“A criação da evolução e a evolução da criação, mais uma teoria”




Por Edson Moura

     E foi criado o Ser. Cresceu, multiplicou-se como tinha sido designado. Atingiu seu apogeu em menos de oito mil anos. Elevou-se aos mais altos patamares de sabedoria. Desenvolveu um cérebro absurdamente inteligente – não só um, mas todos de sua espécie. Decifrou os códigos de sua origem quando sua raça tinha apenas trinta mil anos. Fora realmente criado por um ser maior que ele, e por saber disto, buscou seu projetista, lançando mão da tecnologia mais avançada de que já se ouvira falar. E por fim... encontrou-o.

  Uma seleção da “nata” de seres fantasticamente evoluídos invadiu o recanto sagrado do projetista mor. Fizeram-lhe perguntas –que foram devidamente respondidas-  sobre tudo que fora criado, o porquê e o como. Foi-lhes explicado que tudo nunca havia saído do controle.  Que seu criador desenhara cada passo da criatura, examinara os pensamentos, planejara o futuro, e até mesmo este momento de encontro havia sido predestinado.

    Encantaram-se com o poder do projetista, e também o desejaram ter. Exigiram, e conseguiram. Cada um dos dez que se apresentaram foram devidamente testados. Testaram o conhecimento, a capacidade de tomar decisões, a bondade e a maldade, a paciência, a tolerância e a força. Só um venceu. Todos os outros foram aniquilados pelo Chefe dos chefes, e a este foi oferecido um prêmio. Ser um projetista.

   Foi lhe dado um pequeno espaço no universo onde bilhões e bilhões de estrelas brilhavam. Este seria seu reino. E dali precisaria dar inicio a uma nova criatura, semelhante a ele, mas limitada em cultura e poder. E assim fez.  Não quis imitar seu criador, partiu de um fragmentos apenas. Uma pequena partícula de universo, sem forma, inerte, simples, mas com grandes capacidades de transformação. 

  Um a partícula, um átomo, uma molécula, uma célula, um organismo, uma vida. Esta era a ideia. E funcionou perfeitamente. Lentamente sua criatura evoluiu. Tomou as mais variadas formas, transmutou-se nos mais diferentes seres. No mar, no ar, na terra, cada um adquiriu qualidades diferentes. Uns mais fortes, mas menos inteligentes. Outros muito inteligentes mas menos resistentes. Já outros tão resistentes que tornaram-se doenças. E ao mais fraco de todos afinal, seria o único com chances de dominar. E assim aconteceu.

  O homem ganhou características semelhantes às de projetista. Também ficou cada vez mais sábio. Um misto de sua pouca visão com sua curiosidade, o fez enxergar mais longe. Agora a criatura também buscava o seu criador. Mas este se escondeu, e num lugar secreto onde, assim como havia decidido, jamais um humano entraria. Deixou apenas promessas vagas. Plantou a dúvida na mente de todos. Poucos foram os que duvidaram, mas estes poucos o caçam como mais avidez do que os que creem. 

  Desesperadamente tentam negá-lo, mas não percebem que esta negação é justamente a ânsia por uma resposta definitiva de sua origem. Perda de tempo. Este projetista não é tão tolo quanto o primeiro. Não cometeu os mesmos erros de seu mestre. Superou-o em sabedoria e poder. Adquiriu capacidades inimagináveis de camuflagem. Muitos acham que já esteve entre eles, outros duvidam seu sua kenosis. Mas todos permanecem cegos.

  Cegos assim como o próprio desenhista. Que projetou tão minuciosamente sua história - com riqueza de detalhes e final já escrito- que hoje se vê preso em sua própria teia. De tanto saber o futuro, tornou-se escravo de seu projeto. Já não consegue mudar o desfecho, não consegue apreciar o que acontece, pois tudo é um grande passado para ele. Tudo que virá já aconteceu em sua mente descomunal, e por fim se vê amalgamado num eterno existir, enfadonho e solitário. Não ouve súplicas e se ouve, nada pode fazer.

   Não se preocupou em deixar lacunas para sua criatura. Não foi sábio o suficiente para entender que deveria permitir que sua grande obra precisaria ser uma página em branco a partir de determinado tempo. Foi egoísta, ganancioso, vaidoso demais, e sem perceber, recebeu como prêmio de seu mestre, a maior prisão que se pode dar a um ser...a posição de Deus. 

