A Regra de Ouro em meio ao caos ambiental


"Não faças aos outros o que não queres que te façam." (bShab 31a)

É impressionante como uma só frase é capaz de resumir os 40 dias em que Moisés ficou na montanha! Quem disse isto não fui eu, mas sim o ancião Hillel, quando um gentio, desejando ser recebido no judaísmo, pediu ao rabi um curso sobre a Torah. Na ocasião, o impaciente prosélito recebeu como resposta do mestre que a frase acima resumia toda a Lei.

Por aquele mesmo tempo, Filo de Alexandria, um filósofo judeu contemporâneo de Hillel, semelhantemente ensinou que "aquilo que alguém não quer sofrer, não deve fazer a outros" (Hipotética 7.6).

Ambos os sábios estavam falando sobre a Regra de Ouro, muito conhecida por pensadores gregos e judeus desde a Antiguidade e que havia sido formulada há vários séculos antes de Hillel, fazendo-se presente em diversas religiões da atualidade (judaísmo, cristianismo, budismo, taoísmo, islamismo, etc).

Pode-se afirmar que, além dos gregos e judeus, o filósofo chinês Confúcio (551 - 479 a.C.), teria formulado-a em seus dias da seguinte maneira: "O que você não quer que lhe façam, não o faça aos demais". E, curiosamente, as tradições dos nossos índios já orientavam os membros da tribo desta forma: "Não queira desfazer do seu vizinho, pois assim como você procura ter bom tratamento, dê o mesmo aos outros".

Em contato com o pensamento judaico e, na certa, manejando intencionalmente as palavras do ancestral Hillel, Jesus também fez aplicação da Regra de Ouro conforme se lê no conhecido Sermão da Montanha do Evangelho de Mateus:

"Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas". (7.12; Nova Versão Internacional - NVI)

Ou, mais resumidamente, também aparece em Lucas:

"Como vocês querem que os outros lhes façam, façam também vocês a eles". (6.31; NVI)

Indubitavelmente Jesus inovou em relação a todos os pensamentos anteriores a ele, fazendo uso de uma incomparável formulação positiva, melhorando o viés negativo. Assim, segundo o Mestre dos mestres, aquilo que quero que seja feito para mim, devo fazer também para o outro, incentivando a prática de uma conduta capaz de envolver uma certa dose de criatividade, reflexão, entusiasmo pela vida e carinho pelo próximo.

Pensando no momento histórico em que viveram Jesus e Hillel, fico a indagar quão preciosas foram as pérolas que aqueles profundos pensadores apresentaram ao massacrado povo judeu. Em meio ao caos político da Judeia sob o opressor domínio romano, com inúmeras injustiças e parte da população passando fome, eis que à primeira vista parece difícil haver assimilação de um ensino tão nobre por pessoas extremamente necessitadas. Contudo, os humildes pescadores da Galileia, que seguiam o Messias Jesus pelas poeirentas estradas da Palestina, absorveram o sentido da mensagem melhor do que muitos ricos e poderosos habitantes dos palácios.

Nos dias de hoje em que a humanidade vive em meio a um caos político, econômico, social, familiar, ambiental e até religioso, a Regra de Ouro de Jesus torna-se a receita adequada para que possamos conviver melhor, promovendo a paz e garantindo a sobrevivência das futuras gerações. Seu ensino não se limita apenas à abstenção de praticar algo ruim para o outro, mas inclui uma atitude construtiva, algo comparável a um talentoso artista capaz de dar desenhos e cores a uma tela vazia.


Recentemente minha cidade de Nova Friburgo, situada na Região Serrana do Rio de Janeiro, foi alvo de uma catástrofe climática jamais vista em toda a sua história. Centenas de pessoas morreram e milhares encontram-se desabrigadas ou desalojadas. Jornais do país inteiro não páram de noticiar o ocorrido todos os dias juntamente com enchentes de outros lugares. Por todo lado ainda se vê rastros de uma tragédia que foi causada basicamente por dois fatores: as construções irregulares em locais impróprios e o aquecimento global.

De acordo com os cientistas, as condições do nosso planeta tendem a piorar cada vez mais nos próximos anos. Catástrofes climáticas como a que se viu este ano na Região Serrana do Rio de Janeiro, em Santa Catarina (2009) ou em Nova Orleans, durante a passagem do Catrina (2005), só tendem a se repetir e cada vez com maior intensidade. Por causa de sua ganância e recusa em deixar de emitir os gases do efeito estufa, o homem está destruindo a única casa que tem para morar, deixando um futuro incerto para as futuras gerações.

É neste contexto que ética e ecologia se encontram, confirmando o ensino do ex-frei Leonardo Boff, autor de dezenas de livros, dentre os quais "A Ética da Vida e Saber Cuidar". Numa entrevista dada à Construir Notícias, Boff responde que:


"A ética surge quando o outro emerge diante de nós. Que atitude tomar diante do outro? Não podemos ficar indiferentes. Mesmo o silêncio é uma atitude. Podemos acolher o outro, podemos rejeitá-lo, subordiná-lo e até agredi-lo e eliminá-lo. Essas atitudes configuram a ética. Ela será benfazeja quando faz do distante um próximo e do próximo um aliado e um irmão e irmã. Nesta perspectiva, bom é tudo aquilo que aproxima as pessoas ou que corresponde de forma benfazeja às realidades circunstantes; bom é tudo o que cuida e expande a vida em todas as suas formas; mau é tudo o que ameaça, diminui e destrói a vida. A regra de ouro da ética quando confrontada com o outro é: 'faça ao outro o que você quer que lhe façam a você'. Hoje pesa sobre a humanidade e o sistema da vida o pesadelo da depredação e até da destruição da vida e do projeto planetário humano. Somos todos vítimas de práticas que exploram pessoas, classes, paises, ecossistemas e o sistema Terra. São éticas anti-vida. Em razão disso, faz-se urgente uma ética salvadora e benfazeja que garanta a vida e o futuro do Planeta. Sem ética e uma cultura de valores espirituais que a acompanham não afastaremos o pesadelo e o encontro com o pior. Precisamos de uma ética mínima fundada do cuidado de uns para com os outros, com a vida e o Planeta, uma ética da cooperação e da solidariedade de todos com todos pois somos interdependentes e só podemos viver e sobreviver juntos, uma ética da responsabilidade que toma consciência das conseqüências benéficas ou maléficas de nossas práticas e uma ética da compaixão que se mostra sensível para quem menos tem e menos é, para que não se sinta excluído mas inserido na comunidade de vida." (extraído de http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=488)


Enquanto muitas das vezes a mídia expõe os moradores das áreas de risco nas encostas dos morros como os responsáveis pelos desabamentos das tragédias das chuvas, as autoridades brasileiras terceiro-mundistas culpam a fúria da natureza. Porém, o que se vê claramente neste país é uma ausência de políticas habitacionais eficientes e que sejam capazes de respeitar o basilar direito à moradia previsto na nossa Constituição Federal.

Ora, tudo isto aponta para a necessidade da ética e não somente para a satisfação imediata de necessidades. Isto porque chegamos a uma crise mundial sem precedentes, em que a sobrevivência do planeta parece estar por um fio, sendo que a humanidade precisa urgentemente colocar em prática uma ecologia capaz de não apenas salvar as baleias ou o mico-leão-dourado da extinção, mas sim incluir socialmente todas as pessoas, oferecendo condições dignas de subsistência, saúde e também educação de qualidade. Só que nada disso se alcança sem trabalhar também os valores espirituais do ser humano.

Inteligentemente Jesus não formulou sua Regra de Ouro do nada. O Mestre, ao dar um novo sentido à frase de Hillel, buscou na Torah (creio que em Levítico 19.18) o fundamento daquilo que disse. Ou seja, o amor ao próximo que assim foi ensinado por Moisés aos israelitas no deserto:

"Não procurem vingança, nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o SENHOR." (NVI)

Pode-se dizer que, nos dias de hoje, o amor já não pode mais ser considerado como uma virtude de um homem piedoso, mas sim de uma necessidade. E, deste modo, mais do que décadas atrás, tornam-se proféticas as palavras do poeta anglo-americano Auden:

"Amem-se uns aos outros, ou pereçam"!

Comentários

Levi B. Santos disse…
Caro Rodrigo


Quero parabenizá-lo pela estréia aqui nesse espaço, trazendo um tema cruciante para nossa reflexão, numa hora de dor pelas perdas de tantas vidas na recente TRAGÉDIA ANUNCIADA que se abateu sobre sua cidade e em Teresópolis.

