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Mostrando postagens de 2019

HERÓI DO MAR E DO RIO

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Por "Passeador Carioca" (Do Facebook) Nada menos que 109 anos depois, o cara da imagem – o da direita, evidentemente – recebeu um reconhecimento que lhe tem sido negado por tanto tempo. No último Dia da Consciência Negra, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro concedeu a João Cândido Felisberto o assentamento no Livro dos Heróis do Estado, onde estão os registros de quem contribuiu para a defesa, o progresso ou desenvolvimento do Rio, do Brasil ou da humanidade. João Cândido, também conhecido como Almirante Negro, liderou uma luta contra a discriminação racial, que no seu tempo tinha requintes de crueldade, com castigos físicos e tudo. Pois foi aqui mesmo, na região da Praça 15, onde fica sua estátua, que João liderou a Revolta da Chibata, movimento que colocou o Rio e o Brasil em polvorosa em novembro de 1910. É preciso, porém, contar como ele chegou até ali. Nascido negro e pobre no Rio Grande do Sul, com 14 anos João foi engajado como grumete na Marinha pelas mã...

Relembrando a História: O discurso de Fidel Castro durante a Eco-92

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Há quase 28 anos atrás, durante a Eco-92, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento ocorrida no Rio de Janeiro, assim discursou o então presidente de Cuba, Fidel Castro, acerca dos problemas ecológicos da humanidade, o que até hoje se mantém atual:  "Sr. Presidente do Brasil, Fernando Collor de Mello; Sr. Secretário Geral das Nações Unidas, Butros Ghali; Excelências: Uma importante espécie biológica está em perigo de desaparecer devido à rápida e progressiva liquidação de suas condições naturais de vida: o homem. Agora estamos cientes deste problema, quando quase é tarde para impedi-lo. É preciso salientar que as sociedades de consumo são as principais responsáveis pela atroz destruição do meio ambiente. Elas nasceram das antigas metrópoles coloniais e de políticas imperiais que, pela sua vez, engendraram o atraso e a pobreza que hoje açoitam a imensa maioria da humanidade. Com apenas 20 % da população mundial, elas consomem as duas terceiras ...

HOJE É DIA DE RELEMBRAR DRUMMOND

Hoje é dia de Drummond de Andrade (31 de outubro de 1902 ― 17 de agosto de 1987). Como homenagem justa, nada melhor que trazer à tona uma das maravilhosas poesias desse fenomenal poeta de Itabira - MG que tanto encantou e ainda encanta o Brasil: “Necrológio dos Desiludidos do Amor” NECROLÓGIO DOS DESILUDIDOS DO AMOR Os desiludidos do amor estão desfechando tiros no peito. Do meu quarto ouço a fuzilaria. As amadas torcem-se de gozo. Oh quanta matéria para os jornais. Desiludidos mas fotografados, escreveram cartas explicativas, tomaram todas as providências para o remorso das amadas. Pum pum pum adeus, enjoada. ................................................. Eu vou, tu ficas, mas nos veremos seja no claro céu ou turvo inferno. Os médicos estão fazendo a autópsia dos desiludidos que se mataram. Que grandes corações eles possuíam. Visceras imensas, tripas sentimentais e um estômago cheio de poesia… Agora vamos para o cemitério levar o...

Da fogueira pré-histórica ao "iSolamento virtual"

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Desde os tempos dos antigos hominídeos, há centenas de milhares de anos, famílias pré-históricas reuniam-se em torno de fogueiras com a finalidade de preparar o alimento e, consequentemente, conviver. Iluminando a escuridão noturna, nossos ancestrais puderam conversar entre si, contar suas experiências, trocar ideias, rememorar eventos do passado, fazer brincadeiras, celebrar seus mitos e experiências religiosas de maneira que o fogo se tornava fator de aproximação e de união entre as pessoas. Muitas dessas suposições são, obviamente, baseadas em tribos estudadas por pesquisadores, as quais muitas das vezes viviam da caça e coleta de vegetais em diferentes regiões do planeta. Segundo um artigo da antropóloga Polly Wiessner , da Universidade de Utah, nos EUA, publicado numa das edições de setembro de 2014 do periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), assim seriam as experiências dos grupos primitivos que habitam o Deserto do Kalahari, região semi...