(Uma crítica ao Criacionismo, ao Evolucionismo e a mim mesmo)

Comentários

Edson Moura disse…
Que mal há em pensar que, se existe um ser que lê nosso pensamentos, decide nossas indecisões e sustenta com força e poder todo o cosmo, este ser deveria ser por consequência o produto final de uma evolução?/ Quem sabe um Darwinismo em outro universo.
Eduardo Medeiros disse…
instigante, Edson!

o Richard Dawkins, que os atues têm como ídolo pop do novo ateísmo, disse certa vez numa entrevista, que se nós fomos criados de forma intencional, isso só poderia ter acontecido vindo de um povo ET muito evoluído. Mas que este mesmo povo ET teria que ser o produto de uma evolução. Esse argumento gira, gira, e não leva a lugar algum(aparentemente).

Esse é um assunto que faz dar nó em quem pensa. os cientistas atues resolveram tudo(ou tentaram resolver) simplificando tudo ao aceitar que somos meros produtos de acidentes em cima de acidentes, sem nenhuma intencionalidade. A ciência não pode ir muito além disso.

Mas sempre questiono como o resultado de uma cadeia de trilhões de acidentes aleatórios, veio a criar uma criatura que iria questionar a própria origem através de uma mente consciente. Não há respostas para essa questão. Diz-se que foi casual é pronto.

Mas tem muito caroço nesse angu ainda para ser descoberto.
Levi B. Santos disse…
Criacionismo e evolucionismo são duas formas de pensar as nossas origens, ou de nos enxergarmos.

No criacionismo – reside meu lado irracional que vê tudo com as lentes do sobrenatural, do metafísico, do místico e que em suma se alimenta da fé.

No Evolucionismo ― está meu lado oposto – que é comandado pelo racional, e se alimenta da dúvida.

Então, quando critico cada uma dessas teorias humanas, por conseguinte, estou recusando a acreditar no duplo que há em mim mesmo.

Como fez o Noreda, concluo, que ao criticar ambas as teorias estou criticando a mim mesmo, que de dia comporto-me como evolucionista, mas de noite sonho com duendes. (rsrs)
Levi B. Santos disse…
Por outro lado, ao criticar as duas teorias, inconscientemente, posso estar mandando um recado para àqueles que são adeptos de um lado, em detrimento do outro: Olha! Essa duplicidade pensamental(rsrs), são ambiguidades do meu ser “duplo. Portanto, não posso tomar partido (rsrs)
Esdras Gregório disse…
e quem criou o primeiro projetista? rs um outro que premiou numa busca infinita criaturas e criadores premiando criaturas mais evoluídas? rsrs isso voce ja sabe rs e quanto criação ou evolução eu ja disse isso vou deixar de novo: eu simplesmente não sei! Não sei e não me incomodo em não saber! Não sei de onde vim e nem pra onde vou, não sei como fui formado, e nem de onde são minhas origens e como fui criado. Por que não sou nem criacionista e nem evolucionista, muito menos me empolgo com a tentativa pseudo espiritual evoluída de tentar ajuntar as duas teorias numa só. Simplesmente não acredito em nem uma dessas teorias e não tenho a pretensão em criar outra pra substituir estas. Sinto-me no direito solitário de não forma opinião e ficar sem saber ou sem opinar. Não permito que me imponham a obrigação de ter que escolher entre uma teoria e outra. Pra mim se mantém o mistério absoluto da criação, por que todas as teorias religiosas e cientificas são insuficientes e pretensiosas demais para tentar explicar uma coisa que esta muito além de nós. É apenas uma forma de forçar uma explicação, uma pressão que nos impõem para não ficarmos no vácuo sem resposta. Mais se eu realmente não consigo crer e não consigo conceber qualquer teoria sobre a origem da vida, não acho que seria verdadeiro comigo mesmo em ter que tomar um partido, o que me resta é apenas assumir que não sei, não imagino como seja, e o mais espantoso ainda, isso não me aflige, não me incomoda, não me desperta ânsia alguma e não tenho nem uma pretensão de busca por uma verdade. Não estou a procura de coisa alguma. Só sei que a vida é um milagre, uma dádiva; e eu estou vivendo, não vou parar no caminho para me debater em procurar uma resposta
Eduardo Medeiros disse…
Sei não, Esdras, acho que você está abdicando o que mais temos de interessante: a capacidade de observar e procurar respostas para perguntas ainda não respondidas. Eu sou o contrário do Esdras. Vivo angustiado em não ter uma resposta para o mistério da existência.
É como se um dia você acordasse, e se visse numa estrada a qual você não conhece e nem sabe para onde vai. Simplesmente caminhar sem querer saber quem construiu a estrada e onde ela vai dar, me parece uma coisa ainda mais angustiante do que querer descobrir quem a criou e onde vai dar.
Mas enfim, cada cabeça, uma sentença. rs
Eduardo Medeiros disse…
Levi, então tanto criacionistas quanto evolucionistas na ótica psicanalísta estão negando um lado do seu próprio ser? isso é ruim? tem remédio...rss
Eduardo Medeiros disse…
ah, sim, e como se enquadraria a total falta de interesse do ESDRAS pelas maiores perguntas da filosofia: de onde vim, o que sou, para onde vou? rssss
Edson Moura disse…
É muito fácil responder "não sei", "não quero saber" e "tenho raiva de quem sabe", quando somos preguiçosos ao ponto de não questionarmos nossa origem.

