A morte em dois momentos



Não tenho medo da morte, tenho pena em morrer, pois o que é a morte, se não um acontecimento natural da própria vida? Ou será que a morte seria a negação da própria vida? Mas o que seria da vida se não fosse à morte? Pois não seria a morte quem alimenta a vida, ou será que é justamente o contrário?

Mas tenho pena em deixar esta vida. Vida que vivi, às vezes chorando, às vezes rindo, às vezes caindo, às vezes se levantando, mas em todo instante, uma vida de muitos instantes, que por serem instantes, podem ser transformados em eternos.

Eternos momentos de instantes eternos, de lembranças, de acontecimentos repletos de insignificância, mas ainda sim, carregados de vida, de beleza, pois o que é um momento diante de uma eternidade? Mas o que é uma eternidade diante de um momento?

Enquanto caminhamos rumo ao abismo da morte, vemos nossa vida a cada dia se esvaindo tal como areias que tentamos segurar, mas que escape entre os nossos dedos.

Não podemos reter, segurar a vida, pois a morte, ah a morte, essa musa tão assustadora, mas ao mesmo tempo tão atraente, às vezes da vontade de morrer logo, só para saber como é experimentar a morte.

Mas a morte não se experimenta na primeira pessoa, sempre é no outro que sentimos o que é morrer, pois quando a morte chega, ela com sua frieza e calor, nos leva indiferente ao nosso desejo de vida, mas neste momento não estaremos sendo mais, pois quando a morte é, nós não somos, mas enquanto estamos sendo, ela não pode ser.

Toda nossa vida é feita de momentos, quem sabe este não é meu último momento? Ultimo momento de respiração, ultima vez que vejo o por do Sol, o brilho das estrelas, as ondas do mar, ultimo momento que beijo minha amada, que brinco com meu filho, que leio um livro, que escrevo um texto, que assisto um filme, que ouço uma musica, que como aquela macarronada, que ando de bicicleta, que ouço o cantarola dos pássaros, que corro descalços pela praia, que durmo, que acordo, que abraço, que sorrio, que choro, que me emociono, que vivo, que .......morri!

Toda morte é a última morte de todo ser.

Por isso, o que dói não é a chegada da morte, mas a sua longa espera, espera esta, que no fundo ninguém espera, mas sabe que ocorrerá, quem sabe não seja por isso que a maioria das pessoas não gosta de pensar na morte, principalmente na sua própria morte, pois a morte é a única certeza infalível da vida.

Ou será que na verdade, não gostamos de pensar na morte, porque ela é um enigma? Como explicar a morte, se nunca morremos, e quando morremos, não podemos voltar e dizer como é?

Talvez seja por isso, que a única maneira de termos uma idéia, é se passarmos pela quase morte, pois todas as pessoas que já tiveram a sensação de quase morrer, são em sua maioria, mas conscientizadas pelo valor da vida....será que temos que passar pela quase morte, para podermos valorizar a vida?

Tantas perguntas sobre a morte que nos deixam sem palavras, pois a morte é tal como o Sol do meio-dia, que em seu esplendor não pode ser contemplado, olhado, observado, descrito em palavras.

Morte, morte, como você é ao mesmo tempo odiada e querida...odiada pois leva quem nós amamos, não importa o quanto estejamos preparados, quando a morte chega para quem nós amamos, sempre ela choca, dói, é irresistível sua presença, não há como não chorar, não sentir tristeza, pois toda morte é singular, sempre são todos o primeiro a morrer.

Mas é querida, pois já pensou se nós fossemos eternos?
Não precisaríamos fazer nada, tudo perderia o seu valor, pois teríamos todo tempo do mundo para fazer qualquer coisa que não precisaríamos mais fazer nada.
Instante só é instante, pois é instante e não eterno.

Por justamente sabermos que a vida é breve, devemos viver com a maior intensidade possível, fazendo de cada momento nosso último momento, sendo nós, nós mesmos e não o que os outros querem que nós sejamos, pois quando a morte chegar, será a prova de que vivemos a existência.

Bem ou mal, isto dependerá de como vivemos nossa existência, pois tal como foi à vida assim também será a morte!



Por: Marcio Alves

Fonte do texto: http://outroevangelho.blogspot.com/2010/10/morte-em-dois-momentos.html


Fonte da imagem: http://aromacafe-cris.blogspot.com/2009/07/morte.html

Comentários

Levi B. Santos disse…
MARCIO


Parabéns pelo substancioso ensaio.

Vivemos o EROS enquanto TÂNATOS não chega. Mas como você disse que a vida é feita de instantes, no nosso caminhar grávido de EROS, topamos algumas vezes sem querer com Tânatos, e morremos um pouco a cada dia.

Só lamento discordar redondamente de você (rsss) no quesito "Pensamento do dia", que a meu ver deveria ser esse:

"Mas a morte não se experimenta na primeira pessoa, sempre é no outro que sentimos o que é morrer, pois quando a morte chega, ela com sua frieza e calor, nos leva indiferente ao nosso desejo de vida, mas neste momento não estaremos sendo mais, pois quando a morte é, nós não somos, mas enquanto estamos sendo, ela não pode ser".
Eduardo Medeiros disse…
Muito boa a sua reflexão.

Há uns 10 anos escrevi uma peça teatral chamada "Entrevista com a morte" que não chequei a montar. (eu era diretor de um grupo de teatro amador). Agora, um amigo resolveu retomar o projeto e vai montar a peça aqui em um teatro no Rio.

Fiquei pensando que se eu fosse escrever hoje essa peça, ela seria bem diferente. Questões que eu não abordei eu abordaria agora. Certezas que eu tinha quando a escrevi, possivelmente não estariam nela agora. Mas o que está escrito, escrito está. A peça refletia naquele momento questionamentos que eu tinha sobre a morte. Apesar de ser uma peça de temática cristã ali eu já propunha uma reflexão para além das certezas metafísicas. Tanto que meu amigo pediu-me persmissão para modificar o final dela. Com certeza deve ter posto algo mais "evangélico", mas ainda não li o que ele reescreveu.

