Por Edson Moura
E foi criado o Ser. Cresceu,
multiplicou-se como tinha sido designado. Atingiu seu apogeu em menos de oito
mil anos. Elevou-se aos mais altos patamares de sabedoria. Desenvolveu um
cérebro absurdamente inteligente – não só um, mas todos de sua espécie.
Decifrou os códigos de sua origem quando sua raça tinha apenas trinta mil anos.
Fora realmente criado por um ser maior que ele, e por saber disto, buscou seu
projetista, lançando mão da tecnologia mais avançada de que já se ouvira falar.
E por fim... encontrou-o.
Uma seleção da “nata” de seres fantasticamente evoluídos invadiu o recanto sagrado do projetista mor. Fizeram-lhe perguntas –que foram devidamente respondidas- sobre tudo que fora criado, o porquê e o como. Foi-lhes explicado que tudo nunca havia saído do controle. Que seu criador desenhara cada passo da criatura, examinara os pensamentos, planejara o futuro, e até mesmo este momento de encontro havia sido predestinado.
Encantaram-se com o poder do
projetista, e também o desejaram ter. Exigiram, e conseguiram. Cada um dos dez
que se apresentaram foram devidamente testados. Testaram o conhecimento, a
capacidade de tomar decisões, a bondade e a maldade, a paciência, a tolerância
e a força. Só um venceu. Todos os outros foram aniquilados pelo Chefe dos
chefes, e a este foi oferecido um prêmio. Ser um projetista.
Foi lhe dado um pequeno espaço no
universo onde bilhões e bilhões de estrelas brilhavam. Este seria seu reino. E
dali precisaria dar inicio a uma nova criatura, semelhante a ele, mas limitada
em cultura e poder. E assim fez. Não
quis imitar seu criador, partiu de um fragmentos apenas. Uma pequena partícula
de universo, sem forma, inerte, simples, mas com grandes capacidades de
transformação.
Um a partícula, um átomo, uma
molécula, uma célula, um organismo, uma vida. Esta era a ideia. E funcionou
perfeitamente. Lentamente sua criatura evoluiu. Tomou as mais variadas formas,
transmutou-se nos mais diferentes seres. No mar, no ar, na terra, cada um
adquiriu qualidades diferentes. Uns mais fortes, mas menos inteligentes. Outros
muito inteligentes mas menos resistentes. Já outros tão resistentes que
tornaram-se doenças. E ao mais fraco de todos afinal, seria o único com chances
de dominar. E assim aconteceu.
O homem ganhou características
semelhantes às de projetista. Também ficou cada vez mais sábio. Um misto de sua
pouca visão com sua curiosidade, o fez enxergar mais longe. Agora a criatura
também buscava o seu criador. Mas este se escondeu, e num lugar secreto onde,
assim como havia decidido, jamais um humano entraria. Deixou apenas promessas
vagas. Plantou a dúvida na mente de todos. Poucos foram os que duvidaram, mas
estes poucos o caçam como mais avidez do que os que creem.
Desesperadamente tentam negá-lo,
mas não percebem que esta negação é justamente a ânsia por uma resposta
definitiva de sua origem. Perda de tempo. Este projetista não é tão tolo quanto
o primeiro. Não cometeu os mesmos erros de seu mestre. Superou-o em sabedoria e
poder. Adquiriu capacidades inimagináveis de camuflagem. Muitos acham que já
esteve entre eles, outros duvidam seu sua kenosis. Mas todos permanecem cegos.
Cegos assim como o próprio
desenhista. Que projetou tão minuciosamente sua história - com riqueza de
detalhes e final já escrito- que hoje se vê preso em sua própria teia. De tanto
saber o futuro, tornou-se escravo de seu projeto. Já não consegue mudar o
desfecho, não consegue apreciar o que acontece, pois tudo é um grande passado
para ele. Tudo que virá já aconteceu em sua mente descomunal, e por fim se vê
amalgamado num eterno existir, enfadonho e solitário. Não ouve súplicas e se
ouve, nada pode fazer.
