A guerra contra as religiões



Nesse artigo, Olavo de Carvalho, um desses polemistas que gosto de ler, critica os  inimigos da religião e suas teses contra a mesma, expondo com racionalidade  e maestria de grande pensador e filósofo que é, o outro lado da questão. É claro que todo esquerdista, evolucionista anti-religioso,  gostaria de ver a cabeça do Olavo numa bandeja. Mas ele ainda não foi degolado...



Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 23 de janeiro de 2006


Embora desde a Revolução Francesa o grosso da violência militante tenha se originado sempre nas ideologias materialistas e escolhido como vítima preferencial a população religiosa; embora a perseguição aos católicos, ortodoxos, protestantes e judeus tenha matado mais gente só no período de 1917 a 1990 do que todas as guerras religiosas somadas mataram ao longo da história universal; embora nas duas últimas décadas o morticínio de cristãos tenha voltado a ser rotina nos países comunistas e islâmicos, chegando a fazer 150 mil vítimas por ano; embora todos esses fatos sejam de facílima comprovação e de domínio público (v. nota no fim deste artigo); e embora nas próprias nações democráticas o acúmulo de legislações restritivas exponha os religiosos ao perigo constante das perseguições judiciais, -- a grande mídia e o sistema de ensino na maior parte dos países insistem em continuar usando uma linguagem na qual religião é sinônimo de violência fanática e na qual a eliminação de todas as religiões é sugerida ao menos implicitamente como a mais bela esperança de paz e liberdade para a humanidade sofrida.

A mentira gigantesca em que se sustenta essa campanha é tão patente, tão ostensiva, tão cínica, que combatê-la só no campo das discussões públicas é o mesmo que querer parar um assassino, ladrão ou estuprador mediante a alegação polida de que seus atos são ilegais. Os mentores e autores da campanha anti-religiosa universal sabem perfeitamente que estão mentindo. Não precisam ser avisados disso. Precisam é ser detidos, desprovidos de seus meios de agressão, reduzidos à impotência e tornados inofensivos como tigres empalhados.

A propaganda insistente contra uma comunidade exposta a risco não é simples expressão de opiniões: é ação criminosa, é cumplicidade ostensiva ou disfarçada com o genocídio. Aqueles que a praticam não devem ser apenas contestados educadamente, como se tudo não passasse de um pacífico debate de idéias: devem ser responsabilizados judicialmente por crimes contra a humanidade. A jurisprudência acumulada em torno das atrocidades nazistas, unânime em condenar a cumplicidade moral mesmo retroativa, fornece base mais que suficiente para condenar, por exemplo, um Richard Dawkins quando sai alardeando que o judaísmo e o cristianismo são “abuso de menores”, como se a noção mesma da proteção à infância não tivesse sido trazida ao mundo por essas religiões e como se elas não fossem, hoje, o último obstáculo à erotização total da infância e à subseqüente legalização universal da pedofilia (já praticamente institucionalizada no Canadá, um dos países mais ateus do universo).

Quando o sr. Dawkins se diz avesso ao uso de meios violentos para extinguir as religiões, mas propõe os mesmos objetivos ateísticos que há dois séculos buscam realizar-se precisamente por esses meios, ele sabe perfeitamente que a ênfase do seu discurso, e portanto seu efeito sobre a platéia, está na promoção dos fins e não na seleção dos meios. Voltaire, quando bradava “esmagai a infame”, negava estar incitando quem quer que fosse à violência física contra a Igreja Católica. Mas, quando os revolucionários de 1789 saíram incendiando conventos, destripando freiras e decapitando bispos, era esse grito que ecoava nos seus ouvidos e saía pelas suas bocas. Se a religião é, segundo o sr. Dawkins, “o maior de todos os crimes”, a matança de todos os religiosos terá sempre o atenuante da gravidade menor e o da sublime intenção libertadora. 


