sábado, 26 de dezembro de 2020

O Rio já teve políticos melhores que os de hoje...

 



"É preciso prosseguir ainda quando se saiba que os outros não estão preparados para a nossa generosidade." (Artur da Távola)


Houve um tempo em que a população do Estado do Rio de Janeiro votava um pouco melhor do que atualmente e elegia pessoas mais interessantes. Era o caso do jornalista, advogado, escritor e professor Paulo Alberto Moretzsonh Monteiro de Barros, conhecido pelo pseudônimo de Artur da Távola que, se estivesse ainda entre nós, completaria 85 anos em 03/01/2021. 


Tendo iniciado a sua vida política em 1960, no extinto Estado da Guanabara, Artur da Távola chegou a ser deputado, mas foi cassado da Assembleia Legislativa pelo regime militar, precisando deixar o país para escapar da perseguição ideológica. E chegou a viver na Bolívia e no Chile, retornando depois à vida pública de modo que foi um dos nossos constituintes em 1988. 


Artur da Távola nunca foi eleito prefeito, porém exerceu mandatos de deputado federal de 1987 a 1995 e, depois, de senador de 1995 a 2003, além de atuar secretário da Cultura na cidade do Rio por nove meses em 2001. E foi ainda um dos fundadores do PSDB, o qual veio a presidir entre 1995 e 1997, numa época em que o partido ainda preservava um pouco de suas características originais.


Todavia, desde o começo do presente século XXI, parece que os eleitores do Rio de Janeiro retrocederam. O cargo ocupado por Artur da Távola veio a ser, nas legislaturas seguintes, de Marcelo Crivella, o qual teve dois mandatos de senador e, em 2016, foi eleito prefeito da capital estadual, tornando-se um dos piores governantes da história da cidade.


Dizer que antes o brasileiro sabia votar não é verdade pois os resultados das nossas escolhas, na maioria das vezes, foram negativos. Porém, a política tinha um espaço maior para pessoas inteligentes e capacitadas, com menos influência das lideranças religiosas obscurecedoras ou do crime organizado. Afinal, as pessoas liam e pensavam um pouco mais...

sábado, 19 de dezembro de 2020

Vivemos no mundo da lua



 Por Mino Carta


Parece-me que o Brasil atual atingiu um ponto extremo de uma crise de demência que vem de longe, se quisermos, desde o descobrimento. Desconfio, porém, da existência de um juízo brasileiro, na lua ou em qualquer lugar do universo.

Neste país que ainda não chegou a nação, a guerra das vacinas, em pleno desenvolvimento e de incerto final, é a prova provada de uma situação de terrificante descalabro, sem contar o fato de que o suposto presidente da República mais uma vez transgride a Constituição, a lhe impor todo o cuidado com a saúde popular.

Um ditado italiano diz a respeito de quem está fora do eixo e perdeu a razão: “Ele vive no mundo da lua”. O planeta dos lunáticos, admiravelmente representado por Georges Méliès* no seu famosíssimo filme, obra-prima do alvorecer da Sétima Arte. Cada vez menos países ficam fora de um plano de vacinação, hoje já previsto para abarcar o mundo, quem sabe antes do Natal ou logo após. Aqui vivemos à margem da humanidade por obra de uma situação somente explicável à luz de uma análise patológica. Quando, orientados por Americo Vespuci, que já alcançara as costas do Piauí, os portugueses comandados por Cabral atingiram Porto Seguro, o escriba da aventura reconheceu a fertilidade da terra, onde “em se plantando tudo dá”. Logo começou a desgraça de uma colonização predatória, a dividir o espaço em imensas capitanias hereditárias e a desencadear um processo de escravidão que durou três séculos e meio e, a rigor, ainda vigora. Brutal a discrepância entre o que a natureza oferecia e a estultice do homem incapaz de aproveitar-se de tanta generosidade. Pairava desde então a conspiração contra o melhor juízo, semeava-se a demência.



______________________________

Revista CartaCapital, 19/12/2020

* Georges Méliès, cujo nome de batismo é Marie Georges Jean Méliès foi um ilusionista e cineasta francês famoso por liderar muitos desenvolvimentos técnicos e narrativos no alvorecer do cinema. Wikipédia


Viva São Cosme e São Damião!

Aí um texto publicado no Facebook pelo historiador e deputado Chico Alencar que confere um bom sentido às crenças religiosas e aos costume...