Não se preocupou em deixar
lacunas para sua criatura. Não foi sábio o suficiente para entender que deveria
permitir que sua grande obra precisaria ser uma página em branco a partir de
determinado tempo. Foi egoísta, ganancioso, vaidoso demais, e sem perceber,
recebeu como prêmio de seu mestre, a maior prisão que se pode dar a um ser...a
posição de Deus.
(Uma crítica ao Criacionismo, ao
Evolucionismo e a mim mesmo)
Comentários
o Richard Dawkins, que os atues têm como ídolo pop do novo ateísmo, disse certa vez numa entrevista, que se nós fomos criados de forma intencional, isso só poderia ter acontecido vindo de um povo ET muito evoluído. Mas que este mesmo povo ET teria que ser o produto de uma evolução. Esse argumento gira, gira, e não leva a lugar algum(aparentemente).
Esse é um assunto que faz dar nó em quem pensa. os cientistas atues resolveram tudo(ou tentaram resolver) simplificando tudo ao aceitar que somos meros produtos de acidentes em cima de acidentes, sem nenhuma intencionalidade. A ciência não pode ir muito além disso.
Mas sempre questiono como o resultado de uma cadeia de trilhões de acidentes aleatórios, veio a criar uma criatura que iria questionar a própria origem através de uma mente consciente. Não há respostas para essa questão. Diz-se que foi casual é pronto.
Mas tem muito caroço nesse angu ainda para ser descoberto.
No criacionismo – reside meu lado irracional que vê tudo com as lentes do sobrenatural, do metafísico, do místico e que em suma se alimenta da fé.
No Evolucionismo ― está meu lado oposto – que é comandado pelo racional, e se alimenta da dúvida.
Então, quando critico cada uma dessas teorias humanas, por conseguinte, estou recusando a acreditar no duplo que há em mim mesmo.
Como fez o Noreda, concluo, que ao criticar ambas as teorias estou criticando a mim mesmo, que de dia comporto-me como evolucionista, mas de noite sonho com duendes. (rsrs)
É como se um dia você acordasse, e se visse numa estrada a qual você não conhece e nem sabe para onde vai. Simplesmente caminhar sem querer saber quem construiu a estrada e onde ela vai dar, me parece uma coisa ainda mais angustiante do que querer descobrir quem a criou e onde vai dar.
Mas enfim, cada cabeça, uma sentença. rs
Dois grandes problemas existem em ambas as teorias.
A Criação despreza a especulação científica. Isola-se num calabouço chamado Fé, e dela tira proveito para se sentir aparentemente tranquilo. Mas duvido que um adepto do criacionismo nunca tenha se perguntado se realmente existe outra vida além desta maravilhosa que vivemos. Dizem que faz bem crer em algo maior. Tenho lá minha dúvidas. é muito mais difícil e trabalhoso "descansar na Fé" do que que aceitar a finitude total. Ter fé implica mais responsabilidades do que sugeriu o grande Sartre. É como disse Ariovaldo Ramos: "Se existe um Deus, existe também uma maneira correta de servi-lo".
Já evolução, até o presente momento só tem como âncora a observação biológica. Falta-lhe uma teoria sólida da Física, e quando esta aparecer, certamente muitas dúvidas serão extirpadas.Não foi com comodismo preguiçoso que descobrimos que a Terra não era o centro do Universo (e isso sequer abalou as estruturas da Fé). Não foi com desinteresse que descobrimos que existem outros tantos bilhões de planetas que vagam em zonas "cachinhos dourados", muito parecidos com o nosso. É preciso inquietar-se para evoluir. O Esdras já não pode mais evoluir, pois aceitou de bom grado a crença de que nada sabe e só se esqueceu que não saber não quer dizer que não devamos querer saber. O Esdras cresceu e se tornou um homem sem o 'espírito" de criança, curioso e perguntador.
Já disse outras vezes e repito: O fato de ainda estarmos bem no início do caminho que leva ao esclarecimento sobre nossa origem, não implica necessariamente que estejamos errados. Ao longo dos anos observo os erros que já foram refutados pela ciência, acerca da origem projetada do homem. Ainda assim vejo poucos interessados (pelo manos nas classes mais baixas) em entender como tudo se deu.
O texto não é uma sugestão de nova teoria, é apenas uma exemplificação do imbróglio em que nos metemos a partir do momento que resolvemos bater asas da gaiola.