Quando no começo do século XX Edouard Drumont escrevia “ La France Juive”, ele não tinha em mente nenhuma crueldade a ser praticada coletivamente contra os judeus. Mas é impossível ler hoje suas páginas sem sentir o cheiro das câmaras de gás. Uma única e breve página vagamente anti-semita escrita por Winston Churchill na juventude precipitou-o numa tal crise de arrependimento, diante da ascensão do nazismo, que isso decidiu o restante da sua vida de líder e combatente. Drumont, que morreu em 1917, não poderia ter adivinhado o destino que os leitores dos seus livros dariam aos judeus. Mas o sr. Dawkins não precisa adivinhar o futuro para calcular o efeito de suas palavras: ele conhece a história do século XX, ele sabe a que resultados levam não somente as propostas explícitas como a de Lênin, “varrer o cristianismo da face da Terra”, mas também o anticristianismo mais sutil, mais sofisticado de um Heidegger, que, pretendendo expulsar Deus para fora da metafísica, convocou Adolf Hitler para dentro da História. O homem que, sabendo de tudo isso, se oferece para gravar programas de TV que apresentam a religião como a raiz de todos os males, como se os mais amplos morticínios da História não fossem males de maneira alguma, esse homem é simplesmente um apologista do genocídio, um criminoso vulgar como qualquer neonazista de arrabalde.

O sr. Dawkins já ultrapassou aquele limite da truculência mental e do desprezo à verdade, para além do qual toda a discussão de idéias se torna inútil. Não se trata de provar nada para o sr. Dawkins. Trata-se de provar seu crime perante os tribunais. O dele e o de inumeráveis organizações militantes, subsidiadas por fundações bilionárias, dedicadas a fomentar por todos os meios o ódio às religiões.

Todas as organizações religiosas que não se mobilizarem para a defesa comum não só no campo midiático, mas no judicial, devem ser consideradas traidoras, colaboracionistas e vendidas ao inimigo. E não espanta que usem para legitimar sua covardia abominável o pretexto do perdão e da caridade, prostituindo o sentido da mensagem evangélica que manda cada um de nós perdoar as ofensas feitas a ele próprio, nunca pavonear-se de cristão mediante o expediente fácil de perdoar crimes cometidos contra terceiros, que aliás nunca lhe deram procuração para isso. Não é um discípulo de Jesus aquele que, vendo seu irmão ser esbofeteado, se apressa em cortejar o agressor ofecendo-lhe a outra face da vítima.

Fundamentalismo?

O mais extraordinário é que as forças anticristãs e antijudaicas, mal escondendo seu apoio à ocupação islâmica do mundo ocidental, prevalecem-se da própria imagem sangrenta do radicalismo islâmico para projetá-la sobre todas as comunidades religiosas, sobretudo aquelas que são vítimas usuais da violência muçulmana, e transmitir ao mundo a noção de que todas são, no fundo, terroristas. O manejo astuto do termo “fundamentalismo” tem servido para esse ardil, que desonra qualquer língua culta. Esse termo designava originariamente certas seitas protestantes afeitas a uma leitura literal da Bíblia ou, mais genericamente, qualquer comunidade religiosa decidida a conservar o apego às suas tradições (um direito que hoje se reserva para muçulmanos, índios, africanos e seus descendentes, negando-o a todo o restante da espécie humana). 

