domingo, 24 de dezembro de 2023

Que a graça maravilhosa do Natal de Jesus possa despertar a Igreja!

 


 

"Graça maravilhosa! (quão doce é o som)

   Isso salvou um desgraçado como eu!

Uma vez eu estava perdido, mas agora fui encontrado,

   Fui cego, mas agora eu vejo."

(Trecho traduzido da música Amazing Grace)


Estava refletindo um pouco sobre a história da Igreja, mais precisamente sobre os tempos relativamente recentes, entre o final do século XVIII e o início do XIX, quando então um interessante personagem chamou a minha atenção. Trata-se do pastor anglicano John Newton (24 de julho de 1725 — 21 de dezembro de 1807), compositor da belíssima canção religiosa canção Amazing Grace (do inglês: "Graça Maravilhosa").


Para quem não sabe, John Newton, antes de se converter a Jesus, foi capitão de um navio negreiro e traficou escravos. Porém, em certa ocasião, a sua embarcação foi atingida por uma poderosa tempestade que o fez se sentir frágil e desamparado, havendo buscado refúgio na graça divina. Após essa marcante experiência, ele decidiu mudar de vida vindo a se tornar uns dos mais influentes abolicionistas de seu tempo a ponto de haver influenciado os trabalhos do referenciado deputado inglês William Wilberforce (1759 — 1833) em relação a essa importante causa social.


Fato é que, nessa época, apesar de todas as suas contradições, houve no meio da Igreja um movimento genuíno de avivamento espiritual que levou homens e mulheres a lutarem contra o milenar cativeiro de seres humanos e exploração da mão-de-obra escrava. Foram os tempos  em que vários líderes, a exemplo de Anthony BenezetBenjamin FranklinGranville SharpThomas Clarkson e o próprio William Wilberforce, todos autênticos cristãos, abrilhantaram o mundo com a coragem como enfrentaram o forte sistema escravista até então vigente.


Embora naqueles anos sombrios o Brasil ainda se achasse tão distante do abolicionismo, movimento que apenas floresceu entre nós na segunda metade do século XIX, muitas pessoas da sociedade inglesa se engajaram, inclusive mulheres cujos nomes raras vezes a História chegou a registrar. E, segundo relata o jornalista Laurentino Gomes, no segundo volume de seu livro Escravidão, elas organizavam comitês regionais, promoviam reuniões, coletavam assinaturas para as petições públicas e cooperavam no boicote ao consumo do açúcar produzido nas colônias escravistas do Caribe, sendo que citou em sua obra a acertada análise do historiador português João Pedro Marques acerca desse período:


"O abolicionismo era mais do que uma filosofia (...) Era ativista, queria mudar o mundo e tinha um plano de ação política para o conseguir: visava à abolição imediata ou a curto prazo do tráfico de escravos e, a médio prazo, da própria escravidão" (Revoltas escravas: mistificações e mal entendidos, págs 34-35)


Todavia, por mais tenebrosos que tenham sido as décadas do século XVIII, com o tráfico de escravos ainda em alta, eis que uma luz resplandeceu na escuridão pois, de fato, aquele se tornou um momento em que cristãos fizeram diferença no mundo, alcançando resultados. Graças a eles, foi colocado um tijolo a mais na evolução da humanidade, fazendo com que os entes federados do norte dos EUA pusessem fim a essa hedionda importação de cativos nos seus respectivos territórios. Na Inglaterra, em março de 1807, ano do falecimento de John Newton, aprovou-se a abolição do tráfico de escravos a partir do dia 1º de janeiro do ano seguinte.


Refletindo a respeito, minha oração é que os cristãos de hoje sejam despertados para lutar incansavelmente por justiça social e uma boa gestão ambiental nesses tempos atuais. Torço para que as igrejas deixem de cultivar o discurso retrógrado do conservadorismo e passem a se organizar para que os seus membros se tornem pessoas ativas dentro das comunidades onde se encontram inseridos, cobrando mais eficiência das autoridades quanto à escola de seus filhos, a qualidade dos serviços de saúde, o planejamento quanto ao saneamento básico e a boa aplicação dos recursos financeiros pagos com o sacrifício do contribuinte.


Mais do que nunca, os milhões e milhões de cristãos ao redor do mundo precisam colaborar com o desenvolvimento de uma economia sustentável, solidária e inclusiva, socorrendo pessoas em situação de vulnerabilidade, a exemplo do Padre Júlio Lancellotti, em São Paulo, e ampliando a assistência entre os próprios membros para que vivam todos em moradias dignas, tenham acesso a serviços básicos, redes de água/esgoto, e até mesmo a instalação de painéis solares.


Enfim, há muito o que lutar para que os valores graciosos do Reino de Deus se tornem uma realidade na sociedade na qual nos encontramos e os cristãos precisam hoje compreender qual o papel transformador que devem desempenhar.


Um feliz Natal a tod@s!

domingo, 17 de dezembro de 2023

MENSAGEM DE NATAL PARA ATEUS (e crentes também)





JESUS É UM PERSONAGEM FORMIDÁVEL.

Não, não interessa se ele teve existência histórica (como eu acredito) ou se ele foi uma invenção dos romanos (tese também sem nenhuma comprovação).
JESUS É FORMIDÁVEL PELO O QUE ELE É NOS EVANGELHOS. Não, não interessa como foram escritos, quem escreveu, isso não interessa agora. O importante aqui é a mensagem e o impacto dela na história.
NÃO CARECE LEVANTAR POLÊMICAS se ele andou sobre as águas ou ressuscitou mortos (eu acredito que não) mas tais relatos apenas deixam o personagem mais interessante, mais "MÍTICO" no sentido positivo do termo: "ah, aquele cara foi tão grande, tão grande, que virou mito..."
COMO DIZ BOFF, numa construção teológica cheia de significados, "Jesus era tão humano, tão humano, que só podia ter sido Deus..."
JESUS É TÃO PODEROSO que mesmo que não tenha existido, dois mil anos depois da sua "não existência", pelo menos 2 bilhões de pessoas no mundo hoje acreditam nele e tantos outros bilhões creram nele no passado desde que a notícia da sua "ressurreição" (que eu não creio ser histórica, apenas teológica já que outros deuses antigos também "ressuscitaram") começou a correr pela Palestina e depois ganhou o mundo greco-romano.
O HOMEM QUE EMERGE DAS NARRATIVAS EVANGÉLICAS é um homem pobre, simples, talvez carpinteiro, que passou por todos os dramas de crescer e se tornar homem igual a todos os meninos do seu tempo mas que ainda muito cedo se viu com uma missão (impossível?): TRAZER O REINO DE DEUS À TERRA, esperança milenar de todo o seu povo que teria consequências universais.
TOMOU PARA SI A TRADIÇÃO PROFÉTICA MESSIÂNICA, somou isso ao seu espetacular caráter carismático e alguns dons de cura (e nisso eu acredito historicamente já que há outros exemplos desses curadores à época), INCORPOROU AO SEU DISCURSO POLÍTICO-RELIGIOSO o essencial da TORÁ, afirmou-a (não a negou) e estava certo que o povo judeu somente poderia confirmar seu DESTINO ao mundo ao se curvar ao essencial da TORÁ e não ficar "coando mosquitos" como faziam os fariseus, apesar destes também poderem entrar no REINO mas somente depois das prostitutas...