Esta não é uma solução!
Então o darwinismo precisa ainda de muitos ajustes para explicar completamente como a diversidade das especieis evoluíram. Muitas outras opções de evolucionismo tem sido apresentado, como o que diz que a evolução não se dá lentamente em milhões de anos, e sim, em "saltos".
curiosamente, a narrativa bíblica da crianção se adequá muito bem ao evolucionismo, já que mostra a crianção num crescente, sendo que os primeiros animais são tirados da água e o homem só aparece no final do processo. Mas a ideia de evolução do texto bíblico é de natureza diversa do darwinismo. O texto bíblico foi escrito para afirmar a superioridade do homem sobre a criação; o homem como o ápice da evolução (digamos assim), sendo ele imagem e semelhança do Criador.
Eu não creio que a ideia de um Criador seja absurda. O que eu acho absurdo é a interpretação que se dá a esse Criador, claramente feito por mentalidades ainda primitivas que se ancoravam numa visão mitológica do mundo.
Se tudo evolui, até mesmo nossa compreensão dessa Entidade Criadora precisa evoluir.
O Tal peixe com patas existiu durante o Período Devoniano, O bicho foi retirado do meio de rochas com 380 milhões de anos por um trio de paleontólogos americanos, Neil Shubin, Edward Daeschler e Farish Jenkins Jr.
Outros fósseis ainda serão encontrados, mas não há muitas possibilidades (creio eu). Muitos acreditam que um fóssil é apenas um esqueleto, mas não é bem assim. Se fosse tão fácil, a teoria da criação já teria sido "fossilizada" pelo evolucionismo. Então, para quem se interessa, vai a receita de uma fossilização e sua complexidade:
Quando um organismo morre, inicialmente ele é decomposto pelas bactérias e fungos que degradam a matéria orgânica. Depois disto, o organismo pode ser imediatamente soterrado ou passar por uma série de processos (desarticulação, transporte) e só depois ser soterrado. Esse soterramento irá acontecer quando a água, ou outro agente, transportar o sedimento que irá recobrir o organismo.
Depois de soterrado, o organismo irá passar por um processo chamado de diagênese, que consiste na compactação (pelo peso do sedimento) e na cimentação (o sedimento depositado sobre o organismo ou por dentro dele, através de processos químicos, se aglomera e passa a formar uma rocha sedimentar).
Nestas condições, esse organismo agora pode ser considerado um fóssil. O movimento das placas tectônicas permite que uma rocha, que antes foi um fundo de mar, por exemplo, seja erguida acima da superfície e fique exposta. Nesta rocha exposta é que o paleontólogo vai procurar pelos fósseis.
Ps. O nome dado ao fóssil de peixe com patas é Tiktaalik rosaeae.
Abraços
Qualquer ser racional honesto deveria se questionar acerca de tal falácia. Isso mais me parece um "cala boca" daqueles que damos aos nosso filhos de 4 ou 5 anos quando perguntam como forma feitos. Respondemos que a cegonha o trouxe, ou quando estamos mais dispostos a sermos honestos, dizemos que o papai colocou uma sementinha na mamãe.
Aí ficamos com medo de o menino perguntar como foi que colocamos a sementinha dentro da mamãe. Ou seja, me parece que temos medo do desdobramento de nossas perguntas, temos medo de perder a Fé, e por isso não nos preocupamos (será?) com a busca de respostas para os mistérios da existência.
se você comparar alguns argumentos sobre as origens do universo, o argumento que Deus sempre existiu não é absurdo. Há físicos que defendem que o universo é eterno, incriado; não é a teoria mais aceita, mas ela existe. Um outro argumento que também pode parecer absurdo e foi defendido recentemente pelo Hawkins é que o universo veio "do nada quântico"; ou seja, que o universo veio de um nada que na verdade é alguma coisa...rss
O que eu acho absurdo é a ideia de Deus como um ser pessoal semelhante aos homens, que castiga e premia de acordo com sua vontade. Essa ideia eu acho ultrapassada. Um físico muito respeitado no meio acadêmico (apesar de também muito criticado) é Amit Goswani, que diz com todas as letras que sem Deus o universo é impossível. Mas a concepção de Deus dele vai além da figura divina da teologia.