Depois vou deixar por aqui o dia e o teatro para os nossos amigos leitores que estão no Rio que queiram conferir.


Agora os destaques do teu texto:

"às vezes da vontade de morrer logo, só para saber como é experimentar a morte."

olha, nunca tive essa vontade não...rsss jura que você tem vontade de morrer logo só para ver como é? ora, mas você não sabe, não? agente apaga e não acorda mais. Ou apaga e abre olhos em alguma outra dimensão. É só escolher uma das duas opções.

"Mas a morte não se experimenta na primeira pessoa, sempre é no outro que sentimos o que é morrer,"

é uma grande verdade. Só sentimos a morte do outro, mas no outro, vemos também a nossa morte.

"Por isso, o que dói não é a chegada da morte, mas a sua longa espera,"

particularmente, espero que a minha espera seja longa...rsssss já falei para a vida que eu quero ver meus netos crescerem. Não sei se a Vida vai me conceder tal coisa. Só meste continuar vivendo...

"será que temos que passar pela quase morte, para podermos valorizar a vida?"

Essa é uma grande questão. Temos que valorizar a vida agora. Temos que amar agora, temos que fazer o bem agora, temos que exorcizar nossos demônios agora, temos que olhar a vida agora. O amanhã não existe.



Por justamente sabermos que a vida é breve, devemos viver com a maior intensidade possível, fazendo de cada momento nosso último momento,
Edson Moura disse…
Belíssimo texto Marcio. Diante de tão belo esboço daquilo que é a morte, só posso dizer o seguinte:

Quando saímos do "útero materno", derramamos lágrimas, pois (acredito eu) as lágrimas derramadas por um recém-nascido são a maneira de ele expressar sua insatisfação por o terem tirado de sua cápsula protetora e o terem jogado num mundo cercado de perigos e contingências.

Então, uma atirado no "útero social", ele cresce, goza de boas e más situações, e quando ele já está perfeitamente adaptado a este novo mundo, cheio de problemas...riscos...amores...alegrias, ou tristezas...

...é hora de ser atirado no "útero de um túmulo". E nesta hora, assim como ao nascer, lágrimas foram vertidas por este ser...desta vez, são outros seres quem derramarão lágrimas por ele.

E para quem fica, um pensamento não pode deixar de fazer parte de sua existência:

Amar; odiar; sofrer; regozijar-se; sentir dor; sentir prazer; ter fome; saciar-se....são privilégios dos vivos.
O sistema, a ciência e a religião se combinam para deixar milhões cansados de viver, mas ao mesmo tempo, com medo de morrer.
Na verdade, começamos a morrer no momento em que nascemos. Já devíamos estar preparados.
Abraços...
Marcio Alves disse…
LEVI

É comprovado pela ciência que todos os dias em nosso corpo, morrem milhões de células, ou seja, viver a vida, é viver a morte todos os dias, até porque a vida, para continuar existindo se alimenta de outras vidas.

Em relação ao “pensamento do dia”, já vou mudar o mesmo...você falou, então tá falado!

Abraços
Marcio Alves disse…
DUZINHO

Você escreveria mudando algumas coisas em sua peça, pois o pensamento é vivo e dinâmico, e não estático e morto, pois a vida é movimento, um constante fluir, por isso que para se pensar a vida o pensamento tem que ser também vivo.

Vontade eu tenho, mas é um misto de vontade com tristeza....mas fica tranqüilo que não precisamos buscar a morte, e ela é que vem nos buscar, mais cedo ou mais tarde. Rsrsrsrss

Em relação a sua frase: “ora, mas você não sabe, não? agente apaga e não acorda mais. Ou apaga e abre olhos em alguma outra dimensão. É só escolher uma das duas opções”.

Oras DUZINHO, é fácil para quem é desonesto, pois a verdade de como é depois da morte, não há como precisar, mas apenas especular....não tem jeito, vamos ter que esperar morrer para ter 100% de certezas....além do mais, acho que não tem um crente, que por mais crente que seja, nunca tenha duvidado da sua certeza de vida depois da morte, e, não há um ateu, que nunca tenha tido uma duvida se ao morrer segue-se o nada mesmo.

Portanto, podemos até escolher, (eu prefiro deixar em aberto) mas certeza mesmo só quando morrermos......coisa que também eu não tenho pressa em descobrir, prefiro viver a certeza da vida.

Aqui você diz algo também interessante: “já falei para a vida que eu quero ver meus netos crescerem. Não sei se a Vida vai me conceder tal coisa”.

A imprevisibilidade da vida acaba também, por conferir um sentido ainda mais para a vida, pois já pensou que graça teria se soubéssemos de tudo que iria nos sobrevir de antemão?

Realmente DUZINHO, o hoje é uma dádiva (de Deus ou acaso? No fim das contas, não importa, o que importa mesmo é que estamos existindo) e por isso que se chama presente.

Abraços
Marcio Alves disse…
EDSON

Esta sua frase final: “Amar; odiar; sofrer; regozijar-se; sentir dor; sentir prazer; ter fome; saciar-se....são privilégios dos vivos” resume bem, uma das idéias que eu quis passar em meu texto, que não tenho medo da morte, tenho sim antes, medo de como vou morrer....se com dores, cheio de tubos numa U.T.I, longe das pessoas que eu amo.

Pois antigamente, as pessoas morriam em casa, porém hoje, estamos cada vez mais, escondendo a morte, pois a grande maioria que morre, morre uma morte impessoal, no sentido de morrer longe de sua casa, de seus amigos e parentes.

Mas a morte em si, não há o que temer, visto que com a sua chegada não estaremos mais aqui, mas confesso minha tristeza e dor só de pensar em deixar esta existência.