Como você bem destacou, tudo aconteceu pela inobservância da regra de ouro, que nesse caso está bem explícita na nossa Constituição Federal, redigida de longas datas (1948).

A regra de ouro que deveria ser cláusula pétrea, foi mandada às favas. A tríade dessa regra de ouro (o direito à saúde, a alimentação e a moradia digna) que é o alicerce de nossa constituição vem sendo perpetuamente violentada.

Faço questão de reproduzir um trecho de sua fala que resume todo descaso dos governantes e guardiões da lei que deviam zelar pelo bem estar do povo brasileiro, sofredor e pagador dos impostos, impostos esses que de uma maneira vil são desviados para atividades ilícitas de uma cambada insensíveis de fariseus que habitam os antros dos palácios de Brasília:

“Porém, o que se vê claramente neste país é uma ausência de políticas habitacionais eficientes e que sejam capazes de respeitar o basilar direito à moradia previsto na nossa Constituição Federal”.

Profundamente indignado com a falta de respeito por vidas humanas, solidarizo-me com você, Rodrigo, e demais habitantes, que foram de forma irresponsável e criminosa, marginalizados e atirados ao léu pelas autoridades do país.


P.S.: Enquanto estou redigindo esse libelo, os “cara de paus” do Congresso estão numa guerra de foice lá em Brasília, pelo poder de comandar a Casa da Mãe Joana(Presidência da Câmara) totalmente esquecidos da tragédia que poderia ser evitada.
Hubner Braz disse…
Rodrigo, belo texto que teceste como tecelão, baseado nas trágedias que acontecem e resumido em uma só frase "Não faças aos outros o que não queres que te façam."

Concordo com você quando expressa a sua indignação contra os políticos que só resolvem aparecer quando morrem várias pessoas. E a sua aparição é recheadas de promessas sem fundamento.

Imagine estes camaradas no céu... Um dia eu li um livro árabe de Abu Huraira, fonte logo abaixo, e ele dizia uma grande verdade:

No dia da ressurreição, três serão os primeiros a serem interrogados - de inicio o homem culto, aquém se indagará sobre o uso que fez de seus conhecimentos. E ele responderá: "Fiz o possível para propagá-lo". Deus porem dirá: "Falas com falsidade. Teu único propósito era o de ser considerado sábio pelos outros".

O segundo será o rico a quem se indagará sobre suas riquezas. E ele responderá: "Dia e noite distribuí-as como esmolas". Deus porem dirá: "Falas sem verdade. O que querias era simplesmente ser considerado generoso".

O terceiro será o mártir a quem também se indagará sobre seus atos. E ele responderá: "Ó Senhor, Tu ordenaste a Guerra Santa e eu Te obedeci: caí em combate!" Deus, porém replicará: "Mentiste. Teu objetivo era apenas o de ser louvado como herói"

E o Abu Huraira concluiu: "Estes três serão os primeiros a serem lançados às chamas do Inferno". Retirei este trecho do livro "Máximas de sabedoria Algazali (séc. XI) pág. 57"


Às vezes é bom relembrar que aqueles que fazem bem aos outros pensando em se beneficiar a si próprio vão para o inferno. E sei que alguns confraternos não acreditam que exista o tal inferno, mais é apenas uma opinião vendo do outro lado do texto contextualizado.

Abraços Confraternos
Eduardo Medeiros disse…
Rodrigo, seja muito bem-vindo, teus textos enriquecerão muito esta confraria como podemos ver pelo teu texto de estréia.

suas reflexões e análises estão perfeitas. se todos os homens, independentemente de fé, religião ou não crença, a pusessem em prática, este mundo seria um lugar bem melhor.

mas a verdade é que somos muito egoístas. pensamos primeiro em nós, como diz a máxima popular, "farinha pouca, meu pirão primeiro".

mas como você bem citou o poeta Auden, amar os outros é questão de sobrevivência. somos todos moradores da mesma casa que é este planeta e nós estamos cuidando muito mal dele principalmente nossos governantes que não cumprem o que prometem e ignoram solenemente a constituição.

como bradou renato russo, "que país é este"?

os sábios do passado, incluindo jesus, sabiam o caminho das pedras para um viver mais feliz e autêntico, cabe a nós aprendermos a lição.
Unknown disse…
Rodrigo, desde que me conheço por gente tenho essa admiração pela natureza. Sempre que via uma árvore sendo cortada, mesmo que necessariamente, me cortava o coração. Os meandros da vida me levaram a seguir outra profissão, mas minha vontade mesmo é trabalhar com biologia, mais especificamente botânica e ictiologia.

Um dia, no entanto, eu vi um video de um comediante americano, George Calin. Ele falava sobre os ditos "ecochatos". Para ele eram os caras que ficavam fazendo campanha "salvem as árvores", "salvem o planeta"... bem, dizia ele que isso era bobagem. Este planeta já passou por mals bocados, e sobreviveu. Meteoros, vulcões, eras do gelo... nós seremos só um resfriado, comparado a estes. Bem, nós, por outro lado, estamos ferrados. Em destruir o planeta da forma que fazemos, só complicamos à nós mesmos. Sim, certamente que estaremos extinguindo espécies magníficas, o que é deveras triste, mas a principal espécie atingida por nossa ganância, é a nossa mesma.

Eu, particularmente, acredito que nossa tecnologia evoluirá muito ainda, e nos permitirá viver por muito tepmo ainda. Talvez consigamos controlar os efeitos colaterais de nossa ganância com o tempo, mas, indubitavelmente, haverá no futuro uma época de caos. Há MUITA gente no planeta.Para se ter uma idéia, em 50 anos consumiremos em torno de 50% de tudo que o planeta produz de biomassa. De toda a capacidade de geração anual de plantas, animais... a gente vai consumir metade. Com muita tecnologia conseguiremos aperfeiçoar, otimizar e economizar muitos recursos, mas isso não chegará a todos. Muitos morrerão de fome ainda.

Entretanto, nada disso justifica o que está havendo no RJ. Quem conhece uma prefeitura por dentro sabe como elas costumam funcionar (ou não funcionar). Corrupção a torto e a direito, MUITA ineficiência, um bando de incopetentes sendo liderados por corruptos, que vendem espaços condenados nos morros, demoram anos para aprovar uma barreira de contenção, mas aprovam imediatamente aumento de salários de vereadores, desviam verbas em qualquer obrinha...

Infelismente o povo continua votando nos mesmos corruptos de sempre, nos mesmos incopetentes de sempre. Isso tudo por que são beneficiados momentaneamente, ou por burrice mesmo.

Até agora estou indignado pelos prefeitos das cidades atingidas não terem avisado ninguém das chuvas. Eles sabiam o que ocorreu no ano passado, e se não tem capacidade de montar um plano de ação para essas emergências, não deveriam estar governando. A culpa é em boa parte da ineficiência pública, e em outra parte do povo idiota que continua votando neles, e insistindo em morar em locais condenados (mesmo sabendo que são perigosos).
Levi B. Santos disse…
Roberto de Pompeu Toledo, ensaísta da revista Veja, redigiu um artigo impecável sobre uma verdade transparente da tragédia serrana do Rio. Diz ele:

"Os desígnios divinos que, ao longo dos séculos se procuram decifrar, quando se desencadeia a fúria dos elementos no caso da serra fluminense são bastantes claros. As responsabilidades pela catástrofe se situam aqui embaixo mesmo[...]. A resposta é clara:
Existem países em que casas despencam morro abaixo, e países em que isso não acontece. Países em que pessoas se aboletam em áreas de risco porque não têm alternativa, e países em que isso não acontece. Nós pertencemos à classe de países em que casas despencam morro abaixo, bairros desaparecem sob a lama e pessoas são jogadas em áreas de risco porque não têm alternativa".
Prezados,

Fico feliz que meu texto tenha promovido edificação e proporcionado boas reflexões para vocês. A seguir, vou ver se consido dar atenção aos comentários aqui recebidos, os quais desde já agradeço.