Abraços
"nós estamos chegando perto de saber como o universo se originou...agora, por que se deu ao trabalho de resolver existir, essa é uma pergunta que só Deus pode responder"
Como o Hawking não é um teísta, ele usa "Deus" de forma metafórica para dizer que nunca saberemos os porquês. rs
valeu pela participação, amiga.
"Hawkins é um unificador e recentemente andou falando grandes besteiras com relação a essa questão. Chegou a afirmar que a ciência mostra que Deus é desnecessário. Só esqueceu de dizer que a ciência a que se refere é altamente especulativa, mais metafísica do que física. É importante fazermos uma distinção entre o que a ciência pode e o que a ciência não pode tratar...existe uma grande diferença entre o “por que e o como” e a ciência é muito boa com o como...”
A fala do Esdras, acima, pinçada de um dos seus comentários, põe mais lenha na fogueira. (rsrs)
Este assunto foge um pouco daquilo que sempre foi meu interesse buscar compreender e entender em relação a natureza humana e principalmente o comportamento humano. Devido a isto, meu conhecimento sobre as diversas teorias que hoje existem, sejam cientificas ou religiosas são minimas.
Considerei os comentários do Esdras bem interessantes. Pois também não me preocupo muito em saber se teoria "a" ou "b" são exatas, ou se a ciência pode ou não fornecer todas as respostas.
Já li diversos artigos, e também alguns livros onde poderia sim, negar a minha crença devido a boa argumentação que ele dispõe, mas ainda assim, não me dei por satisfeito. Certa feita, um amigo meu me perguntou, "como poderia eu, uma pessoa que lê bastante e se mostra ser bem articulada (ponto de vista dele kkkk) crer em um Deus que racionalmente não se comprova, e que se baseia em um livro que de tempo em tempo a ciência tem desmentido?". Pois bem, vou tentar responder esta pergunta de forma bem direta, e já posicionar o que penso da religião e de minha crença:
Eu resumo a minha crença, em buscar a semelhança com Cristo seja mito ou seja logos, não em costumes ou por uma teologia sistemática, busco ser semelhante em comportamento. E aí, talvez você diga, "mas Cristo é uma fraude, uma invenção", e eu lhe responda: Paciência, ao menos lutei para viver de forma honesta e justa. Não que seja necessário viver em, ou com Cristo para ser honesto e justo, ele é apenas um exemplo de uma vida bem vivida, e temos diversos outros. E ainda, em contrapartida, se ele de fato for verdadeiro, de lambuja ganho o céu prometido kkkkkkkkkk
Talvez por isso, não me importo muito com o de "onde vim", e o "para onde vou", mas sim, o "como estou" e o "como devo fazer". Os mistérios são o grande charme desse mundo louco.
Abraços!
Verdade, Edu. Se algo evoluiu em nós, foi sim, a compreensão dessa “Entidade Criadora”.
O danado, é que hoje, apesar de compreendermos essa evolução, quando adormecidos, ainda sonhamos com um Ser dominante ao estilo Javé. (rsrs)
Será essa, Matheus, a razão de nossa insatisfação? (rsrs)
Verdade, Edu. Se algo evoluiu em nós, foi sim, a compreensão dessa “Entidade Criadora”.
O danado, é que hoje, apesar de compreendermos essa evolução, quando adormecidos, ainda sonhamos com um Ser dominante ao estilo Javé. (rsrs)
Será essa, Matheus, a razão de nossa insatisfação? (rsrs)
Semore fomos condicionados a ouvir o que os nosso cuidadores nos dizem, coisas do tipo, Não atravesse a rua sem olhar para os dois lados, não pule da beirada de um prédio, não enfie o dedo na tomada e tantas outras coisa. Tendemos a repassar esses cuidados à nossos descendentes. Com a religião não foi diferente.