Dois grandes problemas existem em ambas as teorias.

A Criação despreza a especulação científica. Isola-se num calabouço chamado Fé, e dela tira proveito para se sentir aparentemente tranquilo. Mas duvido que um adepto do criacionismo nunca tenha se perguntado se realmente existe outra vida além desta maravilhosa que vivemos. Dizem que faz bem crer em algo maior. Tenho lá minha dúvidas. é muito mais difícil e trabalhoso "descansar na Fé" do que que aceitar a finitude total. Ter fé implica mais responsabilidades do que sugeriu o grande Sartre. É como disse Ariovaldo Ramos: "Se existe um Deus, existe também uma maneira correta de servi-lo".

Já evolução, até o presente momento só tem como âncora a observação biológica. Falta-lhe uma teoria sólida da Física, e quando esta aparecer, certamente muitas dúvidas serão extirpadas.Não foi com comodismo preguiçoso que descobrimos que a Terra não era o centro do Universo (e isso sequer abalou as estruturas da Fé). Não foi com desinteresse que descobrimos que existem outros tantos bilhões de planetas que vagam em zonas "cachinhos dourados", muito parecidos com o nosso. É preciso inquietar-se para evoluir. O Esdras já não pode mais evoluir, pois aceitou de bom grado a crença de que nada sabe e só se esqueceu que não saber não quer dizer que não devamos querer saber. O Esdras cresceu e se tornou um homem sem o 'espírito" de criança, curioso e perguntador.

Já disse outras vezes e repito: O fato de ainda estarmos bem no início do caminho que leva ao esclarecimento sobre nossa origem, não implica necessariamente que estejamos errados. Ao longo dos anos observo os erros que já foram refutados pela ciência, acerca da origem projetada do homem. Ainda assim vejo poucos interessados (pelo manos nas classes mais baixas) em entender como tudo se deu.

O texto não é uma sugestão de nova teoria, é apenas uma exemplificação do imbróglio em que nos metemos a partir do momento que resolvemos bater asas da gaiola.
Edson Moura disse…
Os criacionista tinham um problema nas mãos ao dizer que o homem é um projeto do ser mais inteligente do universo, o que não resolve nada, pelo contrário, complica mais ainda ao inventar uma teoria que faz com que o magnífico projetista sempre existiu.

Esta não é uma solução!
Levi B. Santos disse…
Caminhar , significa antes de tudo, equilibrar-se sobre duas pernas que se movimentam em sentidos opostos (enquanto uma se dirige para frente, a outra vai para trás) - rsrs
Eduardo Medeiros disse…
A teoria da evolução, creio, acerta em muito nas suas interpretações dos dados observáveis: organismo biológicos possuem o "poder" de se adaptar, sofrer mudanças e legar essas mudanças para seus descendentes. Mas tem muitas lacunas ainda na teoria (só que os darwinistas escondem essas lacunas). A maior delas talvez, seja a total falta de fósseis híbridos. Tipo assim: um peixe com patas. Outra grande lacuna é que a teoria prediz que essas adaptações necessitam de milhões de anos para serem feitas, mas no período cambriano, parece que houve uma "explosão" de novas especieis que apareceram "de repente". Isso foi há 500 milhões de anos.