Ao transferir o uso desse qualificativo para os terroristas islâmicos, a grande mídia e os intelectuais ativistas que a freqüentam cometeram uma impropriedade proposital. De um lado, esse uso camuflava o fato de que esses radicais não eram de maneira alguma tradicionalistas: eram revolucionários profundamente influenciados pelas ideologias de massa ocidentais – comunismo e nazifascismo –, bem como pelo pensamento “vanguardista” de Heidegger, Foucault, Derrida etutti quanti. De outro lado, e por isso mesmo, o termo assim empregado ia-se imantando de conotações repugnantes, preparando seu uso futuro como arma de guerra psicológica contra as mesmas comunidades religiosas que o radicalismo islâmico tomava e toma como suas vítimas preferenciais: os cristãos e os judeus. Numa terceira fase, o qualificativo passou a ser usado ostensivamente contra essas comunidades, ao mesmo tempo que se espalhava pelo mundo a campanha de difamação anti-religiosa da qual o sr. Richard Dawkins é agora o mais espalhafatoso garoto-propaganda. Durante a invasão do Iraque, rotular como “fundamentalistas” o presidente Bush (cristão) e o secretário Rumsfeld (judeu) tornou-se repentinamente obrigatório em toda a mídia chique, com uma uniformidade que comprova, uma vez mais, a presteza da classe jornalística em colaborar com a reforma orwelliana do vocabulário.

Realizando um sonho de infância

Desde pequenos, os membros da futura Comissão de Desconstituição e Injustiça da Câmara Federal nutriam profunda revolta contra as palmadas que levavam de seus progenitores em represália ao exercício de direitos humanos fundamentais, como o de tentar furar os olhos de seus irmãozinhos, atear fogo à casa, esganar os periquitos da vizinha, esticar um barbante entre os degraus da escada só para ver a vovó rolando ou praticar qualquer outra daquelas truculências encantadoras que prenunciam uma brilhante maturidade de discípulos de Che Guevara.

Na adolescência, ainda parcialmente oprimidos sob a autoridade familiar, comoviam-se até às lágrimas com a perspectiva de tornar-se, à imagem do mestre, “eficientes e frias máquinas de matar” e sair massacrando padres, burgueses, pais, mães e demais autoridades, “pero sín perder la ternura jamás”.

O sonho kitsch do morticínio meigo encantou sua juventude e tornou-se o ideal orientador de sua formação moral. Infelizmente, durante todo esse longo período, nada puderam fazer de substantivo contra a autoridade opressora, da qual dependiam para seu sustento, vestuário, educação, lazer e outras maldades a que se submetiam com paciência de verdadeiros mártires do socialismo. Em segredo, juravam que um dia iam acabar com toda aquela injustiça capitalista.
Agora, crescidinhos, tiveram finalmente uma oportunidade da vingança redentora contra papai & mamãe. Ainda não puderam mandá-los para a cadeia, mas já quebraram a espinha dorsal da sua autoridade. Aprovaram, em caráter conclusivo, o Projeto de Lei 2654/03, que proíbe qualquer forma de castigo físico em crianças e adolescentes. O projeto será encaminhado ao Senado, sem precisar ser votado pelo Plenário da Câmara.

O incentivo direto e indireto à delinquência infanto-juvenil tem sido, há quase um século, um dos instrumentos fundamentais usados pelos ativistas de esquerda para minar a ordem social capitalista, gerando dentro dela um caos infernal para em seguida poder acusá-la de ser precisamente isso e propor a salvação geral mediante o acréscimo de controles estatais e burocráticos, exercidos, é claro, por eles mesmos. Intimamente associada a essa estratégia, a transferência progressiva de todas as formas de controle social para o grupo politicamente ativo é também um objetivo constante da subversão comunista. Todos os meios são usados para isso, sempre sob pretextos edificantes que colocam o eventual adversário na posição incômoda de parecer um defensor do mal. As mães que derem uma palmada no bumbum de seus filhos, por exemplo, serão agora encaminhadas compulsoriamente a um “programa comunitário de proteção à família”. Quem pode ser contra a proteção à família? Na URSS, os dissidentes eram encaminhados à “assistência psiquiátrica gratuita”. Quem pode ser contra o tratamento gratuito dos doentes mentais?