Não acho ser tarefa fácil deixar de acreditar em algo que por tantos anos nos foi passado de geração à geração. Cremos mesmo quando não queremos crer. Evoluímos mas não deixamos de repetir aquilo que nos foi ensinado. Alguém disse uma vez: "De me uma criança e lhes devolverei um homem", isso não mudou. Boa parte de nossas crenças vem de berço. Da ingenuidade de nossos pais ao pedir que agradeçamos ao papai do céu pelo alimento, à desculpa que nos deram que nosso cachorrinho morto ou nossa mão está morando no céu com Deus. Tudo fica firmemente arraigado na mente da criança. E depois que cresce, ela tenderá a ensinar os seus com as mesmas tecnicas.
Nem toda evolução é boa. Temos o exemplo do vírus da gripe que não me deixa mentir (sozinho). Da maneira como venho criando meus filhos, é bem possível que meus bisnetos pensem bem diferente com respeito à religião. Crio-os como ateus, mostro-lhes que a religião foi importante, mas que nada é factual. Talvez seja um desserviço à sociedade (como muitos dizem), mas continuo agindo da maneira que considero achar mais saudável para suas mentes ainda em formação.
O Edu certa vez disse que todos nossas conversas descambam para a religião, não poderia ser diferente, a religião está entronizada em nosso meio assim como a capacidade de se apaixonar e acreditar que aquela pessoa é a mais bela, e mais carinhosa e a mais perfeita entre todos as outras disponíveis. Toda crença é cega (crença religiosa), somos como insetos navegando sem bússola rumo a luz de uma vela. Esses insetos acreditam estarem fazendo a coisa certa, pois qualquer ponto luminoso fixo serve-lhes como farol, seja a lua ou as estrelas, os a chama de uma lamparina. Eles agem errado e certo, pois seguem seus instintos mais primitivos, mas não calculam o efeito colateral, que é o suicídio acidental.
Com a religião é da mesma forma. Todos querem usar as narrativas religiosas como bússola para sua vidas, e não contam o efeito colateral que é a anulação de sua razão. Crer é algo perfeitamente natural e deriva da evolução, mas chega um tempo em que devemos questionar até mesmo aquilo que julgamos ser a verdade de nosso sábios pais, nosso pastores e nosso livros milenares.
Lutero disse algumas coisas que me deixam estarrecido, não só pela ousadia pretensiosa de sugeri-las, mas pela lógica racional com que desenvolveu tais pensamentos.
"A razão é o maior inimigo que a fé possui, ela nunca aparece para contribuir com as coisas espirituais,mas com frequência entra em confronto com a palavra divina, tratando com desdém tudo que emana de Deus" Lutero
"Quem quiser ser cristão, deve arrancar os olhos da razão" Lutero
" A razão deve ser destruída em todos os cristãos" Lutero
"Todos são pensamentos inteligentemente projetados para fazer com que os mais despreparados intelectualmente fossem os maiores propagadores da fé, e funcionou, e hoje é visto como motivo de orgulho, a fé ter sido mantida e disseminada por grupos de analfabetos." Edson Moura
Creio que a citação do LEVI de Freud ilustra bem isso: “A ciência parece-me cada vez mais difícil. Sinto vontade, à noite, de uma coisa mais alegre e refrescante. Mas estou sempre sozinho."
E o que dizer de muitos estudos científicos que hoje estão se fazendo que demonstram que ter fé religiosa é saudável?
A fé deriva de um ponto em nossos cérebros que não está lá a toa. Se a Natureza nos dotou de razão e emoção, por que aniquilar a emoção e "endeusar"(um termo interessante rss) a razão? A crítica da razão já foi feita a tempos na filosofia.
MATHEUS afirmou que "Eu resumo a minha crença, em buscar a semelhança com Cristo seja mito ou seja logos" , e aí eu pergunto:
É possível buscar ser "semelhante a Cristo" sem que isso seja feita sobre um pano de fundo espiritual? até mesmo o discurso dos teólogos ultra-liberais de ver em Jesus o "exemplo alfa-ômega de ética para a humanidade" não vêm carregado de espiritualidade, ainda que tais teólogos queiram limar da experiência "eu-Cristo" o seu componente espiritual?
Ou não? rss
È isso aí, Noreda!
Quem poderá nos livrar da angústia de não poder se desvencilhar totalmente da “imago primitiva paterna” que nos foi legada?