LEVI,

Estou de acordo contigo, mano! Nossas autoridades são carniceiras, corruptas, mentirosas e assassinas. Não consigo concordar com a falta de respeito para o povo brasileiro que busca sobreviver com tantas dificuldades econômicas e naturais. Um povo que quase nada tem se beneficiado do crescimento de um país que ainda é de poucos, não de todos. Porém, ainda acho muito amistoso a maioria só se queixar. Desejo muito ver ação porque, se algo semelhante tivesse ocorrido no continente europeu, o bicho já estaria pegando nesta hora. Aliás, este deveria ser o momento para os sindicatos, as igrejas, as entidades estudantis, as ONGs ambientalistas e as associações de moradores estarem puxando uma tremenda passeata no país todo contra as tragédias das chuvas.

Mas cadê os sindicatos, a UNE e a Ubes? Estão pelegando junto com o governo do PT...

Onde estão as igrejas? Estão cantando glória e aleluia nos cultos, puxando o saco de políticos fanfarrões e se comunicando com a sociedade em linguagens estranhas como se fossem de outra tribo.

E as ONGs? Que eu saiba muitas delas estão aí pedindo dinheiro nas portas de ministérios e gabinetes de políticos para captarem recursos para projetos que já deveriam estar sendo executados por uma organização governamental. E, ao invés de protestarem, ficam muitas das vezes bem quietinhas, mamando no dinheiro público e fazendo amizade com o povo de Plutão...
HUBNER,

Minha vontade nesta hora é de recitar um desses salmos imprecatórios contra os políticos que governam esta nação para que desçam vivos ao Sheol e sejam atirados à Geena.

Por aqui, um ex-prefeito foi mais uma das vítimas tragadas vivas pela terra. Morreu soterrado em seu sítio e confesso que ainda não consigui sentir pena do pacato cidadão.

Sei que Jesus disse que deveríamos amar os nossos inimigos, mas também entendo que o amor pelos inimigos não significa ter sentimentos de ternura por eles. Lógico que, se o boi ou o cavalo do ex-prefeito estivesse preso em algum lugar, ou necessitando matar a sede, caberia a mim ajudar o animalzinho como ordenou Moisés. Ou, em outras palavras, a Torah diz que devemos ser benevolentes e misericordiosos para com aqueles que se opõem a nós. E acho que, neste sentido, Davi soube como amar, visto que ele várias vezes foi misericordioso com Saul, mas pedia a Deus livramento e que desse justa paga aos seus perseguidores.

Levanto aqui a indagação: será que sabemos como amar os inimigos? Teria o cristianismo posterior aos séculos I e II intepretado mal o ensino de Jesus a este respeito?

Na dúvida, fico com o clamor ds santos do quinto selo do Livro do Apocalipse:

"Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, esperarás para julgar os habitantes da terra e vingar o nosso sangue?"

Desejo que as vítimas dessas tragédias das chuvas sejam vingadas e haja justiça contra os maus políticos brasileiros!
EDUARDO,

Concordo quando diz que "somos muito egoístas. pensamos primeiro em nós".

Falo mal dos políticos desta nação, mas não posso esquecer da sociedade que tanto se omite.

Como as tragédias das chuvas não ocorrem no país todo de uma só vez, o nosso comportamento inicial é pensar que aquelas cenas transmitidas pela TV não têm muito a ver conosco. Esquecemos que todos estamos vulneráveis nesses tempos de aquecimento global e de falta de preparo das cidades brasileiras para enfrentarem as tragédias.

A corrupção dos políticos e a ganância desmedida das empresas que poluem são patentes. Mas onde fica a consciência do cidadão?

Se não posso fazer com que o outro seja egoísta, tenho ao menos o dever de cobrar mais consciência de meu compatriota.

Praticamente duas semanas se passaram depois da tragédia do dia 12/01. Aos poucos a vida vai retomando, as pessoas retornando ao trabalho e os compromissos voltam a fazer parte de nossas agendas. Contudo, uma multidão permanece vivendo em abrigos aqui na Região Serrana do Rio de Janeiro.

Onde serão colocadas essas pessoas?

O que será da vida delas nos próximos meses?

Será que as doações e a dedicação dos voluntários continuarão?

E se não forem construídas moradias adequadas em locais seguros e bem estruturados? Será que muitos desalojados não retornarão para as áreas de risco?

Infelizmente, corremos o risco de retomar as nossas vidas e nos esquecermos daqueles que perderam suas casas, seus parentes e muitos dos seus pertences. Ao que parece, não vai demorar muito para que Nova Friburgo, Teresópolis e outras cidades deixem de ser notícia já que a Região Serrana do RJ não é tão expressiva economicamente e em população. Outras notícias de tragédias, crimes, esportes e política ocuparão as páginas dos jornais e o horários nobres da TV.

Ora, quando isto acontecer (já está ocorrendo), aí sim ja não haverá mais a comoção sentimentalista provocada pelas imagens do Jornal Nacional. Aí sim iremos enfrentar pra valer a nossa natureza egoísta e comodista.
GABRIEL,

Às vezes fico pensando que não temos para onde correr, a não ser enfentar aquilo que me parece óbvio: o aquelecimento global.

Tragédias de grande proporção sempre ocorreram na história e isto é um fato. Porém, o que está me parecendo pe que tragédias de grande intensidade estão acontedendo com maior frequência em diversas partes do mundo, o que denuncia a ação predatória do homem.

Será o quantitativo populacional a maior causa?

Eu sinceramente penso que não é apenas porque somos uma aldeia de quase 8 bilhões, mas também porque ainda não abandonamos um modo de consumo predatório e somos incentivados diariamente a contribuir para a destruição.

A ciência já mostrou que, com o consumo atual de carne, conseguiremos alimentar no máximo os 8 bilhões. Porém, se virássemos vegetarianos, alimentaríamos 40 bi. Isto porque, como bem sabemos, a pecuária consemo água e muita terra. Seja por causa da criação extensiva ou pelo cultivo de alimentos de ração.

Ora, mesmo dentro do consumo de proteína animal somos perdulários! Gostamos de saborear a carne do boi, como na verdade as aves consomem muito menos. Além dos frangos apetitosos, teríamos a possibilidade de substituir a carne vermelha dos bovinos pela do avestruz ou da ema.

A tecnologia, acredito eu, poderá nos ajudar nesta adaptação. Porém, como bem colocou, as inovações não vão chegar para todos e aí a desiguladade social, econômica e regional pesarão, bem como a honestidade dos políticos. Haja vista a maneira como os australianos estão encarando uma enchente muito maior do que a incidência de chuvas na Região Serrana do RJ...
GABRIEL (continuando),


A respeito das prefeituras, estou de acordo.

Em regra, quanto menor a cidade e quanto mais deficiente a educação de um povo, maior é a ditadura dos prefeitos.

Por aqui estou surepreso com o fato da Prefeitura de Nova Friburgo ter sonseguido uma liminar na Justiça, com anuência do Ministério Público, afim de desapropriar uma fazenda onde houve deslizamentos. Ou seja, podem selando o futuro trágido de 3 mil famílias numa suposta área de risco. Senão vejamos o que noticiou o JN na semana passada:

"(...) Uma área em Nova Friburgo já foi desapropriada para a construção das casas. É o terreno de uma antiga fazenda, afastado 14 quilômetros do Centro e ainda com poucas moradias ao redor. Região que também foi prejudicada pelos deslizamentos. No local, serão erguidos 3 mil apartamentos. Mas a destruição que se vê também nos acessos mostra o tamanho do desafio que as autoridades terão pela frente (...)".
Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/01/governador-do-rio-diz-que-moradias-serao-construidas-pelo-minha-casa-minha-vida.html

Que pérola a TV Globo deixou cair nas minhas mãos, apesar de não ter falado onde se encotnra o lugar.

Porém, estou perplexo com o fato de ver a oposição e a situação da Câmara Municipal de Nova Friburgo consentindo com este absurdo, assim como outras instituições estatais (Justiça e Ministério Público). É como se a urgência de encontrar lugar para as pessoas prevalecesse no momento. Não importa o que vai acontecer depois. Estão agindo como se eventos dessa magnitude fosse muito raro e que demorará 10, 200, 350 anos para que ocorra de novo, mas se esquecem que estamos no contexto do aquecimento global, sendo que, como disse um participante de um grupo que faço parte no Facebook, um discurso deste só "serve como justificativa para a manutenção do mesmo tipo de política, do mesmo paradigma de desenvolvimento".