Então o darwinismo precisa ainda de muitos ajustes para explicar completamente como a diversidade das especieis evoluíram. Muitas outras opções de evolucionismo tem sido apresentado, como o que diz que a evolução não se dá lentamente em milhões de anos, e sim, em "saltos".
Eduardo Medeiros disse…
Já o chamado "criacionismo científico" pode até ser "científico" até o momento em que defende que uma entidade chamada "Deus" (e mais especificamente, o Deus bíblico) foi quem deu o start da evolução (para os criacionistas evolucionistas). Aí entra a metafísica que está fora do alcance do método científico.

curiosamente, a narrativa bíblica da crianção se adequá muito bem ao evolucionismo, já que mostra a crianção num crescente, sendo que os primeiros animais são tirados da água e o homem só aparece no final do processo. Mas a ideia de evolução do texto bíblico é de natureza diversa do darwinismo. O texto bíblico foi escrito para afirmar a superioridade do homem sobre a criação; o homem como o ápice da evolução (digamos assim), sendo ele imagem e semelhança do Criador.

Eu não creio que a ideia de um Criador seja absurda. O que eu acho absurdo é a interpretação que se dá a esse Criador, claramente feito por mentalidades ainda primitivas que se ancoravam numa visão mitológica do mundo.

Se tudo evolui, até mesmo nossa compreensão dessa Entidade Criadora precisa evoluir.
Edson Moura disse…
Edu, lamento desapontá-lo (ou o oposto disso), mas esse elo perdido, possivelmente já pode ter sido encontrado. é claro que sei que apenas deu um exemplo de lacuna existente na teoria biológica da evolução, mas não custa deixar aqui estudos recentes, para que sua afirmação hipotética não se torne uma falácia na mente dos menos observadores.

O Tal peixe com patas existiu durante o Período Devoniano, O bicho foi retirado do meio de rochas com 380 milhões de anos por um trio de paleontólogos americanos, Neil Shubin, Edward Daeschler e Farish Jenkins Jr.

Outros fósseis ainda serão encontrados, mas não há muitas possibilidades (creio eu). Muitos acreditam que um fóssil é apenas um esqueleto, mas não é bem assim. Se fosse tão fácil, a teoria da criação já teria sido "fossilizada" pelo evolucionismo. Então, para quem se interessa, vai a receita de uma fossilização e sua complexidade:

Quando um organismo morre, inicialmente ele é decomposto pelas bactérias e fungos que degradam a matéria orgânica. Depois disto, o organismo pode ser imediatamente soterrado ou passar por uma série de processos (desarticulação, transporte) e só depois ser soterrado. Esse soterramento irá acontecer quando a água, ou outro agente, transportar o sedimento que irá recobrir o organismo.

Depois de soterrado, o organismo irá passar por um processo chamado de diagênese, que consiste na compactação (pelo peso do sedimento) e na cimentação (o sedimento depositado sobre o organismo ou por dentro dele, através de processos químicos, se aglomera e passa a formar uma rocha sedimentar).

Nestas condições, esse organismo agora pode ser considerado um fóssil. O movimento das placas tectônicas permite que uma rocha, que antes foi um fundo de mar, por exemplo, seja erguida acima da superfície e fique exposta. Nesta rocha exposta é que o paleontólogo vai procurar pelos fósseis.

Ps. O nome dado ao fóssil de peixe com patas é Tiktaalik rosaeae.

Abraços
Edson Moura disse…
Edu, considero sim absurda a ideia de um criador. Obviamente, para mentes primitivas (inclusive do século XXI), o absurdo de crer em um criado que tudo criou mas não foi criado não parece tão absurdo assim, mas é. A contradição, se assim podemos chamar, de um Ser que deu vida ao homem, seja por métodos evolutivos ou não, remete à pergunta crucial de quem o teria criado, e a resposta não me parece satisfatória. Só Ele não foi criado!

Qualquer ser racional honesto deveria se questionar acerca de tal falácia. Isso mais me parece um "cala boca" daqueles que damos aos nosso filhos de 4 ou 5 anos quando perguntam como forma feitos. Respondemos que a cegonha o trouxe, ou quando estamos mais dispostos a sermos honestos, dizemos que o papai colocou uma sementinha na mamãe.