Abraços
Marcio Alves disse…
ALTAMIRANDO

Mas pura verdade o que você disse, tanto é, que antigamente a morte na Grécia era tida como um acontecimento natural, onde as pessoas tinham o direito de morrer quando quisessem, mas hoje, a morte é encarada como negação da vida, onde todos vivem fugindo até mesmo de pensar sobre ela.

Aqui vale o pensamento de Pascal que disse que o homem busca se distrair com as mais variadas coisas, justamente para não ter que pensar na morte.

Mas se por um lado é morbidez pensar demais na morte, por outro é covardia e ilusão não pensar nunca nela, pois uma das poucas certezas absolutas da vida é justamente a morte.

Abraços
Levi B. Santos disse…
MARCIO

Cientificamente não morremos,
O nosso DNA viverá eternamente.
Nos nossos filhos e netos
A nossa voz
E a expressão dos nossos sentimentos
Vêm lá de trás, dos nossos ancestrais.
Na verdade quando falamos,
Falam os nossos pais, somos ecos deles.
Me iludo pensando que os gritos são meus.
Isto não é verdade.
A voz de muitos está em meus gritos,
Nada tenho de mim, tudo foi repassado.
Até os gemidos que emito no ar,
Expressam dores dos meus antepassados.
De modo que cada riso, lágrima ou pranto
São expressões que vêm lá de trás,
E continuarão a se repetir, a maneira de um rito
Nos meus filhos netos e bisnetos.

(Teu texto arrancou de mim essas divagações)
Atena disse…
Caro Marcio:
Estava inspirado, hein?
Sempre me espantou eu não ter medo da morte e isso me acompanha desde que me conheço por gente. Talvez porque instintivamente soubesse que a morte não existe, é simplesmente uma troca de vestimenta.

Agora, que a vida é feita de instantes, lá isso é. Uns bons, outros não. Há algum tempo aprendi a tornar os instantes bons com gostinho de eternos. Lembro de um, particularmente, em que senti o tempo literalmente – parar.(um momento romântico) e foi maravilhoso! Quando estou triste lembro dele e dele me alimento. rsrs

Com esta frase aqui não concordo mesmo: “Como explicar a morte, se nunca morremos, e quando morremos, não podemos voltar e dizer como é?”

Ô Marcio, tanta gente que já “morreu” se comunica frequentemente com os daqui. E não me venha dizer que é fantasia ou alucinação porque não é. Até a Medicina já está reconhecendo contatos com “espíritos”. Só concordo que as explicações dadas sobre como é o outro lado podem ser, muitas vezes, imperfeitas porque isso depende da evolução de quem partiu e de quem as traduz. Mas não morremos não, só trocamos de fase.rsrs ou de dimensão, dito mais corretamente.
Gostei do texto.
abraços
Edson Moura disse…
Madonna Marcio! E agora, o que você vai dizer à Atena sobre a questão da "comunicação" dos mortos (ou espíritos dos mortos) com os vivos?

Vou ficar aqui só de "arquibancada" observando! Rsss
Marcio Alves disse…
LEVI


Ao ler este seu poema inspirador, lembrei-me de um poema de Drummond, que diz mais ou menos assim:


“Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

(...) E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.”. (Drummond)


Diante disto, eu tive uma idéia muito boa...há três maneiras de nós conseguirmos “transcender” a nossa própria morte, sem precisar das ilusórias explicações inventadas das religiões.


A primeira é esta que você trouxe a baila, porque sempre fica um pouco de nós em nossos filhos, netos e assim vai....a segunda é que morre sempre os indivíduos mas nunca a raça humana, ou seja, sempre triunfaremos sobre a morte através da coletividade, e a terceira é através da arte....os grandes artistas não estão “mortos”, mas bem vivos e cada vez mais vivos, por causa de suas artes.


Pode se matar a beleza na vida, mas nunca na arte.


Abraços
Marcio Alves disse…
ATENA


Eu posso dizer que estava “grávido” de uma idéia sobre a morte, até que nessa postagem eu consegui finalmente “dar a luz”. Rsrsrrsrsrs


Legal você compartilha um pouquinho de seu instante que você transformou em eternidade, pois uma das maneiras de nós triunfarmos sobre a questão do tempo é justamente em fazer de cada momento uma lembrança eterna e duradoura.


Tudo bem Atena, eu respeito sua crença de vida após a morte, até porque eu nem creio e nem descreio, muito pelo contrário.....esta questão juntamente com a outra questão sobre a existência ou não de deus, são as duas únicas questões que a meu ver, podemos apenas especular, mas nunca provar ou “desprovar” com absoluta certeza, daí eu ser um agnóstico-quase-ateu. Rsrsrsrsrs


Em relação ater até médicos envolvidos em “provar” a existência da comunicação de mortos, uma vez eu vi uma matéria no fantástico que aborda justamente essa questão, tendo médicos formados trabalhando nisso, tentando provar que existe mesmo, comunicação com os mortos, e até reencarnação.


Mas sabe o que é o mais interessante nisso? É que os médicos eram espíritas..........o que eu quero dizer é que eles já foram pré-disposto a provar o que eles já acreditava, o que torna a pesquisa um “pouco” parcial.


Sendo sincero contigo Atena, na questão do sobrenatural eu sou cético, só acreditaria se viesse um morto ao vivo e em cores conversa comigo, mas não vale se for apenas em sono heim. Rsrsrsrsrsrs


Agora eu quero lhe fazer uma pergunta Atena, com todo respeito, claro.


Eu sei que você acredita nisso tudo ai que você disse, mas você nunca teve duvidas ou tem duvidas?


Abração
Marcio Alves disse…
EDSON

Já respondi a ATENA, agora eu quero ver como você a responderia se fosse você em meu lugar. Hahahahahahaaha

Abraços
Eduardo Medeiros disse…
como uma texto belo e reflexivo sobre a morte pode gestar poemas tão bonitos como o do Levi...E quem irá dizer que ele não está certo? somos de fato, eternos enquanto nossos gens estiverem se transmitindo geração após geração...

