domingo, 29 de dezembro de 2019
HERÓI DO MAR E DO RIO
Por "Passeador Carioca"
(Do Facebook)
Nada menos que 109 anos depois, o cara da imagem – o da direita, evidentemente – recebeu um reconhecimento que lhe tem sido negado por tanto tempo. No último Dia da Consciência Negra, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro concedeu a João Cândido Felisberto o assentamento no Livro dos Heróis do Estado, onde estão os registros de quem contribuiu para a defesa, o progresso ou desenvolvimento do Rio, do Brasil ou da humanidade. João Cândido, também conhecido como Almirante Negro, liderou uma luta contra a discriminação racial, que no seu tempo tinha requintes de crueldade, com castigos físicos e tudo. Pois foi aqui mesmo, na região da Praça 15, onde fica sua estátua, que João liderou a Revolta da Chibata, movimento que colocou o Rio e o Brasil em polvorosa em novembro de 1910. É preciso, porém, contar como ele chegou até ali. Nascido negro e pobre no Rio Grande do Sul, com 14 anos João foi engajado como grumete na Marinha pelas mãos de ninguém menos que o almirante Alexandrino de Alencar. Seis anos depois, já como instrutor, é transferido para o Rio. As péssimas condições de trabalho dos marinheiros, o abismo entre os soldos dos praças e dos oficiais e as punições de faltas com chibatadas já fermentavam uma rebelião - o "corretivo", de 25 golpes, era aplicado, quase que exclusivamente, em militares negros. O notável espírito de liderança de João Cândido aflorou no período em que ele e vários companheiros foram enviados a Newcastle, na Inglaterra, a fim de aprender o funcionamento das belonaves encomendadas pela Marinha brasileira. Lá, o contato com os colegas britânicos, muito melhor tratados e mais bem pagos, foi o estímulo que faltava. Secretamente, Cândido e seus homens trocavam informações com os camaradas no Brasil, planejando o levante. De volta ao país a bordo dos novos navios, eles iniciaram o motim na noite de 22 de novembro, assumindo o comando do poderoso couraçado 'Minas Geraes' enquanto seu comandante jantava. Logo, a eles se juntaram as tripulações do 'São Paulo', do 'Bahia' e do ‘Deodoro’. Aproximadamente 2 mil dos 4 mil marinheiros da capital aderiram ao movimento armado, e vários oficiais e marujos foram mortos nos primeiros confrontos. “Não queremos o retorno da chibata. Isto é o que pedimos ao presidente da República e ao Ministro da Marinha. Queremos uma resposta imediata. Se não recebermos tal resposta, destruiremos a cidade e os navios que não são revoltantes”, dizia o ultimato de João Cândido. Fortalezas leais ao governo foram bombardeadas e a cidade chegou a ser atacada. Atingida por um obus, uma casa caiu no Morro do Castelo, matando duas crianças. A imprensa e diversos políticos tentaram intermediar um armistício, sem sucesso. Pressionado, o presidente Hermes da Fonseca propôs um acordo, com a promessa do fim das chibatadas e anistia aos revoltosos. O trato não foi cumprido – mais de 600 marinheiros, incluindo Cândido, foram presos na Ilha das Cobras e dezenas deles morreram sob condições análogas à tortura. Quanto ao líder, chegou a ser internado à força em um manicômio. Expulso da Marinha, sua vida, que nunca fora fácil, continuou dura. Com sua enorme experiência marítima, Cândido trabalhou em embarcações mercantes, mas o estigma de rebelde e a humilhação que impôs ao comando da Armada fez com que fosse perseguido por autoridades navais. Sem recursos, com a saúde abalada e atormentado por dramas familiares – a primeira mulher morreu de infecção intestinal e a segunda ateou fogo ao próprio corpo –, o inconformado João Cândido ainda se ligou a movimentos políticos, como a Ação Integralista Brasileira. A estátua, do artista plástico Walter Brito, foi inaugurada em 2008 e mostra Cândido com um leme e apontando para o mar, seu maior companheiro. Já velho, ele trabalhava descarregando pescado madrugada adentro para sobreviver. Todavia, a sonhada reintegração à Marinha nunca veio, embora o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha sancionado seu perdão oficial e anistia póstuma. O Almirante Negro desembarcou desta vida em 1969. Tinha 89 anos, morava em São João de Meriti e faleceu no Hospital Getúlio Vargas.
