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Mostrando postagens de outubro, 2013

Crônica Para Um Finado

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Por Levi. B. Santos As Exéquias do Excêntrico Bioanalista    O laboratório era a sua segunda casa. A bem dizer, quase todos habitantes da pequenina cidade já tinham passado por suas mãos. Respeitavam-no, pois era a ele a quem recorriam; a quem entregavam seu sangue, seus excrementos sólidos e líquidos para ser examinados minuciosamente. Na tarde cinzenta e fria de seu sepultamento ninguém ousou dizer uma palavra sequer. O sacerdote esperava que alguém se pronunciasse, antes do féretro descer à cova, mas nenhum tomou essa iniciativa. Aliás, nada podiam fazer, pois estavam perplexos, como que atacados por uma sisudez mórbida, como se uma aura paralisante tivesse caído abruptamente sobre seus nervos e músculos. Uma mistura de perplexidade e tristeza transparecia em todos os olhares. O silêncio que reinou minutos antes do corpo do cientista descer à sepultura, talvez fosse resultado do clima de extrema religiosidade da população a colidir com a persona...

A proibição das máscaras nos protestos de rua

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Durante a primeira semana de setembro, vários Tribunais de Justiça dos estados brasileiros começaram a proferir decisões autorizando a identificação das pessoas mascaradas nas manifestações de rua. Aqui no Estado do Rio de Janeiro, por determinação da 27ª Vara Criminal da Comarca da Capital, quem estiver com máscara e se recusar a retirá-la quando abordado por um policial, poderá ser conduzido a uma delegacia afim de que seja tirada sua fotografia e colhida as digitais. Trata-se, pois, de uma medida que considero bem positiva para o desenvolvimento da nossa marcha democrática e que foi aprovada pelo presidente da OAB/RJ Dr.  Felipe Santa Cruz : " Acho uma medida correta. A máscara pode ser alguma forma de expressão, mas tem servido para esconder o rosto de pessoas que se infiltram nas manifestações para fazer arruaça. Se lutamos para que os policiais sejam identificados, por que os manifestantes não deveriam seguir o exemplo? " O texto constitucional é claro quand...

Absurdidades "Javelianas"

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Erich Fromm , em seu livro ― “Psicanálise e Religião” ―, discorre de maneira bem inteligível sobre o desejo do ativista religioso em querer santificar ou purificar as instituições. O idealista divino não mede esforços no sentido de por em prática o velho ritual de limpeza vétero-testamentária. Segundo Freud, esse ritual neurótico, no fundo no fundo, não passa de impulsos vindos do inconsciente, cujo objetivo é o de sempre: tentar esconder, negar ou varrer a “sujeira” (recalques) que reside dentro de sujeito para longe da percepção do outro, naquilo que ele denominou de Mecanismos de Defesa. Segundo o pai da psicanálise, o que interessa mais ao exército Javeliano, é o gozo alcançado pela imposição das doutrinas, não importando que sejam revestidas de absurdidades. O religioso, inconscientemente, não raramente, deseja transformar o seu ideal devocional em uma lei que sirva de orientação para todos.  A essa homogeneização idealista, ele dá o nome de...