sábado, 30 de junho de 2018

PARÓDIAS

Por Lacerda
(Do blogue Mangaratiba)



“Eva coava o café que Adão tomava...
Mas, um dia, Adão furou o coador
E nunca mais Eva coou.”


Benedito Lacerda e Luiz Vassalo fizeram a marchinha “Eva querida” para o carnaval de 1935. A paródia fez sucesso por muitos carnavais seguintes através da paródia acima que eu cantava quando ainda criança.

Houve um tempo em que todos os sucessos musicais –sucessos mesmo, não essas porcarias atuais - viravam paródias. Principalmente as marchinhas carnavalescas, e até os sucessos românticos como “Saudade torrente de paixão, emoção diferente”. Cantávamos assim: “Soldado correndo de calção, mas que coisa indecente”.

A paródia com o “Pirata da perna de pau”, marchinha de 1947, quando eu tinha quase dez anos, incrivelmente eu lembro toda:



“Eu sou o Getúlio, já fui ditador,
Eu sou trapaceiro, eu sou gozador...
Meti o papo no trabalhador,
Com o voto dos trouxas, eu sou senador.
Minha galera, com quinze anos de navegação,
Trouxe a miséria, o câmbio negro e a inflação...
Por isso, eu sou pai dos pobres,
Sou mãe dos ricos em compensação.
Pro Borghi eu dei muita roupa,
Roupa de algodão”.






Até o hino da Marinha, o Cisne Branco, virou paródia lá em Bangu: “O Silveirinha, em noite de lua, saiu de casa e foi cagar na rua. Vem cá seu guarda, mete o dedo e cheira, vê se é de hoje ou de sexta-feira”.

Empolgado pelas paródias, eu fiz algumas para o colégio onde estudava o ginásio. Com a melodia de “Torrente de paixão”, eu cantava: “Na MABE a organização é toda diferente, os professores ajudam a gente e ao pau não vai quase ninguém. Nas provas, se cola às pamparras, não há quem reclama, pois o ensino na MABE é bacana, reprovação entre nós não convém”. Também fiz uma paródia da imortal "Ronda" de Paulo Vanzolini.



Quem nunca passou por isso?
De noite, que puta vontade
Me dá de mijar, sem levantar...
Cansado, com sono, com frio,
Sinto um calafrio, não vou aguentar...
Fico na cama contido, durmo apertado, encolhido,
O sonho agonia me dá, nele vou urinar.
Ah! Se eu pudesse e acordasse depressa,
ao banheiro corria... 
Desisto, a corrida é inútil, isso é covardia.
Mas sei que em minha sonolência
Eu não posso urinar, hei de aguentar.
Acordo sentindo a torrente,
Um líquido quente a jorrar sem parar.
Sei que esse dia, então, vai ser o meu dia de cão...
E ela se zanga a gritar "quero um novo colchão".


OBS: Texto extraído do blogue Mangaratiba, originalmente postado em 26/06/2018, conforme consta em http://muriqui-lacerda.blogspot.com/2018/06/parodias.html

segunda-feira, 18 de junho de 2018

A escola modelo do Brasil da ilha de Marambaia




Por Mirian Bondim*

Um das iniciativas mais brilhantes do governo de Getúlio Vargas na região foi a criação, em 1939, da Escola Técnica de Pesca Darcy Vargas, na ilha de Marambaia. A escola foi construída durante o Estado Novo, sob a coordenação da Fundação do Abrigo Cristo Redentor, uma entidade filantrópica (sem fins lucrativos) criada por Rafael Levy Miranda.

A escola possuía em suas dependências dois dormitórios com duzentos leitos cada, subdivididos em camarotes, com quatro beliches de ferro, cobertos de lona, sala de diversões, biblioteca, barbearia, anfiteatro, lavanderia mecânica, enfermaria, com salas de isolamentos, gabinete dentário e médico, grupo escolar com instalações para 220 meninos, residência dos religiosos que administravam os serviços do hospital e da maternidade.

Até 1965, o estabelecimento funcionou como um grande complexo industrial profissionalizante de pesca, com a capacidade inicial para 400 alunos oriundos de vários estados brasileiros. Possuía instalações industriais com frigorífico, fábrica de redes de pescar com dois pavilhões destinados à tecelagem e o curtume das redes, fábrica de gelo, indústria do peixe com instalação frigorífica, com sala de salga e corte de cação, usando a mesma técnica de bacalhau na preparação da carne cortado em filés e na secagem e empacotamento de peixe seco, fábrica de sardinha em conserva com azeite e tomate, laboratório para o aproveitamento dos subprodutos dos peixes, entre os quais o óleo do fígado de cação, fábrica de farinha de peixe, estaleiro naval com carpintaria e todo o aparato deste, oficina mecânica de motores marítimos, usina de luz elétrica etc.