Nos EUA, já se tornou impossível ignorar o vínculo de causa e efeito entre as reformas educacionais “progressistas” adotadas desde John Dewey (1859-1952) e o crescimento avassalador da delinqüencia infanto-juvenil, um problema que o Estado já desistiu de eliminar, contentando-se agora em dedicar-se ao “gerenciamento de danos”, isto é, em adestrar a sociedade para que aceite o estado de coisas como fatalidade inevitável. (Sugiro, quanto a esse ponto, a leitura de Joel Turtel, Public Schools, Public Menace : How Public Schools lie to Parents and Betray our Children , Charlotte T. Iserbyt, The Deliberate Dumbing Down of America , Berit Kjos, Brave New Schools: Guiding Your Child Through the Dangers of the Changing School System , Brenda Scott, Children No More: How We Lost a Generation, Bob Whitaker, Why Johnny Can't Think e John Taylor Gatto, Dumbing Us Down: The Hidden Curriculum of Compulsory Schooling. Todos esses livros podem ser encontrados pelo site www.bookfinder.com.) Simultaneamente, a intelectualidade ativista tira proveito da situação que ela própria criou, imputando a violência adolescente, por exemplo, às fábricas de armas, que já existiam no tempo em que as crianças se contentavam com traquinagens domésticas inofensivas.

A relatora do projeto na Comissão, Sandra Rosado (PSB-RN), justificou a nova lei afirmando que “educar pela violência é uma abominação, incompatível com o atual estágio de evolução da sociedade". Decerto: quando um país, governado pelos gangsters do Mensalão intimamente associados aos narcotraficantes das Farc, chega aos 50 mil homicídios por ano e ainda se preocupa mais em amarrar as mãos dos policiais do que em deter os criminosos, isso é um estágio de evolução incompatível com palmadas educativas nos bumbuns das crianças travessas. O tempo de tentar educar as safadinhas já passou: elas já estão todas na Câmara Federal.

Somada às demais medidas concomitantes tomadas pelo Estado-babá para a proteção dos delinqüentes e a criminalização de todas as formas tradicionais de autoridade, a nova lei promete ter efeitos culturais que farão Antonio Gramsci e os fundadores da Escola de Frankfurt ter orgasmos no túmulo. Deve ser – por fim! -- a liberação sexual dos mortos.


Fontes sobre a perseguição anti-religiosa
Livros:
· David Limbaugh, Persecution: How Liberals Are Waging War Against Christianity (Washington, Regnery, 2003).
· Roy Moore, So Help Me God: The Ten Commandments, Judicial Tyranny, and The Battle for Religions Freedom(Nashville, Tennessee, Broadman & Holman, 2005).
· Janet L. Folger, The Criminalization of Christianity (Systers, Oregon, Multnomah, 2005).
· Rabbi David G. Dalin, The Myth of Hitler's Pope (Washington DC, Regnery, 2005).
· David B. Barrett & Todd Johnson, World Christian Trends, Ad 30-Ad 2200: Interpreting the Annual Christian Megacensus. William Carey Library, Send the Light Inc, 2003.
· E. Michael Jones, Libido Dominandi: Sexual Liberation and Political Control (South Bend, Indiana, St. Augustine's Press, 2000).
Internet:
· http://www.wnd.com (site de notícias em geral, acompanha regularmente as notícias de perseguição religiosa no mundo).


Comentários

Eduardo Medeiros disse…
levi, a nossa seguidora número 202 se autodenomina, lolita lasciva...kkkkkkkkkkk o que é que deu nesse pessoal, resolveram dedicar um tempinho aos prazeres do pensamento e da dialética? kkkkkkkk fui lá ver o blog da amiga e fiquei vermelho...de tesão...kkkkkkkkkkkk

uma frase filsófica-sexual que pesquei lá:

"Podes engolir, sem problema!
Não há qualquer problema em engolir o esperma porque é composto só de proteína e açúcar, e acredita que ele vai adorar se engolires!"

e aí, levi, como médico, qual sua "posição" sobre o assunto....

oh may good!!!!! como diria o hubinho.

confraternos, não se percam nos braços da lolita lasciva, venham ler, criticar e discutir esse texto bombástico do olavo que vai na contramão da contramão do pensamento atual em certos círculos de pensadores.
Anônimo disse…
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk....

