DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

por Matheus De Cesaro


Cresci ouvindo falar que o Brasil sempre foi um país de todas as raças e de todas as cores. Sempre escutei dos mais antigos que o Brasil é "como coração de mãe", sempre cabe mais um, mais dois, ou ainda uma família inteira. Partindo desta premissa, eu quero iniciar este artigo enfatizando uma pergunta que talvez todos se façam, mas tenham receio de compartilhar:


"Por que o dia da consciência negra?"


Seria uma comemoração pela mais pura e bela conscientização da luta pelos direitos igualitários, ou simplesmente o desejo inconsciente (em alguns casos consciente) da criação de um grupo privilegiado lutando unicamente e exclusivamente pelos seus interesses e anseios? Me pergunto, e lhe pergunto: Até que ponto uma comemoração como esta contribui e influencia de forma legitima na luta contra a discriminação, o preconceito e a garantia de que tenhamos direitos iguais para todos?


Não sei quanto a vocês nobres amigos confrades, mas eu percebo que os defensores mais ferrenhos de tal comemoração, na sua grande maioria estão em defesa de uma posição separatista em todos os aspectos possíveis, sejam eles sociais ou profissionais. Há um esforço muito claro na formação de guetos, e um empenho muito nítido na luta por privilégios e tratamentos diferenciados, e isso com todas as forças (até mesmo de forma desproporcional). Fica no ar a sensação de que estão exigindo uma recompensa, uma espécie de retratação pelos séculos de sofrimentos que seus antepassados sofreram, principalmente nos períodos da escravidão. 

Eu tenho plena consciência de que os negros foram humilhados, explorados, marginalizados, massacrados e sofreram as maiores barbáries que se possa imaginar. Por isso penso que seja inadmissível que uma pessoa em seu perfeito juízo não repudie toda e qualquer ação que conote em discriminação e preconceito, ou qualquer forma de escravidão que venha ser adotada. O que não coaduna com meus pensamentos e afirmações em relação a este assunto de variados pontos de vista e incontáveis fatores de análise, esta ligado exatamente a defesa de que histórias de sofrimentos venham resultar em classes de pessoas favorecidas. Não há como ser a favor de que pessoas recebam vantagens em relações as outras, porque seus antepassados foram explorados, escravizados e sofreram por elas. Isto na minha forma de compreensão do mundo, e do que seriam "direitos humanos e iguais", trata-se da abertura de precedentes para que no futuro vivamos entre classes especificas e separadas, em meio a um povo dividido por privilégios e pela disputa em provar qual contexto histórico é mais triste ou digno de ser respeitado. Falamos de um mecanismo que opera como alimento, fortalecendo o preconceito, a divisão, as rixas, e principalmente a simples e natural convivência entre seres humanos, que independente de raça, etnia, credo ou qualquer outra esfera são todos iguais.

Se a data comemorativa em questão tivesse um efeito real na configuração atual em que estamos inseridos, ela sozinha não seria suficiente. Precisaríamos criar no Brasil o "dia da consciência indígena""dia da consciência nordestina""dia da consciência asiática""dia da consciência austríaca""dia da consciência italiana", e tantas outras datas que trariam a memória os sofrimentos dos filhos de uma nação construída por pessoas que se viram obrigadas a abandonarem seus países na esperança de uma nova vida, uma nação que recebeu fugitivos do pós guerra, uma nação que tem em sua história uma trajetória repleta de sofrimentos, e de pessoas que literalmente foram desculturizadas e forçadas a esquecer  e renunciar suas raízes, não por escolha, mas sim porque a vida lhes submeteu a tal processo, derivado de mentes doentias e tiranas.

Eu já imagino, que neste momento você esteja pensando: "muitos foram oportunistas, e viram no Brasil apenas um bom negócio", e eu vou concordar com você. Sim, é verdade. Mas em contrapartida vou lhe convidar a refletir com a seguinte indagação: "que mal reside em buscar novos horizontes em uma outra nação, estando minimizadas as oportunidades em sua própria nação? A que nível fica nosso senso de equidade nesta questão?".

Vamos imaginar um cenário onde de uma hora para outra, todas as etnias que possuem um passado marcado por sofrimento e sangue fossem beneficiadas por privilégios como cotas em universidades, concursos públicos e nas seleções para recebimento de benefícios federais. Me pergunto: O que aconteceria com o conceito de "meritocracia"? Seria de fato, uma medida justa com aqueles que nas mesmas condições não se acomodaram, e nem se entregaram ao coitadismo, empenhando-se e dedicando-se para alcançar as melhores oportunidades? Eu fico aqui imaginado onde poderia encaixar o sentimento de "auto realização" do ser humano, caso todos que tenham um contexto histórico de sofrimentos viessem a exigir direitos exclusivos? Tem algumas coisas que não entram em minha mente turrona.

Hoje em dia é muito comum (para não enquadrar como modismo) o surgimento de grupos em defesa de ideia que visualizam preconceito em tudo (até mesmo neste artigo), ideias que limitam o ser humano e que são ultra tendenciosas a criação de possíveis "síndromes de inferioridade" que se camuflam nestas supostas lutas por "direitos iguais". Minha postura é em contrariedade a qualquer ideia que se adicione um pensamento onde se detecte "seleção racial", como "orgulho negro" ou "consciência negra", ou seja la qual for a raça ou etnia que se acrescente a conotação de serem "especiais". Pois penso que ninguém deva nutrir orgulho por ser negro ou branco, pardo ou amarelo, brasileiro ou estrangeiro, ou seja lá o que for. Nosso orgulho deve estar ligado ao fato de sermos corajosos, capazes e determinado em conquistar nosso espaço por nós mesmos, da forma como somos. Independente das diferenças, já vivemos em uma sociedade materialista, desumana, seletiva, e extremamente competitiva, onde como já diria o poeta, "filho chora e mãe não vê". Não consigo visualizar ou entender qual é o beneficio coletivo que se tem ao criar e defender ideias onde se elevam algumas raças e etnias "A, B ou C", em detrimento de outras. Direitos iguais não seriam exatamente condições iguais a todos?

É necessário compreendermos que hoje não é só o negro que sofre injustiça, que sofre com as desigualdades sociais deste país. É claro que em uma escala quantitativa, os negros são a maioria nas classes menos desenvolvidas, o que requer um cuidado maior, porém não especial e por meio de privilégios. É essencial que se perceba que os grandes problemas que enfrentamos hoje, já não são mais problemas raciais, e sim sociais e políticos. Problemas que todos nós precisamos enfrentar todos os dias. E mesmo que se utilize do fator "burguesia" para defender esta ideia de que os negros estão em desvantagem, seria um equivoco atribuir privilégios aos negros, e sim deveriam ser atribuído privilégios aos pobres, dos quais entre eles estão os negros, os brancos, os pardos, enfim, toda espécie de raça e etnia. Esta ai uma boa ideia, "dia da consciência pobre" kkkkkkk.

Por isso, mesmo ciente da represália, mesmo sabendo que não serei compreendido por muitos, e sabendo que talvez receba alguns elogios bem equilibrados, eu deixo aqui o meu grito de protesto, não pela maioria, e nem pelas minorias, mas pela totalidade, pela igualdade das raças, pela justiça social para todos, pelo fim da exploração de qualquer ser humano, pelo negro, pelo branco, pelo pardo, pelo índio, pelo homem, pela muher, pelo brasileiro e pelo estrangeiro, enfim, pelo ser humano!

Comentários

Anônimo disse…
Nobres Amigos Confrades,

Aproveitando o feriado em questão, o qual gera polêmicas. Aproveito para vos deixar aqui um texto onde busquei refletir sobre alguns, dos muitos pontos de vista e fatores que permeiam e norteiam este assunto. Espero que analisem de forma justa, e que emitam seus pareceres sem serem tendenciosos. Há algumas perguntas que me faço, e que encontro dificuldades para encontrar as respostas. Como aqui só tem "crânio", vai que vocês consigam me auxiliar!

Um fraterno abraço a todos1
Eduardo Medeiros disse…
Nem li ainda o texto mas vou logo dizendo que opinar sem tendencias, é impossível....kkkkkkkkkkkkkkkkk
Levi B. Santos disse…
Quando se fala em “Dia da Consciência Negra”, vem logo á mente o caso de Zumbi dos Palmares.

A leitura atual desse herói “anti-escravagista”, mais uma vez, mostra o paradoxo humano, representado pelas duas faces da figura mítica.

O lado avesso da história do Quilombo dos Palmares, diz que Zumbi possuía um séquito de escravos, como a comprovar que, lá no fundo, o desejo (inconsciente) de todo escravo é ser como o seu Senhor.