Aí ficamos com medo de o menino perguntar como foi que colocamos a sementinha dentro da mamãe. Ou seja, me parece que temos medo do desdobramento de nossas perguntas, temos medo de perder a Fé, e por isso não nos preocupamos (será?) com a busca de respostas para os mistérios da existência.
Eduardo Medeiros disse…
Edson,

se você comparar alguns argumentos sobre as origens do universo, o argumento que Deus sempre existiu não é absurdo. Há físicos que defendem que o universo é eterno, incriado; não é a teoria mais aceita, mas ela existe. Um outro argumento que também pode parecer absurdo e foi defendido recentemente pelo Hawkins é que o universo veio "do nada quântico"; ou seja, que o universo veio de um nada que na verdade é alguma coisa...rss

O que eu acho absurdo é a ideia de Deus como um ser pessoal semelhante aos homens, que castiga e premia de acordo com sua vontade. Essa ideia eu acho ultrapassada. Um físico muito respeitado no meio acadêmico (apesar de também muito criticado) é Amit Goswani, que diz com todas as letras que sem Deus o universo é impossível. Mas a concepção de Deus dele vai além da figura divina da teologia.
Valéria Gomes disse…
Muito interessante, mas continuo com as perguntas: "quem sou, onde estou, para onde vou?" Beijos meninos!!!
Esdras Gregório disse…
ai que dó, perca de tempo, prefiro viver o dom gracioso da vida de nao sei quem kkkk no máximo voce vai dar uma resposta uma teoria sobre a origem, mais por necessidade de ter uma teoria pra se alto confortar, ou vai adotar teorias e crenças para se alto perturbar em duvidas então foda-se, um grande foda-se para criador energia sopro explosão que, devolva as ceus a mesma coisa que os deuses nos dao: indiferença
Esdras Gregório disse…
*para o criador, energia, sopro, explosão, o que for que existir ou não existir,
Esdras Gregório disse…
Novas respostas criam novas perguntas e assim indefinidamente, nao to mesmo afim de saber, quem quiser evoluir que evolua, eu quero viver, to de boa, ver um documentário cientifico sobre a origem da vida é como ver um filme de ficçao, me divirto em imaginar a possibilidade, nada mais
Edson Moura disse…
Meu querido amigo, entendo e acredito piamente no que você diz, mas também tenho certeza de que você não pensa o que acha que pensa. Coisas complexas demais às vezes nos deixa cansados, sem vontade de escrutinar. É preciso que estejamos em um momento específico para nos interessarmos pelas perguntas que hoje não queremos fazer. Não o condeno, mas também não posso admirá-lo por ser assim, pois vejo que você deixou de lado a curiosidade, elemento importantíssimo para uma vida plena.

Abraços
Eduardo Medeiros disse…
Valéria, essas são questões que a ciência não podem responder. Recentemente, o famoso físico teórico Stephen Hawkins declarou:

"nós estamos chegando perto de saber como o universo se originou...agora, por que se deu ao trabalho de resolver existir, essa é uma pergunta que só Deus pode responder"

Como o Hawking não é um teísta, ele usa "Deus" de forma metafórica para dizer que nunca saberemos os porquês. rs

valeu pela participação, amiga.
Eduardo Medeiros disse…
lembrei também de uma citação do físico brasileiro Marcelo Gleiser sobre essa questão:

"Hawkins é um unificador e recentemente andou falando grandes besteiras com relação a essa questão. Chegou a afirmar que a ciência mostra que Deus é desnecessário. Só esqueceu de dizer que a ciência a que se refere é altamente especulativa, mais metafísica do que física. É importante fazermos uma distinção entre o que a ciência pode e o que a ciência não pode tratar...existe uma grande diferença entre o “por que e o como” e a ciência é muito boa com o como...”
Levi B. Santos disse…
“...no máximo você vai dar uma resposta a uma teoria sobre a origem, mais por necessidade de ter uma teoria pra se auto-confortar”. (Esdras)

A fala do Esdras, acima, pinçada de um dos seus comentários, põe mais lenha na fogueira. (rsrs)
Levi B. Santos disse…
“A ciência parece-me cada vez mais difícil. Sinto vontade, à noite, de uma coisa mais alegre e refrescante. Mas estou sempre sozinho. ( Frase retirada de uma correspondência de Freud – 1900)
Levi B. Santos disse…
“A ciência parece-me cada vez mais difícil. Sinto vontade, à noite, de uma coisa mais alegre e refrescante. Mas estou sempre sozinho. ( Frase retirada de uma correspondência de Freud – 1900)
Nobres Amigos Confrades,

Este assunto foge um pouco daquilo que sempre foi meu interesse buscar compreender e entender em relação a natureza humana e principalmente o comportamento humano. Devido a isto, meu conhecimento sobre as diversas teorias que hoje existem, sejam cientificas ou religiosas são minimas.