Legado de Vargas

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Por Ubiratan do Espírito Santo* CLT- Consolidação das leis de trabalho -Jornada diária de 8 horas - Legalização da situação de trabalho da mulher e do menor - férias - Instituição da CTPS - Criação do salário mínimo, etc. Com o fim da república velha (1889-1930), Vargas deu o pontapé inicial para a industrialização do Brasil. Saímos de uma economia agrícola e semifeudal para o processo de instalação das indústrias de base. Aprofundamento e expansão da metalurgia, siderurgia... Vargas costurou um acordo com os EUA e trouxe a CSN, companhia siderúrgica nacional, em troca de apoio aos americanos na II grande guerra - Uma das negociações que impulsionou nossa revolução industrial- , ainda que tardia. Atuação de Bolsonaro e Guedes Lamentavelmente, com a ascensão do atual governo cuja orientação é de extrema direita e, neoliberal na economia, estamos assistindo, perplexos, o desmonte do aparelho estatal e suas conquistas de décadas. O presidente eleito em 2018 e sua equipe ...

Sob o império do grosseiro e do obsceno

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Por Leonardo Boff* Se há algo a lamentar profundamente hoje em dia nas redes sociais de nosso país é o império da grosseria e da obscenidade. Essa metáfora já foi usada por outros: parece que as portas e as janelas do inferno se abriram de par em par. Daí saíram os demônios das ofensas pessoais, das injúrias, dos fake news, das mentiras, das calúnias e de toda sorte de palavras de baixíssimo calão. Nem precisaria Freud ter chamado a atenção ao fato de que há pessoas com fixação anal, usando palavras escatológicas e metáforas ligadas a perversões sexuais, pois as encontramos frequentemente nos twitters, nos facebooks, nos youtubes e em outros canais. A grosseria demonstra a falta de educação, de civilidade, de cortesia e de polidez no trato para com as pessoas. A grosseria transforma a pessoa em vulgar. O linguajar vulgar usa expressões que ferem a sensibilidade dos outros ao seu redor. A vulgaridade contumaz deixa as pessoas inseguras, pois, nunca sabem quais gestos, palavrõe...

A FILOSOFIA NO BANCO DOS RÉUS

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Por Dib Cury* Não tenho dúvidas de que a Vida que as pessoas vivem é o espelho de suas mentes. Os indivíduos só transitam pela Vida que são capazes de visualizar mentalmente e são atraídos pelos horizontes que valorizam em suas ideias. É uma questão daquilo que compreendemos e daquilo que nos tornamos capazes de ver. São as chamadas crenças pessoais que nos determinam. Historicamente, é sabido que, para controlar as pessoas, é preciso determinar suas crenças e limitar suas ideias, pois mentes amplas abrem perspectivas maiores do que determina a rotina comezinha, prosaica e interesseira dos mercados e governos. A Filosofia sempre teve a vocação primeira de expansão das mentalidades, de dissolução de crenças limitantes e de denúncia das tolices massificantes. Para controlar as pessoas, é preciso banir a Filosofia. Sempre foi assim. Filósofos como Sócrates e Giordano Bruno foram mortos por discordarem do pensamento vigente. A filósofa Hipácia foi esquartejada em praça pública co...

Mais Uma Reprise de “Os Deuses de Casaca”

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Por Levi B. Santos* Parece que na vida de nosso país, apelidado de republiqueta das bananas, a comicidade e a falta de seriedade no trato da coisa pública nunca se revestiram de tão degradantes aspectos como os que acontecem nos dias atuais. A comédia machadiana ― “Os Deuses de Casaca” ―, escrita em 1886 (há mais de 150 anos) cai como uma luva para retratar a bagunça que está o país nesses últimos dias, onde peças de péssima qualidade e óperas bufas são encenadas no grande teatro dos três poderes situado no planalto central, que deram o nome de Brasília ― fantasioso palco onde os mais variados idealistas de ocasião exibem suas maquiavélicas e caricatas incongruências, cada vez mais escalofobéticas. Os afetos da natureza humana são ambíguos, como ambígua é também as almas dos que lá no panteão dos poderes exercitam seus neurônios. Entretanto, a turbulência de seus inflamados egos não permite que enxerguem o óbvio: a da necessidade de um mínimo de consenso diante de suas facç...