“O senhor só o é porque é reconhecido como tal pela consciência do escravo” (Vide dialética ― “ O Senhor e o Escravo”, de Hegel)

Acho que esse tema vai render muito, e como sempre, poderá (por que não?) descambar para o lado da religião. (kkkkkkkkkk)
Eduardo Medeiros disse…
Matheus, antes de entrar "nos trabalhos", queria dizer que eu, por sugestão do EDSON, limitei os marcadores temáticos. Eles podem ser vistos ai na coluna direita. Era verdade que havia uma infinidade de marcadores, o que dificultava qualquer pesquisa. Então, amigo, por favor, procure colocar seu texto dentro de um dos marcadores existentes. Se você achar que nenhum deles abarca o seu texto, então crie no máximo, dois.

Obrigado.

Ainda não li o texto (rss) mas vou logo dizendo que o Zumbi adorava dar uma de "senhor"...rss
Mariani Lima disse…
Seu texto é interessante. Muito bom mesmo mas concordo com o edu, talvez seja difícil manter uma imparcialidade por aqui. Pense num pais que tem um dia da consciência negra mas que consciência negra mesma não tem nenhuma. O negro por aqui continua tendo : cabelo "ruim", nariz de "batata"e menos oportunidade e no caso das mulheres ainda tem a bunda grande que é extremamente ofensivo para alguns, acredite (bunda- aliás palavra de origem africana, "grande" colaboração para nossa língua segundo os livros das escolas que dedicavam no máximo 3 parágrafos para descrever a parcela de colaboração do povo africano por aqui ). Aproveitando o gancho é na escola que cedo aprende-se que os europeus eram os conquistadores, desbravadores, ricos fazendeiros, fundadores, catequizadores,descobridores, e os negros : escravizados,catequizados, adoradores dos orixás (vulgo demônios)...veja.. não dá para competir...não há consciência. Não se pode desejar que sejam tratados com igualdades ícones formadores de uma nação que desde sempre foram tratados com imensa diferença. Pergunte a alguém quando ouve áfrica o que pensa e certamente ouvirá "pobreza" - pergunte sobre a europa e ouvirá: riqueza, cultura. Não foi explicado que a africa é rica e que a riqueza da europa em grande parte saiu de lá em forma de saque.Não se explicou de forma que uma consciência tivesse sido de fato formada nesse nosso país. Não quando até hoje os mitos gregos são mitos, os mitos africanos são os demônios. Então, Matheus quando no dia da consciência negra, precisa-se dizer que Zumbi não foi um santo e no dia da proclamação da republica não se questiona as razões de um monarquista ter proclamado a republica, e nem no dia 21 de abril ninguém escreve nada que questione a imagem de um herói nacional chamado tiradentes "sair na foto com a cara de Jesus", só se pode desconfiar que alguma coisa ainda está errada. Penso que na verdade pode-se criar um atrito e até ofensas interaciais, mas sabe, esse dia é para o negro, é o momento do negro aprender a ter auto estima, é hora desse povo que lota as favelas, lotarem as universidades sim, é uma mão fraca que se estende mas por hora tem que se gritar: Viva o tosco zumbi para quem sabe um dia, quando houver minimante igualdade, a gente possa gritar: viva a igualdade. Novamente minha experiência em escolas pública, onde vc deve saber a maioria é composta de negros e ditos pardos é lá nessa escola pública as coisas são feitas, criadas, para não darem certo e para que se perpetue o de sempre: mão de obra semi-escrava, barata e na escola particular cara não é assim, lá onde o negro ainda é minoria as coisas são executadas para darem certo e perpetuar o de sempre: conquistas, oportunidades, comando.Não estou feliz nem satisfeita com esse dia, mas estou querendo, torcendo que ele funcione, que os negros aceitem que são negros, tomem suas cotas tão mal vistas, ingressem em suas faculdades e que futuramente com plena consciência possam celebrar seu herói tosco sem explicações, sem precisar dizer que ele era humano e por isso era sórdido. E que pelo amor de Deus não sejamos mais acusados de sermos os "maiores preconceituosos", pois diante do panorama apresentado à grosso modo, nem se pode chamar de preconceito.É fuga! Não se pode ter orgulho do que não dá orgulho! Valeu, Zumbi!

Anônimo disse…
Ok... Não havia percebido tal detalhe.
Anônimo disse…
Nobre Amiga Mariani,

Seu comentário poderia ser chamado de 'texto em contrapartida" rsrsrs... O que é de fato excelente para que possamos discorrer pelo que proponho. Quando falo em não ser tendencioso, faço uso de ironia, pois sei que um assunto como este, que transita pelo campo da psique humana, é quase que impossível não ser tendencioso. Eu por exemplo me esforço para não ser tendencioso, porém sem sucesso.

A primeira figura lendária que se recorre, ou que se lembra quando falamos na história dos negros do Brasil é o caríssimo Zumbi. E eu seria um louco, ou ingênuo se não considerasse tal lembrança justa e aceitável aqui no Brasil. Lembrar e honrar os feitos do “Zumbi dos Palmares” é um ato de reconhecimento muito sublime, pois trata-se de uma história de relevância grandiosa sobre a conquista da liberdade pelos escravos negros do século XVII, e também não deixa de ser uma figura de destaque na construção história deste país, talvez até mais importante que muitos que levam maior honra. Mas até ai tudo bem.

Agora lhe pergunto onde esta a consciência negra em movimentos que difundem racismo, e alimentam complexos de inferioridade pessoais reais dentro de um contexto coletivo inexistente? Onde uma pessoa cria em sua mente um "ideal", e os transfere para as demais mentes criando um pensamento coletivo negativo e completamente preconceituoso. Como por exemplo esta menina do link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=1uC_a0lskfY

Exalando preconceito, ódio, raiva, e tantos outros sentimentos negativos, e que não condizem com grande parte dos negros deste país, ela difunde preconceito, ou um ato de "consciência negra"???

Fico feliz em saber que você não faz parte desta classe de demagogos que lutam contra a discriminação e o preconceito, tendo como principal arma o racismo. Isso é um tanto quanto estranho. Levantar a bandeira da consciência negra com um discurso destes é para mim é constrangedor.
Anônimo disse…
Continuação da resposta a amiga Mariani....

Quando olhamos para as favelas, encontramos lá muitos negros, muitos pardos, e muitos brancos. E, estes estão lá porque são brancos, negros ou pardos? É óbvio que não. Estão lá porque vivemos um país onde a má distribuição de renda é uma de suas principais características. Quando afirmo que hoje, embora ainda haja muita discriminação, a raiz de todos os problemas não é mais racial, é exatamente por este motivo, por questões sociais e politicas que atingem todas as raças. Eu cresci na periferia, no subúrbio (embora no Frases de Efeito a poucos dias fui chamado de burgues, e alguém teve até o trabalho de buscar uma foto minha em um evento social para publicar e comprovar minha pseudo´-riqueza, um paletó e uma gravata kkkkkkk) e conheci muito negros e muitos brancos pobres. Uns se esforçaram, estudaram e cresceram na vida por mérito, outros não, e hoje quando converso com muitos deles, o que mais lhes da alegria e o direito de poder dizer, "tenho porque conquistei". Ao meu ver a consciência negra deveria ser a compreensão de que "os negros também podem".

Culpam o homem branco brasileiro de os escravizar. Tudo bem, isso de fato é algo que me envergonha. Mas até onde eu sei, eles já eram escravos na Africa, e foram vendidos como escravos, o que não garante que lá eles estariam melhores, a não ser pelo fato de que morreriam em sua terra natal. As vezes eu vejo alguns negros de sucesso no Brasil reclamando uma ratratação, e eu fico me perguntando: Se seus antepassados não tivessem vindo para o Brasil, tivessem ficado na Africa. O que ele seriam? Será que seriam artistas de renome, como hoje são? Será que seriam politicos influentes como hoje são?

Observe que não estou me referindo aos negros em seu contexto geral. Me refiro aos movimentos que difundem um afro-coitadismo e dissiminam preconceitos. E que pasme a amiga, não são apoiados pela maioria. Conheço muito negro, e negra ponta firme, responsa, que não apoia e nem suporta esse coitadismo que se debruça sobra um passado histórico de garra, determinação e coragem. A poucos dias falava com um amigo negro, de familia pobre, mas que com esforço se tornou um ótimo advogado, e ele me falava da vergonha que tem destes movimentos.

Por isso reforço uma de minhas perguntas no texto:

"Seria uma comemoração pela mais pura e bela conscientização da luta pelos direitos igualitários, ou simplesmente o desejo inconsciente (em alguns casos consciente) da criação de um grupo privilegiado lutando unicamente e exclusivamente pelos seus interesses e anseios?"
Anônimo disse…
Nobre Amigo Levi,

Esta ai uma questão que foge um pouco do discurso tendencioso e emocional comum a questão.