Considerei os comentários do Esdras bem interessantes. Pois também não me preocupo muito em saber se teoria "a" ou "b" são exatas, ou se a ciência pode ou não fornecer todas as respostas.

Já li diversos artigos, e também alguns livros onde poderia sim, negar a minha crença devido a boa argumentação que ele dispõe, mas ainda assim, não me dei por satisfeito. Certa feita, um amigo meu me perguntou, "como poderia eu, uma pessoa que lê bastante e se mostra ser bem articulada (ponto de vista dele kkkk) crer em um Deus que racionalmente não se comprova, e que se baseia em um livro que de tempo em tempo a ciência tem desmentido?". Pois bem, vou tentar responder esta pergunta de forma bem direta, e já posicionar o que penso da religião e de minha crença:

Eu resumo a minha crença, em buscar a semelhança com Cristo seja mito ou seja logos, não em costumes ou por uma teologia sistemática, busco ser semelhante em comportamento. E aí, talvez você diga, "mas Cristo é uma fraude, uma invenção", e eu lhe responda: Paciência, ao menos lutei para viver de forma honesta e justa. Não que seja necessário viver em, ou com Cristo para ser honesto e justo, ele é apenas um exemplo de uma vida bem vivida, e temos diversos outros. E ainda, em contrapartida, se ele de fato for verdadeiro, de lambuja ganho o céu prometido kkkkkkkkkk

Talvez por isso, não me importo muito com o de "onde vim", e o "para onde vou", mas sim, o "como estou" e o "como devo fazer". Os mistérios são o grande charme desse mundo louco.

Abraços!
Levi B. Santos disse…
“Se tudo evolui, até mesmo nossa compreensão dessa Entidade Criadora precisa evoluir” (EDU)

Verdade, Edu. Se algo evoluiu em nós, foi sim, a compreensão dessa “Entidade Criadora”.

O danado, é que hoje, apesar de compreendermos essa evolução, quando adormecidos, ainda sonhamos com um Ser dominante ao estilo Javé. (rsrs)

Será essa, Matheus, a razão de nossa insatisfação? (rsrs)
Levi B. Santos disse…
“Se tudo evolui, até mesmo nossa compreensão dessa Entidade Criadora precisa evoluir” (EDU)

Verdade, Edu. Se algo evoluiu em nós, foi sim, a compreensão dessa “Entidade Criadora”.

O danado, é que hoje, apesar de compreendermos essa evolução, quando adormecidos, ainda sonhamos com um Ser dominante ao estilo Javé. (rsrs)

Será essa, Matheus, a razão de nossa insatisfação? (rsrs)
Edson Moura disse…
Mestre Levi, longe de mim querer elucidar as grandes questões existencialista que povoa a mente de muitos de nós, mas pelo menos às minha luto em encontrar respostas. Em algum comentario acima disse ao Esdras que ele não pensa o que acha que pensa, mas na verdade, todos nós acreditamos que estamos pensando o que queremos, o que não passa de auto engano.

Semore fomos condicionados a ouvir o que os nosso cuidadores nos dizem, coisas do tipo, Não atravesse a rua sem olhar para os dois lados, não pule da beirada de um prédio, não enfie o dedo na tomada e tantas outras coisa. Tendemos a repassar esses cuidados à nossos descendentes. Com a religião não foi diferente.

Não acho ser tarefa fácil deixar de acreditar em algo que por tantos anos nos foi passado de geração à geração. Cremos mesmo quando não queremos crer. Evoluímos mas não deixamos de repetir aquilo que nos foi ensinado. Alguém disse uma vez: "De me uma criança e lhes devolverei um homem", isso não mudou. Boa parte de nossas crenças vem de berço. Da ingenuidade de nossos pais ao pedir que agradeçamos ao papai do céu pelo alimento, à desculpa que nos deram que nosso cachorrinho morto ou nossa mão está morando no céu com Deus. Tudo fica firmemente arraigado na mente da criança. E depois que cresce, ela tenderá a ensinar os seus com as mesmas tecnicas.

Nem toda evolução é boa. Temos o exemplo do vírus da gripe que não me deixa mentir (sozinho). Da maneira como venho criando meus filhos, é bem possível que meus bisnetos pensem bem diferente com respeito à religião. Crio-os como ateus, mostro-lhes que a religião foi importante, mas que nada é factual. Talvez seja um desserviço à sociedade (como muitos dizem), mas continuo agindo da maneira que considero achar mais saudável para suas mentes ainda em formação.