SEU OLHAR ERA DE PURA COMPAIXÃO PELO QUE SOFRIA. Não era inflexível. SUA MISSÃO ERA PARA OS JUDEUS mas quando gentios atravessaram seu caminho lhe pedindo ajuda, ele não se furtou a ajudá-los. A mulher fenícia e o centurião romanos são bons exemplos.
RELATIVIZOU a soberba judaica de ser "povo escolhido, filhos de Abraão" dizendo que Deus poderia fazer filhos de Abraão até de pedras...
O EXEMPLO ÉTICO não foi o sacerdote, nem o levita, e sim, o samaritano (judeus miscigenados desprezados pelos "judeus puros").
O SEU SERMÃO DO MONTE, que não se pode dizer se todo original dele mas a partir dele se tornou mensagem universal, É A MAIS PODEROSA MENSAGEM DE CONVIVÊNCIA SOCIAL JÁ ESCRITA(se soubermos entendê-la de fato)
SE HOJE, o mundo todo passasse a seguir o SERMÃO DO MONTE, na mesma hora o mundo se transformaria. As guerras acabariam, as pessoas viveriam em paz uma com as outras e com Deus.
O SERMÃO DO MONTE é tão poderoso, tão "além do homem" que na prática é impossível praticá-lo sem que o homem se torne um NOVO HOMEM.
A ESSÊNCIA DESSE NOVO HOMEM SERIA O AMOR.
AMOR É O ÚNICO CRITÉRIO que Jesus estabeleceu para se viver no novo REINO DE DEUS, tudo o mais seria descartável e sem VALOR EXISTENCIAL.
NÃO, NÃO INTERESSA SE VOCÊ ACREDITA QUE ELE NÃO TENHA EXISTIDO, se você ler os EVANGELHOS sem PRÉ-CONCEITOS, SE APAIXONARÁ POR JESUS DE NAZARÉ.
SEU FIM TRÁGICO condiz com sua vida vivida autenticamente e tragicamente.
É O FIM TRÁGICO DE UM HERÓI TRÁGICO.
ELE NÃO VIU O REINO CHEGAR...desesperou-se na cruz pois viu tudo ruindo, sua missão chegando ao fim sem um fim desejado por ele.
NÃO, NAZARENO, o mundo continuaria o mesmo...você tocou milhares de pessoas mas não conseguiu mudar a essência do mundo. OS PODEROSOS CONTINUARIAM OPRIMINDO POBRES E FRACOS.
SIM, TEU PAI TE DESPREZOU...A história continuaria a ser trágica mas todo aquele que um dia foi tocado pela sua mensagem, pelos seus atos, pela tua solidariedade, pela tua dor, recebeu um impacto de vida. E PRA ISSO TAL QUAL NEM PRECISARÁ ACREDITAR QUE VOCÊ TENHA EXISTIDO...
COMO NENHUM OUTRO VOCÊ PÔS A RODA DA HISTÓRIA PARA GIRAR.
Mas como disse acertadamente um grande teólogo, VOCÊ COLOCOU A RODA DA HISTÓRIA PRA GIRAR MAS FOI ESMAGADA POR ELA.
FELIZ NATAL A TODOS.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Por mais homofóbica que seja a fala do bispo da IURD, a sua liberdade de expressão precisa ser respeitada



"Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo" (Evelyn Beatrice Hall, em Os amigos de Voltaire)


Recentemente, uma decisão de primeira instância da Juíza Dra. Ana Maria Wickert Theisen, da 10ª Vara Federal de Porto Alegre, nos autos do processo n.º 5067460-38.2022.4.04.7100, determinou a retirada de circulação, em 24 horas, de um vídeo veiculado num programa da Record TV por teor considerado homofóbico. A ação foi movida pelo Ministério Público Federal (MPF) e entidades defensoras dos direitos LGBTQIAPN+ em face da emissora e do bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, senhor Edir Macedo Bezerra.


O processo tem como pano de fundo um programa televisivo apresentado pelo próprio Edir Macedo, na véspera do Natal passado. Numa das falas registradas no vídeo, o apresentador afirmou que "ninguém nasce mau, ninguém nasce ladrão, ninguém homossexual ou lésbica". E, em seguida, destacou que "todo mundo nasce perfeito com a sua inocência, porém o mundo faz das pessoas aquilo que elas são quando elas aderem ao mundo".


Ao conceder a medida liminar, a Juíza considerou que esse tipo de associação feita por Edir Macedo, além de ser ofensiva, "incita a discriminação e a intolerância" contra a comunidade LGBTQIAPN+: "Trata-se de discurso de ódio, que desafia as garantias constitucionais e é repudiado por nosso sistema jurídico, devendo ser combatido por todos os meios". E, ao determinar a retirada da íntegra do programa de todos os meios de comunicação, a  Magistrada afastou a tese de censura e esclareceu que o autor da fala assumiu o risco de ver o conteúdo retirado em razão da ofensividade.


"Trata-se de Ação Civil Pública ajuizada por Aliança Nacional LGBTI+ e Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas - ABRAFH em face da União, Rádio e Televisão Record S.A. e Edir Macedo Bezerra requerendo a condenação dos demandados ao pagamento de indenização por danos morais coletivos e a exclusão de suas redes socais e domínios da internet da íntegra de programa televisivo veiculado em 24 de dezembro de 2022, objeto da presente demanda.

Em aditamento (evento 3, INIC1), o Ministério Público Federal e Nuances - Grupo pela Livre Expressão Sexual requereram ingresso no polo ativo da demanda e pugnaram pela concessão de tutela de evidência para que "seja determinado à empresa ré que retire de imediato a integralidade do referido programa de seus sites, redes sociais, youtube, pod cast e qualquer forma de transmissão eletrônica ou de plataforma de streaming, como forma de limitar o dano perpetrado pelas falas discriminatórias e preconceituosas".

Foi deferida a inclusão dos peticionários no polo ativo e determinada a citação e intimação dos réus para manifestação prévia (evento 5, DESPADEC1).