Todo escravo sonha em deixar de ser escravo para então ser livre para escravizar. E isso se comprova na história da humanidade. Era muito comum na antiguidade, povos que viviam como escravos, quando se tornavam livres de seus senhores, ou pela força conseguiam tal liberdade, criarem seus súditos. Tipo a lei do mais forte, em um ciclo de ordens e obediência. Seria este desejo de comando e chefia algo natural e inerente a natureza humana?
Valéria Gomes disse…
O dia da "consciência humana" seria muito melhor. Acho que quem inventou o dia da "consciência negra", estava de olho no feriadão no meio da semana. rsrsrsrs...Beijo, queridos!!!
Mariani Lima disse…
O que eu sei e o que eu te disse é que o que hj alguns se perturbam como a busca de um espaço de "privilégio" que na verdade é apenas uma correção histórica, não se pode falar ainda em pé de igualdade diante dos dados que vc deve conhecer melhor até do que eu pois se propôs a escrever sobre o tema. Quanto ao vídeo que foi falado na mídia, q não representa o meu pensamento, ele é extremamente ofensivo por duas razões: primeiro, pois somos um povo que "não tem preconceito" somos um povo que não tem problemas raciais e quando uma pessoa vem e joga uma coisa dessas na cara de todo mundo, poxa que susto! Mas me pergunto se esse racismo ele não existe velado (e do dos dois lados) e daí vem o segundo aspecto do vídeo que é terrível: a racista, a que levanta o nariz é aquela que segundo o senso comum deveria ter a consciência de que o racismo não leva a nada. Ela, a negra não pode ser racista como zumbi o herói negro tinha que ser legitimamente herói. Então, essa é a leitura que eu faço: a verdade dói! Tem absoluta certeza que poderíamos mas não vem o caso, publicar aqui inúmeros vídeos que poderiam explicar, e até fazer compreender de onde nasce esse tipo de reação exacerbada.
Como eu gostaria que se chegasse o momento da tal consciência humana que ainda não existe e nesse ponto toma preto, branco, gordo, nordestino (como vc falou), Quanto ao fato de culpar o branco, penso que não é essa a questão da maioria, acho que não se trata de culpar o branco pela escravidão, ciente que esse pensamento era um pensamento legítimo para época e que não foi inaugurado por aqui, mas tb não sei se trata-se de agradecer o pensamento escravocrata pelo pelé ter tido ancestrais que vieram para cá num navio negreiro, trabalhado na lavoura para ele ser um grande star do futebol brasileiro hj em dia rsrs...
Mariani Lima disse…
Matheus , obrigada pela atenção. Espero que tenha ficado claro e se não ficou aproveito o espaço para esclarecer que não achei seu texto tendencioso, apenas quis apresentar um pouco do que compõe a minha visão. Não sou caolha, vejo que há erros, que há reações exacerbadas por parte dos movimentos mas tb acho que não se pode apenas tirar o valor da luta, do dia, do pensamento de resgate por conta disso. Abração.
Anônimo disse…
Nobre Amiga Mariani,

Longe de mim desmerecer a luta dos negros. Desde que seja de forma consciente e com respaldo histórico legitimo, e não manipulado. Ainda mais trazendo em sua bandeira a expressão "consciência". Nesta luta, mesmo sendo contrário a qualquer espécie de militância, eu militaria com prazer.

Você fala que alguns privilégios, se trata de uma correção histórica. Mas porque correção histórica?

Os negros que vieram como escravos ao Brasil, tinham qual posição na Africa? Eles tinham posses? Ou eles já eram escravos, e apenas foram vendidos para outros senhores? Já parou para pensar na hipótese de ter sido uma providência terem vindo ao Brasil? Afinal, foi aqui que conquistaram liberdade, e começaram a construir uma história digna. Ou seria exagero meu dizer que se permanecessem como escravos na Africa talvez não tivessem as oportunidades que hoje eles tem?

Será que teriam um Pelé, um Chico Cesar, um Joaquim Barbosa, um Gilberto Gil, um Tony Tornado, e muitas famílias bem sucedidas e bem direcionadas?

Não estou dizendo que isso justifica as atrocidades que foram cometidas no passado, e muito menos que deveriam ser gratos. Apenas quero mostrar que há diversos outros pontos a serem analisados que as vezes a cegueira da emoção não nos permite ver.

Meus antepassados sofreram muito também. Minha vó por parte de pai era descendente de austríacos, e seus antepassados chegaram ao Brasil fugindo, nos períodos do pós guerra. Comeram o pão que o capeta amassou, e mesmo assim, nossa familia sempre batalhou para conquistar seu espaço. Nossos problemas estão longe de serem raciais, são sociais e politicos, e nesta pegada, entra todas as raças.

Anônimo disse…
Quando falo acima em "história digna", não me refiro a falta de dignidade na escravidão ou anteriormente a ela, e sim a construção de uma vida sem estar debaixo do jugo. Tenho minhas dúvidas de que conseguiriam isto na Africa com sucesso.
Anônimo disse…
E vale lembrar que no Brasil 50% da população é afrodescendente. E penso eu que é incoerente afirmar que sendo metade da nação, eles não estejam inseridos na economia do país. Esse assunto não pode se resumir simplesmente a uma "retratação histórica", tem muitos outros fatores que merecem uma análise justa. O que não percebo nos movimentos.
Eduardo Medeiros disse…
Olha, o comentário da MARI é excepcional. Contrapôs com brilhantismo ao texto não menos inteligente do MATHEUS. Ambos souberam destacar bem os problemas que existem em cada lado dessa questão. A história todos nós conhecemos. Tenho consciência (olha ela aí rs) de que há um racismo velado na sociedade brasileira, mas não concordo com quem diz que o Brasil é um país racista, como se aqui houvesse a hedionda separação que houve no apartheid africano e americano.

Os escravos foram libertos dos seus senhores para voltarem a serem escravos da "imobilidade social" que existiu no Brasil durante muito tempo. Hoje temos negros (e nascidos pobres) galgando importantes cargos na sociedade, mas ainda à duras penas.

Enfim, sou contra os movimentos que querem dar "consciência negra" aos negros, colocando os brancos como se fossem o grande mal a ser vencido. Isso é perigoso e não vale a pena tomar esse caminho. Nesse processo, precisavam de um herói, e quem mais a não ser Zumbi para ocupar esse lugar. Mas como em todo movimento ideológico, o herói é sobre-humano, idealizado, impoluto. Fizeram isso de Zumbi - transformaram-no num santo messias, esquecendo o outro lado da história.

Espero que os movimentos negros exijam dos nossos governantes uma ótima escola pública, desde a creche até o ensino médio. O racismo já é crime por aqui (e inafiançável). Só uma educação boa e democrática para quem não pode pagar escola particular (os pobres, sejam brancos ou negros) poderá "colorir de negro" os espaços sociais onde só existem quem chegou lá por terem dinheiro e boa educação.

À princípio é isso.
Mariani Lima disse…
Matheus quanto a história pregressa dos africanos, quem eram seus senhores eu não poderei te dizer agora o que seria apenas uma fria pesquisa no google e ele certamente me daria algumas respostas mas tenho amigos historiadores que fizeram trabalhos de pesquisa nessa área e poderão se houver tempo para isso me explicar com maiores detalhes o que seria a cultura africana sem a tabua se salvação vinda . O que sei é que por ser um continente dividido havia sim guerras internas como há até hoje, assim como os povos indígenas tinham suas guerras tribais, mas havia tb comércio do marfim,do ouro, muito ouro havia cultura e havia obviamente a identidade. Então por mais que eu seja uma pessoa flexível, eu não faço esse exercício de pensar o que seria o pelé, o chico cesar se não fosse a escravidão para nos trazer até aqui. É o mesmo que dizer que se minha mãe fosse uma roda eu poderia ser bicicleta ou se não fosse hitler o judeu que mora na minha esquina não teria casado com uma brasileira e os seus netinhos brasileiros não teriam nascido. Heil Hitler ! rsrsrs... Mas pode ficar tranquilo que não há cegueira emocional alguma, eu apenas estou apresentando um lado de que talvez, muito talvez, haja um leve fator histórico que fez com que os negros (na maioria) tenham saído da senzala e continuem povoando favelas, sub empregos... e como vc não defendo regalias mas tb não acho um absurdo que se defenda um orgulho, um dia de consciência e memória quando ainda hj um negro é retirado de uma loja no barra shopping sem nenhuma explicação aparente, simplesmente porque a cor da sua pele o torna um ser suspeito e ninguém suspeita as razões disso.
Anônimo disse…
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Anônimo disse…
Nobre Amigo Eduardo,

"...movimentos que querem dar "consciência negra" aos negros, colocando os brancos como se fossem o grande mal a ser vencido.."

Esta frase conota exatamente o grande erro dos movimentos atuais. Colocam o negro como o chapeuzinho vermelho e o "homem branco" como o lobo mau da história. O vídeo da menina, o qual pincei o link em um dos comentários, foi comemorado, enaltecido e divulgado como fruto de uma atitude corajosa e empenhada na luta por esta tal reparação histórica. Quando assisti pela primeira vez, não sabia se chorava ou ria de tamanha estupidez.
Anônimo disse…
Mariani,

Quando falo em "cegueira emocional", me refiro a um contexto coletivo, não tome para si tal afirmação. Isso diz respeito a ligação sentimental, emocional e até espiritual que o negro tem com a história. O que faz com que mesmo as afirmações mais lógicas e contextualizadas com a nossa realidade não tenham valor algum em relação a dor sentida pelos antepassados e que por herança permanece viva no inconsciente coletivo dos afrodescendentes.