Pelamordegodd!! EdddUuuUuuuuuu %$#@¨&*

Estou aqui respondendo os comentários à minha postagem....e apesar de dar dois conflitos de comentários (nunca vi isto em toda a minha vida!! Rsss)....você está aí vendo a Lollita Lasciva!!! Rssssssss...

Assim este blog vai à falência...é muito homem para algumas insensatas e lascivas que vem surgindo por aqui, assim não dou conta de botar ordem no barraco...Rsssss...
Eduardo Medeiros disse…
paulinha, desculpe, mas parecia que você tinha dado por encerrado sua participação. por favor, confiram as respostas da paulinha ao texto anterior...que posso fazer se essas lolitas lascivas estão invadindo a confraria?????
Edu,

Você já passou da idade de fazer xixi no nariz. Deixe a Lolita lasciva para a molecada de 14 anos. He,he,he...
Unknown disse…
Porra Edu, Olavo? Cara, você caiu muito no meu conceito agora. Olavo é o rei das falácias, chamar Dawkings de neonazista é forçar MUITO a barra. Ele adora colocar a religiãozinha dele como boazinha, e adora esquecer os males causados por ela. Mais tarde, quando tiver tempo sobrando, comento o texto completo. Por enquanto fica só meu "tsc tsc..."
Eduardo Medeiros disse…
bill, tsc, tsc...? olha, eu também espero mais de você, meu camarada, do que um inicial tsc tsc...vamos ver o que vem daí(como diz o levi).

eu sei que você faz parte da turma que gostaria de ver o olavo decapitado, mas é muito difícil alguém da turma que quer sua cabeça refutá-lo de maneira lógica e com argumentos históricos, sociais e filosóficos. normalmente, as críticas que eu leio contra alguns argumentos dele é exatamente esse: "porra, mas o olavo"!!!!!!!!

leio muito o olavo desde há muito tempo. nem tudo o que ele diz eu concordo mas muito do que ele diz eu gostaria de dizer do jeito que ele diz.

vamos lá.
Eduardo Medeiros disse…
mirandinha, não transfira para mim o seu atual estado de libido(levi explica)...kkkkkkkkkkkkkkk

mirandinha, esquece por ora a lolita e manda uma crítica legal sobre o texto.
Levi B. Santos disse…
EDU

Acho que temos que mudar o nome do blog. As vendedoras de deleites libidinosos, podem está confundindo "Fora da Gaiola", com "sem lares, sem filhos e sem compromissos" (kkkkkk)

Mas esse mega texto do Olavo temos que mastigar divagar, para não dá indigestão. Não posso falar do pensador, pois não li nenhuma obra ele. O que fiquei sabendo do Olavo, e que o Isa também sabe mais em detalhes, foi a respeito do imbróglio que resultou na saída do seu protegido Júlio Severo do país (mas ele parece ser severo mesmo - rsrs), acusado de homofobia.

Mas como o texto aqui versa sobre "religião", acho que, através de um comentário ao comentário de Edu, lá no meu blog, já dei uma palhinha. Por sinal, o tema ventilado lá é sobre um recente imbróglio de natureza religiosa, que creio que não deve ter passado batido pela veia satírica do famoso pensador brasileiro radicado nos EUA.(rsrs)
Não necessita ocupar o Levi para explicer o óbvio nem eu desejo tranferir para você o meu libido atual, não cometeria esta maldade pois sofro de priapismo. He,he,he...
Eduardo Medeiros disse…
levi, pois é. "vendedoras de deleites libidinosos"? rssssss

levi, então deguste devagar o texto...como eu já disse lá em cima, eu leio sempre os artigos do olavo exatamente pela veia contestadora e polêmica sobre temas que são "unanimidades" pelas "inteligências" dominantes.