A Rádio e TV Record apresentou manifestação prévia (evento 19, MANIF3) requerendo o indeferimento da tutela de evidência. Em contestação (evento 22, CONTES1), impugnou o valor da causa, alegou a incompetência do foro, a ilegitimidade passiva e a ilegitimidade ativa do MPF. No mérito, argumentou pela improcedência dos pedidos.

A União (evento 25, CONTES1) alegou, em contestação, sua ilegitimidade passiva, ressalvando que isso não afasta a competência da Justiça Federal. No mérito, sustentou a inexistência de omissão em fiscalizar a programação televisiva e de nexo causal em relação ao dano, requerendo a improcedência de todos os pedidos.

O réu Edir Macedo Bezerra contestou (evento 50, CONTES1) alegando a incompetência da Justiça Federal, a incompetência territorial e a inexistência de ilicitude. Insurge-se, enfim, quanto ao pedido de remoção do material das redes sociais e sites da internet.

(...)

Nos termos do art. 311 do CPC, "A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:"

I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;

II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;

III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;

IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

O Parágrafo único do referido artigo estabelece, ainda, que nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.

No caso, tenho que a tutela de evidência deve ser deferida, nos termos do inciso IV.

É incontroverso que a fala do réu Edir Macedo Bezerra proferida no programa veiculado pela ré Record, na véspera de Natal de 2022, incluiu os seguintes dizeres:

"Você não nasceu mau. Ninguém nasce mau. Ninguém nasce ladrão, ninguém nasce bandido, ninguém homossexual ou lésbica…ninguém nasce mau”.

“Ninguém nasce mau, todo mundo nasce perfeito com a sua inocência, porém, o mundo faz das pessoas aquilo que elas são quando elas aderem ao mundo".

O discurso possui conteúdo evidentemente homofóbico, pois relaciona "ser homossexual ou lésbica" a "ser mau", da mesma forma que "ser ladrão" ou "ser bandido". Em última instância, o orador equipara homossexuais a criminosos. Esse tipo de associação, muito além de ser ofensivo, incita a discriminação e a intolerância contra a comunidade LGBTQIA+. Trata-se de discurso de ódio, que desafia as garantias constitucionais e é repudiado por nosso sistema jurídico, devendo ser combatido por todos os meios.

A exclusão da íntegra do programa televisivo que contém a fala preconceituosa das mídias digitais não se confunde com censura. A censura constitui controle prévio da manifestação do pensamento, o que nem pode mais ocorrer, pois o discurso foi, de fato, veiculado. Trata-se, isso sim, de coibir o abuso de direito, que "nada mais é que o exercício anormal de um direito subjetivo, contrariando sua destinação econômica ou social a boa-fé ou os bons costumes. O ato praticado com abuso de direito é formalmente legal, mas o titular do direito se desvia da finalidade da norma, transformando-o em ato substancialmente ilícito" (TRF4, AC 2006.71.10.001807-0, TERCEIRA TURMA, Relator CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ, D.E. 16/10/2013). 

Tampouco se alegue indevida interferência em matéria religiosa ou desrespeito à liberdade de culto. A Record mencionou, em sua contestação, pronunciamento feito pelo líder da Igreja Católica, afirmando ser, a homossexualidade, um pecado. O pecado é a violação de um preceito religioso, de acordo com a ordem moral professada por determinada religião. Neste assunto, não cabe ao Estado se imiscuir. O réu Edir Macedo, porém, em sua fala exacerbou os limites da condenação religiosa das pessoas "homossexuais ou  lésbicas", sugerindo haver, por elas, o cometimento de um crime - e a tipificação penal é monopólio do Estado.

Considerando que os réus não opuseram prova capaz de gerar dúvida razoável quanto aos fatos constitutivos do direito dos autores, deve ser deferida a tutela de evidência.

Ainda, o fato de o trecho ofensivo constituir uma pequena parte do vídeo em questão não é irrazoável e não impede sua retirada das mídias digitais. O autor da fala, ao proferi-la, assumiu o risco de ver o conteúdo retirado em razão da ofensividade. Nada impede que os réus gravem e veiculem outro vídeo, sem o conteúdo discutido nos autos.

Ante o exposto, DEFIRO o pedido de tutela de urgência para determinar à Rádio e Televisão Record S.A. que proceda à imediata retirada da  integralidade do referido programa de seus sites, redes sociais, youtube, pod cast e qualquer forma de transmissão eletrônica ou de plataforma de streaming.

Prazo para cumprimento: 24 (vinte e quatro) horas, a contar da intimação desta decisão.

Intime-se parte autora para se manifestar, no prazo de 15 dias, inclusive para indicar eventuais novas provas e para falar sobre matérias de ordem pública, tais como legitimidade, interesse, prescrição e decadência.

Intimem-se. Oportunamente, venham os autos conclusos para sentença."


Apesar de não ser nem um pouco fã do referido "pastor" e muito menos frequentador da IURD, entendo que a fala nada edificante (e preconceituosa) do apresentador, infelizmente, deve ser mantida.


Antes de mais nada, precisamos compreender que, para a moral cristã tradicional, principalmente de linha fundamentalista, cuja interpretação da Bíblia se dá quase literalmente, os atos homossexuais são vistos como "pecado", ainda que muitos teólogos liberais entendam de modo diferente e inclusivo, a exemplo do digníssimo pastor e deputado federal Henrique Vieira (PSOL-RJ). Porém, cada grupo religioso, seja evangélico ou não, tem o seu direito assegurado de considerar o que para eles seja visto como certo ou errado, bem como casar numa cerimônia religiosa quem acham que pode contrair matrimônio perante as regras estatutárias da instituição.


Entretanto, voltando ao caso, pelo que conheço das Escrituras Sagradas, não me parece que o bispo da Universal tenha chamado os homossexuais de bandidos ou algo parecido. O trecho do seu discurso me fez lembrar o que o apóstolo Paulo, por algumas vezes, teria escrito em suas cartas do Novo Testamento.