O ponto que quero chegar e enfatizar retornando as origens, lá na Africa, não é saber o que seriam dos que construíram uma vida bem sucedida aqui, como os que citei, e ainda milhões de outras pessoas negras que fazem parte desta nação e possuem uma vida da qual sintam orgulho, não por serem negros, mas por terem conquistado lutando. Isto foi apenas pano de fundo para enfatizar que os negros que aqui chegaram como escravos, já eram escravos na Africa. Não foram trazidos a força e pela vontade dos senhores feudais brasileiros, mas sim, foram comprados, estavam a venda, tinham um preço. E chegando aqui, encontraram um cenário em nada diferente do que já estavam acostumados a presenciar. O ouro, o marfim e os tesouros da Africa não passavam pelas suas mãos, e sim ficavam com os europeus. Estes sim, os grandes devedores.Penso que lançar a cobrança de uma correção histórica sobre o povo brasileiro, como se todo o contexto histórico de sofrimento e desalento fosse responsabilidade nossa é um pouco apelativo.

Agora quanto aos casos de expulsões de shoping's, bares, escolas, locais públicos e afins, isto é uma vergonha. E geralmente estão relacionados a casos específicos, e não poderia ser atribuído a um resultado da cultura brasileira. Penso eu que esta mais do que na hora de acabar com esta lendária história do chapeuzinho vermelho (negros) e do lobo mau (brancos). Só alcançaremos uma evolução verdadeira quando conseguirmos discursar e viver pela totalidade, e não pelas partes.
Mariani Lima disse…
Matheus, O Paulo só estuprou a Maria porque o joão e o André tinham estuprado primeiro. Então o Paulo que estuprou por último não fez nada de mais pois o estupro já vinha sendo realizado.
Já nem precisa mais concordar que há uma necessidade de resgate de uma das culturas formadoras dessa nação não. Esqueça esse negócio de consciência negra, só não esqueça de pesquisar, perguntar a alguém a partir de quando os africanos começaram a ser escravizados e tentar retirar esse estigma de que se não fossem os europeus os africanos estavam perdidos, não esqueça de perguntar como acabei de fazer agora um amigo para descobrir se na africa existia matemáticos, sacerdotes, artesãos, comerciantes de ouro, marfim, e uns FDP rsrs... até que foram colonizados e escravizados.
A vergonha de expulsão de bares, shoppings tem a sua origem, que não conseguimos reconhecer quando temos fala que não só nomeia chapeuzinho e lobo mal, mas que faz até parecer que a chapeuzinho era apetitosa, deu sopa, tinha mais é que ser comida mesmo. Mas estou tentando, estou certa de que eu fiz uma leitura equivocada do seu texto. Vou ler de novo, não hj pois eu acho que vou continuar entendendo errado. Para terminar, o valor do europeu, de suas conquistas, que são verdadeiras, sua linda e magnífica cultura não podia antes e não pode agora causar essa desigualdade Matheus. Somos humanos e a consciência humana passa até por isso, de reconhecer sim que MESMO NÂO CONCORDANDO COM O MODO E A FORMA, as ações têm reações. Séculos de escravidão não poderiam redundar em nada.

Abraço, fica com Deus! Amanhã retorno.
Anônimo disse…
Mariani,

"...se não fossem os europeus os africanos estavam perdidos..."

Não entendi o que quis dizer com isso. Ainda mais tendo eu dito que os grandes devedores são os europeus, exatamente pela exploração que iniciaram.

"...O Paulo só estuprou a Maria porque o joão e o André tinham estuprado primeiro. Então o Paulo que estuprou por último não fez nada de mais pois o estupro já vinha sendo realizado..."

Aqui você faz uma comparação estapafurdia, pois a Maria não estava a venda, não era um produto, o estupro conota violência forçada. Eu sei que é dolorido, é triste, e é desumano, mas a realidade é esta, o negro naquela época tinha se tornado um produto. Se tinha quem os vendesse, era lógico que haveria quem os comprasse, mesmo sendo uma prática desumana,

Quando mencionei que o ouro e o marfim não passava nas mãos dos negros, me referia exatamente ao estupro (aqui a palavra cai bem) ao qual os europeus submeteram a Africa,

Não sei se ha necessidade de você ler o texto novamente, penso que você deva reler o que você escreveu neste último comentário. Que ao meu ver, esta mais emocional do que racional. A um passo de me xingar pelo fato de eu não concordar com uma reparação histórica e apresentar argumentos lógicos para isso.
Anônimo disse…
Olá Valéria,

Eis ai uma alternativa bem interessante. kkkkkk
Mariani Lima disse…
KKKKKKKKKKKKKKKKK Hj já é amanhã. Matheus, não concordo com as suas finalizações e nem vc com as minhas, mas só quero deixar claro não quis te xingar não . Achei seu comentário tão estapafurdio quanto vc achou o meu e te acho igualmente pouco racional em seus comentários. mas novamente, não quis em nenhum momento te ofender pessoalmente.Fora de cogitação mesmo! Espero falar com vc em outra oportunidade onde quem sabe possamos concordar. Desculpe a má impressão. Fica com Deus!
Anônimo disse…
Mariani, Mariani, porque me persegues???

Poderia levar seus risos como uma afronta... Mas não, até mesmo porque pelo tempo que lhe conheço, sempre demonstrou ser uma pessoa bem equilibrada, sensata e justa. Mas é óbvio que neste tema não chegaremos a um denominador comum, infelizmente a concordância nem sempre é possível.

Para resumir meu ponto de vista, e para que este artigo não fique sendo um diálogo restrito a nós mesmos sobre a validade ou não de uma reparação histórica, vou definir aqui o que considero uma atitude de consciência na prática, e o que busco fazer valer:

"Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas..."

Acima eu citei alguns do artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, dotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Penso que fazer exercicio disto anula a necessidade de adotar discursos sectaristas em prol de raças "a" ou "b" Mariani.

Agora penso que podemos explorar um pouco mais das questões abordadas.

Como por exemplo:

O sentimento de auto realização dos negros. Como sente-se o negro ao perceber que mesmo tendo mil motivos para se entregar a lamúria, decide lutar e se torna alguém bem sucedido pelas suas forças, habilidades e atitudes? E como seria o sentimento de auto realização se caso conquistassem uma vida realizada,como resultado de uma reparação? Qual cenário seria de maior alegria?

Ou ainda, qual o impacto que causa no inconsciente coletivo da população negra os discursos como o da menina do vídeo? Até que ponto esta sendo saudável a manutenção deste orgulho negro?
Caro Matheus,

Bom dia!

Pode-se dizer que as políticas afirmativas, mais precisamente as cotas nas universidades e no serviço público (recente proposta da Dilma através do PL n.º 6738/2013), são medidas de caráter temporário que têm por objetivo tirar do papel a Lei nº 12.288, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial. Esta norma determina, em seus diversos artigos, ações capazes de proporcionar um tratamento mais isonômico entre as raças.

Como sabemos, a desigualdade entre brancos e negros também se replica na composição racial dos estudantes das universidades e dos servidores da administração pública em todas as esferas. Os dados demonstram que, embora a população negra represente 50,74% da população total, eis que, no Poder Executivo federal, a representação cai para 30%, considerando-se que 82% dos 519.369 dos servidores possuem a informação de raça/cor registrada no Sistema. Tem-se assim, evidência de que, ainda que os concursos públicos constituam método de seleção isonômico, meritocrático e transparente, sua mera utilização não tem sido suficiente para garantir um tratamento isonômico entre as raças, falhando em fomentar o resgate de dívida histórica que o Brasil mantem com a população negra.

Para solucionar a problemática apontada, entende-se ser necessária a adoção de política afirmativa que, aplicada durante um período, torne possível aproximar a composição dos servidores da administração pública dos percentuais observados no conjunto da população brasileira. Pressupõe-se que diversas outras ações fomentadas pelo Estatuto da Igualdade Racial (algumas das quais já implantadas, como é o caso da reserva de vagas em universidades) impactarão também no ingresso de negros pela ampla concorrência, constituindo a reserva de vagas proposta um avanço significativo na efetivação da igualdade de oportunidades entre as raças, garantindo que os quadros do Poder Executivo federal reflitam de forma mais realista a diversidade existente na população brasileira.

A adoção de tal medida vem ao encontro do entendimento acerca da necessidade de diversidade na administração pública, considerando seu papel na formulação e implantação de políticas públicas voltadas para todos os segmentos da sociedade, e conjuga, ainda, elevado potencial de incentivar a adoção de ações semelhantes tanto no setor público quanto no setor privado, fazendo cumprir determinação da Lei n.º 12.288, de 2010, que, em seu artigo 39, dispõe que “o poder público promoverá ações que assegurem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a população negra, inclusive mediante a implementação de medidas visando à promoção da igualdade nas contratações do setor público e o incentivo à adoção de medidas similares nas empresas e organizações privadas”.