Marcinho, um dia numa aula num seminário o aluno me perguntou se eu acreditava se Jesus estava vivo. Como a turma era receptiva a novas reflexões, eu lhe perguntei: Einsten está morto? Galileu? Homero? Platão? Elvis...rssss

O homem que passa por aqui e deixa sua marca não morre nunca, eterniza-se em sua obra.
Anônimo disse…
A morte faz parte do moto perpétuo da existência. Talvez ela nem se chamasse "morte" se a gente compreendesse o que ela realmente significa. Pra mim ela é ponto final e de partida ao mesmo tempo. Ponto final de uma vida aqui e início de planejamento da próxima.
Eduardo Medeiros disse…
Levi, com sua permissão mas já feito antes de tê-la rsss postei seu poema-comentário lá no Olhar o Tempo.

O Éder quer saber sobre a sua aceitação de entrevista para o blog dele, o Recortes.
Esdras Gregório disse…
“Não tenho medo da morte, tenho pena em morrer” nunca uma frase disse tanto e tão resumida em tão poucas palavras, é o que eu sinto também.

Tenho pena em deixar de ver novas descobertas da ciência, novos avanços do pensamento, novos tipos de comportamento humano, e novos seres humanos.

Tenho pena em não participar de novas ideologias e utopias filosóficas como tentativas de melhorar a vida, tenho pena em não poder ajudar a acalmar novos alarmes e pânicos ideológicos sensacionalistas.

Mas no fundo mesmo tenho pena em não ver o que meus amigos e inimigos verão e sentirão com tudo o que ainda esta por vir nesta vida que mesmo que seja um eterno retorno de épocas já vivida, não deixa de trazer como se fosse novo, antigas e belíssimas criações e invenções humanas.

É uma pena mesmo não estar vivo para ver, não estar aqui para poder sentir tudo o que pode ser sentido e descoberto ainda pelo homem, é uma pena não estar aqui para amar mais amores ou re-apaixonar-se pelo mesmo amor. Enfim é uma pena morrerr.

Mas medo? Medo não! Medo por quê? Um dia todos vão, um dia chega a hora de cada um, míngüem ficará por muito tempo, míngüem sentirá algo que não seja humano, que não seja simplesmente e naturalmente humano.

De certa forma quem já foi, já esta pleno, já sentiu tudo que tinha para sentir, já sabe o que sabe ou não sabe que não sabe, enfim melhor o “ inferno” real do que um imaginado e esperado.

Não há o que temer, e às vezes por já julgar ter sentido tudo o que deveria sentir também desejo sentir o sabor da morte, e viver seu momento único. Anseio ver a face vazia da morte ou brilhante de deus, anseio saber o não saber, anseio viver o não viver, asseio voltar para terra de onde eu fui tirado ou para deus de onde eu fui gerado.

Não pedi para nascer, não tive vontade de viver, mas agora que estou aqui, quero ir até o fim, quero ver o final, quero sentir o ultimo sentimento e terminar consciente a vida que desejei viver inconsciente nos genes de deus.

Bom o texto, inspirativo, até mesmo proporcionou um dos mais belos poemas do Levi.
Levi B. Santos disse…
EDUARDO

Ser destacado em sua magnífica sala, é um presente que não posso recusar(rss)

Agora, meu velho, aqui pra nós: aquele comentário da releitura do apocalipse e das bem-aventuranças que deixaste registrado na Sala de Evaldo, é muito mais digno de elogios.

Bola que vem, volta (rsrss)



P.S.: Minhas desculpas por ainda não ter respondido ao Éder. Entrarei em contato com ele logo logo.
Hubner Braz disse…
Demorei, mas cheguei...

E quero iniciar o comentário elogiando o texto mais redundante da confraria. Tambem quero elogiar o brilhante poema do Dr. Levi ao qual estou devendo o complemento do comentário na sua postagem.

Márcito eu particularmente vejo a morte como um cavalo. Onde um dia montaremos nele para Levar cada um de nos ao seio de Abraão. Esperando a paurosia revelasse por completo.

Abraços Marcitto
Atena disse…
Marcito:
O nosso "ateu" Edson tá a fim de me sacanear, é? rsrsrs Não me incomodo, pois sei que ele é gente boa.
Quanto às dúvidas: quando eu era ignorante desses assuntos até duvidava, sim. Hoje tenho certeza, pois já presenciei cada coisa ... Já fiz regressão de duas diferentes maneiras: com um terapeuta e quando tomei Mescal.
Eu sei que os céticos podem aventar várias hipóteses para o que se vivencia, mas quem passa pela experiência sabe o que está ocorrendo. Eu sou uma pessoa cética e conheço os mecanismos sub e inconscientes devido à minha formação, portanto posso dizer com certeza que existe sim vida após a morte física.
É tudo muito simples, não há nada de sobrenatural. São outras realidades apenas. Claro que o pessoal que é espírita "enfeita" um pouco a coisa, mas não fazem por maldade e sim por um tantinho de ignorância.
abração
Marcio Alves disse…
Amiga ATENA


Esta sua frase resume bem tudo “mas quem passa pela experiência sabe o que está ocorrendo”.


Experiência esta, que é determinada e não apenas determinante, pelo sujeito e sua complexa, singular subjetividade de pensamentos, sentimentos, vontades, culturas e pré-conceitos.


Tai o motivo de eu não crer em tais coisas, mas não fechar por completo também, sendo muito mais para mim uma real possibilidade do que certeza de sua concretude ou irrealidade.


Embora eu até que deseje que tenha vida depois da morte, contudo eu sinto e penso que é o nada da existência que nos espera.


Portanto, não tenhamos pressa, pois logo, logo descobriremos, ao cruzarmos a linha final de nossas vidas, pois antes disso, só “deus sabe”. Rsrsrsrsrsr

Abraços
Marcio Alves disse…
GRESDER


O seu comentário está tão bom quanto o do LEVI, dá para você inclusive postar ele.


