As eleições de 2016, o PSDB e o futuro do país



Por Marcus Pestana

O PSDB foi o grande vitorioso nas eleições de 2016. Reafirmamos nossa centralidade na vida política nacional, consolidamos o papel de principal fiador do governo Temer e nos habilitamos a liderar um projeto presidencial em 2018. Nossa votação cresceu 25% em relação a 2012, enquanto a do PT despencou 61%. Disputamos 19 segundos turnos, ganhamos 14. O PT disputou somente dois, perdeu os dois. Governaremos um quarto dos eleitores brasileiros em 803 cidades. Elegemos 5.355 vereadores e 539 vice-prefeitos. Temos a figura emblemática do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sete governadores, 12 senadores, 50 deputados federais e cem deputados estaduais. Mais uma vez o PSDB é chamado a ser protagonista na construção do futuro do país.

Mas é preciso ter os pés no chão, não precipitar, não passar, como falamos em Minas, “o carro na frente dos bois”. Sabedoria, unidade, sensibilidade, mobilização e comunicação eficiente serão as chaves para o sucesso do PSDB.

A agenda da sociedade, das pessoas comuns, no entanto, não é a sucessão de 2018. A população está preocupada com os níveis alarmantes de desemprego, o elevado endividamento das famílias, a queda da renda média dos brasileiros, a recessão, a inflação persistente e o combate à corrupção. A tarefa principal não é jogar foco na legítima, natural e democrática disputa interna. Se não devolvermos o Brasil aos trilhos, a aliança PSDB-PMDB não terá clima favorável para a disputa presidencial e poderá haver margem para um outsider que conteste o status quo e tente capitalizar a insatisfação com a crise econômica e os efeitos da Lava Jato.

Por isso, temos que estar antenados com a agenda que interessa às pessoas. Se nos esquecermos delas, elas poderão se esquecer de nós. Nossa energia deve estar voltada para as difíceis e complexas discussões em torno da reforma da Previdência, da modernização do mercado de trabalho, da simplificação tributária e da inadiável reforma política. Se tivermos êxito, a economia poderá voltar a crescer 1,7% em 2017 e 4% em 2018, com a inflação no centro da meta. É isso que a sociedade espera de nós. E aí, estaremos prontos para abordar a eleição presidencial de 2018.

Não adianta precipitar artificialmente o processo sucessório. Todos aqueles que têm responsabilidade pública e a exata dimensão da gravidade da crise em que mergulhamos devem cerrar fileiras em torno do presidente Michel Temer para fazer avançar o conjunto de ajustes e reformas necessários. Antes de 2018 temos que concluir 2016, inclusive com a aprovação no Senado da PEC 55, que limita a expansão dos gastos públicos, e vencer 2017. Serão temas complexos e polêmicos, tratados à sombra do ápice da operação Lava Jato.

Cada coisa a seu tempo. Na hora certa realizaremos prévias partidárias e escolheremos nosso candidato à Presidência. Por enquanto, é melhor acompanhar o sambista: “Faça como o velho marinheiro, que durante o nevoeiro leva o barco devagar”.


OBS: Artigo do deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG) publicado no jornal O Tempo (07/11), conforme consta em http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/marcus-pestana/as-elei%C3%A7%C3%B5es-de-2016-o-psdb-e-o-futuro-do-pa%C3%ADs-1.1395985

Comentários

Eduardo Medeiros disse…
Eu não acredito no tucanato. Esperava sair da polarização PT-PSDB, mas com a derrocada do petismo ao invés de uma terceira via se fortalecer, quem se fortaleceu foi o outro lado da velha polaridade.
Eu vejo que será inevitável tucanos e peemedebistas em algum momento colidirem. A questão é que o PSDB hoje seria o maior aliado do governo Temer. Este, devido ao desgaste do impeachment, já não pode mais contar com o PT e a maior parte da esquerda para compor sua base de apoio.

De qualquer modo, Edu, falta um nome ao PMDB na sucessão presidencial enquanto o PSDB poderá dispor de pelo menos uns dois para serem candidatos. Deveremos ter aí também o Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSC), Marina Silva (Rede) e já descarto a competitividade do Lula, mesmo se não for condenado em segunda instância até lá. Mesmo assim, se ele vir, atrapalharia a Marina e o Ciro podendo colocar o Bolsonaro no segundo turno.
Eduardo Medeiros disse…
A última coisa que eu quero ver é o PMDB na presidência. Quero ver lideranças novas aparecerem, chega da velha política. Mas colocando o pé no chão devo admitir que para 2018 PMDB e PSDB devem fazer uma grande aliança, talvez outra vez como vice. E sendo mais realista ainda, ninguém que venha a ganhar a presidência, mesmo sendo uma nova liderança, pode prescindir do apoio desse PMDB cheio de vícios.
Pois é. Agora estamos chegando a um ponto que cai na reforma política. Precisamos por fim a esse presidencialismo de coalizão e partirmos para um Parlamentarismo
Pois é. Agora estamos chegando a um ponto que cai na reforma política. Precisamos por fim a esse presidencialismo de coalizão e partirmos para um Parlamentarismo