Fora isto, entendo que, sem um efetivo combate à pobreza, fica difícil evitarmos a repetição de tragédias como vem ocorrendo no nosso país. É certo que ricos também morreram com os deslizamentos de terra e enchentes dos rios. Porém, não podemos nos esquecer que os pobres é que vivem nas piores parcelas do espaço geográfico e estão muito mais vulneráveis. Inclusive, muitos devem retornar para as áreas de risco devido á falta de opção para morar.
GABRIEL (finalizando),

Concordo com o seu questionamento sobre a possibilidade dos preeitos terem avisado a população.

Recentemente, a Globo mostrou que, na cidade de Petrópolis, uma estação meteorológica não estava funcionando e que as autoridades estão fazendo aquele jogo de empurra pondo a culpa uma nas outras.

Há quem defenda a possibilidade de convivência do morador com o risco até um certo grau e desde que haja estrutura. Eu, por entender que isto não seja o ideal, defendo minoritariamente a remoção de pessoas dos locais perigosos. Acho que a Região Serrana do RJ não comporta a população que tem e, por causa disto, sou diversas vezes criticado aqui porque meu discurso não agrada os políticos, os quais querem atrair eleitores para a cidade.

É certo que a Constituição brasileira dá a todos o direito de ir, vir e permanecer. Porém, o permanecer deve ser visto de maneira relativa e conforme as condições ambientais (imagine se 1% dos brasileiros fossem morar em Fernando de Noronha). E, por outro lado, os governos estaduais e federal não praticam uma política de incentivo à migração dentro do território do país. Pois, tendo em vista que existem lugares mais propícios para moradia, por que não buscam condições para que famílias se mudem para onde há mais emprego e espaço?

Curiosamente, lá na Suíça (país de onde vieram os colonos que povoaram Nova Friburgo), quando a população de um vale cresce, o governo incentiva a migração de algumas famílias para outros vales e, deste modo, eles conseguem conciliar o respeito com o meio ambiente, com o patrimônio histórico e com as oportunidades de trabalho. Porém, na contramão do primeiro mundo, nossos governantes terceiro-mundistas estão consentindo e até promovendo o inchaço da Regiçao Serrana do RJ. Estão jogando fora nossos atrativos turísticos, permitindo que a Mata Atlântica seja suprimida para dar lugar a loteamentos que, certamente, têm o dedo de políticos e de proprietários de terra inescrupulosos. E ainda têm a pachorra de dizer que aqui é a "Suíça brasileira"...

Amigo, assim como você, sou um admirador da natureza.

Sou fascinado pelo discurso de Deus no livro de Jó e pela visão do Jardim do Éden, bem como pela passagem de Isaías 11.6-8, além do ensino de Jesus quando manda seus discípulos observarem as aves dos céus e os lírios dos campos... E acho que se fôssemos mais sensíveis à natureza, poderíamos ter um convívio mais harmonioso com ela.
Unknown disse…
Rodrigo, em meio ao caos, veja só o ponto em que chegou a prefeitura de Terezópolis: http://ateusdobrasil.com.br/p/3297/

A questão é a seguinte: pessoas são imorais, sendo elas cristãs, atéias, agnósticas, budistas, muçulmanas ou whatever. Crer ou não num deus não torna ninguém melhor moralmente, éticamente, socialmente, ou qualquer outro-mente que seja. O que falta a essas pessoas é o humanismo, é reconhecer que somos todos iguais, é ao menos RESPEITAR A LEI.

Infelizmente, a religião pode ser uma arma poderosa na contra-mão do humanismo, da tolerância (bem, na verdade, contra a tolerância ela rotineiramente o é), e da paz.

Infelizmente, enquanto gente dessa estirpe, que chega ao nível de impedir que pessoas ajudem por causa de rixa religiosa, estiverem no poder, não dá para esperar grandes evoluções sociais.
Prezado GABRIEL,

Embora eu não seja comunista e menos ainda um ateu, respeito pra caramba aquela frase célebre de Karl Marx quando o filósofo disse que "a religião é o ópio do povo". E olha que eu faço parte de uma progressista igreja ligada institucionalmente à Convenção Bastista Brasileira, mas que tem provocado bastante os políticos desta cidade e atuado na conscientização do povo local. Ainda assim, penso que Jesus deve concordar em parte com este ponto de vista de Marx, até porque não posso considerá-Lo como um cara do mundinho religioso.

Confesso que já me iludi com sistemas, mas hoje sei que estes podem não funcionar a contento por causa das pessoas. O socialismo fracassou porque o ser humano foi incapaz de dividir, de dedicar-se mais e de revolucionar mentes e corações. Tentaram impor o igualitarismo pela força, sendo que a maioria dos líderes das revoluções do século XX foram incapazes de viver segundo os ideais que discursavam. E Marx deve ter ficado se remexendo em seu túmulo com os 20 milhões que Stálin matou, sendo que a ideologia comunista acabou se tornando uma outra religião...

Hoje a China ainda é uma das principais poluidoras do planeta juntamente com os EUA. O Brasil de Lula e Dilma também está poluindo pra caramba, achando-se no direito de cometer os mesmos erros das nações que se enriqueceram no seu processo de crescimento econômico. E nossas prefeituras seguem o mesmo rastro de um desenvolvimento predatório (se é que podemos chamar isto de desenvolvimento).

Em todas as esferas de poder, mano, tenho visto a mediocridade imperar. Seja na ONU quando o presidente iraniano ou o Hugo Chávez se assentam para bater boca com o Obama, entre os políticos do Congresso Nacional, numa Prefeitura, nos órgãos judiciais, entre promotores públicos, ONGs, professores de faculdade, líderes sindicais e religiosos. As pessoas são conduzidas por suas vaidades, seus caprichos, seus interesses próprios.

Ainda assim, acredito no amor e concordo com as palavras animadoras de Leonardo Boff que tornam o amor ao próximo uma necessidade que deve ser aplicado ao campo das relações sociais e ao nosso trato com a natureza. Algo que requer um amadurecimento espiritual das pessoas, afim de que possamos nos reconsiderar, entendermos o quanto cada um de nós tem sido omisso e o que podemos fazer para mudar o lugar onde vivemos.

Não é por menos, mas hoje considero Leonardo Boff e Caio Fábio dois preciosos profetas brasileiros e que têm dado recados bem práticos para esta nação.
"O que falta a essas pessoas é o humanismo, é reconhecer que somos todos iguais, é ao menos RESPEITAR A LEI."


E aí retornamos à Regra de Ouro... As leis humanas, criadas muitas das vezes para defender interesses de uma minorias, de poderosos do governo e do Estado, mesmo assim decorrem de uma Lei superior que pode ser resumida pela frase "não faças aos outros o que não queres que te façam".

Já o incomparável dizer "como vocês querem que os outros lhes façam, façam também vocês a eles", vai além da própria Lei, pois decorre da nossa identificação com o outro, pelo respeito em relação à vida que habita no outro ser e também em nós. É fruto da graça, de não depender mais da norma restritiva, mas tão somente da inspiração de promover o bem, ver o sorriso brilhar no rosto do próximo, contentar-se em ter menos para que outros também tenham, sentir mais prazer em doar do que receber. Eu diria que é uma nova consciência que só trabalhando o caráter pela espiritualidade podemos desenvolver.
Anônimo disse…
Querido RODRIGO,

Antes de mais nada, peço perdão pelo atraso....estes dias andei meio desanimada para escrever, creio que por estar um pouco apreensiva pelo começo de ano, nas escolas.

Sua escrita está maravilhosa, e bem reflexiva.

Se todos tivessem como consciência a Regra de Ouro, e pensassem consequentemente, que devemos fazer pelo próximo o que devemos e queremos fazer para nós mesmos...grande parte da esfera chamada MUNDO, seria diferente.

Bem notada a questão de Jesus feita por você:

"[..] Seu ensino não se limita apenas à abstenção de praticar algo ruim para o outro, mas inclui uma atitude construtiva.."

Construímos o bem a partir do reconhecimento, da paz e da boa ação...dando atenção para aqueles que necessitam, e promovendo paz quando tudo se torna um caos.

Beijos e muita paz..

Que Deus ampare com amor todas as famílias que vivenciaram esta dor...e que o Espírito Santo restaure em meio a tantos caos, o prazer de viver!
Amém, PAULA!

Sinto-me feliz com seus comentários!

E que possamos aprender no nosso cotidiano o uso da Regra de Ouro ensinada pelo nosso Senhor Jesus!