A meu ver, cada um pegou um trecho do meu texto, pois o que escrevi, escrevi abordando vários pontos sobre a morte, sendo que cada ponto daria para escrever um texto em cima dele, como vocês bem fizeram.


Uma das coisas que você abordou de relance, está a crise do homem pós-moderno, pois se de um lado temos orgulho de estar vivendo a melhor fase da ciência e tecnologia nunca antes vivenciada, por outro, estamos nos vendo ficando também para trás, e não conseguindo acompanhar o ritmo acelerado da evolução cientifica.


Pois a ciência, arte, musica e tudo o mais fica, mas nós não.


Dá tristeza só de pensar que nós vamos morrer e nunca mais vamos ver, sentir, ouvir e viver esta vida que justamente por ser insignificante é tão bela e fantástica.


Agora em relação a outra parte de seu comentário, que você diz que não há porque ter medo de morrer, acho que você não entendeu bem a minha fala.


Pois eu deixo claro que não tenho medo da morte, por justamente ela ser um acontecimento natural da própria vida, agora, tenho medo sim é de morrer, no sentido de como e não a morte em si.


Se vou morrer lentamente e com dor em cima de uma cama de um hospital longe da minha família e amigos, pois saiu um dado que das mortes, mais de 70% delas são em um leito de hospital, frio e impessoal.


Entendeu?


Agora, uma questão que seu comentário me fez pensar é:

A morte é bem mais aceita por quem vive melhor e plenamente, ou por quem não vive nada de prazer e alegria, mas só decepção e desgraças????


No primeiro caso, nós temos uma pessoa que embora tenha passado por intempéries – pois a vida não é somente alegria e prazer o tempo todo, mas de certa forma, pode existir pessoas que durante toda sua vida, tenham passado e experimentado menos as agruras da vida – viveu muito mais momentos de alegrias e prazeres, que por isso ela pode tanto aceitar mais fácil sua morte, como também, não aceitar, por justamente ter vivido muito mais o lado positivo da vida.


Já no segundo caso, temos uma pessoa que viveu muito mais o lado negativo da vida, que teve pouco ou nenhuma alegria em vida, para esta, só resta a morte como alivio e consolo para sua vida miserável.


Portanto GRESDER, (eu fiz a pergunta, e eu mesmo respondi. Rsrsrsrs) seu comentário dando a entender que porque a pessoa viveu intensamente e plenamente é mais bem preparada para a morte é insustentável quando comparada a uma pessoa que não viveu tão plenamente assim....mas o que você acha????


Abraços
Marcio Alves disse…
EDUARDO

Não somente somos eternos por causa de nossa perpetuação através da genética, mas também através das nossas atitudes....esse é o principio da co-responsabilidade, que tudo que fazemos ou que não fazemos tem desdobramentos eternos na vidas das pessoas e no mundo, a diferença é que uns marcam infinitamente mais, outros menos, tudo dependerá do grau de influencia.
Marcio Alves disse…
ISA

Tem razão.....porque a morte tem que se chamar morte?? Porque não outro nome??

Porque a morte tem que ser explicada por explicações decoradas e herdadas da cultura e sociedade??

Porque não inventarmos nosso próprio significado para a morte???

Abraços
Marcio Alves disse…
HUBNER

Para você, eu deixo uma pergunta:
Se o inferno, como o céu não existissem, você ainda seria crente???
Guiomar Barba disse…
Oi Marcinho,

kkkkkkkkkk Quero o sol brilhando a cada manhã; os passáros voando; o vento entrando pelas nossas janelas sem pedir licença. Quero mergulhar no mar e sentir águas mornas e poderosas sobre mim; quero correr pelo campo, dançar com as borboletas, deitar no tapete verde, subir montanhas, mirar a lua.
Quero sentir os abraços apertados dos meus filhos e a voz adoçicada dizendo: eu te amo mainha. Quero do meu maridão os braços num abraço envolvendo-me sempre. Quero beijar loucamente e docemente.
Quero comer muito peixe, e de todos os frutos do mar.
Quero uma ducha refrescando meu corpo cansado e sujo.
Quero viver! Viver! viver! Quase sem pensar na morte. Quando um dia a natureza baixar a cortina, estarei pronta, porque vivi cada minuto desta vida fugaz.

Nosso poeta, você é brilhante. Beijão pra tu.
Guiomar Barba disse…
Marcinho,

Respondo também a pergunta feita a Hubner: seria. Porque eu sou crente não tanto pelo céu, mas porque eu amo a Deus. Ele me basta! Beijo.
Eduardo Medeiros disse…
É Marcinho, o negócio é mesmo por aí: o grande problema não é tanto a morte em si, apesar de que a morte sempre será uma motivadora de perplexidades, tristezas e vazio. Mas o grande mal mesmo é como vamos deixar a vida.

Lembrei agora que o Caio conta em sua biografia que seu avô já com quase 90 anos ainda lúcido, certa manhã deitou-se na rede e despediu-se da vida. Nas palavras do Caio, ele tinha decidido descansar por já vivera bastante e era hora de ir...

Quem assistiu o filme "Antes de partir" em que dois homens doentes com câncer terminal decidem fazer uma lista com tudo aquilo que ainda não tinham feito e que queriam fazer? É muito bom, quem não viu, recomendo.
Anônimo disse…
MARCINHO,

Imagine o oposto da nossa realidade..

Se estivéssemos vivendo um ciclo chamado "morte"...mas imagine este ciclo como uma vida "vegetativa" (exemplo, um paciente que luta contra um temível câncer..e está nos último dias da sua vida), este paciente já vive uma "quase morte", a única diferença é que ele não se 'apagou' e ainda não fechou os olhos definitivamente...

Qual o desejo maior deste paciente?!...Você acha que ele deseja morrer sem lutar pela vida?! Você acha que ele fica pensando 24 horas na morte?! Não. Ele pensa 24 horas, que a morte está rondando ele...mas ELE QUER CURAR, ele quer a vida...VIVER...