O Edu certa vez disse que todos nossas conversas descambam para a religião, não poderia ser diferente, a religião está entronizada em nosso meio assim como a capacidade de se apaixonar e acreditar que aquela pessoa é a mais bela, e mais carinhosa e a mais perfeita entre todos as outras disponíveis. Toda crença é cega (crença religiosa), somos como insetos navegando sem bússola rumo a luz de uma vela. Esses insetos acreditam estarem fazendo a coisa certa, pois qualquer ponto luminoso fixo serve-lhes como farol, seja a lua ou as estrelas, os a chama de uma lamparina. Eles agem errado e certo, pois seguem seus instintos mais primitivos, mas não calculam o efeito colateral, que é o suicídio acidental.

Com a religião é da mesma forma. Todos querem usar as narrativas religiosas como bússola para sua vidas, e não contam o efeito colateral que é a anulação de sua razão. Crer é algo perfeitamente natural e deriva da evolução, mas chega um tempo em que devemos questionar até mesmo aquilo que julgamos ser a verdade de nosso sábios pais, nosso pastores e nosso livros milenares.

Lutero disse algumas coisas que me deixam estarrecido, não só pela ousadia pretensiosa de sugeri-las, mas pela lógica racional com que desenvolveu tais pensamentos.

"A razão é o maior inimigo que a fé possui, ela nunca aparece para contribuir com as coisas espirituais,mas com frequência entra em confronto com a palavra divina, tratando com desdém tudo que emana de Deus" Lutero

"Quem quiser ser cristão, deve arrancar os olhos da razão" Lutero

" A razão deve ser destruída em todos os cristãos" Lutero

"Todos são pensamentos inteligentemente projetados para fazer com que os mais despreparados intelectualmente fossem os maiores propagadores da fé, e funcionou, e hoje é visto como motivo de orgulho, a fé ter sido mantida e disseminada por grupos de analfabetos." Edson Moura
Eduardo Medeiros disse…
Edson, o pensamento de Lutero sobre a razão é dele. Não é de Agostinho. Não é de Kant. Não é de Aquino. Grandes cristãos do passado e principalmente do presente, conciliaram bem a razão com a fé. Ninguém consegue ser sempre racional, isso é fato.

Creio que a citação do LEVI de Freud ilustra bem isso: “A ciência parece-me cada vez mais difícil. Sinto vontade, à noite, de uma coisa mais alegre e refrescante. Mas estou sempre sozinho."

E o que dizer de muitos estudos científicos que hoje estão se fazendo que demonstram que ter fé religiosa é saudável?

A fé deriva de um ponto em nossos cérebros que não está lá a toa. Se a Natureza nos dotou de razão e emoção, por que aniquilar a emoção e "endeusar"(um termo interessante rss) a razão? A crítica da razão já foi feita a tempos na filosofia.

MATHEUS afirmou que "Eu resumo a minha crença, em buscar a semelhança com Cristo seja mito ou seja logos" , e aí eu pergunto:

É possível buscar ser "semelhante a Cristo" sem que isso seja feita sobre um pano de fundo espiritual? até mesmo o discurso dos teólogos ultra-liberais de ver em Jesus o "exemplo alfa-ômega de ética para a humanidade" não vêm carregado de espiritualidade, ainda que tais teólogos queiram limar da experiência "eu-Cristo" o seu componente espiritual?

Ou não? rss
Levi B. Santos disse…
“ Evoluímos mas não deixamos de repetir aquilo que nos foi ensinado”. (Edson)

È isso aí, Noreda!

Quem poderá nos livrar da angústia de não poder se desvencilhar totalmente da “imago primitiva paterna” que nos foi legada?

Não nego que, por paradoxal que seja, há em mim o desejo inamovível de que a ciência continue perseguindo a meta, de um dia, deletar essa memória que nos agride, nos consome e nos impulsiona, como estivesse a nos ordenar ― Não deixe cair o Bastão do “Tem Que Ser” ―, como bem diz esses versos, que um dia escrevi:

No alvor da senescência,
Em sonhos ou acordado ainda ouço
O eco imperativo: “Você tem que ser!
Vejo-me bem pequeno,
Nem pensava em ser dono de mim,
Pois do desejo dos pais, era objeto.


