domingo, 20 de julho de 2025

📰 DEMOCRACIA SEMPRE



Artigo assinado pelos presidentes Lula 🇧🇷, Gabriel Boric 🇨🇱, Pedro Sánchez 🇪🇸, Yamandú Orsi 🇺🇾 e Gustavo Petro 🇨🇴 , publicado neste domingo (20) na Folha de S. Paulo.


Em diferentes partes do mundo, a democracia enfrenta um momento de grandes desafios. A erosão das instituições, o avanço dos discursos autoritários impulsionados por diferentes setores políticos e o crescente desinteresse dos cidadãos são sintomas de um mal-estar profundo em amplos setores da sociedade. A isso se somam as persistentes desigualdades, o retrocesso nos direitos fundamentais, a disseminação da desinformação e de discursos de ódio em plataformas digitais, e a expansão de redes criminosas que desafiam a legitimidade do Estado.


Diante desse cenário, não cabe o imobilismo nem o medo. Defendemos a esperança. Em um mundo cada vez mais polarizado, como líderes progressistas temos o dever de agir com convicção e responsabilidade frente àqueles que pretendem enfraquecer a democracia e suas instituições. Porque não basta evocar a democracia nem falar em seu nome: devemos fortalecê-la, renová-la e torná-la significativa para aqueles que sentem suas promessas não cumpridas. É com mais democracia que criaremos mais oportunidades para as gerações futuras, e como melhor nos adaptaremos aos desafios globais impostos pela inteligência artificial ou a mudança do clima. Resolver os problemas da democracia com mais democracia, sempre.


Esse é o princípio que convoca os governos do Chile, Brasil, Espanha, Uruguai e Colômbia à Reunião de Alto Nível “Democracia Sempre”, a ser realizada em Santiago no próximo dia 21 de julho.


Esse esforço compartilhado não é apenas a continuação do encontro impulsionado pelos governos do Brasil e da Espanha durante a Assembleia Geral das Nações Unidas no ano passado, mas dá um passo adiante. Porque, longe de ser um gesto isolado ou simbólico, é uma iniciativa que busca defender a democracia como um bem comum.


Sabemos que as democracias não se constroem apenas a partir dos governos. Construir propostas conjuntas e eficazes que fortaleçam a coesão social, a participação cidadã e a confiança nas instituições é um trabalho que não pode se limitar a cartas de boas intenções ou recair apenas sobre os governos de turno e seus representantes. Por isso, essa iniciativa também convoca organizações sociais, centros de pensamento, juventudes e diversos atores da sociedade civil, porque sua participação e ação são fundamentais para que a democracia recupere sua capacidade transformadora.


Sabemos também que defender a democracia exige que sejamos capazes de condenar as derivas autoritárias e, ao mesmo tempo, falar de forma positiva, propondo reformas estruturais para enfrentar a desigualdade em nossos países e no mundo. A história nos demonstrou repetidamente que a democracia é o melhor caminho possível para garantir a paz e a coesão social, e as oportunidades para todos. Impulsionar estratégias comuns em favor do multilateralismo, do desenvolvimento sustentável, da justiça social e dos direitos humanos é um imperativo ético e político. Porque a democracia é frágil se não for cuidada.


Hoje nos reúne a certeza compartilhada da necessidade de melhorar a resposta do Estado às demandas de nossos povos e governar com eficácia, com justiça, com direitos. Com democracia, sempre. E com a convicção de que defender a democracia nestes tempos difíceis não é apenas resistir e proteger, mas propor e seguir avançando. Essa é a tarefa urgente do nosso tempo.


🇧🇷 Luiz Inácio Lula da Silva; Presidente da República Federativa do Brasil

🇨🇱 Gabriel Boric Font; Presidente da República do Chile

🇪🇸 Pedro Sánchez Pérez-Castejón; Presidente do Governo da Espanha

🇺🇾 Yamandú Orsi Martínez; Presidente da República Oriental do Uruguai

🇨🇴 Gustavo Petro Urrego; Presidente da República da Colômbia

domingo, 13 de julho de 2025

Não se deixe engaiolar!



Sem querer generalizar, mas essa imagem acima retrata o que muitas das vezes acontece com as pessoas. 

Não permita que a sua igreja vire uma gaiola! 

Congregar com irmãos jamais significa abrir mão da sua liberdade de opinião, de VOTAR no candidato que acredita lhe representar e de fazer as suas escolhas existenciais.

Um ótimo domingo a tod@s!❤️

sexta-feira, 11 de julho de 2025

📰 NÃO HÁ ALTERNATIVA AO MULTILATERALISMO



(Artigo do Presidente Lula publicado em 10 de julho no Le Monde 🇫🇷, El País 🇪🇸, The Guardian 🇬🇧, Der Spiegel 🇩🇪, Corriere della Sera 🇮🇹, Yomiuri Shimbun 🇯🇵, China Daily 🇨🇳, Clarín 🇦🇷 e La Jornada 🇲🇽.)