Mas porque ele quer viver?! Será que a vida é um mar de rosas?! Não...Mas a vida é o que conhecemos..e o que TEMOS.

Você já viu alguém desejar ter algo que nunca viu?!

É igual o sonho.. é impossível uma pessoa sonhar que está passeando pelo Museu do Louvre em Paris, e que está tocando em uma arte decorativa que está inserida nele. Por que?! Porque esta pessoa nunca foi a este museu, e ela não tem "imagens" nem boas e nem más que formam imagens significativas em sua mente.

Como alguém pode desejar morrer, ou ficar esperando pela morte...se não sabemos quando ela vem, como ela vem.. e como ela é?!

Só criamos "certos medos" da morte..ou receio que ela vem, não porque este mundo é a melhor coisa que existe...mas porque sabemos que estamos deixando a vida (conhecida), para entrar num ciclo chamado pós-vida (desconhecida).

Alguém quer abrir mão daquilo que tem, para experimentar algo incerto?! Não.

Exemplo, quando perdemos um objeto, como um celular por exemplo, qual é a nossa reação..?? de FRUSTRAÇÃO...ficamos frustrados..angustiados, porque não aceitamos perder o que temos...é NOSSO..é como a vida: ELA é NOSSA.

Quando morremos, perdemos o que era nosso..a VIDA.

Muitos dizem que não somos donos da vida...mas eu creio que somos sim, pois quem comanda a vida, querendo ou não, somos nós.

Se a morte fosse definida como um outro ciclo, e se as pessoas que morressem tivessem a oportunidade de voltar para nos contar que do lado de lá é um paraíso e já tivéssemos certeza de como é do outro lado...ahhh, confesso que ninguém mais queria viver nesta vida que parece mais a "morte e desespero" que a própria vida em si.

Beijos querido.
Anônimo disse…
...

"Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida)".

Alguns versos de "Morte e Vida Severina" de João C. de Melo Neto:

Beijos.
Esdras Gregório disse…
É eu acho que tenho uma visão muito romântica da morte, desejo que ela seja violenta, quero sentir meu fôlego e minhas forças desaparecendo, quero saber que aquele é meu ultimo momento, quero viver os minutos eternos onde em poucos segundos vou ver num relance toda minha vida, mas... talvez não seja assim.

Quanto a quem receberá de bom grado a morte, não serão os mais felizes mas os mais sábios que sabe que não tem jeito para a morte, que uma hora ela acontece mesmo. Eu sei que estou agora totalmente conformado com a idéia de morrer qualquer hora mas... na prática e quando chegar a hora, ai eu não sei, o jeito é esperar pra ver rrs
Marcio Alves disse…
GUIOMAR

Se por um lado é morbidez só pensar ou pensar em demasia na morte, por outro é ilusório não pensar nela, pois ela é uma certeza que ninguém escapa, portanto, temos que encontrar o equilíbrio entre esses dois pólos, digo no sentido do pensar na morte, pois para mim, a morte não é como muitos imaginam, a antítese da vida, mas antes, uma face da mesma moeda, sendo ela um acontecimento natural.

Abraços
Marcio Alves disse…
DUZINHO

O importante não é a linha de chegada, mas o percurso que fazemos até ela.

Agora uma coisa interessante que notei, é que não importa quem tenha morrido, pois sempre serão vistos com bons olhos por aqueles que ficaram.

Abraços
Marcio Alves disse…
PAULINHA

Concordo em partes com seu comentário.

De um lado você esta certa quando diz o que diz sobre a vida ser sempre preferida ao invés da morte, pois a primeira conhecemos por já estarmos vivendo, mas a segunda, ninguém sabe como será e que vira depois.

Mas por outro lado, você acha mesmo que uma pessoa que vegeta quer continuar vivendo, mesmo nessas condições?

Ou melhor, você acha que uma pessoa que vegeta, que na verdade é um morto vivo, realmente esta vivendo a vida??

Mas antes, me responda o que é viver a vida para você???

Abraços
Marcio Alves disse…
GRESDER

Este seu pensamento sobre como morrer, você está partido do ponto da pessoa sentir ou conseguir prevê momentos antes de sua partida, mas o que dirá daqueles que vão e que não tem tempo de nem saber quem estão indo, isto é claro, partido também da premissa que é o nada da existência que nos espera.

Mas de qualquer maneira, cada um terá que espera pela sua partida mesmo, para saber como realmente é, enquanto isto só podemos especular, e, como a questão é totalmente um enigma para nós, se segue que qualquer conclusão final que feche e paralise o pensar é burrice e desonestidade, pois a razão não consegue, a meu ver, dar conta de tudo através de explicações e teorias.

Valeu!
Hubner Braz disse…
Marcitto,

Responderei assim: A necessidade de acreditar é parte integrante do ser humano. Nós não podemos fugir dela.

Até+++ @/
Anônimo disse…
MARCINHO,

Uma pessoa que "vegeta" no exemplo que citei, não é a pessoa que já está no estado insconciente..mas "vegeta" no sentido que APENAS existe sabendo que vai morrer......é estar vivo e ver a morte chegar sem nada poder fazer ( no caso alguém que está "desenganado" ).

E ...SIM para tua pergunta. Uma pessoa que está quase morrendo por um câncer, por exemplo, DESEJA com grande entusiasmo VIVER e não morrer. Ela espera pela cura incansavelmente, mesmo que algumas vezes o cansaço a vença. (Não estou generalizando, existe exceções).

Existe dois casos para o estado vegetativo (na minha opinião)..um é o real e o outro metafórico.

Uma pessoa que está em coma, está no estado VEGETATIVO real...e uma pessoa que está quase morrendo de câncer, por exemplo, está no estado VEGETATIVO metafórico, porque deixa de viver para se preocupar com a morte que está vindo..já não come..já não vive...

Mas nos dois casos, eles não vivem a vida no sentido APROVEITAR, DEGUSTAR, SENTIR, VIVERRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR....Mas eles vivem a vida sim, porque estão VIVOS.