No mencionado PL do Poder Executivo, justifica-se o prazo de dez anos para a ação em face de sua natureza afirmativa, cuja efetividade deve garantir seu caráter temporário, e pela dificuldade de se quantificar o impacto sistêmico de outras ações afirmativas sobre os ingressos de negros no serviço público pela ampla concorrência. Considera-se, portanto, de grande importância a avaliação do alcance da medida proposta no médio prazo, bem como o exame periódico pelo órgão responsável pela política de promoção da igualdade étnica de que trata o § 1o do art. 49 da Lei n.º 12.288, de 20 de julho de 2010.

Conforme declarou recentemente a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), em defesa das cotas no serviço público, “não estamos defendendo um segmento. Essa não é uma causa do negro, é uma causa brasileira, e queremos contar com o apoio de todos”. E para a deputada Iara Bernardi (PT-SP), as cotas no serviço público vão corrigir a dívida que o País tem com os negros. Segundo ela, com a Lei Áurea, “houve libertação, mas não houve o acompanhamento de práticas para dar cidadania a esses cidadãos”.
Anônimo disse…
Nobre Amigo Rodrigo,

Obrigado,pela sua participação e contribuição.

Meldon Hollis, diretor da Iniciativa da Casa Branca para Universidades e Faculdades Historicamente Negras, ao analisar a situação e o desenrolar desta questão sobre as cotas no Brasil, afirmou que se tratava de uma medida paliativa e que não produziria grandes resultados.

Em entrevista a Folha de São Paulo ele disse:

"...Não saberemos se as cotas vão funcionar até que passe um tempo mínimo para que seja feita uma avaliação. Sabemos que esse modelo trará algum progresso. Mas não sabemos se trará a solução para o problema de divisão racial. O Brasil não é os EUA. Nos Estados Unidos, apenas 10% da população é negra, enquanto no Brasil 50% são afrodescendentes. Não é possível que metade da população fique fora da economia do país. Precisamos ter um progresso imediato no sentido de reduzir a desigualdade racial por aqui. Uma coisa diferente nos EUA é que as pessoas negras têm suas próprias instituições desenvolvidas por eles próprios porque a educação era totalmente segregada. Essas instituições existem há cerca de 150 anos. Muitos líderes negros saíram dessas escolas, como Martin Luther King. No Brasil, é diferente..."

Fico me perguntando: Se nos EUA, onde não representam um quarto sequer da população, os negros com esforço, empenho, debaixo de humilhações, e chacotas foram capazes de construir uma história de conquistas. O que esta faltando para os negros brasileiros que compõe metade da nação?

Gente, nunca tivemos uma nação segregada. É preciso entender que são as bases politicas que precisam ser remexidas e abaladas, e isso não vai acontecer com afro-coitadismo, é preciso coragem, vontade e garra para conquistar. Nos EUA eles não esperaram uma gratificação, eles fizeram por si, e construíram uma história de sucesso. Porque apenas a Faculdade Zumbi dos Palmares? Não poderíamos ter diversas outras faculdades no país, sendo a metade da população negra? Me parece mais comodo sentar e cruzar os braços cobrando do governo uma atitude, e choramingando pelo passado, do que fazer a diferença.

Há sim injustiças, com certeza. Mas há também nesta loucura toda, muita malandragem.
Anônimo disse…
Mas sabe o que me deixa mais triste Rodrigo?

É o fato de saber que uma argumentação contrária aos objetivos dos movimentos afro é considerada afronta, desrespeito e se torna motivo para ser rotulado de preconceituoso e até em casos mais extremos de racista. Ou se concorda com tudo, ou se é inimigo. Há desta forma como desenvolver meios em que uma esperança de totalidade de direitos seja uma realidade?

Orgulho Negro é lindo, Orgulho Branco é monstruosidade. Essa polarização embora seja real é faça parte de todo um contexto histórico, bem que poderia deixar de ser o ponto mais forte da questão.
Mariani Lima disse…
Matheus, como já falei antes, estava expondo meu ponto de vista e vc está levando para o lado pessoal, não quis te xingar, não estou acusando pessoa branca de coisa alguma (já situei a escravidão na história em comentários acima) e nem estou te perseguindo! E acho até que vc desprezou a minha fala anterior por completo para comentar dessa maneira.
Agora um questionamento sobre o seu questionamento: o que faz do que eu disse a ação do negro menos merecedora de alegria que isso que vc falou? Eu falei sobre o resgate, e valorização cultural e até mesmo a questão das cotas (que não citei mas parece ser a questão) . Deixe eu lembrar que as cotas existem há muito tempo só que eram para brancos( que não são culpados, só herdeiros de um estereótipo de domínio) e não era institucionalizada. Quando em vagas de emprego lia-se: Precisa-se de vendedoras (necessário boa aparência) - era melhor uma negra nem aparecer por lá. A cota já estava declarada, mas isso não era ofensivo até que se colocou a voz no trombone. rsrs...Ligue a sua televisão e observe o marketing e veja em um pais de maioria parda e negra , a cota, conte-a nos dedos.O negro tb não é culpado disso (apenas herdeiro de um estereótipo do dominado)
Agora seguindo seu questionamento sobre a alegria que o negro deve ter em trilhar seu próprio caminho .eu fico pensando como teriam sido mais felizes e ricas as classes dominantes do passado lavando suas próprias privadas, suas próprias ceroulas e quem sabe como teriam sido mais felizes os senhores de e se tivesem massacrado, vendido e feito fortuna com a venda de seus próprios corpos. Pensar que cada centavo do deu dinheiro saiu do seu próprio corpo. Teria sido lindo e nem precisaríamos de consciência negra e nada disso. (Já q é pra pensar eu estou pensando).


Prezado Matheus,

Bem sabemos que, nos EUA, existem sistemas de quotas embora haja críticas por parte dos conservadores de lá.

No caso brasileiro, há quem diga que o problema seja mais de natureza sócio-econômica, o que acaba coincidindo com a condição da maioria negra que suponho ser mais de 50% visto que nem todos os afro-descendentes assim se declaram por terem uma pele mais clara (minha esposa Núbia seria uma delas em que você só poderá confirmar as suas origens quando passa a conhecer minha sogra que tem uma pele mais escura).

A verdade é que, como disse a deputada, “houve libertação, mas não houve o acompanhamento de práticas para dar cidadania a esses cidadãos”. E não podemos nos esquecer que, mesmo com a Lei Áurea da princesa Isabel, o Brasil continuou tendo leis racistas durante as várias fases republicanas. Das senzalas os negros vieram para os cortiços e para as favelas. Foram empurrados para a marginalização.

De fato, o sistema de cotas, por si só, torna-se paliativo. Não basta assegurar vagas numa universidade se a educação na escola pública continua ruim porque muitos alunos ainda serão eliminados no vestibular ou nem concluíram o ensino médio. Porém, mesmo entre os pobres, há que se considerar as diferenças existentes entre brancos e negros, analisando-se estatisticamente.

Em relação à valorização social do negro, acho muito importante dentro da sociedade porque, como bem sabemos, houve uma padronização arquetípica do branco durante séculos. Ainda hoje existem inúmeras expressões do "orgulho branco" que, necessariamente, não se identificam desta forma. Quando se promove uma festa reconhecendo o valor dos imigrantes italianos, alemães, espanhóis e portugueses não estamos valorizando a raça branca? Mas, quanto aos negros, muitas são as origens dos que vieram para cá trazidos como animais em navios negreiros de modo que havia até muçulmanos que sabiam ler e escrever mas que receberam o mesmo tratamento de quem vivia nas tribos por causa da cor da pele.
Anônimo disse…
O problema de sua argumentação esta no fato de escrever como se escrevesse para alguém que defende as atrocidades que cita. Talvez por isso não tenha considerado seu comentário anterior como não considerarei este. Afinal de contas, em momento algum defendi ou justifiquei alguma das atrocidades que você citou em seu comentário.
Anônimo disse…
Nobre Amigo Rodrigo,

O sistema de cotas pode ser um progresso. Mas abre precedentes para maluquices sem tamanho. Por exemplo, o abobado do deputado estadual capixaba Rogério Medina (PMDB) que a pouco sugeriu um projeto de lei onde 10% das vagas em concursos públicos deveriam ser de evangélicos.

É claro que uma coisa não anula a outra, Mas você pode ter certeza que ele irá fazer uso da argumentação de que assim como os negros, os protestantes também foram perseguidos, massacrados e possuem um histórico de sofrimento similar.

Você concordando ou não trás a tona o grande "X" da questão. Voce fala em raízes de natureza sócio-econômica, e eu concordo em parte. Pois não considero que esta seja a raiz, e sim o produto. A raiz é a escravidão e os velhos engenhos. Só que isso já não existe, mas infelizmente refletiu fortemente no decorrer da história.
Levi B. Santos disse…

A dialética entre Matheus e Mariani ocorreu em bom nível. Mas ficou no ar um pouco do que o Edu profetizou ― o “tendencioso” que habita em nós. (rsrs)

No meu comentário lá em cima, eu frisei a dialética de Hegel, sobre o “Senhor e o Escravo”, ― porque entendo que essa relação, sendo levada para o lado de nossos afetos internos, ajuda a percepção de que internamente ou em nossa psique é permeada por dois anseios, aparentemente paradoxais: o de submissão e o de independência (reconhecimento).