Nos meus três filhos,
Arquivado no inconsciente familiar
O “Tem Que Ser!” ancestral ressoa.
Num porão bem secreto,
Não cessa de se repetir a ordem primeva:
“Tem que ser!”, vovô! ― diz, minha neta.


Passar de mão o legado
Na corrida de revezamento dos tempos.
O da frente na lida, já mui extenuado,
O mais novo a correr, impulsiona.
Por que esse bastão do “Tem Que Ser!”
Nunca despenca, e é sempre repassado?





Nobre Amigo Eduardo,

<>

Lhe devolvo a incógnita alterando o vetor, "Não é possível?"....

Esta resposta é relativa partindo da premissa de que o Cristo é um objeto particular na mente de cada um. Eu por exemplo vejo ser possível buscar essa semelhança sem o fundo espiritual, porque me refiro a "comportamento", e quando falo em comportamento, falo sobre o trato, o relacionar-se e não a figura espiritual do Cristo Salvador. Mas entendo que na grande maioria dos que estão inseridos na cristandade, seja impossível visualizar o Cristo sem esse pano de fundo espiritual, talvez devido ao fato de ser um visão enraizada durante as eras,

Levi B. Santos disse…
Matheus,


Intromentendo-me, enquanto o Edu não chega.

Sobre a racionalização de que o crente segue a Jesus, em função de Seu comportamento.

Mas há algo mais profundo na psique do individuo ocidental, que o faz recorrer a Cristo.

O drama cristão é um arquétipo presente na mente do mundo ocidental. Ao longo dos séculos a "imago filial" de um Deus restaurador do homem, foi paulatinamente se cristalizando na psique coletiva.

Jung diz, que o cristão segue a Cristo não pela racionalidade : "não se trata de uma imitação de Cristo como um trabalho intelectual, mas antes, uma experiência involutária, representada pela lenda sagrada" (Jung)
Claro Levi,

Mas não podemos fazer uso desta análise de forma absoluta, pensando ser assim em todos os casos. As águas do rio aceleram, perdem força, dão uma parada, e voltam a acelerar conforme o curso que ele faça. Nunca fica do mesmo jeito.
Edson Moura disse…
Obviamente não vejo mal algum em se buscar a semelhança de Cristo dês-espiritualizado, mas outros antes e depois dele também são dignos de se buscar a semelhança, o grande problema está em relegar o homem ao inferno, coisa que nem o Deus Javé fez, mas sim seu filho "bom" e semelhante.

Ter fé religiosa é saudável para os leigos. Não existe um grupo de controle devidamente testado (creio eu). Não consigo ver salubridade em "siga-me ou vá para o inferno", é o mesmo que trocar um fardo de 100 quilos (razão) por um de 1 tonelada (religião). O que vejo é o famoso efeito placebo.

Nem todos os traços remanescentes da evolução são sinônimos de utilidade, mesmo que a evolução seja extremamente econômica, efeitos colaterais se apresentam o tempo todo. Religião intrínseca, eu considero uma doença hereditária.
Eduardo Medeiros disse…
Levi e Matheus.

Creio que não dá para separar o lado emocional do seguir a Jesus através de um seguimento racional apenas do ponto de vista ético. Mesmo por que, me parece que toda instância ética também está carregada do emocional.

É por isso, EDSON, que essa ênfase apologética que os racionalistas fazem pela razão é falha. Até na recusa e na crítica à religião há um aspecto emocional; a nossa racionalidade não é "100% racional".

Eu diria mesmo que todos nós nos movemos pela emoção. Parece até que a racionalidade humana é que é o "efeito colateral" não programado...rss

Mas vejam que eu não estou criticando o lado "espiritual" do seguir a Cristo. Mesmo por que ninguém o segue, creio, totalmente do ponto de vista racional, como já argumentei.

Creio que o lado espiritual é fundamental para a psiqué humana. Parodiando Paulo, diria que a "base já está posta" - que é nosso "ser emocional" - agora, cada um veja o que constrói em cima dele - ponderações racionais.

Não sei se esse argumento é válido, mas é como eu vejo a questão.

Papo ótimo. MATHEUS, logo que essa conversa se esgotar (por hora, é sempre por hora..rs) você pode publicar seu texto.
/]"!@#$%%¨&* ( Besteiras faladas por Hawkins para leigos)...
Não entendeu? He, he, he...