Para mim, VIVER A VIDA é existir..é estar vivo...é poder estar dentro da vida.

Mesmo que não encontramos os sentidos da vida..ou mesmo que não haja sentidos nesta vida......o fato de já existirmos, é o fato de já estarmos vivendo a vida.

Mas o complemento que dá "luz" ao viver...é sorrir..amar...chorar..comemorar..namorar..casar...ter filhos...tomar sorvete...enfim...é fazer tudo o que podemos fazer ainda em vida.

Beijos.
Eduardo Medeiros disse…
Concordo com Paulinha. Quando você está preso a uma doença grave, normalmente você irá lutar para superá-la. Todo ser vivo neste planeta, instintivamente, quer preservar a vida, até mesmo os animais irracionais.

Gresder, você fala sério quando diz que "desejo que ela(morte) seja violenta.." você está falando sério ou só está fazendo tipo? Você gostaria de morrer por exemplo, sendo atropelado por um caminhão e ficar uns 5 minutos agonizando?

cara, ou você é louco ou você é louco. E não me diga que você fala isso inspirado em Jesus...


Se eu pudesse escolher, eu morreria depois dos oitenta e dormindo, como o meu sogro.
Guiomar Barba disse…
Marcinho, veja que eu disse: "QUASE sem pensar na morte. Quando um dia a natureza baixar a cortina, estarei pronta, porque vivi cada minuto desta vida fugaz.

O sol aqui no nordeste tá insistindo: olha a poça d'água! Estou aqui fazendo o que tenho que fazer para correr para ela. Beijo.
Esdras Gregório disse…
Violenta sim Eduardo, mas não precisa exagerar rsrs
Pois são as mortes violentas que dão ao individuo a sensação de seus últimos momentos de vida, morrer dormindo não tem graça, prefiro morrer na água ou por um tiro, cinco minutos ates da morte são o suficiente para a pessoa sentir seu sabor.
Anônimo disse…
GRESDERZINHO,

Nada é pior que a própria morte em si. O jeito como vamos morrer, isto é só um detalhe...

Se me pedissem para escolher como eu quero morrer, eu sinceramente nem saberia escolher mais, pois eu quero mesmo é ficar viva, e esta é a minha única escolha! rs..

Beijos..
Eduardo Medeiros disse…
GRESDER, não exagerei, morrer atropelado e ficar agonizando é bem parecido em levar um tiro ou ficar uma hora perdido em alto-mar e por fim, morrer afogado...

Que a Vida então, lhe dê a morte que você quer...rss

e vamos parar por aqui que este papo tá ficando muito mórbido...
Marcio Alves disse…
HUBNER

Sua fala: “A necessidade de acreditar é parte integrante do ser humano. Nós não podemos fugir dela”.

Minha resposta: Não! As pessoas acreditam no que acreditam, simplesmente por que querem acreditar, e não porque precisam acreditar.

Se você estiver num avião cheio de passageiros ateus, agnósticos, crentes, macumbeiros e etc., e, esse mesmo avião cair, não adiantará se essas pessoas acreditavam em alguma crença ou não.

Mas as pessoas mesmo assim, continuam acreditando, porque querem acreditar. E porque querem acreditar? Porque em sua maioria, tem medo de alguma coisa – morte, pobreza, doença e etc. – e a crença, dará uma falsa ilusão de segurança e conforto.

Abraços
Marcio Alves disse…
PAULINHA

Concordo que uma pessoa muito doente deseje ser curada, mas agora, que ela esteja sofrendo muito e que não tenha expectativas de ser curada, deseje continuar “vivendo” mesmo naquele estado, isto eu não concordo, pois o sofrimento é tamanho que faz com que a pessoa deseje se livrar daquele mal, se não por “bem”, então por “mal”, mas no fundo o que elas querem mesmo é não continuar sofrendo, isto claro, se for uma doença como o câncer, por exemplo, que a pessoa já não mais esteja vivendo.

Pois eu também discordo totalmente de você, quando diz que viver é simplesmente estar vivo, pois as plantas são seres vivos, mas, no entanto elas estão realmente vivendo a vida???

Claro que não!

Portanto, uma pessoa que já esteja apenas sofrendo com uma doença degenerativa, e que não está mais vivendo a vida, ela deseja por fim ao seu sofrimento, por isso que eu sou a favor do direito da pessoa escolher morrer ou continuar vivendo, nessas situações extremas, onde ela não mais vive a vida, mas apenas continua a ser uma morta-viva.

Abraços
Marcio Alves disse…
DUZINHO

Claro que todo ser vivo, luta pela vida, mas acontece que chega uma hora, em que a morte bate em nossas portas, que não tem jeito, mesmo que tranquemos as portas, ela conseguirá entrar.

Agora, esta questão de morte é cultural, alias, é difícil sabermos distinguir separando o que é cultural e o que é natural.

Pois a morte era vista na antiga Grécia, como um acontecimento normal, onde as pessoas inclusive, tinham o direito de morrer a hora em que quisessem.

Diferente de nossa cultura hoje, que tenta justificar a morte, dando razões porque o individuo morreu.
Sempre queremos achar a causa da morte, dizendo que fulano de tal, morreu, porque foi atropelado, ou por causa de alguma doença, ou até mesmo de velhice, ou seja, a morte ainda é tida para nós, uma negação da vida.

Enquanto cultivarmos essa mentalidade sobre a morte, ela ainda continuará sendo uma condição inaceitável por nós, porém sempre inexorável da nossa condição humana.

Abraços
Marcio Alves disse…
GUIOMAR

A morte é nossa origem, como é nosso destino.

Origem, porque revela nossa condição humana, e destino, porque todos nós, a cada dia que passa, vamos caminhando, mais e mais, em direção a ela, mesmo que tentemos fugir.