Que não nos faltem inspirações no meio de tanto desamor que há neste mundo e diante de uma massacrante rotina do dia a dia que o sistema impõe! E creio que, debaixo da graça, boas oportunidades ocorrerão.
guiomar barba disse…
Rodrigo, sabe quando você ler algo e sente-se como se houvesse sido lavado por dentro? Assim foi seu ensaio para mim, claro, simples, sincero, com todas as verdades pertinentes ao assunto.

Parabéns e fico feliz de que você chegou aqui para nos trazer mais pérolas.
Beijão.
Levi B. Santos disse…
Prezado Rodrigo


O Gabriel, em seu comentário tocou no tema: “Intolerância religiosa. Segundo ele, a religião está indo na contra mão do HUMANISMO.

Para reacender uma dialética sadia entre nós, sobre a questão do amor entre àqueles que não comungam de uma mesma fé, trago à tona três trechos Bíblicos:

O primeiro foi extraído de seu comentário em resposta ao Bill. O segundo e o terceiro foram trazidos por mim, realçando a história de dois sábados (Um extraído do V. T e outro retirado do N.T)

TRECHO I

"Não procurem vingança, nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o SENHOR." (Levítico 19: 18)


TRECHO II

Números 15:32 à 36 ─ "Estando os filhos de Israel no deserto , acharam um homem apanhando lenha no dia de Sábado.
Os que o acharam apanhando lenha, trouxeram a Moisés e a Arão, e a toda a congregação, e o puseram sob guarda porque ainda não estava determinado o que se devia fazer com ele.
Então disse o Senhor a Moisés: tal homem será morto. Toda a congregação o apedrejará fora do acampamento.
Portanto toda a congregação o levou para fora do acampamento e o apedrejaram até que morreu, como o Senhor ordenara a Moisés".


TRECHO III

MATEUS 12: 1 à 8 ─ "Naquele tempo passou Jesus pelas searas, em dia de Sábado. Seus discípulos, tendo fome, começaram a colher espigas e a comer.
Quando os fariseus viram isto, lhe disseram: Olha! Os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer no sábado. Ele porém , lhes disse: Não lêstes o que fez Davi quando teve fome, ele e o que com eles estavam?
Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos que com eles estavam, mas só aos sacerdotes? Ou não lestes na lei que, no sábado, os sacerdotes no templo violam o dia, e ficam sem culpa?
Eu vos digo que está aqui quem é maior do que o templo. Mas, se vós soubessem o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios, não condenaríeis os inocentes.
Pois o Filho do Homem é Senhor do sábado".
Unknown disse…
Levi, observe que a moral do VT é tão desumana quanto qualquer uma da época dela. Não há nada de especial ali. É a mesma coisa: ame o teu próximo, se ele for da sua tribo. Os outros, vc pode matar à vontade.

Isso fica explícito nas guerras, principalmente naquela em que Moisés fica puto da vida com os soldados por terem tido misericórdia do povo inimigo. Ao final, mandou matar todo mundo, e pegar as virgens que prestassem como escravas sexuais.

Ou seja: desde que não seja do NOSSO povo, pode fazer o que quiser.

Mas já no início da Era Comum, essa moral já estava mudando. Em lugares como jerusalém, Grécia, Roma, não fazia sentido em falar "meu povo". Embora houvesse muito racismo, os povos já começavam a se miscigenar. Os povos se misturavam numa cidade, e a moral tinha que se estender a todos, independente da naturalidade de cada um.

O NT espelha essa evolução moral em algumas passagens, na tentativa de dizer que não há acepção de pessoas pelo novo deus.

Seria cômico, não fosse trágica, a tentativa dos cristãos de reconciliar as duas visões de mundo completamente diferentes entre o VT e o NT. É inegável que são deuses completamente diferentes. É pior ainda tentar guiar a nossa vida hoje utilizando cartas escritas a 2 mil anos atrás, como se representassem um estado de justiça perfeito. Há uma evolução inegável entre o VT e o NT, mas hoje estamos muito mais evoluídos, ao menos temos diretrízes muito mais justas a seguir, do que o que estava escrito lá atrás (basta lembrar que as cartas atribuídas a Paulo são repletas de homofobia, racismo, fobias sexuais, misogenia, machismo, indução à paralisia política/social, entre outros).
Eduardo Medeiros disse…
levi, eu concordo com o bill se ele disser que a religião fundamentalista e egoísta está indo contra o humanismo.

não há como disser que a moral religiosa do at tenha qualquer validade para nós hoje, a não ser é claro, naqueles pontos positivos(é, positivos, é só ler a tora que eles estão lá).

na passagem citado por levi, existem outras questões que permeiam o texto que deixamos de captar.

veja o que diz o versículo anterior:

v.27 "...haverá uma só lei entre vós, para aquele que procede por inadvertência"

v.30:"aquele, porém, que procede deliberadamente, quer seja nativo, quer estrangeiro (vejam que o rigor é tanto para quem é israelita quanto gentio), comete ultraje contra iahweh. Tal indivíduo será exterminado do meio do seu povo...a sua culpa está nele mesmo"
Eduardo Medeiros disse…
continuando...

ou seja, o enfoque aqui é a responsabilidade individual. é claro que iahweh nunca deixou tal lei, a lei é humana e se põe a sua origem na divindade para dar-lhe autoridade divina(desculpe a redundância), coisa comum na antiguidade.

o homem citado deliberadamente quebrou uma lei - a guarda do sábado - ou seja, ele sabia o que estava fazendo e qual era a pena, daí, que foi morto, assim como hoje em dia em países com pena de morte criminosos são mortos por violarem certas leis.

logo, devemos destacar não a morte do homem, que está aqui apenas de modo narrativo e que na verdade quer enfocar é a responsabilidade individual. aqui começa na bíblia lampejos da compreensão de que filhos não devem morrer por causa de seus pais, pois cada um tem a sua individualidade e responsabilidade.

é claro que a maioria das leis do at são primitivas e para os nossos olhos, injustas até. mas elas só cabem em sua própria época; cabe a nós ultrapassá-las, descartá-las e deixá-las apenas como lembrança de uma certa época e de uma certa religião - o javismo.

é exatamente isso que o nt faz com a pessoa de jesus. jesus contesta várias leis do at e num gesto humanista, coloca o homem em seu devido lugar: como senhor do sábado. o sábado foi feito para o homem e não o contrário.

esse entendimento de jesus escandaliza os doutores da lei, não é a toa que várias vezes tentaram matá-lo.

quando jesus refere-se a si mesmo como "filho do homem", em minha concepção, ele está apenas se colocando no baú de toda a humanidade, ou seja, ele também é "filho de homem", e o homem é mais importante que o sábado e mais importante que o templo - heresia pura para os ouvidos do clero judaico. (sei que há interpretações escatológicas quanto ao termo "filho do homem" mas não as considero válidas).
Eduardo Medeiros disse…
concluindo, por incrível que pareça, tanto a passagem do at quanto do nt valorizam um humanismo bem incipiente.

ou seja, no at, o enfoque é sobre a individualidade, a responsabilidade individual(antecipando max weber) e no nt, com jesus, vê-se a ideia humanista de que o homem é mais importante do que regras religiosas ultrapassadas e maior que instituições religiosas que se arvoram soberanas diante da individualidade. (o templo)
Unknown disse…
Eduardo, vou aproveitar o gancho, e fazer uma pequena atualização de seu texto, que resume o que eu queria dizer:

é claro que a maioria das leis do NT são primitivas e para os nossos olhos, injustas até. mas elas só cabem em sua própria época; cabe a nós ultrapassá-las, descartá-las e deixá-las apenas como lembrança de uma certa época e de uma certa religião - o Cristianismo.
Eduardo Medeiros disse…
levi, você puxou a corda agora aguenta, vamos discutir esse ponto; bill e rodrigo, espero as considerações de vocês. a próxima postagem só entra depois que esgotarmos esse ponto...rssssss
Eduardo Medeiros disse…
ok, bill, mas queria suas considerações sobre tudo o que eu falei antes.

e você está certo: esse cristianismo que temos aí tem mesmo que ser descartado pois já cumpriu sua função histórica e hoje, não cumpre mais coisa nenhuma pois perdeu exatamente o humanismo que o caracterizava no início.

não poderia deixar de lembrar que o judaísmo moderno e não ortodoxo é bem diferente do judaísmo primitivo e procurou dar novos significados ao texto da torá com elevados conceitos humanos e éticos.
Levi B. Santos disse…
EDU


Divagando sobre as histórias desses dois SÁBADOS (O de Moisés e o de Cristo No Trecho II e Trecho III, o que pude perceber, é que o velho lenhador do tempo de Moisés foi sacrificado para que triunfasse a letra da lei. No outro Sábado (o de Cristo), os discípulos, ante os argumentos de Jesus, foram inocentados para que triunfasse a força da misericórdia.