Na sua primeira epístola a Timóteo, pasmem, Paulo cita os homossexuais juntamente com os assassinos, inclusive mencionando os patricidas e matricidas, além dos sequentradores:


"Sabemos que a lei é boa, se alguém a usa de maneira adequada. Também sabemos que ela não é feita para os justos, mas para os transgressores e insubordinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreverentes, para os que matam pai e mãe, para os homicidas, para os que praticam imoralidade sexual e os homossexuais, para os seqüestradores, para os mentirosos e os que juram falsamente; e para todo aquele que se opõe à sã doutrina." (1 Timóteo 1:8-10; NVI)


Igualmente, o mesmo autor sagrado, em sua primeira missiva à Igreja em Corinto, também conforme o texto da Nova Versão Internacional, numa referência à lei mosaica, excluiu da herança do Reino de Deus tanto ladrões quanto homossexuais:


"Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus. (1 Coríntios 6:9-11)


Ora, ainda mais polêmico seria o capítulo 1 da Carta aos Romanos de Paulo, quando o apóstolo parece atribuir a prática da idolatria como causa da homossexualidade, dando a entender que o desejo por pessoas do mesmo sexo fosse um castigo divino aos homens por não terem adorado a divindade que ele considerava a verdadeira:


"porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos dos seus corações, para a degradação dos seus corpos entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém. Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão. Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam. Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis. Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam tais coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam." (Romanos 1:21-32; NVI)


Ocorre que, nos capítulos seguintes, esta mesma epístola do Novo Testamento, ao mesmo tempo, nos dá a chave da compreensão para entendermos o que o bispo Macedo certamente pretendeu dizer. Pois, se lermos atentamente Romanos, Paulo demonstrará que todos os homens estariam debaixo do pecado e sujeitos ao juízo divino, tornando-se carecedores da graça manifesta em Jesus para terem a salvação. Ou seja, não haveria como qualquer ser humano justificar-se diante do Tribunal de Deus por meio de suas ações já que todos somos imperfeitos e transgressores da lei divina. Senão vejamos este trecho do terceiro capítulo:


"Portanto, ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na obediência à lei, pois é mediante a lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado. Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que crêem. Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus." (Rm 3:20-24; NVI)


Apesar de ter minhas críticas a Paulo e também divergir de muitas interpretações acerca das suas cartas, entendo que esses textos do Novo Testamento, por mais homofóbicos que pareçam, precisam ser respeitados como uma livre expressão religiosa. Ainda mais se tratando de obras pretéritas, redigidas num outro contexto moral e legal.


Por sua vez, não podemos proibir ninguém de pregar em cima dessas passagens da Bíblia, exceto se o pregador estiver incitando abertamente o preconceito. Isto é, se na mensagem religiosa houvesse uma espécie de direcionamento a uma pessoa, uma minoria ou grupo da sociedade.


No caso em comento, data venia, confesso não vislumbrar um discurso de ódio contra um grupo social vulnerabilizado, muito embora o discurso fundamentalista religioso de interpretação quase literal das Escrituras Sagradas seja mesmo preconceituoso no sentido amplo.


De qualquer modo, para uma melhor análise, segue a transcrição do sermão polêmico da noite natalina de 24/12/2022, feita pela defesa do senhor Edir Macedo:


"Deus escolheu as coisas vis deste mundo e as desprezíveis e as que não são, para aniquilar as que são. Quem são essas pessoas que foram excluídas, que Deus tem tanta atenção? (...) E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. E, então, dirá o rei aos que estiverem à sua direita, que são as ovelhas: 'Vide benditos de meu pai' e 'possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo'. Aí me diz, porque ele mostra quem são essas ovelhas. Ele lista essas ovelhas, dizendo assim: 'Porque tive fome, e Me destes de comer'. Essa situação, porque de repente você não tem um pão para dividir com a sua família, com seus entes queridos agora. Porque a situação está crítica, mas uma coisa você tem que saber, que Ele citou os famintos como escolhidos. 'Porque tive fome, e Me deste de comer; tive sede, e Me destes de beber; Era estrangeiro, e Me hospedastes; estava nu, e Me vestistes; adoeci e Me visitastes; estive na prisão, e Me fostes ver'. Olha só, então todas essas pessoas são aquelas excluídas da sociedade, que ninguém quer, essa é a realidade. Ninguém quer. Ninguém. Mas, nós da Igreja Universal do Reino de Deus assumimos, digamos assim, a paternidade dessas pessoas excluídas, os famintos, os sedentos, os pobres, os mendigos, os sem-teto, os que estão presos, especialmente você que está preso. Você sabe de uma coisa?! Você sabia que você pode mudar a sua vida aí mesmo onde você está?! Você não precisa de ninguém. Você não precisa estar solto para poder vir na igreja. A igreja vai até você. Você não precisa estar solto para chegar no altar. O altar de Deus vai até você. Aí onde você está. Ele só precisa... você só precisa de uma coisa: falar com Deus. Você crê que Jesus está vivo? Você crê que Jesus vai voltar e vai fazer separação entre bodes e as ovelhas? Você crê que ele vai vir buscar a sua igreja? Você crê que estas palavras aqui são para você? 'Tive fome, e Me deste de comer; tive sede, e Me deste de beber'. Era estrangeira. Quer dizer... A pessoa que era faminta, sedenta, estrangeira, que estava sem apoio, estava nu, adoecida e estava na prisão. Essa gente, Jesus disse, 'quando vocês fizerem alguma coisa para esse pessoal, vocês estão fazendo para mim'. Quer dizer, Jesus está comungando com você aí neste momento, embora você esteja coberto de culpas. Você esteja talvez com a consciência pesada, tem uma tonelada na sua consciência pelo que você fez aqui fora. Mas Deus sabe porque que você fez. Ele sabe da sua situação. Ele conhece perfeitamente o porquê que você chegou aí. Você não nasceu mau. Ninguém nasce mau. Ninguém nasce ladrão, ninguém nasce bandido, ninguém nasce homossexual, lésbica. Ninguém nasce mau. Todo mundo nasce perfeito com a sua inocência, porém, o mundo faz das pessoas aquilo que elas são quando elas aderem ao mundo. Mas, como eu estava falando, o senhor Jesus está com todos aqueles que estão nessa situação de exclusão."


Enfim, pondero que a pregação do bispo nem teve a temática específica da sexualidade, ou da homossexualidade, tal como vejo nas citações das cartas de Paulo aos Coríntios e Timóteo, quando o apóstolo relacionou vários tipos pecaminosos. Porém, como o réu se reportou às pessoas que ele considerou excluídas da sociedade, fazendo menção incidental aos gays e às lésbicas, não vislumbro uma ofensa direta à comunidade LGBTQIA+.


Ademais, também não me parece que o senhor Edir Macedo tenha feito referência aos homossexuais como sendo criminosos, tendo expressado opinião dentro daquilo que a sua moral religiosa (preconceituosa) condena como um pecado.


Ora, lembro bem das aulas iniciais que tive sobre as diferenças entre Moral e Direito na faculdade em que ambos dizem respeito ao comportamento humano em sociedade, em grupo no mundo. 


Pois bem. Enquanto a Moral, seja ela religiosa ou não, trata-se de um conjunto de regras costumeiras de determinados grupos sociais e/ou nações, eis que o Direito procura impor condutas de comportamento humano, geralmente sob pena de alguma sanção.