Abraços
Marcio Alves disse…
GRESDER

Eu entendo você.
Apesar de não ter a mesma coragem e desejo – morrer atropelado por um caminhão? Se é louco?! – , porém, também quero sentir nos poucos minutos de vida que me restarem, a morte se aproximando de mim.

Que sensação fantástica deve ser morrer!!!
Pena que não podemos voltar e re-lembrar nossa própria morte.

Mais pena ainda, que os mortos nunca vão ao seu próprio enterro!!!

Abraços
Eduardo Medeiros disse…
"Que sensação fantástica deve ser morrer!!!"

definitivamente Gresder e Marcinho estão louco. Camisa-de-força neles...kkkkkkkkkkkkk

fantástico mesmo é viver e morrer sabendo que viveu de forma mais autêntica possível e que fizemos o bem, que construímos uma história pessoal digna e que criamos filhos e fizemos deles pessoas de bem. Aí descansar em paz.
Anônimo disse…
Marcinho,

Desculpe minha demora, mas, estavas quase a morrer antes mesmo de nascer.

Nascer alguma idéia em minha mente para não parecer demente.

Li todos comentários, alguns meio que superficialmente.

Morte é o grande tema da humanidade.

Edu, a peça teatral da morte acontece todos os dias, e o palco, o palco é este mundão em que tanto queremos viver.

A crença na hipótese de retorno daqueles que já não fazem parte de nós não é uma novidade do século XXI.

As primeiras civilizações já tinham suas "deduções" e assim como Atena, suas "certezas" mesmo que incertas e improváveis.

Para algumas tribos australianas estudadas, o espírito do morto permanecia próximo ao corpo após sua morte, necessitando de vários rituais, até mesmo ao ponto de comerem a carne dos mortos e quebrarem seus ossos para tentar fazer com que o espírito o abandonasse definitivamente e fosse à terra dos mortos.

Se um morto for enterrado e, em seguida aparecer um leão perto do local eles acreditavam que o espírito daquele que morrera havia adentrado no animal.

Quando mulheres grávidas sentiam os primeiros sintomas da gravidez, eles acreditavam que tinha sido "fecundada" por algum espírito e, ela deveria identificar próximo à qual local tinha sentido as dores, para ali, procurarem saber do antepassado que havia sido enterrado para descobrir qual espírito estava sendo gerado nela.

A idéia de espírito em algumas civilizações antigas começou de uma forma bem simples:
"À noite eu sonho que estava pescando, em seguida acordo no mesmo lugar que deitei. Assim eu imaginava que além de meu corpo existe algo que sai de mim à noite e pode ir para outros lugares, voltando em seguida. Se este espírito não voltar à tempo pode ocorrer a morte. Pois, a morte é o desligamento final deste espírito com o corpo.
Quando sonho com um antepassado isto é uma prova que o espírito dele ainda existe, logo, ele se comunicou comigo."

Continua...
Anônimo disse…
...Continuação
Esta é para Atena:
Atena, nós conseguimos nos comunicar através de nossa fala. Nós evoluímos tanto na fala quanto na escrita. Nossos pensamentos somente podem ocorrer baseados em nosso conhecimento nestas duas áreas, ou seja, eu nunca penso ou sonho em um idioma que eu desconheça.
Eu nunca sonhei que estava falando em russo, logo, todos meus sonhos e pensamentos são em português.
Se eu tiver algum defeito em minhas cordas vocais eu posso adquirir dificuldades em falar. No desenvolver de nossas vidas também podemos sofrer algo que nos torne mudos, porém, continuaremos com a capacidade de pensar.
Caso eu perca minha capacidade de comunicação (voz e escrita) eu me tornarei incomunicável. Ou seja, você não irá conseguir de forma alguma entender o que eu tente transmitir através de meus pensamentos.
Inclusive o próprio pensamento está vinculado à nosso cérebro. Morrendo meu cérebro, as ligações de meus neurônios não mais existirão. Toda minha história está gravada em meu cérebro por vias criadas no mesmo.
Ou seja, se meu cérebro "pifar" eu não mais terei lembrança de minhas histórias, sejam elas boas ou ruins.
Vemos ao nosso redor história de pessoas que "perderam" parte de sua memória ou parte da capacidade em se comunicar, isso simplesmente com o envelhecimento de nosso corpo.
Confesso que sou néscio quanto à comunicação com mortos, na minha época de crente, antes do "espírito santo de deus" sair de mim, eu conseguia ouvir "deus" me falando o que "ele" queria que eu falasse para outras pessoas.
Algumas vezes eu "ouvia anjos" trazendo recados do altíssimo para um outro membro da igreja e ali eu "transmitia". Sendo assim, a única "mensagem" do além que tenho experiência é ter ouvido a voz de "deus" e de seus "anjos". (Tudo isto em português, claro)
Isso porque evangélicos não acreditam em espíritos humanos.
Voltando ao assunto, quero destacar que nunca conversei com mortos (ainda).
Agora me explique como um morto pode ter o registro de sua história de vida se o cérebro do mesmo fora enterrado, cremado ou apodrecido no mar?
E mesmo que você me convença que ele tenha tal registro como o mesmo conseguirá conversar comigo sem sua capacidade de emitir sons já que suas cordas vocais seguiram o mesmo caminho de seu cérebro.
Nas suas experiências em conversas com mortos, por exemplo, você conseguiria manter contato com Hitler, Napoleão, Bethoven, Elvis, Jesus Cristo, Maomé, ou tantos outros?
Ou a sua experiência se resume a receber os recados de um parente próximo que tenha morrido.

Peço que não me ignore, trate-me como se fosse um novato tentando ser teu discípulo, assim, creio eu, ficará mais fácil.


Marcinho, hoje à noite como sempre, para manter minha vida, estarei me aproveitando de animais mortos. Ainda não escolhemos o local da janta, mas, existe uma grande oportunidade de comermos galinha frita com batata e bolinho de queijo.
Será que a galinha pode se comunicar comigo e me amedrontar por estar comendo o que restou de seu corpo?

Abraços,

Evaldo Wolkers.