses, ingleses e alemães e tem entre seus principais grupos sociais imigrantes latinos, inclusive brasileiros (meu tio por parte de mãe é um deles).

No momento, não vejo mais o Brasil como um "quintal" dos EUA. Temos agora um pouco mais de originalidade e uma economia mais próspera. Talvez nos falte sim tecnologia própria em diversos setores, princípios de sustentabilidade, menos corrupção, um ensino melhor nas escolas e aprendermos a valorizar as oportunidades dadas pela vida. E uma das coisas que desejo é que, nesse nosso processo de afirmação, não tenhamos que imitar o mesmo estilo consumista e perdulário dos americanos do norte. Podemos evitar os erros já praticados por eles.

Abraços.
chica disse…
rssss...Até no banheiro?Que periiiiiiiiiiiiiigo!rs abraços,tudo de bom,chica
Americano é assim mesmo, Chica. Lá eles usam até roupas íntimas com a bandeira do país para comemorarem o Independence Day em 04/07.
Levi B. Santos disse…
Chica e Rodrigo

Os americanos de Nova York, quanto a sua cópia desejante(o brasileiro que faz a ponte), desejam mais nesse 11 de setembro é comprar bugigangas e mercadorias de grife, do que demonstrar solidariedade com a cidade ferida. (rsrs)
Levi B. Santos disse…
Puxa, por que falei tanto do 11 de setembro?

Não precisa Freud explicar, a tragédia das Torres Gêmeas vieram macular o dia em que vim ao mundo, há 66 anos. (kkkkkkkkkk)