o "anjo pornográfico" disse uma vez que toda unanimidade é burra. ele tinha alguma razão. o óbvio nem sempre é ululante...
Levi B. Santos disse…
“Durante a invasão do Iraque, rotular como “fundamentalistas” o presidente Bush (cristão) e o secretário Rumsfeld (judeu) tornou-se repentinamente obrigatório em toda a mídia chique, com uma uniformidade que comprova, uma vez mais, a presteza da classe jornalística em colaborar com a reforma orwelliana do vocabulário”. (OLAVO)


RELIGIÃO E MANIQUEÍSMO ANDAM JUNTOS

“Desde o seu surgimento, o homem é movido por duas lógicas, consciente e inconsciente. O homem, primeiramente instintivo e passional, foi sendo recoberto pela consciência e razão. Mas essa razão ainda não conseguiu determinar a totalidade de seus atos. Ou seja, o irracional cujo efeito são as passagens aos atos ainda domina grande parte do existir humano.

Freud descobriu que somos resultantes de dois princípios psíquicos opostos que lutam entre si: os Princípios de Prazer ou do Gozo e o de Realidade. E, ainda, haveria uma luta entre essas duas e a leis da cultura, cuja base inaugural teria surgido com a proibição do incesto.
Esse jogo de forças - do desejo e da cultura - sempre foi complicado para as culturas entender, resolver ou administrar. Tradicionalmente a cultura resolveu, reprimindo, regrando, punindo, etc.(AÍ ENTRA A RELIGIÃO).
Foi preciso muito tempo, experiências e debate para que algumas culturas e sujeitos aprendessem a conviver com o seu próprio desejo, com o erótico, com as diferentes sexualidades, especialmente com a mulher. Todas as culturas ainda têm dificuldade de aceitar que o Bem e o Mal constituem o todo do ser humano.

As pulsões e desejos humanos sempre foram tidos como forças demoníacas. Na antigüidade, o demônio nada tinha a ver com o diabo, era um ser inspirador ou era quem vetava as más atitudes. Sócrates, no séc. 5 antes de Cristo, dizia que o daimon o guiava ao bem e vetava suas tendências mal pensadas. Só mais tarde é que interesses mais políticos que religiosos, fizeram acontecer a fusão do demônio como o diabo, satã, etc.
Um dos mecanismos mais utilizados pelo ser humano para se livrar do Mal é a projeção de sentimentos ou figuras inexistentes como operadores simbólicos do psiquismo. A atividade psíquica que sustenta a projeção é de ordem inconsciente, tal como todos os demais mecanismos de defesa. Odiar o vizinho, ou não aceitar uma tendência sexual, ser invejoso, etc. poderia forçar o psiquismo a projetar essas idéias e sentimentos em outras pessoas, personificadas enquanto diabo, satã, enfim o Mal.

Uma nação inteira pode ser tomada pelo histerismo de projetar numa só figura o Mal que, no fundo, é dela mesma. Mas, ela própria não se dá conta disso, visto ser uma ação made in inconsciente que demanda purificação de Mal.

No período da guerra fria, o presidente norte-amearicano, R. Reagan, fazia declarações apontando os soviéticos como a encarnação do demônio. Depois, o Bush pai, fez o mesmo com Saddam Husseim. Hoje, o Bush filho, personifica o Mal em Osama bin Laden e declara em bom discurso maniqueísta de que "quem não está com os EUA, está a favor dos terroristas. Os fundamentalistas islâmicos usam do mesmo maniqueísmo com os norte-americanos, chamando-os de "grande Satã" e Israel de "pequeno Satã". São mais que discursos, são preparativos para ações de destruição do mal em nome do bem. Sendo o maniqueísmo uma simplificação do modo de pensar a vida todo o sistema social que sobre ele se monta é necessariamente dogmático, violento, intolerante e também fadado ao desmoronamento".