Além das instalações da escola industrial da pesca, foram construídas residências com esgoto, água encanada e energia elétrica destinadas aos pescadores e operários, uma cooperativa, uma escola primária, a Igreja Nossa Senhora das Dores, com clausura para religiosas, um parque recreativo para as crianças, um pequeno hospital, uma farmácia, além de padaria, hortas e espaço para pecuária. Esses últimos, para abastecimento dos operários, técnicos e alunos.

A Escola de Pesca, motivo de orgulho do governo de Getúlio Vargas e de Mangaratiba, marcou presença nas páginas dos principais jornais do país, sendo apontada como escola modelo do Brasil. Jornalistas acompanhavam as visitas de autoridades nacionais e internacionais à escola, noticiavam o encantamento desses visitantes pela organização por suas produções no preparo da pesca da rica Baía de Sepetiba.




Infelizmente, com o fim do governo de Vargas, em meados dos anos 50, o projeto entrou em decadência e, durante o regime Militar de 1965 a 1970, passou a funcionar dentro de um sistema comum de colégio interno (não mais como escola de pesca) com a denominação de Escola Técnica Darcy Vargas. Para tal, foi firmado um convênio entre a Fundação Abrigo Cristo Redentor e a Secretaria Estadual de Educação e um novo currículo escolar foi estabelecido, incluindo, além das disciplinas tradicionais, Artes Industriais, encadernação de livros, motores a explosão, artes gráficas, artesanato, marcenaria e noções de marinharia.

Em 1971, infelizmente, esse grandioso projeto chegou ao fim, com todas as instalações da antiga escola de pesca sendo passadas às mãos da Marinha do Brasil. Em 1981, foi criado, no local, o Centro de Adestramento da Ilha da Marambaia (CADIM), sob o comando dos Fuzileiros Navais. 

Em Mangaratiba, a Escola Darcy Vargas é saudosamente lembrada pela presença da “Banda da Marambaia”, animando as quermesses de festas das igrejas, os desfiles escolares de 7 de setembro, em torneios esportivos e outros eventos mais. Como também é lembrada por um grupo de ex-alunos que todos os anos se reúne para matar a saudade dessa inesquecível escola.

(*) Mirian Bondim é professora e historiadora. Escreve semanalmente na página Santa Paciência do sítio de relacionamentos Facebook.

OBS: A primeira imagem extraí da Wikipédia sendo os créditos autorais do trabalho fotográfico pertencentes a Diego Baravelli, conforme consta no artigo da enciclopédia virtual sobre a restinga (clique AQUI para ler). Já o texto foi extraído da postagem feita em 13/06 na página Santa Paciência do Facebook, na qual se pode ver antigas fotos sobre a escola, cuja pesquisa é atribuída a Guaraci Rosa em https://www.facebook.com/GuaraciRosaHistoriador/posts/1920945787930085

quinta-feira, 14 de junho de 2018

“A Academia Paciente de Letras”





Por Isra Toledo Tov (*)
(Memorialista e pesquisador da história da Mata da Paciência)



Mariano Odelot, em abril de 1975, acordou certa manhã decidido a fundar uma academia de letras em Paciência, bairro pobre da periferia carioca, contando à época com pouco mais de 45 mil habitantes. Pegou papel e caneta e listou todas as poetisas, todos os poetas, todas as escritoras e todos os escritores que viviam no rincão periférico paciente.

Conseguiu juntar uma poetisa, um poeta, uma jornalista (que escrevia artigos e crônicas num jornal do comércio de Campo Grande) e sua própria insigne pessoa e marcaram uma reunião deliberativa para o meado de abril. Preparou um bosquejo de ata de reunião, com uma pauta bem simples. Item 1: escolha do nome da academia, sugeria-se Academia Paciente de Letras; item 2: um/a presidente/a deveria ser eleito/a nessa primeira reunião; item 3: um local fixo para reuniões e palestras deveria ser encontrado ou construído; item 4: uma personalidade nacional ou internacional deveria ser homenageada no primeiro ano de existência da academia; item 5: um ciclo de palestras já deveria ser agendado para o primeiro mês de existência da nobre academia.