No primeiro Sábado tudo girava em torno da Lei. Ela era o centro Divino, e que o homem, mesmo contra os seus desejos mais prementes, deveria se sacrificar para cumpri-la.
O autor da carta aos Hebreus (10: 28) retrata muito bem o rigor sem exceção daquela época: “Todo aquele que quebrava a Lei de Moisés, morria sem misericórdia, só pela palavra de uma ou duas testemunhas”.

O que devemos entender que a Lei não contempla a subjetividade individual.

Moisés, não tinha conhecimento pleno do mal que habitava nele. Na rudeza do seu ser interior e do pensamento que existia nos homens da Lei, a resposta que “Deus” (o inconsciente) dava, vinha mais da imaginação do profeta, que se identificava com a mente divina.

Como o Bill falou, “parece ser inconciliável a tentativa dos cristãos de reconciliar as duas visões de mundo completamente diferentes entre o VT e o NT”.

Foi esse arquétipo patriarcal do V.T, que na mente de Cristo, fez com que Ele se sentisse abandonado pelo Pai. Por isso que se diz que o Cristianismo começa com o luto de Javé, onde a subjetividade de cada ser está acima da lei.
Levi B. Santos disse…
EDU e BILL

Uma sugestão:

Como o Rodrigo é o dono da postagem que suscitou a dialética reflexiva atual, poderíamos dar uma breve pausa para aguardar a sua manifestação, como o nosso novo confrade "fora da gaiola", que está estreiando.

De antemão, adianto a vocês que, tenho apreciado bastante os seus recentes comentários aos textos hereges(rsrs) e provocadores postos pelo Gresder no blog "a-religioso".

Comecem a contagem regressiva: 200 - 199 -....
guiomar barba disse…
Levi,

Divagando sobre as histórias desses dois SÁBADOS (O de Moisés e o de Cristo No Trecho II e Trecho III, o que pude perceber, é que o velho lenhador do tempo de Moisés foi sacrificado para que triunfasse a letra da lei. No outro Sábado (o de Cristo), os discípulos, ante os argumentos de Jesus, foram inocentados para que triunfasse a força da misericórdia.

Você deixou perfeitamente cristalino sua percepção sobre a lei e a misericórdia que triunfa sobre a lei.

Eu vejo mesmo no VT Deus agindo com amor e misericórdia, veja quando Davi violou a lei, entrando no templo e comendo dos pães que só era lícito comer os sacerdotes. E existem muitos outros casos em que Deus se mostra puro compaixão.

Tem muita coisa a ser analisada com muita discussão, sabendo que não vivemos a época e muito menos a cultura, portanto, estamos muito limitados.

Estou gostando dos comentários em geral.
Beijão amigo.
guiomar barba disse…
Rodrigo, as cidades afetadas pelas enchentes, se você percebe, já não são notícias, pelo menos no jornal nacional e nos portais de notícias. Procuro sempre saber como andam as coisas, mas não vejo mais informações.

Fico muito revoltada sim, com os governos anteriores que nunca fizeram nada para mudar estes quadros, sabemos que tudo isto vem de longas datas. Me revolto tambem com todas as instituições que poderiam brigar para que a hstória mudasse. Infelizmente não podemos negar que a máquina governamental é o extrato da sociedade.

Eu espero que a Dilma tenha uma melhor consciência e que em detrimento do governo dela, sem preocupação com o Brasil, a oposição não procure atrapalhar os bons planos.

Graças a Deus que ainda há quem se envolva com os mais carentes.

Abraço amigo.
Eduardo Medeiros disse…
ok, levi, esperemos as observações do doutor rodrigo. pois é, a confraria agora tem dois doutores...heeeeeeee

mas adianto que sua colocação é perfeita, eu apenas peguei outro viés que o texto permite tomar. assim é o at,heterogêneo e de multisignificados.
Olá Guiomar, Eduardo, Levi e Gabriel,

Primeiramente obrigado pelos comentários de vocês e lamento não tê-los atendido antes.

No caso dos dois sábados, eu gostaria de chamar a atenção para os respectivos contextos em que os fatos se sucederam.

No texto de Bamidbar (o quarto rolo da Torá), não sabemos muitos detalhes como as coisas aconteceram. A narrativa é sucinta ao dizer que "estando os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de Sábado".

Como vejo misericórdia divina nas Escrituras Hebraicas e defendo esta posição, eu poderia criar especulações e até mesmo doutrinas capazes de justificar a adoção da pena de morte. Poderia tentar dizer que o homem praticou um ato de rebeldia, mas o texto não fala. Diz, porém, que Deus mandou que o cara fosse morto e os israelitas o apedrejaram.

Quais as razões de Deus? Simplesmente não sei e especulo apenas que a punição possa ter sido exemplar visto que o coletivo de Israel era continuamente rebelde e isto o texto fala.

Em outras partes da Bíblia Hebraica, o Eterno age com grande misericórdia e aí, além do exemplo sobre Davi que comeu o pão consagrado do Lugar Santo, temos inúmeros outros: o profeta Jonas que desobedeceu a Deus quando se recusou ir para Nínive, Jacó, outros casos de Davi (adultério, assassinato e desobediência no Censo), Judá, o terrível rei Manassés, outros monarcas de Israel que se arrependeram, dentre muitos outros que alcançaram o favor do Onipotente.

Minha explicação é simples e talvez insatisfatória para muitos. É que, no meu entender, uns acham graça aos olhos do Eterno enquanto outros apenas escorregam no preceito da lei e morrem, sendo que, ao mesmo tempo, não há acepção de pessoas pelo Soberano Deus, muito embora Ele tem misericórdia de quem quer.

Para nós, homens ocidentais, é difícil compreender isto porque queremos traçar limites morais para Deus conforme os nossos próprio valores. Só que Ele é Deus! É o Rei Absoluto de toda a terra e, portanto, pode agir com liberdade de modo que todos os seus atos serão justos. E aí eu digo que "terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo"!


"Cuidem que ninguém se exclua da graça de Deus" (Hebreus 12.15a; NVI)

Justamente porque não consigo ter explicações para a justiça divina e nem poderia arrogar-me em um apologeta do século XXI e nem pretendo tornar-me um advogado de Deus, contento-me com a recomendação de adorar a Deus de modo aceitável, com reverência e temor, visto que Ele "é fogo consumidor".
Continuando...

Embora eu não queira arrogar-me em advogado de Deus ou de Moisés que fez cumprir a Torá, quero aqui compartilhar algo que já havia escrito no artigo "Jesus, o maior advogado que este mundo já viu!" onde falo sobre a questão dos discípulos que estavam catando espigas no dia de sábado:

"(...) De acordo com a lei mosaica, era permitivo que uma pessoa, com a finalidade unicamente de se alimentar, penetrasse na plantação alheia e arrancasse com as mãos as espigas de cereal (Deuteronômio 23.25). Porém, o Shabat deveria ser observado como um dia santificado de repouso semanal pelos judeus porque representa o descanso de Deus da criação de seis dias (Êxodo 20.11), além de ser uma lembrança da libertação dos israelitas da escravidão no Egito (Dt 5.15). Era assim o quarto mandamento do decálogo e que Moisés aplicou com rigor a ponto de ter proibido que os hebreus acendessem até fogo dentro de casa (Ex 35.3) e quem profanasse este dia estava sujeito à pena de morte (Ex 31.14). Como Jesus iria defender seus amigos daquela complicada situação? Leiam e se surpreendam (Mateus 12.3-8). No relato de Marcos sobre o mesmo episódio, há ainda um outro argumento que não constou no trecho acima do Evangelho de Mateus, mas que é de grande relevância: “E acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mc 2.27). Magistralmente, Jesus citou as Escrituras hebraicas (o Antigo Testamento) afim mostrar para aqueles fariseus como é que deveriam a Torá, explicando-lhes teleologicamente (finalisticamente) o quarto mandamento cuja razão de existir era para benefício do homem, proporcionando o justo descanso semanal ao trabalhador, não se tratando de uma norma que tivesse fim em si mesma. Deste modo, ao comparar a conduta de seus discípulos com a do heroico rei Davi, Jesus deixou claro o quanto era absurdo impedir que seres humanos satisfizessem uma necessidade básica (a alimentação) apenas por causa de um aparente respeito ao sábado. Que lição deu Jesus! Através daquele episódio, o Advogado dos advogados ensinou que regulamentos humanos não poderiam estar acima da satisfação das necessidades humanas pois o uso de qualquer lei em sentido contrário a este princípio torna-se uma distorção da norma que tem como objetivo a preocupação com o bem estar das pessoas. Para Jesus, a existência humana está acima de formalidades religiosas que são incapazes de distinguir uma atividade laboral de colheita do simples ato de alguém sair carregando com as mãos uma quantidade bem limitada de espigas necessárias apenas para a preparação do almoço naquele dia." - extraído de http://doutorrodrigoluz.blogspot.com/2010/11/jesus-o-maior-advogado-que-este-mundo.html
Continuando...