Precisamos de uma educação do coração

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Por  Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama* Quando o presidente dos Estados Unidos diz "Primeiro a América", ele está fazendo com que seus eleitores se sintam felizes. Sou capaz de entender isso. Mas, de uma perspectiva global, esta afirmação não é relevante. Hoje em dia, tudo está interconectado. A nova realidade é que somos todos interdependentes uns com os outros. Os Estados Unidos são uma nação que lidera o mundo livre. Por essa razão, peço ao seu presidente que pense melhor sobre questões de âmbito global. Não há fronteiras nacionais quando se trata de proteção climática ou de economia global. Tampouco há fronteiras religiosas. Chegou a hora de entendermos que somos todos seres humanos iguais neste planeta. Quer desejemos ou não, precisamos coexistir. A história nos diz que quando as pessoas perseguem apenas seus próprios interesses nacionais, há conflitos e guerras. Essa visão é míope e estreita. É também não realista e desatualizada. Vivermos juntos como irmãos e i...

Previdência, economia e Constituição

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Por Luiz Fux A Previdência Social é um sistema de seguro obrigatório em que o trabalhador participa por meio de contribuições mensais e recebe, em contrapartida, o benefício de uma renda no momento em que estiver inapto, seja pelo advento de aposentadoria seja pelo de riscos econômicos como a perda de rendimentos em razão de doença, invalidez, maternidade ou até mesmo a morte de cônjuge. No contexto brasileiro, muito se discute a respeito da necessidade ou não de uma reforma. Nesse diapasão é que, em 20 de fevereiro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro e sua equipe econômica, chefiada pelo ministro Paulo Guedes, entregaram uma proposta. O equilíbrio das contas públicas depende da atuação conjunta dos três Poderes. O Executivo deve organizar a política previdenciária, imprimir maior eficiência à gestão e, eventualmente, propor alterações legislativas para reorganizar as finanças em face de projeções etárias, déficits orçamentários e etc. Por sua vez, ao Poder Legislativo ...

Um futuro com "panem et liber"

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Outro dia, no  Facebook , um internauta apresentou-me uma questão através da área de comentários numa das postagens recentes do meu perfil pessoal. Em sua fala, ele colocou o seguinte que passo a citar com correções: "(...) entenda que esse planeta assim como outros que foram habitados também vão sumir, acabar. Acho que o senhor já se deu conta do quanto a tecnologia está acabando com os empregos. De um lado, ela leva prazer a quem a utiliza e, por outro, ela vem para dissipar milhões de emprego. E quem não se atualizar vai ficar no sub-emprego. Eu lhes pergunto, Dr. Pessoas estão a cada dia mais perdendo seus empregos. Empresários fechando as portas, os pequenos e médios então nem se falam. O que fazer, doutor, ainda mais em cidades em que a tecnologia demora mais a chegar, mas chega e, quando chega, as pessoas não estão preparadas para ela. Aí vem quem se preparou e leva o pouco que tem?" Confesso que, há mais de duas décadas, penso a respeito disso e...

O conservador e o reacionário

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Por Gabriel Zani* Quando eu entrei na Faculdade de História, achava que o curso seria relativamente fácil. Acreditava que seria algo como "decorar datas" e memorizar "nomes importantes" do passado. Contudo, não foi bem assim. Primeira aula de Metodologia da História e veio o choque. Conceitos e mais conceitos. Via a boca do professor se mexendo e não entendia absolutamente nada. Suando frio e olhando para o teto da sala de aula, percebi o quão errado eu estava sobre o que era, de fato, a História. Ao longo do curso, com muito suor e algumas lágrimas (confesso), fui compreendendo o que é o fazer e o pensar histórico. Algumas vezes, pensava comigo mesmo sobre como as coisas estavam do lado de fora da faculdade. Quantas pessoas acreditavam que a "História é só um monte de datas e livres interpretações", assim como eu entendia no início do curso? No Brasil, de fato, há um considerável desconhecimento sobre o que é História. O ensino de história...