A reunião deliberativa ocorreu, de fato, no armazém das Nove Portas, na rua Serrolândia, no Jardim Sete de Abril, um modestíssimo estabelecimento pertencente a um português, o Seu José. Na parte externa, com uma mesa de madeira cedida pelo dono do local, mais quatro rústicas cadeiras, montou-se a sede provisória da APL (Academia Paciente de Letras). Mariano se vestiu cerimoniosamente para a ocasião, pois considerava de máxima relevância para a cultura local, paciente, a fundação de uma inspiradora academia de letras.

Logo no início dos trabalhos da tertúlia, verificou-se que nenhum deles, nem a poetisa, nem o poeta jamais tinham publicado um livro sequer! Tudo o que tinham eram textos e poemas dispersos, em folhas de caderno, no máximo um ou dois fragmentos datilografados. O jornalista, porém, sabiamente ponderou que a literatura oral, ágrafa, era tão importante quanto a escrita, e o fato de não haver livros publicados entre eles não lhes tirava o orgulho e a honra de serem literatos. Eram grandes e sedentos leitores, inveterados, já que liam de prosa a poesia, sem descanso, diuturnamente. Sempre andavam pelas ruas do bairro com livros sobre os braços, e até mesmo a vizinhança percebia nisso uma certa mescla de distinção com leve demência.

Ao fim de duas horas de reunião, deliberou-se que, todas as últimas sextas-feiras de cada mês, reunir-se-iam às 17 horas, no mesmo lugar, no armazém do Seu Zé das Nove Portas, na rua Serrolândia, esquina com rua Carapicuíba. Uma pessoa ficaria encarregada de trazer, numa garrafa térmica, um chá de camomila, ou de hortelã, ou de outra erva qualquer, para que a conversa e os debates literários pudessem fluir com maior vazão.

O primeiro item da pauta de reunião foi decidido facilmente, e a plêiade deliberou que o nome Academia Paciente de Letras (APL) caía muito bem para o grupo. O segundo item foi igualmente resolvido com agilidade: optou-se pela rotatividade automática da presidência da APL, sem votos, começando a escolha pela ordem alfabética do primeiro nome de cada membro. Assim, Mariano – que deu a ideia da rotatividade – só assumiria a presidência do colegiado no quarto ano de sua existência, já que a primeira presidenta seria a poetisa Amália. O segundo presidente, no segundo ano da APL, seria o poeta Fúlvio. A terceira presidenta, Gretchen, assumiria no terceiro ano de constituição da APL.

O terceiro item da pauta – a construção de um local fixo para reuniões e eventos – ficou para a reunião seguinte. O quarto item – que grande personalidade deveria ser escolhida como homenageada do ano – consumiu mais tempo do que se supunha. Mariano propôs Lima Barreto, pois venerava sua obra, "Os bruzundangas". Amália apostava todas as suas fichas em Luís Vaz de Camões. Fúlvio bateu pé por "Dom Quixote", o cavaleiro da triste figura, mas o grupo deixou claro que precisava ser alguém de carne e osso, não uma personagem célebre. Gretchen, mais ousada, sugeriu Johann Wolfgang von Goethe, o maior nome da literatura alemã, autor de "Fausto" e "Werther". O grupo silenciou, refletiu profundamente e aceitou o arroubo da jovem jornalista. No primeiro ano de fundação da Academia Paciente de Letras, o escritor homenageado seria Goethe, o gênio alemão nascido em Frankfurt, em 1749, e falecido em Weimar, em 1832, do alto de seus 82 anos burgueses bem vividos.

Decidiram iniciar, imediatamente, a leitura de "Werther", seu primeiro trabalho de sucesso instantâneo em toda a Europa, em 1774. Foi uma delícia para os quatro corações da APL a leitura do diário angustiante do jovem rapaz apaixonado pela distante Charlotte. Terminada a leitura do romance, partiram para a obra mais densa do intelectual alemão, o "Fausto", publicamente postumamente, em 1832. Os debates eram acalorados, a cada encontro da tertúlia paciente, e sempre havia pessoas convidadas, de fora da APL, de outros bairros; até mesmo da Zona Sul veio um dia uma moça que fazia mestrado em literatura alemã.