Em outras palavras, poderá haver pontos de contato entre uma visão moralista e a ordem jurídica, mas não necessariamente tudo aquilo que for tido como imoral para uns será antijurídico para o Estado e vice-versa. E, no caso da homossexualidade, a maioria das igrejas cristãs consideram o ato homossexual pecado da mesma maneira como costumam enxergar uma relação sexual ocorrida fora do casamento, muito embora sabemos que hoje o Direito brasileiro protege amplamente a liberdade de cada um querer fazer sexo com outra pessoa, desde que haja consentimento mútuo, a exceção das crianças.


Concluo que, mesmo sem concordar com o conteúdo da pregação do bispo e fundador da Igreja Universal, até mesmo por entender que a cristandade precisa evoluir em seu pensamento e não interpretar a Bíblia de maneira fechada ou literal, defendo a sua liberdade de expressão. E aí, conforme teria formulado o filósofo francês Voltaire (1694 - 1778), mais de um século antes de ser parafraseado pela escritora inglesa Evelyn Beatrice Hall, nascida em 1868, "detesto o que o senhor escreve, mas daria minha vida para lhe permitir continuar escrevendo".


Como, provavelmente, a TV, o bispo e a União Federal deverão ainda interpor seus respectivos recursos de agravo de instrumento, aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

domingo, 19 de novembro de 2023

Neste domingo, somos todos Sergio Massa!

 



Hoje, mesma data em que nós brasileiros comemoramos o pouco lembrado Dia da Bandeira (19/11), nossos irmãos argentinos voltarão às urnas a fim de decidir em segunda volta quem será o próximo presidente que governará o país deles.


Certamente que o resultado do pleito democrático dos nossos vizinhos sempre deverá ser respeitado como uma escolha soberana da respectiva população, por mais infeliz que seja a decisão, tal como também foi conosco com a terrível vitória de Bolsonaro, em 2018, e nos EUA, com Donald Trump, em 2016. 


Entretanto, se Javier Milei vencer, muitos interesses do Brasil poderão ser frustrados na América do Sul e, talvez, a própria democracia argentina correrá risco.


Em outras palavras, podemos dizer que, neste domingo, estão em jogo o comércio bilateral, os Brics, bem como o próprio Mercosul. E, para falarmos em números, eis que as exportações brasileiras para a Argentina somaram US$ 14,9 bilhões de janeiro até outubro do corrente ano, correspondendo a 5,3% do valor total exportado pelo Brasil no período, enquanto importamos deles US$ 10,2 bilhões...


Seria uma relação desigual? De jeito nenhum, uma vez que a vantagem tem sido recíproca, além de promissora, porque poderemos também crescer desenvolvendo uma importante parceria com a União Europeia.


Ora, tendo em vista que, após as primárias de agosto, Milei já andou dizendo que o Mercosul "deve ser eliminado" e que vai priorizar relações com Estados Unidos e Israel, temos mesmo o que nos preocupar. Inclusive porque, diante de uma eventual vitória do candidato da extrema direita no país vizinho, poderemos ver no continente algo análogo ao Brexit, porém sem plebiscito.


De qualquer modo, os números das pesquisas vêm mostrando uma disputa acirrada entre Milei e o peronista Sérgio Massa, de modo que o resultado deve ser apertado. Por isso, é incerto afirmar quem sentará na cadeira presidencial na Casa Rosada a partir de 10 de dezembro.


Parafraseando o que disse recentemente o Presidente Lula, evitando o governo brasileiro de se comprometer abertamente, torço pela vitória do candidato "que goste de democracia, que respeita as instituições, que goste do Mercosul, que goste da América do Sul e que pensa na criação de um bloco importante". Ou seja, Sergio Massa...


Abaixo a extrema direita!

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

MINISTÉRIO DA JUSTICA, TIO PATINHAS E CV. Ligações perigosas?

 

Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas

Janira da Rocha Silva


A MULHER DO TIO PATINHAS (não aquele pato da Disney mas um líder do CV do Amazonas), LUCIENE BARBOASA FARIAS, visitou o prédio do ministro Flávio Dino.
Quem a levou foi JANIRA DA ROCHA SILVA, ex-deputada do PSOL carioca, militante feminista, socialista e apoiadora de Luís Inácio. Janira foi financiada pela facção criminosa antes da visita.

Em 2010, quando foi eleita deputada estadual, o patrimônio declarado à Justiça Eleitoral por Janira era de R$ 9 mil. Em 2014, quando tentou a reeleição para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), os seus bens foram estimados em R$ 402 mil, uma alta de 4.366%. (A militância socialista lhe fez aos bolsos)

LUCIENE JÁ esteve no Ministério da Justiça em outras duas ocasiões como representante do Instituto Liberdade do Amazonas (ILA), uma ONG que, segundo a polícia amazonense, é financiada pelo tráfico.

O presidente LUÍS INÁCIO, foi às redes sociais defender o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, em meio à crise instalada na pasta.

E finalizou: “Nós reiteramos: não haverá recuos diante de criminosos e seus aliados, estejam onde estiverem, sejam eles quem forem.”

Pelo visto, Luís, os criminosos estão bem próximos do seu governo.

(com informações do Estadão)

terça-feira, 7 de novembro de 2023

COSTUMES SAUDITAS E A PIADA DE TRUMP

 




A Arábia Saudita é um país bem tradicional. Lá feminista não se cria. Ideologia LGBTEtc não existe. Mulheres precisam se vestir tapando todo o corpo, os homens também se vestem de forma tradicional. Nada de bermuda e camiseta na rua. A fé islâmica é central na vida do povo. Piada com Maomé dá ruim(um muçulmano jamais faria isso). Outras religiões são proibidas.

Um lado positivo é que os sauditas são muito hospitaleiros. A hospitalidade é um dos costumes mais marcantes da Arábia Saudita. Os sauditas são conhecidos por sua generosidade e calorosas boas-vindas aos visitantes. (diferente de muito de nós que não suporta receber visita, pior ainda quando não avisa).


Em breve os muçulmanos vão dominar o mundo. A Europa será a primeira a virar um califado. Tudo o que a cultura progressista ocidental ataca hoje é exatamente o que a cultura mulçumana cultiva. Lá não tem essa de mulher dizer que "filho é atraso de vida". Enquanto o índice de natalidade europeu cai a cada ano, dos muçulmanos segue em alta. Lá não tem essa de "homem sensível descontruído", lá homem é homem, o chefe da família.