A psicanalista, Maria Rita Kehl, falando sobre o “Ressentimento na Sociedade Brasileira”, diz algo que achei pertinente trazer a esta sala de debate:

“ Distantes da condições sociais dos países chamados de Primeiro Mundo idealizado e invejado, contentamo-nos em ser reconhecidos internacionalmente, a partir da imagem de povo alegre, despreocupado e sensual que o colonizador fez de nós[...] . [...] Hoje, a sociedade, orquestrada pela televisão repete o estereótipo formado a partir da herança indígena e negra que se traduz na fantasia do país do carnaval, da batucada, das mulatas e da ‘macumba-para-turistas’ que nos identifica aos olhos do estrangeiro. Tal compromisso nos impede de levar a reparação das injustiças às últimas conseqüências. Temos pressa de perdoar os ‘inimigos’, com medo de parecer ressentidos ― mas o afeto que não ousa dizer seu nome, esconde-se justamente nas formações reativas do esquecimento apressado, tão característico na sociedade brasileira.

A batalha parece se travar entre “culpados” e “ressentidos”:

O ressentimento, diz ela, ”seria algo como uma cobrança indireta de um bem cedido ao outro por submissão (ou covardia). Instalado no lugar de queixoso, o ressentido acusa. Sua reivindicação não é clara: ele não luta para recuperar aquilo que cedeu e sim para que o outro reconheça o mal que lhe fez ― uma espécie de vingança imaginária”. (esse trecho em itálico, cai exatamente naquilo que o Matheus, convencionou como coitadismo ) - rsrs

Quando se comemora o “Dia da Consciência Negra” com o propósito de realçar o duelo entre “Culpados” X Ressentidos, perde-se uma oportunidade de cada um se confrontar consigo mesmo ― como disse Matheus, respondendo ao meu comentário em que focalizei o “o dilema hegeliano do “Senhor e do Escravo” ― que muito bem se encaixa nesta discussão:

“Esta ai uma questão que foge um pouco do discurso tendencioso e emocional comum a questão” (Matheus)



Anônimo disse…
Nobre Confrade Levi,

Lembra lá no principio de meu artigo a pergunta que fiz:

"Seria uma comemoração pela mais pura e bela conscientização da luta pelos direitos igualitários, ou simplesmente o desejo inconsciente (em alguns casos consciente) da criação de um grupo privilegiado lutando unicamente e exclusivamente pelos seus interesses e anseios?"

Aponto aqui duas hipóteses que ao meu ver são pertinentes. A primeira de uma parcela dos afrodescendentes que de fato estão a desenvolver uma conscientização acerca da busca pelos direitos igualitários. Direitos que em em 1948 foram expostos na famosa Declaração dos Direitos Humanos. E, estes não me preocupam, e possuem meu apoio integralmente, sem reservas.

Minha preocupação paira exatamente sobre a outra parcela que cito. Os que inconscientemente buscam essa reparação, não por sentirem-se rejeitados, ou algo parecido. Mas por trazerem consigo inconscientemente esta ideia de "divida a ser paga", por alimentarem um ressentimento que canalizado pode reproduzir ódio, violência e resultar em uma sequência de comportamentos arcaicos.

Quando se dá vazão ao inconsciente magoado, o que menos se tem é consciência. Pois as emoções tornam-se vulneráveis, e tudo que for lógico e contextualizado perde todo o sentido. A vingança que diz ser imaginária, torna-se real, e tudo isso, pode mais cedo ou mais tarde desencadear em consequências nem um pouco positivas.

Quando a Maria Rita diz,

"...ele não luta para recuperar aquilo que cedeu e sim para que o outro reconheça o mal que lhe fez..."

Ela afirma exatamente o que a grande maioria não aceita.

Mariani Lima disse…
Matheus, o problema é que vc está colocando vc no centro. Só escrevi em direção a sua pessoa pois éramos nós dois dialogando, poderia ter sido outra pessoa. Fico triste que desconsidere as minhas falas,seja qual for pois afinal vim aqui comentar sua postagem. Não o ofendi e nem acusei vc de nada, suspeito que além de desconsiderar vc nem leu. Mas ok. Não costumo vir muito por aqui mesmo pois nunca acerto a mão em meus comentários. Uma pena. Valeu!
Anônimo disse…
Mariani,

Eu li sim seus comentários. Mas seria muito estranho se eu considerasse um comentário onde você cita fatos históricos de atrocidades, como se eu os tivesse defendendo. Quando li seu primeiro comentário lá em cima, eu disse ter sido um texto em contrapartida, e de fato foi. Foi o seu comentário que abriu as portas para este diálogo, que ao meu ver, embora truncado esta muito produtivo.

Agora convenhamos, foi exagerado comparar um ciclo de escravidão inevitável da época, com um caso de estupro em sequência. Tirando esta afirmação, e o fato de em alguns momentos estar dissertando como se eu fosse o alvo, todas as suas argumentações contribuíram e muito para as informações que juntamos nesta postagem.

Lhe peço sinceras desculpas se me portei com deselegância com você, em nenhum momento foi minha intenção.

E não valeu não. Sem essa de dramatizar dizendo que não acerta a mão nos comentários. Sua contribuição neste artigo esta bem acima da média.
Anônimo disse…
Nobres Amigos Confrades,

Essa tal consciência negra não seria exatamente a libertação de uma "gaiola" afro de ressentimentos?
Eduardo Medeiros disse…
Uma questão social: por que será que grande parte de negros brasileiros quando alcançam sucesso em alguma área, especialmente na música e no futebol, fazem questão de desfilar por aí com uma branquela a tiracolo? rsss

Eduardo Medeiros disse…
Queridos confrades, creio que já chegamos a um denominador comum mas ainda não percebemos isso.

Os comentários da MARI fizeram um contraponto excelente ao texto, mas me pareceu (me corrija se eu estiver errado, Mari) que eles podem dar a entender que o MATHEUS é contra a luta social dos negros por melhores condições na sociedade brasileira. Ele não é.

O que ele é contra e eu concordo, é que tal luta seja feita com a polarização negros/ofendidos/coitados versus brancos/opressores/racistas. Essa polarização não é boa para o Brasil.

Mas como negar que o Brasil, tendo metade da população negra, tenha tão poucos negros nas universidades em cursos de medicina, engenharia? É por que os brancos impedem que eles tenha acesso a educação? Não.

No dia que o Brasil tiver de fato, educação para todos, seremos um país mais justo, sem tantas desigualdades raciais.

Mas e enquanto essa educação para todos não chega? Aí se abre um grande campo do que se poderia fazer de forma emergencial, e as cotas entram nessa discussão. Eu sou a favor das cotas em universidades. É uma política ruim, mas parece que pode fazer algum efeito a longo prazo.

Mas me pergunto: quem é o negro que consegue entrar na universidade pública se ele sempre estudou em colégios públicos ruins? Aqueles que que se esforçaram e a despeito de tudo, buscaram o conhecimento. Por isso acho que a cota para estudantes que sempre estudaram em escola pública seja mais justo, pois ela contempla aquele aluno, branco, negro ou pardo, que tiveram que estudar em colégios ruins a vida toda, mas que não se deixaram vencer pela irresponsabilidade dos nossos governos em não ter a educação como prioridade máxima.
Eduardo Medeiros disse…
o meu comentário anterior, sobre o negro que faz sucesso e quer desfilar com louras peitudas é uma provocação; mas também é para dizer que tais negros não estão muito empenhados nessa polarização de que o "branco é o inimigo" - no caso, A branca...rss
Eduardo Medeiros disse…
Isso tudo sem falar no "tempo histórico" da questão. A escravidão era legal na antiguidade, e até a Bíblia a apoia com algumas ressalvas. Paulo, por exemplo, pedia para os escravos obedecessem em tudo a seus senhores e que os senhores fossem justos com os escravos.