Fonte do trecho: http://www.espacoacademico.com.br/007/07ray.htm
Este comentário foi removido pelo autor.
Eduardo Medeiros disse…
levi, o mundo social e político é maniqueísta mesmo. mas podemos pensar em alguns pontos sobre o que Samuel P. Huntington designou como "choque de civilizações" onde ele defendia a tese de que as identidades culturais e religiosas seriam o principal foco de tensão e guerra no pós guerra fria.

huntington foi muito criticado por ter decretado o "fim das ideologias" e o "fim da história" já que a única ideologia vencedora para ele foi o modelo ocidental:capitalista, democrático e judaico-cristão, já que o outro lado, o mundo comunista: mercado estatal e antidemocrático tinha sido derrotado com a queda do muro de berlim.

mas uma nova ideologia se levantou, vindo do oriente onde o radicalismo islãmico vê a sociedade ocidental como o grande satã que deve ser eliminada e isso com fortes tons religiosos.

eu não sei como você analise essa situação mas eu vejo aqui um claro "choque de civilizações" como disse huntington.

agora voltando ao texto do olavo. a crítica dele para mim é incontestável quando ele diz que existe uma coalição de forças anticristãs lutando para minar o cristianismo e consequentemente, as civilizações que foram erguidas sobre ele do qual fazemos parte.

ele dá vários exemplos no texto de quem são essas forças e eu não vejo como dizer que ele está equivocado.

eu leio revistas científicas há muito tempo(nem por isso sei muito de ciência...) e nunca antes na história dessas publicações(parafraseando o barbudo vaidoso) foram escritos tantos textos querendo desqualificar as bases do cristianismo.

o pior é que as matérias são todas de uma obviedade , trazendo temas que a teologia liberal já tratou no século 19 como a não historicidade de muitos eventos do antigo testamento.

mas o caso é que a teologia liberal não foi feita para as massas mas para os teólogos, já as publicações científicas populares, falam para as massas medianamente intruídas.
Edu,

Então você concorda com Olavo de Carvalho?
A religião, qualquer que seja, pode cometer atrocidades em nome do seu Deus, mas a sociedade não pode combater religião alguma em nome dos bons costumes,do seu crescimento ou do seu próprio bem estar. Para mim, as religiões sempre foram males necessários. Eu viveria melhor sem elas.

Qualquer medida tomada para o extermínio de religiões, mesmo sem o uso de violência, será entendido como vingança. O anseio de Dawkins é o anseio da sociedade esclarecida.

O que nem Freud explicou é que a raça humana é o pior animal dentre as espécies conhecidas.
É o único animal inimigo de seu semelhante, suja a própria cama, se alimenta de qualquer animal ou vegetal, não tem predador e, ainda por cima, é burro. Se reproduz indiscriminadamente em detrimento a sua própria extinção.Portanto, religião é desnecessária. Dá vestimenta nobre a crimes hediondos.
Eduardo Medeiros disse…
e elas trazem manchetes do tipo "abrãao pode nunca ter existido"...ora, nada mais óbvio...mas como chega às massas essa informação? chega como se fosse a legitimização e a comprovação de que o cristianismo e o judaísmo são um imbuste, uma mentira que nos impuseram há 2000 anos.

ora, isso é tremendamente simplificador é falso.

a moda agora é as revistas de psicologia publicarem artigos com experimentos que querem provar que "deus mora no cérebro humano", logo, ele não existe em mais nenhum lugar. dizem que foi a evolução humana que criou no cérebro uma parte específica para a transcendência e para a fé.

ora, o que essa tese diz? que toda a religião do mundo é baseada somente na biologia humana, o que de novo, é profundamente simplificador já que não prova de maneira alguma que deus de fato não exista além da biologia e do material e que por fim, fosse ele mesmo quem pôs no homem um receptor para que este tivesse contato com ele.
Qual a côr e o perfil do seu espírito?
Ele,o seu espírito, tem o perfil semelhante ao do seu Deus.

Tem um idiota, por aí, pregando que nossa semelhança com Deus é espiritual.