O quinto item da pauta – a escolha de um tema para um círculo de palestras – foi facilmente acertado: optou-se por uma série de palestras acerca da vida e da obra de Lima Barreto, o homenageado do ano pela APL. Desta vez, o primeiro palestrante a falar, dentro de quinze dias, seria o último a assumir a presidência da instituição, Mariano Odelot! Apresentou, com brilhantismo, a obra "Os bruzundangas" (publicada em 1922), comparou o mundo da obra satírica com o Brasil de então, e foi bastante elogiado pelos colegas da APL e convidados. O pobre do Seu José do Nove Portas era obrigado a trazer cadeiras de sua própria residência para acomodar o grupo literário que tanto crescia. Ainda bem que o encontro só ocorria na última sexta-feira de cada mês, minha Santa Eugênia!

O símbolo oficial da instituição literária paciente era bastante semelhante ao da Academia Brasileira de Letras: o lema “AD IMMORTALITATEM” (“Rumo à imortalidade”, em latim), no centro, e dois galhos ao lado. Diferentemente, porém, do símbolo da ABL, o galho da esquerda era de cana-de-açúcar e o da direita era de café, dois produtos responsáveis pela riqueza do bairro no século XIX. E, no alto e no topo do símbolo, uma laranja, representando a riqueza paciente até o início dos anos de 1950.

Amália passou, anos depois, para um concurso público nacional e foi trabalhar em Rondônia. Fúlvio mudou-se para Belford Roxo, a contragosto, após namorico com a filha de um policial militar... Engravidou a pobre donzela, foi casado à força, na Baixada Fluminense, e toca hoje um bar longínquo por lá, vendendo cervejas e organizando pequenos saraus. Gretchen estudou, profundamente, a língua alemã, no Instituto Goethe, na rua do Passeio, no centro do Rio, conheceu um alemão e vive hoje com ele no interior da Baviera, no Sul da Alemanha. Mariano Odelot, desolado, não conseguiu manter as tertúlias mensais na calçada do Seu Zé das Nove Portas, já que não conseguia juntar membros tão valorosos quanto os três que se perderam no mundo. Até hoje diz existir ainda a APL, mas ela não tem endereço, não realiza reuniões, nem encontros, nem seminários, nem debates, nem nada. A Academia Paciente de Letras é apenas uma lembrança remota de Mariano, mas nunca deixará de existir, ainda que só possua um único membro paciente.

Mata da Paciência, 1.o de agosto de 2015.

(*) Isra Toledo Tov é professor e escritor- Escreve semanalmente na Santa Paciência.

OBS: Texto e imagem extraídas da página no sítio de relacionamentos Facebook "Santa Paciência", conforme consta em https://www.facebook.com/GuaraciRosaHistoriador/photos/a.1807970865894245.1073741829.1800233896667942/1919259084765422/?type=3&theater

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Uma sexualidade vivida com mais prazer e conhecimento



"Então acontece mesmo que quanto mais sexual uma pessoa é, mais inventiva ela pode ser. Quando mais sexual uma pessoa é, mais inteligente é. Com menos energia sexual, menos inteligência existe; com mais energia sexual, mais inteligência, porque o sexo é uma procura profunda para revelar, não apenas corpos, não apenas o corpo do sexo oposto, mas também tudo que está escondido." (Osho, em The Ultimate Alchemy

Começo o frio mês de junho escrevendo sobre um assunto super quente - sexo. Algo que, apesar de ter mudado muito nos últimos 50 anos, ainda é tabu para uma significativa parcela da sociedade brasileira.

Por esses dias eu estava lendo a respeito da massagem yone, a qual, por sua vez, é uma das modalidades da massagem tântrica, tendo se tornado uma prática cada vez mais procurada ultimamente tanto por mulheres solteiras quanto por casais.

Mas, afinal, o que vem a ser isso?

Para melhor entendermos o assunto, há que se estudar um pouco a respeito do Tantra, o qual é uma filosofia que abrange ensinamentos e práticas originados na antiga sociedade indiana, tendo por objetivo o desenvolvimento integral do ser humano nos seus aspectos físico, mental e espiritual. É um termo sânscrito bem amplo que pode significar "uso, trama, tecer".

Certamente que o Tantra não se restringiu ao Hinduísmo pois se misturou com diversas outras culturas e correntes filosóficas como o Vedanta, o Yoga, o Budismo e o Taoísmo, somente se tornando mais conhecido no Ocidente a partir das últimas cinco décadas. Principalmente entre os místicos e esotéricos (muitos deles baseados nos ensinos do guru Osho), havendo no Brasil várias escolas iniciáticas.