Filmes lacradores ocidentais (há uma praga disso atualmente) por lá simplesmente não aparecem. Até a comunista China navega nessa vibe. Por exemplo, os jogos onde existe lacração woker por aqui (como o recente jogo do Homem-Aranha 2 onde Peter se diz um fracassado e que Miles Morales, o Homem Aranha negro do multiverso é melhor que ele e deve assumir seu lugar e onde as personagens femininas possuem uma supervalorização em frente aos masculinos), na versão chinesa do jogo não tem nada disso.

Escrevi tudo isso pra mostrar a piada do Trump. Outro costume saudita é que ninguém pode tocar no príncipe do pais. E aí, numa reunião onde o príncipe está, Trump vai lá é....pah!

O olhar do sanguinário príncipe ditador saudita Mohammad bin Salman é o melhor de tudo

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Mas Como Pode?





 DAVID BEN-GURION foi o pai fundador e primeiro Primeiro-Ministro do Estado de Israel. Sob sua liderança, Israel repeliu a agressão dos países árabes que não queriam um estado judeu na Palestina.


Em 1969, Ben-Gurion visitou o Brasil. Nosso presidente era o ditador Costa e Silva. Em São Paulo foi ovacionado pela comunidade judaica em um ginásio do Ibirapuera completamente lotado.

Segundo relatos, em uma reunião fechada com líderes da comunidade judaica, Ben-Gurion, para espanto dos presentes, defendeu que Israel devolvesse os territórios ocupados —com a exceção de Jerusalém Oriental e das colinas do Golã, que julgava serem essenciais para a defesa do país. Defendia também um Estado palestino.

De lá prá ca´, as coisas só pioram na relação Israel-palestinos-árabes. A solução dos dois Estados parece agora mais longe do que nunca.

Reza a lenda, que ao voltar para Israel, olhando pela janela do avião, Davi exclamou:

"Não dá para entender como um país com tanta água pode ter tantos problemas!".


É, de fato, Davi, não dá.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

 




O ATAQUE CRUEL, ASSASSINO, TERRORISTA DO HAMAS tinha um alvo bem específico: Os tradados de Abraão.


O que são(ou o que eram..) esses tratados?

Em 2020, na Casa Branca, uma aproximação histórica estava em gestação. os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein assinaram um acordo de paz histórico que foi um avanço significativo e abriu uma nova era de paz no Oriente Médio. Era a normalização das retomadas das relações desses países com Israel. Logo depois o Marrocos, o Sudão se juntaram à Jordânia e ao Egito que já mantinham relações com Israel desde 1979 e 1994, respectivamente.
Israel e Arábia Saudita também conversavam para estabelecer relações entre os dois países.

Era tudo que o Irã não queria.

Irã é intransigente. A teocracia islâmica fundamentalista que governa o país desde 1979 não reconhece o Estado de Israel e declaradamente quer sua extinção. O Irã financia os grupos terroristas como Hamas e Hezbolah.

O ato terrorista pratico pelo Hamas teria as consequências que o Irã previa: Um contra-ataque devastador de Israel à Faixa de Gaza. Imagens de crianças, homens e mulheres palestinos morrendo, sendo privado de água, alimento e combustível. Um drama humanitário sem precedentes.

Diante das atrocidades resultantes das ações de Israel, os tratados de Abraão estão congelados, talvez, findados. Vence o terror. Vence os fundamentalistas. Perde Israel, perde os palestinos, perde a paz.

Abraão, em seu túmulo, chora com a insensatez de seus filhos.

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

O histórico discurso da Exposição de Atlanta sobre relações raciais

 


Há exatos 128 anos, mais precisamente em 18 de setembro de 1895, o educador e líder afro-americano estadunidense Booker Taliaferro Washington (1856 – 1915) proferia o histórico discurso da Exposição de Atlanta sobre relações raciais. 


Sua fala se deu diante de uma audiência predominantemente branca e começou com um chamado aos negros, que compunham um terço da população sulista dos EUA, para ingressar no mundo do trabalho. Ele declarou que o Sul de seu país era onde os negros tinham sua chance, ao contrário do Norte, especialmente nos mundos do comércio e da indústria. 


Washington disse ainda ao público branco que, em vez de depender da população imigrante chegando à taxa de um milhão de pessoas por ano, eles deveriam contratar alguns dos oito milhões de negros do país, tendo elogiado a lealdade, a fidelidade e o amor dos negros no serviço à população branca, embora alertando que eles poderiam ser um grande fardo para a sociedade se a opressão continuasse. Afirmou que o progresso do Sul estava inerentemente ligado ao tratamento dos negros e à proteção de suas liberdades. 


Todavia, para o sociólogo, socialista, historiador, ativista pelos direitos civis, pan-africanista, William Edward Burghardt Du Bois (1868 — 1963), considerou o discurso de Washington insuficientemente comprometido com a busca da igualdade social e política dos negros nos EUA.


A meu ver, embora Washington estivesse bem distante do ativismo de Martin Luther King Jr., pois, ao que parece, não fez uso da desobediência civil, suas propostas foram coerentes para o seu tempo pois ele pensou no sustento da população negra do Sul dos Estados Unidos através da inclusão dos ex-escravizados e dos descendentes no mercado de trabalho. Inclusive, ele mesmo havia nascido nesta condição e só conseguiu frequentar a escolar após o fim da Guerra da Secessão, em 1865, quando foi libertado juntamente com sua família.


📷: Imagem de Booker T. Washington, feita por Frances Benjamin Johnston , cerca de 1895.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Será que o sindicalismo verdadeiro precisa dessa muleta?!

 


Não entendo por que muitos querem de volta o chamado "imposto sindical" que era aquela contribuição descontada obrigatoriamente da remuneração dos trabalhadores uma vez por ano mas que a reforma trabalhista, apesar de muitas críticas, se encarregou de dar um fim. Para entender melhor, vejam a redação do artigo 582 da CLT antes e depois das mudanças ocorridas na época do então Presidente Michel Temer:


Antes da reforma: "Art. 582 – Os empregadores são obrigados a descontar, da folha de pagamento de seus empregados relativa ao mês de março de cada ano, a contribuição sindical por estes devida aos respectivos sindicatos".

Depois da reforma: "Art. 582 – Os empregadores são obrigados a descontar da folha de pagamento de seus empregados relativa ao mês de março de cada ano a contribuição sindical dos empregados que autorizaram prévia e expressamente o seu recolhimento aos respectivos sindicatos."


Pode-se dizer que, na prática, essa contribuição era o ganha pão de muitas associações sindicais no país, as quais arrecadavam dos trabalhadores, quer fossem sindicalizados ou não. E os associados, além de terem a contribuição sindical descontada, pagavam uma mensalidade.