Se este Deus necessita de um invóluco transcendental e biológico para residir, este local seria o saco escrotal ou o útero. Só lá ele teria chance de reproduzir estas idéias.
Unknown disse…
Quando começo a ler Olavo, lembro-me do Severo. Aí me lembro de quando achava o Julio um herói. Aí já me dá nauseas de pensar que um dia concordei com aquele sujeito.

Como não quero atacar ao autor, mas sim à sua tese, vou ler esse texto com mais calma. Hoje não rsrs.

Só uma coisa Edu:
"o pior é que as matérias são todas de uma obviedade , trazendo temas que a teologia liberal já tratou no século 19 como a não historicidade de muitos eventos do antigo testamento. "

Cara, isso é sabido nos meios intelectuais e entre os historiadores, mas para a massa religiosa, Moisés é uma figura histórica incontestável. O que essas revistas fazem, às vezes de forma sensacionalista (mas é isso que vende), é tentar informar as pessoas disto.

Não se esqueça que 99% dos religiosos não são iguais a você, e para elas se está escrito na bíblia, então é verdade (o que as torna massa de manobra facilmente).

Anyway, hoje é sexta, e minha religião não permite ler Olavo e cia num dia destes.
Eduardo Medeiros disse…
e essa tese ainda traz o agravante de dizer que ateus são pessoas que possuem um cérebro "defeituoso", sem a parte que lhes possibilita transcender, outra conclusão, obviamente, falsa, já que os ateus também transcendem senão pela religião, mas pela arte, pela imaginação, pela literatura, etc...

levi, voltando ao seu comentário:

a satanização existe de ambas as partes do conflito social moderno. mas como diz o seu comentário, a satanização não admite terceiras vias, ou seja, ou se está de um lado ou de outro, o que acaba comprovando de certa maneira a tese do choque de civilizações.

mas haverá um dia em que nós poderemos conviver bem com o outro? oriente e ocidente irão enfim, dar as mãos e cada um dos lados reconhecerá o outro como diferente mas não inimigo?

não sei, talvez isso seja mesmo uma utopia. por causa da utopia, o judaísmo inventou o estilo literário chamado apocalíptica, onde os poderes terrenos só podem ser transformados pelos poderes celestes, por deus.

olavo nesse artigo, chama a atenção para os fatos que estão aí mas que não saem na mídia. a satanização da religião está em marcha e qual é o objetivo inconfessável dos seus articuladores?
Levi B. Santos disse…
"...deus mora no cérebro humano" ( Eduardo)

Ah, se todos entendessem essa assertiva. Sem cérebro é impossível agradar a Deus (rsrs)

O mundo conviveria melhor, se toda religião chegasse à constatação biopsíquica de que, se somos ambivalentes, não haveria outra fórmula para a representação do nosso Deus, a não ser a de refletir a nossa imagem, também ambivalente. A religião na verdade reflete a gênese de nossa formação.

Fomos educados numa ótica de competição, a de ser sempre o melhor para ser premiado, e isso, foi absorvido pela cultura que passou a rotular o que sobressai como virtuoso entre os não virtuosos.
Foi Winnicott que uma vez disse: “a religião seria muito mais frutífera se ao invés de um jogo político, fosse uma brincadeira, fazendo ver que através do “ato de brincar” da criança é que ela vivencia suas fantasias sem fazer mal ao próximo.

Infelizmente, a discussão em torno da religião desde a Renascença tem se preocupado com a afirmação ou negação da crença em Deus, em vez de cogitar da afirmação ou negação de certas atitudes humanas. Muitos dos que professam a crença em Deus são, no plano humano, idólatras, sem qualquer respeito pelas criaturas humanas; enquanto que alguns dos ardentes ateístas devotam suas vidas ao bem estar humano, a atos de amor e fraternidade, exibindo por incrível que pareça a verdadeira atitude a que a religião cristã deveria se pautar.
Este comentário foi removido pelo autor.