O ano de 2025 deveria ser um momento de celebração dedicado às oito décadas de existência da Organização das Nações Unidas (ONU). Mas pode entrar para a história como o ano em que a ordem internacional construída a partir de 1945 desmoronou.


As rachaduras já estavam visíveis. Desde a invasão do Iraque e do Afeganistão, a intervenção na Líbia e a guerra na Ucrânia, alguns membros permanentes do Conselho de Segurança banalizaram o uso ilegal da força. A omissão frente ao genocídio em Gaza é a negação dos valores mais basilares da humanidade. A incapacidade de superar diferenças fomenta nova escalada da violência no Oriente Médio, cujo capítulo mais recente inclui o ataque ao Irã. 


A lei do mais forte também ameaça o sistema multilateral de comércio. Tarifaços desorganizam cadeias de valor e lançam a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação. A Organização Mundial do Comércio foi esvaziada e ninguém se recorda da Rodada de Desenvolvimento de Doha. 


O colapso financeiro de 2008 evidenciou o fracasso da globalização neoliberal, mas o mundo permaneceu preso ao receituário da austeridade. A opção de socorrer super-ricos e grandes corporações às custas de cidadãos comuns e pequenos negócios aprofundou desigualdades. Nos últimos 10 anos, os US$ 33,9 trilhões acumulados pelo 1% mais rico do planeta é equivalente a 22 vezes os recursos necessários para erradicar a pobreza no mundo.


O estrangulamento da capacidade de ação do Estado redundou no descrédito das instituições. A insatisfação tornou-se terreno fértil para as narrativas extremistas que ameaçam a democracia e fomentam o ódio como projeto político.   


Muitos países cortaram programas de cooperação em vez de redobrar esforços para implementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. Os recursos são insuficientes, seu custo é elevado, o acesso é burocrático e as condições impostas não respeitam as realidades locais. 


Não se trata de fazer caridade, mas de corrigir disparidades que têm raízes em séculos de exploração, ingerência e violência contra povos da América Latina e do Caribe, da África e da Ásia. Em um mundo com um PIB combinado de mais de 100 trilhões de dólares, é inaceitável que mais de 700 milhões de pessoas continuem passando fome e vivam sem eletricidade e água.


Os países ricos são os maiores responsáveis históricos pelas emissões de carbono, mas serão os mais pobres quem mais sofrerão com a mudança do clima. O ano de 2024 foi o mais quente da história, mostrando que a realidade está se movendo mais rápido do que o Acordo de Paris. As obrigações vinculantes do Protocolo de Quioto foram substituídas por compromissos voluntários e as promessas de financiamento assumidas na COP15 de Copenhague, que prenunciavam cem bilhões de dólares anuais, nunca se concretizaram. O recente aumento de gastos militares anunciado pela OTAN torna essa possibilidade ainda mais remota. 


Os ataques às instituições internacionais ignoram os benefícios concretos trazidos pelo sistema multilateral à vida das pessoas. Se hoje a varíola está erradicada, a camada de ozônio está preservada e os direitos dos trabalhadores ainda estão assegurados em boa parte do mundo, é graças ao esforço dessas instituições. 


Em tempos de crescente polarização, expressões como “desglobalização” se tornaram corriqueiras. Mas é impossível “desplanetizar” nossa vida em comum. Não existem muros altos o bastante para manter ilhas de paz e prosperidade cercadas de violência e miséria.


O mundo de hoje é muito diferente do de 1945. Novas forças emergiram e novos desafios se impuseram. Se as organizações internacionais parecem ineficazes, é porque sua estrutura não reflete a atualidade. Ações unilaterais e excludentes são agravadas pelo vácuo de liderança coletiva. A solução para a crise do multilateralismo não é abandoná-lo, mas refundá-lo sob bases mais justas e inclusivas. 


É este entendimento que o Brasil – cuja vocação sempre será a de contribuir pela colaboração entre as nações – mostrou na presidência no G20, no ano passado, e segue mostrando nas presidências do BRICS e da COP30, neste ano: o de que é possível encontrar convergências mesmo em cenários adversos. 


É urgente insistir na diplomacia e refundar as estruturas de um verdadeiro multilateralismo, capaz de atender aos clamores de uma humanidade que teme pelo seu futuro. Apenas assim deixaremos de assistir, passivos, ao aumento da desigualdade, à insensatez das guerras e à própria destruição de nosso planeta.


Luiz Inácio Lula da Silva

Presidente da República do Brasil

A CONSCIÊNCIA DA NOSSA SOBERANIA AVANÇA!

Por Chico Alencar * A comunidade do Vidigal, no Rio, amanheceu ontem com essa grande faixa. Ela mostra, em inglês, o que 71% do nosso povo q...