sábado, 14 de dezembro de 2019
Relembrando a História: O discurso de Fidel Castro durante a Eco-92
Há quase 28 anos atrás, durante a Eco-92, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento ocorrida no Rio de Janeiro, assim discursou o então presidente de Cuba, Fidel Castro, acerca dos problemas ecológicos da humanidade, o que até hoje se mantém atual:
"Sr. Presidente do Brasil, Fernando Collor de Mello; Sr. Secretário Geral das Nações Unidas, Butros Ghali;
Excelências:
Uma importante espécie biológica está em perigo de desaparecer devido à rápida e progressiva liquidação de suas condições naturais de vida: o homem.
Agora estamos cientes deste problema, quando quase é tarde para impedi-lo.
É preciso salientar que as sociedades de consumo são as principais responsáveis pela atroz destruição do meio ambiente. Elas nasceram das antigas metrópoles coloniais e de políticas imperiais que, pela sua vez, engendraram o atraso e a pobreza que hoje açoitam a imensa maioria da humanidade. Com apenas 20 % da população mundial, elas consomem as duas terceiras partes dos metais e as três quartas partes da energia que é produzida no mundo. Envenenaram mares e rios, contaminaram o ar, enfraqueceram e perfuraram a camada de ozônio, saturaram a atmosfera de gases que alteram as condições climáticas com efeitos catastróficos que já começamos a padecer.
As florestas desaparecem, os desertos estendem-se, bilhões de toneladas de terra fértil vão parar ao mar cada ano. Numerosas espécies se extinguem. A pressão populacional e a pobreza conduzem a esforços desesperados para ainda sobreviver à custa da natureza. É impossível culpar disto os países do Terceiro Mundo, colônias ontem, nações exploradas e saqueadas hoje, por uma ordem econômica mundial injusta
A solução não pode ser impedir o desenvolvimento aos que mais o necessitam. O real é que todo o que contribua atualmente para o subdesenvolvimento e a pobreza constitui uma violação flagrante da ecologia. Dezenas de milhões de homens, mulheres e crianças morrem todos os anos no Terceiro Mundo a conseqüência disto, mais do que em cada uma das duas guerras mundiais. O intercâmbio desigual, o protecionismo e a dívida externa agridem a ecologia e propiciam a destruição do meio ambiente.
Se quisermos salvar a humanidade dessa autodestruição, teremos que fazer uma melhor distribuição das riquezas e das tecnologias disponíveis no planeta. Menos luxo e menos esbanjamento nuns poucos países para que haja menos pobreza e menos fome em grande parte da Terra. Não mais transferências ao Terceiro Mundo de estilos de vida e de hábitos de consumo que arruínam o meio ambiente. Faça-se mais racional a vida humana. Aplique-se uma ordem econômica internacional justa. Utilize-se toda a ciência necessária para um desenvolvimento sustentável sem contaminação. Pague-se a dívida ecológica e não a dívida externa. Desapareça a fome e não o homem.
Quando as supostas ameaças do comunismo têm desaparecido e já não há pretextos para guerras frias, corridas armamentistas e gastos militares, o que é o que impede dedicar de imediato esses recursos na promoção do desenvolvimento do Terceiro Mundo e combater a ameaça de destruição ecológica do planeta?
Cessem os egoísmos, cessem as hegemonias, cessem a insensibilidade, a irresponsabilidade e o engano. Amanhã será tarde de mais para fazer aquilo que devimos ter feito há muito tempo.
Obrigado."
Certo que, quando o PT esteve no poder, não se praticou exatamente o que o ilustre visitante colocou, visto que importamos os estilos de vida e os hábitos de consumo dos países ricos.
OBS: Foto da Agência O Globo. Extraída de https://extra.globo.com/noticias/mundo/ex-presidente-de-cuba-fidel-castro-morre-aos-90-anos-20546144.html?fbclid=IwAR043BKbgq8Q_Bp0pSRs1Tdqgmn2FgfuyW7P-fdq4sQKsSXiFtSQgtCdAEQ
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