Não nego que, por paradoxal que seja, há em mim o desejo inamovível de que a ciência continue perseguindo a meta, de um dia, deletar essa memória que nos agride, nos consome e nos impulsiona, como estivesse a nos ordenar ― Não deixe cair o Bastão do “Tem Que Ser” ―, como bem diz esses versos, que um dia escrevi:
No alvor da senescência,
Em sonhos ou acordado ainda ouço
O eco imperativo: “Você tem que ser!”
Vejo-me bem pequeno,
Nem pensava em ser dono de mim,
Pois do desejo dos pais, era objeto.
Nos meus três filhos,
Arquivado no inconsciente familiar
O “Tem Que Ser!” ancestral ressoa.
Num porão bem secreto,
Não cessa de se repetir a ordem primeva:
“Tem que ser!”, vovô! ― diz, minha neta.
Passar de mão o legado
Na corrida de revezamento dos tempos.
O da frente na lida, já mui extenuado,
O mais novo a correr, impulsiona.
Por que esse bastão do “Tem Que Ser!”
Nunca despenca, e é sempre repassado?
<>
Lhe devolvo a incógnita alterando o vetor, "Não é possível?"....
Esta resposta é relativa partindo da premissa de que o Cristo é um objeto particular na mente de cada um. Eu por exemplo vejo ser possível buscar essa semelhança sem o fundo espiritual, porque me refiro a "comportamento", e quando falo em comportamento, falo sobre o trato, o relacionar-se e não a figura espiritual do Cristo Salvador. Mas entendo que na grande maioria dos que estão inseridos na cristandade, seja impossível visualizar o Cristo sem esse pano de fundo espiritual, talvez devido ao fato de ser um visão enraizada durante as eras,
Intromentendo-me, enquanto o Edu não chega.
Sobre a racionalização de que o crente segue a Jesus, em função de Seu comportamento.
Mas há algo mais profundo na psique do individuo ocidental, que o faz recorrer a Cristo.
O drama cristão é um arquétipo presente na mente do mundo ocidental. Ao longo dos séculos a "imago filial" de um Deus restaurador do homem, foi paulatinamente se cristalizando na psique coletiva.
Jung diz, que o cristão segue a Cristo não pela racionalidade : "não se trata de uma imitação de Cristo como um trabalho intelectual, mas antes, uma experiência involutária, representada pela lenda sagrada" (Jung)
Mas não podemos fazer uso desta análise de forma absoluta, pensando ser assim em todos os casos. As águas do rio aceleram, perdem força, dão uma parada, e voltam a acelerar conforme o curso que ele faça. Nunca fica do mesmo jeito.
Ter fé religiosa é saudável para os leigos. Não existe um grupo de controle devidamente testado (creio eu). Não consigo ver salubridade em "siga-me ou vá para o inferno", é o mesmo que trocar um fardo de 100 quilos (razão) por um de 1 tonelada (religião). O que vejo é o famoso efeito placebo.
Nem todos os traços remanescentes da evolução são sinônimos de utilidade, mesmo que a evolução seja extremamente econômica, efeitos colaterais se apresentam o tempo todo. Religião intrínseca, eu considero uma doença hereditária.
Creio que não dá para separar o lado emocional do seguir a Jesus através de um seguimento racional apenas do ponto de vista ético. Mesmo por que, me parece que toda instância ética também está carregada do emocional.
É por isso, EDSON, que essa ênfase apologética que os racionalistas fazem pela razão é falha. Até na recusa e na crítica à religião há um aspecto emocional; a nossa racionalidade não é "100% racional".
Eu diria mesmo que todos nós nos movemos pela emoção. Parece até que a racionalidade humana é que é o "efeito colateral" não programado...rss
Mas vejam que eu não estou criticando o lado "espiritual" do seguir a Cristo. Mesmo por que ninguém o segue, creio, totalmente do ponto de vista racional, como já argumentei.
Creio que o lado espiritual é fundamental para a psiqué humana. Parodiando Paulo, diria que a "base já está posta" - que é nosso "ser emocional" - agora, cada um veja o que constrói em cima dele - ponderações racionais.
Não sei se esse argumento é válido, mas é como eu vejo a questão.
Papo ótimo. MATHEUS, logo que essa conversa se esgotar (por hora, é sempre por hora..rs) você pode publicar seu texto.