Com o fim da contribuição sindical obrigatória, muitos sindicatos passaram a ter dificuldades financeiras e até agora não se levantaram. Outros, porém, passaram a prestar melhores serviços ao trabalhador e compensaram as perdas aumentando o quadro de associados


Todavia, cerca de seis anos depois, o Ministério do Trabalho defende que o atual mandatário do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva, proponha a volta do "imposto sindical". De acordo com o projeto, a taxa será vinculada ao acordo de reajuste salarial e poderá representar mais de três dias de trabalho em contribuição por parte do empregado. Segundo o ministro do trabalho Luiz Marinho afirmou ao jornal O GLOBO,


"Não existe mais imposto sindical obrigatório. Mas uma democracia precisa ter um sindicato forte. O que está em debate é criar uma contribuição negociável. Se o sindicato está prestando um serviço, possibilitando um aumento salarial, é justo que o trabalhador não sindicalizado pague a contribuição. Se ele não aceitar pagar a taxa, é só ir à assembleia e votar contra"


É certo que os sindicatos muitas das vezes trabalham em benefício de trabalhadores associados e não associados. Porém, embora uma parte dos serviços prestados pelos sindicatos possa abranger trabalhadores não filiados e que não estejam atualmente contribuindo voluntariamente com uma mensalidade associativa, tenho preocupações a respeito da volta do "imposto sindical" já que nem sempre encontramos associações que sejam de fato atuantes.


Verdade seja dita que a força real de um sindicato não está necessariamente no dinheiro arrecadado. Pois é o engajamento, a participação, o diálogo com o associado, a transparência nas ações da diretoria e a motivação que fazem diferença num trabalho de luta coletiva por dignidade. Pois penso que de pouco adianta um sindicato arrecadar milhões por ano se o trabalhador mal sabe de sua existência. Afinal, a verdadeira força está no trabalhador participativo que, ao acreditar e se envolver com o trabalho, certamente vai querer também contribuir na medida de suas possibilidades e interesse. 


Vamos acompanhar!

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Enrolou...


 


É difícil defender uma tese

Quando a antítese está na sua sala

Sentada no seu sofá

Bebendo uma coca-cola 

domingo, 13 de agosto de 2023

As amarras do Brasil segundo Ciro Gomes

 






Ao básico: crescer é quando uma loja nova abre e outra não fecha e quando uma indústria nova abre e outra não vai à falência. Para isto é necessário que as famílias consumam mais. Para isso é preciso  que elas tenham mais renda e mais crédito, e que o governo, no curto prazo, incremente seu investimento em infraestrutra.

Mais que isso: é fundamental que haja um ambiente institucional estimulante e, no medio e longo prazo, toda a nação econômica ganhe produtividade. Isso só é obtido com notáveis ganhos em educação, ciência, tecnologia, inovação e com a disseminação das práticas produtivas da economia do conhecimento entre todos os empreendedores. Em especial entre aqueles de nossas imensas periferias urbanas e rurais.


Miséria de massa, pobreza extrema e educação precária não permitem desenvolvimento. É necessário ainda que haja idealmente uma total formalização da economia. Em economês: formação bruta de capital alta – ou pelo menos em elevação – crédito acessível, ocupação da capacidade instalada ociosa do aparato produtivo, agregação de valor nos bens e serviços produzidos, entre outros.


NADA disto está acontecendo no Brasil! Ou acontece de forma marginal, episódica, insuficiente e insustentável.

Como é o caso de fazer promoção de venda de estoques de carros e de linha branca ou subsidiar passagens aéreas com renúncia de tributos. Uma aberração falsamente simpática, porque a conta está sendo espetada nas costas do povão e da minúscula fração de nossa igualmente sofrida pequena burguesia.


O “cash back” do governo à industria automobilística moribunda, seria, por exemplo, dinheiro suficiente para pagar TODAS as cirurgias eletivas, dos que hoje vegetam em uma fila maior que um ano de espera. Sem falar das doenças graves, como  o câncer, em que o tempo perdido decreta morte certa. É a tragédia do nacional consumismo movido a lobbies e fisiologia .

Voltemos aos índices.


LEIAM E GRAVEM estes números porque não demora e todos perceberão a realidade que está por trás deles.


Nada menos que 1,7% dos 1,9% de crescimento anotado como base para a “euforia” artificial da propaganda – e para alentar os interesses do dominante setor financeiro -, foram produzidos pelo agronegócio, tão satanizado pelas generalizações preconceituosas.

A safra de soja foi 21% maior do que a do ano passado e foi colhida no primeiro trimestre. Mas não haverá este efeito doravante.


Ora, este setor, incluindo, até a ponta, os serviços de transporte, responde por no máximo 25% de nossa economia. Isso significa que os demais 75% do aparato produtivo brasileiro respondem por pífios 0,2% deste “crescimento”.


Ou seja, confirmado pela máxima que diz que os números não mentem jamais, significa que a economia que verdadeiramente emprega e gera renda pública está parada ou em queda. A melhor lição a tirar para quem sonha e luta para mudar o Brasil seria a de perceber porque isso acontece.


De novo, é o modelo!

O neoliberalismo turbo financeirizado ao extremo – praticado unicamente no mundo pelo modelo brasileiro – teima em desconhecer pelo menos três assimetrias. Fecha os olhos para três diferenças críticas entre nossas condições nacionais de produzir e trabalhar versus a concorrência que enfrentamos no mercado nacional e no comércio exterior: custos e perfil do financiamento, sofisticação tecnológica e escala.


O empreendedor rural brasileiro é, por media, extraordinário mas não há nenhuma razão para supor que sejam melhores ou tão melhores que nossos empreendedores urbanos. É o modelo! A agropecuária está protegida dos aberrantes juros brasileiros por pesados subsídios públicos no crédito a ela destinados.


Enquanto não se sabe nem remotamente (apesar da propaganda pesada) o que será da reforma tributária (falaremos disto no próximo tópico desta carta), o fato é que sobre o agronegócio brasileiro a carga tributária efetiva é mínima ou quase nula, diferentemente da enorme carga sobre os setores formais da economia urbana (vale lembrar, indústria inclusive construção civil, comércio e serviços).


Só para se ter uma noção, a agricultura tem um crédito presumido de, no mínimo, 25% nos tributos sobre valor adicionado para descontar (tendo pago ou não) no imposto devido nas outras etapas entre produção e comercialização. Só isto já evidencia a brutal diferença de tratamento dado pelo Estado brasileiro (esquerda? Direita? Centro? Tanto faz) ao poderoso mundo rural brasileiro.


E ai de nós se não fizéssemos isso, porque a realidade é complexa.