Se fôssemos parte da nobreza naqueles tempos, todos teriam nossos escravos. (que nem sempre era negro)
Donizete disse…
"O dia em que pararmos de pensar em consciência Negra,Amarela ou Branca e passarmos a pensar na Consciência HUMANA,o racismo desaparecerá"

- Morgan Freeman
Mariani Lima disse…
Eduardo, Devo ter uma enorme dificuldade de me expressar. Pois em nenhum momento quis dizer que o matheus é CONTRA a luta dos negros e nem QUE EU SOU A FAVOR DE LUTA DE NEGROS POBRE COITADOS E OFENDIDINHOS . Já teclamos há tanto tempo, e vc sabe que não sou dada a extremo algum. Eu apenas apresentei o outro lado, só me indignei com certas partes dos comentários sim e nesse momento fui contundente com a ideia mas em nenhum momento acusando o Matheus, apenas mostrando o que eu considero absurdo em seu discurso e ELE TB disse que minha fala era estapafúrdia, nem por isso me senti ofendida, xingada ou coisa do tipo. Novamente, há um diferença muito grande entre o dizemos e o que o outro entende. Deve com certeza ter havido algum ruído pois infelizmente o colega sentiu-se perseguido, rotulado quando eu só desejei apresentar que a fala dele tinha um outro lado. E nesse aspecto ele está isento para mim, pois não me senti perseguida e nem vitima de racismo ou coisa do tipo e segui debatendo pois achei que estivesse havendo um diálogo entre duas pessoas que pensam de forma diferente mas que podem apresentar seus lados, até que ele por fim desmereceu a minha fala e aí sim me senti ofendida. Não a retiro e ele certamente e com sua razão não retirará a dele que como sempre foi brilhante na defesa de suas ideias, rsrs...
Mariani Lima disse…
Em tempo, (rsrs...) do final significa apenas (rsrs). Não se trata de nenhuma ironia.
Mariani Lima disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Mariani Lima disse…
Quanto aos negros que desfilam com loiras peitudas , tem dois lados: a questão da preferência e todos têm direitos de preferir loiras peitudas, né? Na verdade uma preferência nacional rsrs... e por outro lado pode haver sim o sentimento de inferioridade e a busca pelo status que há em desfilar com um modelo de mulher que supostamente o eleva socialmente.
Mariani Lima disse…
Uma outra questão social: pegando do lado da mulher branca que se casa com o tal negro que ascende socialmente. Haveria interesse nesses negros só pelo dinheiro ou há uma preferência?Pois para cada negro que desfila com uma "branquela" há uma branquela que desfila com um negro. O que move cada um dos lados?
Levi B. Santos disse…
Até que enfim, Edu (rsrs). Valeu! Os temas abordados não podem deixar de ter uma pitada de religião, se não...- rsrs.

Cadê o Miranda???

Eduardo Medeiros disse…
Mari, seu comentário foi bom demais; lúcido e inteligente. Eu disse que eles "podem dar a entender", como parece que o Matheus entendeu (ou quis entender). Mas tirando isso, creio que estamos todos de acordo em essência.

E não dá muita bola para o Matheus não, ele é grosso mesmo, esse negócio dele escrever "nobres confrades" é tudo máscara, pois o que ele gosta mesmo é de entrar rachando as canelas adversárias...parece que aqui ele faz um grande esforço para ser polido e gentil ...hehhhhh
Eduardo Medeiros disse…
No caso dos negros com brancas e brancas com negros é exatamente isso. A questão não racial não entra aí. É questão de gosto mesmo. Qual o problema de um negão gostar de um loirinha e vice-versa? Talvez para alguns negros, estar com uma loira seja status diante dos outros, mas isso demonstra um certo preconceito contra as mulheres da própria cor? Tai uma interessante questão sociológica rsss
Eduardo Medeiros disse…
Levi, a religião é onipresente. Mesmo quando não falamos dela, ela acaba se impondo de um jeito ou do outro. rsss
Mas não se pode negar, Matheus, que a exploração continuou através do trabalho assalariado no campo e na cidade. Em algumas regiões do Norte, Nordeste e Centro-Oeste ainda se vê trabalho escravo, embora com pessoas cativas de todas as raças/etnias.
Caro Edu,

De fato essa "polarização negros/ofendidos/coitados versus brancos/opressores/racistas" pode afastar o cidadão da consciência de que a origem de tudo ainda se encontra na exploração do trabalho humano. Concordo com você. Afinal, por que os negros teriam sido escravizados? Logo, um movimento que instiga o ódio ou a revolta contra os brancos acaba fazendo o jogo dos poderosos, sendo que o racismo foi uma ideologia construída pela classe dominante e colonialista. Na atualidade, serviria para dividir a sociedade e dificultar a organização dos trabalhadores. Por outro lado, a valorização da cultura negra, o resgate da consciência histórica e cultural bem como a auto-aceitação da própria raça seriam questões libertadoras do sentimento de inferioridade que foi incutido durante séculos de injustiças.
Falando em religião, mesmo sendo eu um cristão protestante, tenho que reconhecer a importância do candomblé no que diz respeito à preservação de uma parte da cultura negra. Posso não concordar com o culto que prestam aos orixás, mas os terreiros foram e ainda continuam sendo um refúgio na resistência à desculturação desses povos. Eis aí um bom tema para debatermos num outro tópico.
Anônimo disse…
Na verdade não,

Eu por exemplo, prefiro as morenas!
Anônimo disse…
Tu só pode estar de 'brincanagem" comigo kkkkkkkk
Anônimo disse…
Nobre Confrade Eduardo,

Já parou para pensar na hipótese deste negro estar na verdade vencendo um complexo enraizado no seu inconsciente do tipo, "...agora quem ta dominando sou eu...". Já parou para pensar que este interesse pelas branquelas possa estar ligado a rejeição que sofreu em relação aos brancos? Não ousaria dizer que é só gosto não, penso que deva ter alguma ligação com seu inconsciente ressentido. Talvez o Levi poderia dar uma luz, conjecturar acerca disso com mais ênfase.
Anônimo disse…
Nobre Amigo Rodrigo,

Não faz assim que o crentes pira kkkkkk

Eu sou contrário a desculturação em todos os sentidos. Mesmo não crendo e nem considerando os costumes, práticas e os dogmas do candomblé, não vejo problema algum na manutenção dos mesmos como sendo uma lembrança viva e cotidiana das raízes de um povo. Também penso que deva se dar importância sim, pois querendo os brancos ou não, querendo a crentaiada ou não (na qual me incluo), não é simplesmente uma crença, mas é parte de uma história milenar, e penso eu que ninguém tem o direito de privar alguém de sua história, seja respaldado no deus e na crença que for.

É um bom tema sim, e polêmico também.
Anônimo disse…
Nobre Confrade (não é mascara não, isso é mentira do Eduardo) Mariani,

Eis ai uma questão interessante. Pode parecer sarcástico, mas atente ao que vou escrever.

Nos séculos passados e principalmente nos períodos da escravidão, os jovens negros e os jovens brancos eram manipulados a se perceberem como o grande mal da humanidade. Os senhores de engenho, mesmo abusando sexualmente das escravas, aconselhavam os filhos e filhas a fugirem dos negros, pois se tratava de uma raça como disse o "InFeliciano", amaldiçoada. O negro por sua vez, debaixo da opressão branca era ensinado que o branco não prestava, era a personificação de tudo o que é mal na humanidade, e por isso os negros deveriam ficar longe deles.

Com base neste contexto que é real, e que talvez seja o que fomente essa polarização do chepéuzinho vermelho e o do lobo mau, acabei por me lembrar de uma frase bem pertinente e atual:

"... tudo o que é proibido é melhor e desperta a curiosidade ..."

Talvez, essa procura seja resultado de algo inconsciente. E que com o passar dos séculos foi se tornando como que cultura. Pois é inevitável de se perceber que os negros em sua grande maioria, quando conquistam uma branquela, parecem conduzir um troféu. E no caso dos brancos, eu percebo que estes parecem procurar na negra o que não encontram nas brancas. Uma sensualidade fora do comum. Ou vocês não concordam que as negras, as mulatas são muitos mais sensuais que as brancas?
Anônimo disse…
Nobre Confrade Levi,

O que dizer deste trecho de Macunaíma?

"...Grito imperioso da brancura em mim,
Me sinto BRANCO, fatalizadamente um ser de mundos que nunca vi
Não acho nada, quase nada, e meus ouvidos vão escutar amorosos
Outras vozes de outras falas de outras raças, mas formação, mas forçura.
Me sinto BRANCO na curiosidade imperiosa de ser.
Mas eu não posso me sentir negro nem vermelho!
Decerto que essas cores também tecem minha roupa arlequinal
Mas eu não me sinto negro, mas eu não me sinto vermelho,
Me sinto só BRANCO, relumeando caridade e acollhimento,
Purificado na revolta contra os brancos, as pátrias,
as guerras, as posses, as preguiças e as ignorâncias
Me sinto só BRANCO agora, sem ar neste arlivre da América!
Me sinto só BRANCO em minha alma crivada de raças..."
Eduardo Medeiros disse…
Rodrigo, é verdade. Os cultos afros que sempre foram mal vistos pela igreja evangélica historicamente e mais recentemente elevados a "inimigos mortais" pela IURD, é um baluarte de resistência da cultura africana. Já que levantou a bola, corre e chuta, amigo, depois do Mirandinha, você é o próximo a postar rsss
Eduardo Medeiros disse…
O Morgan sabe das coisas..rs
Eduardo Medeiros disse…
Mas casou com uma branca...já eum, prefiro as brancas e me casei com uma morena....kkkkkkkkkkkkkkkkk
Eduardo Medeiros disse…
Pode ser, Matheus, pode ser.
eu até ia ler o texto , mas está muito escuro aqui ...
e aê ... lê-como no escuro?
Anônimo disse…
Na verdade minha exposição foi mal elaborada.