Finalmente, o texto de Vaicrá 19.18, quando Deus manda-nos amar ao próximo como a nós mesmos, resume toda a Torah e não há incompatibilidades com a aplicação de pena com justiça. Aliás, quando há amor e justiça, tem-se a beleza e me leva a meditar no que diz este encantador trecho do Salmo 85, extraído da NVI:

"O amor e a fidelidade se encontrarão;
a justiça e a paz se beijarão.
A fidelidade brotará da terra,
e a justiça descerá dos céus"

Entendo que a justiça é indispensável e eu nem a chamaria como um "mal necessário", mas sim como um bem.

Saindo um pouco das questões da narrativa bíblica, as quais nem sempre explicam os fatos que realmente possam ter ocorrido no passado, vamos meditar um pouco sobre o mundo de hoje afim de aprendermos sobre a necessidade da justiça e não enveredarmos por discussões que pareçam fora da realidade e sem efeito prático.

Eu falei em meu texto no caos ambiental em que o mundo se encontra. Ora, sabe-se que, segundo os cientistas, a vida na terra encontra-se ameaçada pelo aquecimento global. Não dá para continuar poluindo mais, porém os principais países do mundo prosseguem com suas emissões absurdas de CO2.

Diante disto, vejo uma urgente necessidade de ética e de justiça. A ganância dos poderosos precisa ser freiada nem que seja na base da porrada! Aí entendo que a sociedade vai ter que radicalizar. Quem causar certos danos ambientais algum dia vai acabar pagando caro por estar colocando em risco a segurança e a continuidade de uma coletividade de seres vivos. Logo, aqueles que não aprenderem a Lei do Hoje por amor, precisarão respeitar pela coerção. Uns serão capazes de entender o papo ético do Leonardo Boff enquanto outros a truculência de uma polícia ambiental.

É deste jeito que deveria ser nos nossos dias e também foi assim nos tempos de Moisés.

Diferentemente do que colocou o Eduardo, vejo que a Bíblia Hebraica um enfoque mais coletivo do que de responsabilidade individual. A Torá, por ser a constituição de um povo, precisava ser seguida e respeitada. Adorar outros deuses, prostituir-se com mulheres estrangeiras no acampamento, revoltar-se contra o líder Moisés para retornar ao Egito, ou violar o Shabat, eram pecados de morte e o infrator precisava ser executado como numa situação de guerra onde se aplica os rigores de um código criminal militar. Ali o pau tinha mesmo que comer nessas situações assim como hoje o povo tem dado cacete em maus políticos em diversos cantos do mundo, exceto num país chamado Brasil onde se enconsente com a perversidade e bastante gente do povo diz que o governante fulano de tal "rouba, mas faz".

Se os fatos da Bíblia são difíceis de se entender, proponho olharmos para os tempos atuais e aí veremos que o povo brasileiro carece tanto de amor quanto de justiça, ou do contrário toda a beleza deste país estará arruinada.
Guiomar!

Muito obrigado pela sua solidariedade que compartilhou neste blogue sobre a catástrofe das chuvas ocorrida no ano passado.

Nossos políticos, os grandes responsáveis pelo ocorrido, devem ter uma resposta nas urnas e na ruas pelo que fazem. E aí chamo o povo brasileiro à responsabilidade coletiva.

Você falou da Dilma, mas confesso que não espero muito dela. Sei que o governo federal vai liberar uma grana violenta para a construção de umas 3.000 habitações com recursos do "Minha casa, minha vida". Porém, a Prefeitura já tratou de desapropriar uma área para as moradias populares que, segundo uma das reportagens do Jornal Nacional, houve queda de barreiras. E para piorar a coisa, vi que a situação e a oposição local parece ter se unido, o que não é para menos porque, em tempos de calamidade pública, pode-se fazer contratações diretas, com dispensa de licitação... Sem falar que faltam políticos com coragem de se opor a algo que vai contra o imediatismo de uma população que, pela falta de melhores opções, é capaz até de retornar para as áreas de risco onde se encontravam antes.

Sinceramente, vejo que precisamos de líderes políticos que tenham uma real visão de estadistas. Necessitamos de um Moisés em cada cidade, estado e no comando do governo federal. Políticos que não abram mão de seus valores para proporcionar ao povo educação e saúde de qualidade, segurança ambiental, ordem nas ruas e cumprimento de leis.
Unknown disse…
Rodrigo, conta outra vai. Essa de "não consigo explicar a justiça divina" não cola. Que justiça há em condenar eternamente alguém por um erro passageiro? Que justiça há em aprovar a conduta de um estuprador/assassino/pedófilo/sanguinário , enquanto condena pessoas por tocarem numa arca?

Não diga "não sei". Eu repudio totalmente esse deus mesquinho descrito pela bíblia, pois tenho a noção de que aquelas coisas ali praticadas nada tem de justas, não importa o ângulo que se olhe. Encontrar justificativa para as atrocidades da bíblia é inconcebível, e a partir do momento em que aceitamos que injustiças e maldades, naquele nível, possam ser feitas por algum tipo de bem maior (que nunca vem), somos as piores das criaturas.

O resto é tentar dizer que "tenho uma bola quadrada", sendo que isso não existe. Não é "bonitinho" esse negócio do "mistério divino". É simplesmente estúpido.
Gabriel,

Sinceramente não me interesso por debater questões loucas. Coisas que não levarão a nada num mundo que muito precisa de ações práticas. de amor ao próximo e de justiça. Um mundo onde o homem destrói a sua própria espécie e tudo ao seu redor. Um mundo onde nós brasileiros ficamos com cara de babacas, assistindo inertes os nossos governantes saquearem a nação.

O Santo tem a sua Justiça com j maiúsculo e Ele fez bem em amar David. E, se o Rei Eterno decidiu matou Uzá, é lógico que teve suas razões as quais nem você e nem eu entendemos suficientemente. Inclusive, nem o próprio Davi parece ter entendido o que fez o Onipotente e acho que só saberemos mesmo no dia do julgamento final. Até lá quero ocupar minha mente na guarda de seus mandamentos e praticar o amor.

Pouco sei sobre Uzá, especulo somente que Deus almejou ensinar aos israelitas reverência pela sua presença. Mas o que interessa mesmo é que a Bíblia mostra a grandeza do coração de Davi e você acrescentou à conduta deste ungido algo que ele jamais praticou que é estuprar.

Eu não tenho justificativas para os atos do Soberano e nem preciso ter. Ele faz o que bem entende porque é Deus, o Adon de todo o universo. Bendito seja Ele!

Por favor, vamos manter o foco em soluções para os problemas das pessoas. Do contrário, não tenho o interesse em debater. Ok?
Unknown disse…
mimimi, "meu deus faz maluquices mas deve ter algo de bom por trás"... como sempre, a mesma desculpa esfarrapada.

NÃO HÁ JUSTIÇA AÍ! é tão difícil admitir que a bíblia fala merda?

Isso para mim é não-pensar: assume-se que a bíblia é infalível, e daí parte-se a tentar explicar como aquilo tudo é justiça. É como o caso do profeta que amaldiçoa 42 duas crianças por lhe terem chamado de careca. Já vi todo tipo de justificativa para o caso, mas é fato de que aquilo foi um exemplo do autoritarismo insano da época, que acha justo matar crianças por suas brincadeiras.