Na balança comercial brasileira o buraco nas contas de manufaturados se aproxima de U$ 130 bilhões de dólares. Quem tapa este rombo é o agro, o petróleo e a mineração. Está na EMBRAPA, ou seja, na mão do estado, o fio da meada que produziu e segue produzindo ganhos excepcionais de produtividade no campo brasileiro. Não era possível produzir soja no cerrado, antes da pesquisa e da tecnologia promovidas pelo estado nacional brasileiro.

Hoje já se produz trigo em pleno semiárido do Ceará e com primeiros números de produtividade muito estimulantes. Felizmente temos TECNOLOGIA de ponta no campo. Mas, enquanto isso, infelizmente regredimos na economia urbana.


A regressão é tamanha que talvez tenha nos deixado em uma insuperável distância das vanguardas do mundo da economia do conhecimento. Tudo causa de nossas práticas desfasadas por baixo investimento público e privado.

E, paradoxalmente, tropeçamos também em detalhes de escala global. Na nossa posição de membro do clube dos três maiores produtores mundiais de alimentos temos volume para competir vantajosamente, na área rural, com qualquer país do mundo.


Mas, absurdamente, importamos do estrangeiro  quase metade de nossos custos de produção. É atividade portanto “hedgeada” ou seja, o que se perde e se ganha com as brutais variações em nossa taxa de câmbio meio que se compensa no tempo. (Exportar manufaturados com câmbio valorizando artificialmente o Real é impossível. Importar com moeda artificialmente “forte” é moleza).


As distorções e oscilações no câmbio, na verdade, influenciam em quase tudo. Na prática, com a manipulação da taxa de câmbio sai mais barato, por exemplo, sair de São Paulo para Miami do que visitar Fortaleza ou Natal. Os governantes usufruem de popularidade transitória e quebram o País.


Mas a falência do modelo e suas outras causas e consequências produzem saldos ainda mais trágicos: 35 anos de democracia eleitoral resultam em 70 milhões de humilhados nas listas do SPC/SERASA; mais da metade da economia estão na informalidade; temos a pior concentração de renda entre todas as economias organizadas do mundo e nossa industria de transformação, base sem a qual a nova economia do conhecimento não acontecerá, caiu de quase 30% para quase 11% do PIB, de 1980 para cá. Um número que ostentávamos no longínquo ano de 1908!

O desemprego permanece em renitentes 8,6% e temos o pior salário mínimo da América do Sul, exceto o da Venezuela com seu regime autoritário e disfuncional. Sem esquecer uma questão crucial: o desempenho pífio nas avaliações de qualidade na educação nos fazem vislumbrar um futuro ainda mais ameaçador.


O nosso perfil demográfico é igualmente preocupante pois o crescimento populacional ainda é alto mas em rápido declínio. Crescemos ainda a quase 2 milhões de pessoas por ano, mas estamos envelhecendo mais rápido do que qualquer nação já envelheceu, o que significa que está se fechando o generoso bônus demográfico que tínhamos neste período .

Reformas são muito menos difíceis de promover quando há muito mais gente jovem engajada no esforço produtivo do que idosos dependentes de seguridade social. Mantidas as esperanças, temos que ter clareza de que a realidade demanda outra atitude política de nossos governantes e de nossa sociedade.


O Brasil só começará a ter potencial de mudança, no que verdadeiramente interessa, se alcançarmos taxas mínimas de crescimento entre 4% e 5% ao ano. (Ainda assim, demoraríamos 30 anos para alcançar o atual padrão de desenvolvimento humano da Espanha, por exemplo). Este é o patamar a partir do qual a economia passa a produzir renda acima de eventuais ganhos de produtividade (está acontecendo hoje nas atividades melhor remuneradas e somente aí).

Só a partir deste numero de crescimento as receitas públicas poderão indicar melhoras substantivas no investimento em infraestrutura (hoje aplicamos menos de um terço do mínimo necessário só para dar manutenção ao que já temos), mas especialmente no enfrentamento inadiável de um choque educacional, cientifico, tecnológico e de inovação (hoje aplicamos muito menos de um quinto do necessário para um País como o nosso de renda intermediaria e com tantos potenciais).


A última taxa de investimento total conhecida, colhida já no inicio do segundo trimestre de 2023 está atolada em míseros 16,6% do PIB. Não chegaremos  a 5% de crescimento sem algo ao redor de 21% de investimento.

E esta taxa de poupança doméstica não é consequência de conversa fiada ou de otimismo, é consequência, não me cansarei de repetir, de arranjos institucionais que a política e somente ela é capaz de fazer.


Mesmo com toda esta gravidade e urgência, não se está fazendo nada para resolver os problemas estruturais, a não ser na retórica apressada dos que nos governam todos estes anos. Uma retórica enganadora que classifica como sérios meros arranjos superficiais e estruturalmente inconsequentes.

Lembremos, para ficar em dois exemplos recentes, as propaladas reformas da previdência social e do sistema tributário. Tudo refletindo o conformismo mais asfixiante que já vi na nossa chamada sociedade civil.


“É o que é possível”, isso o que mais se ouve entre os que nos governam. Um vergonhoso álibi

para a falta de projeto, para o governismo fisiológico e corrupto, para a falta de imaginação institucional ou pura e simplesmente para a covardia mais vergonhosa de sequer tentar. Sei que não é fácil. Mas não tentar é crime de lesa pátria. Se não buscarmos soluções efetivas, estaremos delegando esta tarefa para arqueólogos ou historiadores que pesquisarem, no futuro, os escombros de uma ex-nação.


Por óbvio, deixo de comentar, hoje, a aberração da taxa de juros brasileira, uma equação que, quase sozinha, poderia explicar a absoluta impossibilidade de crescimento econômico entre nós. Pois se a remuneração dos papéis do governo é mais alta que o lucro da atividade econômica esta, simplesmente, pára!


Simples de entender: quem tem dinheiro prefere a renda fixa sem riscos ou trabalho, sem produzir um prego. E, quem não tem, evidentemente não vai produzir com dinheiro emprestado para ter um lucro menor que os juros que tem de pagar aos bancos. O pior é que frente a relutância burra e suspeita da atual diretoria do Banco Central, bastaria uma simples iniciativa do presidente da República.


Pois, mediante provocação do Conselho Monetário Nacional (os ministros da fazenda e do planejamento o controlam) ele poderia demitir a direção do Banco Central, tendo só que submeter esta medida ao Senado Federal, onde acabou de obter votação consagradora para a homologação do nome do seu ex advogado para vaga no Supremo Tribunal Federal. É, portanto, questão politica por definição.


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Ciro Gomes

Ciro Gomes.com.br

Viva São Cosme e São Damião!

Aí um texto publicado no Facebook pelo historiador e deputado Chico Alencar que confere um bom sentido às crenças religiosas e aos costume...