Todavia, graças à internet e ao interesse das pessoas por temas ligados à saúde, vários ensinamentos do tantrismo divulgaram-se rapidamente, sobretudo quanto à sexualidade. Aliás, pode-se dizer até que os sites pornográficos têm promovido vídeos sobre massagens eróticas inspiradas no tantrismo embora totalmente desconectados com os seus conceitos filosóficos básicos. E não descarto que esteja havendo até uma larga comercialização dessas práticas como serviços prestados e que estariam divorciados até dos seus aspectos terapêuticos.

Para um pesquisador voltado para o saber científico e que busca ter a sua mente fora da gaiola, estudar o tantrismo e sua aplicação à sexualidade poderá não ter conotação religiosa, porém há que se respeitar tal conhecimento das tradições orientais, considerando o milenar alcance da qualidade de vida pelas sociedades que experimentam esses ensinos. Pois, em que pareça ser conhecimento empírico, este jamais deve ser desprezado pela mente que busca sistematizar tudo pela razão e creio que assim age um massoterapeuta interessado em atuar na área.

Indo agora direto às massagens eróticas, falarei um pouco da yoni, uma palavra no idioma sânscrito e que funciona como um sinônimo para "vagina", que, no Tantra, é conhecida como o "espaço sagrado" ou o "templo sagrado". E, assim sendo, devemos considerar que um entendimento desses induz à ideia de amor e respeito pela sexualidade feminina.

Como consequência, um dos objetivos do chamado sexo tântrico consiste em proporcionar mais prazer à parceira, desde o relaxamento e excitação até o orgasmo. Daí a massagem yoni tem sido vista como uma excelente ferramenta para se construir a intimidade e a confiança num relacionamento.

Por outro lado, independentemente da questão do relacionamento afetivo, tal massagem tem ajudado muitas mulheres a romper bloqueios e traumas sexuais. E, além de contribuir para o alcance do orgasmo, há vários efeitos emocionais que são percebidos no cotidiano, ligados, por exemplo, à autoestima pessoal, ao domínio próprio, ao relaxamento e ao bem estar.

De modo algum pretendo neste artigo dar uma aula sobre um tema acerca do qual eu seria tão somente um pesquisador neófito. Porém, o que podemos apurar na atualidade é que a visão sobre a sexualidade mudou muito já que as parcelas mais esclarecidas da nossa sociedade tem buscado vivenciar o sexo livre dos tabus e dos valores impostos pela cultura religiosa repressora do cristianismo.

Por óbvio que para quem vive engaiolado dentro de uma igreja tais conhecimentos vindos do Oriente acabam sendo associados ao "pecado", ao paganismo e até demonizados. Pois, ainda que os segmentos católico e evangélico tenham experimentado alguma evoluções nos últimos 50 anos, dificilmente uma cristã religiosa aceitaria de boa consciência buscar a ajuda de um(a) terapeuta, ainda que o profissional não demonstre qualquer interesse sexual na sua pessoa. Ela mesma, caso seja uma radical, talvez recusaria tocar nas partes íntimas de seu próprio corpo ou, se bobear, nem permitir que o marido venha a fazer nela a massagem erótica temendo contrariar algum preceito da Bíblia.

De qualquer modo, as reações dos segmentos dominantes da religião cristã não impedem o crescente estudo acerca da sexualidade humana. Pois, muito pelo contrário, vejo pessoas hoje em dia querendo se informar mais sobre sexo e se tratarem de distúrbios que afetam os seus relacionamentos. Daí serem muitos os que, na atualidade, dispõem-se a enfrentar de peito aberto problemas tipo a frigidez, a falta de orgasmos, as dores relacionadas ao sexo, a ejaculação precoce, a impotência.

Quanto ao público masculino, talvez seja o machismo o maior dos obstáculos para o bem estar sexual já que muitos homens preferem negar que sofrem de alguma disfunção. Porém, os que se libertam dessa outra gaiola comportamental costumam se tornar aptos para serem mais felizes na cama com a parceira e até resgatarem um relacionamento fracassado. Inclusive aprendendo sobre novas maneiras de proporcionar prazer à sua mulher.

Viva São Cosme e São Damião!

Aí um texto publicado no Facebook pelo historiador e deputado Chico Alencar que confere um bom sentido às crenças religiosas e aos costume...