Eu na verdade não gosto é de loiras kkkkkkkkkkkkkkkkk
Mariani Lima disse…
"No caso dos negros com brancas e brancas com negros é exatamente isso. A questão não racial não entra aí. É questão de gosto mesmo. Qual o problema de um negão gostar de um loirinha e vice-versa? Talvez para alguns negros, estar com uma loira seja status diante dos outros, mas isso demonstra um certo preconceito contra as mulheres da própria cor? Tai uma interessante questão sociológica rsss" (EDU e EU)


Diante de questões como essas, podemos perceber que o dia da consciência humana do Morgan Freeman ainda vai demorar. A pergunta deveria ser simples ou uma simples constatação: homens gostam de mulheres e mulheres de homens e gays gostam de pessoas do mesmo sexo e ...as inúmeras preferências e tal...mas viu como ainda as relações passam por essa questão? Não há igualdade, então se pensamos que ainda há inferioridade, sentimento de inferioridade, expressar o desejo inconsciente (e isso é com o Levi) de dominar, então dia da consciência humana, lamento perceber que não estarei aqui para ver. rsrsrs..
Anônimo disse…
Nobre Confrade Joilson,

Cuidado para não ser enquadrado pelo artigo 1° da lei Nº 7.716.

Esta aí mais um ponto a ser analisado.

Até que ponto uma brincadeira pode chegar para não ser interpretada como racismo?

Uma vez perguntei a um amigo se ele se importava com piadas sobre negros. E ele me responde assim:

"Não. Desde que não seja humor negro."

Aí eu fiquei pensando. Se eu em determinadas brincadeiras posso ser enquadrado com racista, como deveria ser ele enquadrado quando se refere a piadas que se pressupõe sejam pejorativas e maliciosas de humor "negro"?

Tem cada coisa viu!!!
Anônimo disse…
Nobre Amigo Eduardo,

É tão engraçado ouvir a galera da IURD pregarem contra as crenças afros, quanto é engraçado encontrar nos cultos da IURD gigantescas semelhanças.

Talvez sem as crenças afro, a IURD não sobreviveria kkkkk
Eduardo Medeiros disse…
pois é, a IURD usa as mesmas "armas do inimigo" para combatê-lo. Tipo assim: os nossos passes, mandingas e despachos são mais poderosos do que os de lá.
Eduardo Medeiros disse…
esse Joilson é uma besta mesmo..kkkkkkkkk
Levi B. Santos disse…
"...Grito imperioso da brancura em mim”,

Matheus

A frase acima, de Mário de Andrade, que você replicou em seu comentário, lá em cima, ressalta a sua mestiçagem. Essa expressão contém em si, um desejo inamovível de ressoar o lado ancestral português desse grande poeta.

Mas você exaltou a “mulata”. A mulata, o que é senão a síntese entre o branco e o negro, entre o estrangeiro e o nativo que há em nós?

Então, bendita mulatice. (rsrs)
Eduardo Medeiros disse…
Levi, por isso é tão sintomático que haja preconceito racial e mesmo racismo num país cuja síntese, é a mulatice!
Para início de conversa, tenho 1/3 de sangue negro africano e de certa forma sou um pouco afro descendente. Os outros 2/3 são indígena e português. Não tenho orgulho algum de ser autóctone tupiniquim nem ibérico, muito menos africano.Qual foi o legado deixado pela raça negra além da contribuição com mão de obra desqualificada? Qual foi sua grande descoberta científica que me faz 1/3 orgulhoso? Em qual setor a África se destacou evoluindo nos últimos 500 anos? Merece orgulho?
Agora... Se a o afro descendente cooperou para superlotar presídios, aumentar a corrupção, inflar o analfabetismo, engrossar os bolsões de pobreza e envergonhar o País com a pecha de desonestidade. Então eu não sei que orgulho pode ter um cidadão que herdou esta heterose.
Eu seria favorável às cotas se elas fossem dirigidas aos pobres, ou aos inteligentes sem oportunidades de competirno mesmo nível. Mas ofertar cotas de universidades para negros porque eles são excluidos credores de uma sociedade mas com pesos e medidas diferenciadas é taxá-los de inferiores. Não se surpreendam se o mercado futuro discriminar o cotista. Inteligência não tem pátria. O indivíduo competente não necessita de cota para atingir seus ideais independente da raça, credo ou cor.A cota universitária é um atestado de incompetência para qualquer etnia. Além de um propósito político falido.
Tô chegando!,,,Tô chegando.
Me casei duas veses co mulheres morenas. Estavam disponíveis no meu habitat. Se houvessem loiras talvez uma seria escolhida, mas... Todas portam o que eu perseguia.
Levi B. Santos disse…
Pena que Miranda tenha aparecido só no final da sessão. (rsrs)

Espermeamo-nos, mas não podemos fugir dos eflúvios dessa herança: temos o DNA do negro (escravo), do índio (explorado); e também temos o DNA do nosso Senhor, nosso colonizador, nosso Pai endeusado. (rsrs)

O desejo de subordinaçãoe o desejo de dominação formam os dois lados da moeda humana.

Na verdade, todos nós, independentemente de raça e cor, temos uma certa queda pelo poder embriagador de dar ordens

“Nos últimos 5 mil anos, a grande maioria dos seres humanos foi submissa, encolhendo-se perante a autoridade, sacrificando-se para que uma pequena minoria possa viver no luxo” (Theodore Zeldin)
Caro Edu,

Confesso não estar tão preparado para postar já um texto sobre este assunto, mas pretendo escrever sobre outra coisa.

Abraços.
Olá, Matheus.

Posso não concordar com as práticas de culto do candomblé, mas me sinto obrigado a respeitar as tradições afros por diversos motivos, bem como a rever a abordagem evangelística feita pela Igreja de Cristo, comunidade da qual faço parte.

Boa semana pro irmão.
Falado na IURD, faz uns vinte e poucos anos atrás que, quando o Edir Macedo começou a enviar pastores para a África, que ele teria dito que supostas maldições teriam vindo de lá. Mas, pelo que sei, nenhum outro desses "pastores" chegou a ser tão infeliz em suas teologias de boteco como afirmou certa vez o deputado Marco Feliciano quanto aos negros serem descendentes de Cam. Um argumento que foi usado ideologicamente pelo colonialismo de outros séculos...
Vou tentar postar com minha inter"neta" ultrapassada. Estou com 1G.
Anônimo disse…
Nobre Amigo Levi,

É aí que refiro vivente rsrsrsrsrs

Um país onde ninguém é puro, isto é, de uma só raça, proclamar um dia de consciência para uma raça única é completamente incoerente com a realidade atual e histórica que temos.

Enfim, viva a mistura das raças kkkkkkk
Anônimo disse…
Nobre Confrade Altamirando,

Pesadas são suas observações, mas pertinentes e de serem analisadas. Afinal, é muito mais comodo lançar sobre o outro a responsabilidade do que nos tornamos.

Abraço.
Anônimo disse…
Concordo e aplaudo.
Anônimo disse…
Nobre Confrade Levi,

Este desejo é intrínseco a nossa natureza. Quem seria o hipócrita e demagogo a declarar aqui que nunca teve o desejo de dominar, comandar ou estar no controle? Quem nunca se alegrou com o sentimento produzido pela autoridade sobre questão "a" ou questão "x"?

Só um demagogo diria que nunca!!!

Algum demagogo por aí?
Anônimo disse…
Nobres Amigos Confrades,

Confesso que tenho por louvável o resultado deste artigo. Agradeço de coração a cada confrade que emitiu seus pareceres e que contribui para que pudéssemos refletir sobre este polêmico tema. De coração súplico o perdão a confrade Mariani, pois sei que em alguns momentos sou rude e deselegante. Mas isso esta ligado ao calor do momento, logo me arrependo.

Quero finalizar endossando e deixando muito claro minha conclusão final (por hora, pois não sei o dia de amanhã):

"Nao sou contra a luta dos negros, sou contra a polarização que coloca o negro como o eterno ressentido e o branco como o eterno vilão. Tipo chapeuzinho vermelho e lobo mau."

Um grande abraço a todos e que o próximo confrade nos brinde com seu artigo!
Caro Matheus e demais,

Tendo em vista que o assunto sobre a cotas é bem extenso e polêmico, indico aí um artigo escrito por um magistrado cristão que antes era contra esta política afirmativa mas que veio a mudar de ideias:

Por que me tornei a favor das cotas para negros
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/11/por-que-tornei-favor-das-cotas-para-negros.html

Forte abraço.
Eduardo Medeiros disse…
Putaqueopariu!!!! que saudade do politicamente incorreto ao cubo do Mirandinha...kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Estou com texto pronto mas não consegui postar. Que o próximo ocupe este espaço. Quando eu resolver este problema na "nete", eu retomo.

Abraços.