Essa é a questão do VT: ensina a obediência cega a líderes inescrupulosos, ensina uma moral torta na qual o outro povo não é gente, ensina que estuprar virgens é correto (após destruir sua cidade e matar seus pais). Não há justificativa para isso, não há nenhum plano maior, nem um deus soberano por trás disso. Se há, ele é o mais sádico dos seres.
Gabriel!

Não há proveito algum nesta tua revolta contra a Bíblia ou contra Deus.

Eu não sei explicar tudo, mas me contento em saber que a Arca da Aliança não podia ser transportada numa carroça puxada por animais de carga e sim pelos ombros dos levitas e daí Uzá ter recebido o castigo que também foi um recado para o rei Davi (que como monarca e não mais um figitivo de Saul tinha o dever de conhecer a Torá), os sacerdotes (guardiões do Templo e da Arca) e toda a nação de Israel.

Também era preciso fazer os israelitas respeitarem o profeta de Deus. Eliseu estava sendo publicamente ridicularizado por crianças e aquele castigo mostrou que aquele homem era o profeta substituto de Elias, não mais o auxiliar deste, de modo que a nação precisava ouvi-lo.

E não pense que o Deus do AT não seja o mesmo do NT. Pois, se ver em Atos dos Apóstolos, Ananias e Safira foram mortos por mentir ao Espírito Santo fraudando a informação sorbe o valor da oferta. Também Jesus botou os vendilhões do Templo para correr na base da porrada, bem como amaldiçoou a figueira por não ter dado fruto fora da sua estação e Paulo agiu com imprecações contra o mágico Elimas que tentava impedir a conversão do procônsul Sergio Paulo, chamando aquele feiticeiro de "filho do diabo" (At 13.10), de modo que ele ficou temporariamente cego.

Na boa. Tem vezes que não consigo entender os ateus e pessoas que contestam o Deus da Bíblia. Falam que Deus fica inerte diante de tantas injustiças e mazelas sociais que acontecem no mundo. Porém, quando Deus resolve agir na História, querem acusar o Eterno de injusto.
Unknown disse…
Ou seja, o deus da bíblia é um merda completo mesmo. Injusto, tirano, mal, incapaz de perdoar, incapaz de ensinar sem causar dor e morte.

Não é revolta, é interpretar os mitos. Não há ótica pela qual um deus justo mataria crianças despedaçadas por ursos, só por quê elas zombaram de um profeta, que possivelmente matou o seu mestre para tomar-lhe o poder (o que explica na verdade a maldição proferida por ele, pois não queria que soubessem de seus crimes).

Se esse deus quisesse que respeitassem seu profeta, que agisse sabiamente, mostrando às crianças que este era um homem sério. Mas, como funciona em toda boa tirania, onde justiça é algo exclusivo aos poderosos, ele preferiu matar as crianças e calar-lhes a boca. É mais fácil assim, não é?

Lógico que não estou falando contra um deus real, pois não acredito em sua existência, mas contra a noção de justiça da época, que era completamente mesquinha. Aqueles homens, se existiram, foram tiranos terríveis, mas pintados de heróis. Felizmente, passamos por cima dessas historinhas idiotas, e não os tomamos mais como arautos da verdade e justiça.

Ou você gostaria de viver sob a tirania de profetas como Eliseu, que era capaz de matar crianças por terem feito graça de sua careca? Liberdade de expressão é um dos pilares da justiça, sem ela é muito mais difícil alcança-la. Por isso acho que a tal justiça divina não passa de trapos de imundícia diante do que a sociedade conquistou até aqui (que, infelizmente, não é aplicada integralmente).

E eu não entendo essa coisa dos teístas de puxarem o saco de qualquer personagem da bíblia, por mais malévolo que seja, só por quê ele foi pintado como bonzinho na bíblia. Como se aquele monte de livro, devidamentes escolhidos à dedo, fossem um poço de verdade (o que não é o caso, principalmente historicamente).
Unknown disse…
Texto interessante que complementa minhas idéias sobre os "grandes homens" da bíblia:

http://andreafreitas.wordpress.com/category/os-adulteros-da-biblia/
Gabriel: "Se esse deus quisesse que respeitassem seu profeta, que agisse sabiamente, mostrando às crianças que este era um homem sério. Mas, como funciona em toda boa tirania, onde justiça é algo exclusivo aos poderosos, ele preferiu matar as crianças e calar-lhes a boca. É mais fácil assim, não é?"

A meu ver, Grabriel, isto é quer limitar Deus dentro de conceitos morais do homem que são relativos aos valores de um lugar e época.

Sem conhecer todos os propósitos divinos, suponho que, ao castigar aquelas crianças, Deus estivesse impondo à nação de Israel respeito pelo seu novo profeta. Ou seja, a punição das crianças talvez pudesse ter um alcance mais amplo.


Gabriel: "Ou você gostaria de viver sob a tirania de profetas como Eliseu, que era capaz de matar crianças por terem feito graça de sua careca? Liberdade de expressão é um dos pilares da justiça, sem ela é muito mais difícil alcança-la. Por isso acho que a tal justiça divina não passa de trapos de imundícia diante do que a sociedade conquistou até aqui (que, infelizmente, não é aplicada integralmente)."

A meu ver, dizer que se tratava de uma tirania o ministério de Eliseu signifia desconhecer o restante da história narrada em 2 Reis. De acordo com a narrativa, o profeta faz bem a muita gente e se assemelha ao que fez Jesus: ressuscitando mortos e fazendo prodígios.

Conclusões como esta não se trata de nenhuma idolatria ao livro ou ao texto o qual entendo que deve passar por uma permanente leitura crítica. Afinal, as narrativas, mesmo que sendo às vezes com um caráter mitológico, foram meios de transmissão da mensagem revelada. Pois, o que importa é a essência do ensino.
Unknown disse…
A meu ver, Gabriel, isto é quer limitar Deus dentro de conceitos morais do homem que são relativos aos valores de um lugar e época.

Sem conhecer todos os propósitos divinos, suponho que, ao castigar aquelas crianças, Deus estivesse impondo à nação de Israel respeito pelo seu novo profeta. Ou seja, a punição das crianças talvez pudesse ter um alcance mais amplo.


Se nós estivéssemos falando do contrário, ou seja, de que esse deus poupou as crianças, e nós achamos mais correto matá-las, você estaria fazendo a mesma defesa?

Uma coisa é a nossa noção de justiça que evoluiu com o tempo, tanto é que hoje nós consideramos utilizar ursos para matar crianças um crime hediondo, e, fora no brasil, isso dá pena de morte a quem o pratica. Outra coisa é dizer que a moral é relativa. Você acha que isso é apenas algo relativo à nossa época, mas de fato não faz diferença? Dependendo da ótica, é correto maltratar crianças, escravizar mulheres sexualmente, invadir nações e destruí-las, impôr uma religião à força e outro povo?

Não quero saber se isso já aconteceu, se isso quando foi feito era considerado correto e justo, quero saber HOJE. Você acha isso correto?

Se essa é sua moral, eu sinto é nojo. Nojo de uma bíblia imbecíl que ensinou tal tipo de conceito. Não há, sob qualquer ótica, justificativa para maltratar crianças. Pode fazer o malabarismo que for, isso é desumano.

Em falando de um povo primitivo que não considerava o povo vizinho como seres com os mesmos direitos, portanto podiam fazer qualquer coisa com eles, eu entendo, e não julgo. Agora, se este povo estava em contato direto com o deus mais "amoroso" e "justo" de todos os tempos, é muito irônico este mesmo deus ter cometido atrocidades dignas de Hitler e seus semelhantes, e depois ficar de churumelas dizendo que o povo era malvado por quê não dormia no sábado.

Todo o VT era uma tirania, o povo era obrigado a aceitar um Rei/Profeta/Juízes impostos por eles mesmos (revelação my ass), sem poder dar um pio, sem poder escolher que religião seguir, sem poder comer o que quiserem, sem poder descansar quando quiserem, sem liberdade para casar com quem quiserem, sem poder porra nenhuma. Era só obedecer a um maluco que comia cocô, ou um que matava crianças, ou outro que tinha 300 mulheres e vivia às custas do povo, ou outro que vivia arrumando guerra com outros povos e por aí vai. Se este era um governo "guiado por deus", prefiro um guiado pelo diabo.