segunda-feira, 1 de setembro de 2025

GASTOS ELEITORAIS E POBREZA

 Gasto eleitoral eleva bem-estar e reduz pobreza, mas ficou insustentável

***Desigualdade gerou ao longo dos anos incentivos para candidatos aumentarem despesas

***Funcionamento da máquina pública está comprometido por falta de investimentos e pessoal


Fernando Canzian

São Paulo

O Brasil atingiu taxas mínimas históricas de pobreza extrema e de desigualdade de renda em 2024 com uma profusão de programas sociais e serviços públicos que custam hoje R$ 2,7 trilhões ao ano, ou 22,7% do PIB —mais que a média de 21,2% dos países da OCDE, que reúne 38 nações de renda elevada.

A contrapartida para a melhora consistente dos indicadores sociais nas últimas décadas foi o aumento da carga tributária e do endividamento público, que colocam o país diante de grave crise fiscal sem que haja muito espaço para seguir aumentando impostos.

Em todos os anos eleitorais desde 1982, a taxa de pobreza no Brasil caiu, sobretudo pelo aumento da despesa pública. Isso demonstra, segundo especialistas, como é poderoso o incentivo político para ampliar gastos sociais com objetivos eleitorais em um país pobre e desigual.

Trabalho do coordenador de Acompanhamento e Estudos da Conjuntura do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ligado ao Ministério do Planejamento), Claudio Hamilton dos Santos, detalha como um Estado de bem-estar social foi sendo montado no Brasil a reboque de eleições.

"O Brasil não é o Brasil porque A ou B se elege. A ou B se elege porque o Brasil é o Brasil", diz Santos.

"O aumento contínuo e insustentável de nossas despesas sociais não se dá por compulsão ou burrice. Mas por necessidade eleitoral, pela preferência de uma maioria pobre por esse tipo de medida."

Essa estratégia, porém, criou uma armadilha: gastos, rombos fiscais e endividamento crescentes vêm estrangulando investimentos públicos em infraestrutura e na máquina estatal convencional, encolhendo órgãos que atendem o dia a dia da população.

O governo federal tem cada vez menos dinheiro disponível para investir em infraestrutura e repor pessoal em áreas estratégicas, pois quase 95% do Orçamento tem destinação "carimbada", sobretudo para a Previdência deficitária, o funcionalismo e programas sociais.

Projeções do próprio governo Lula (PT) indicam que a máquina pública pode travar em 2027 por falta de dinheiro livre de vinculações.



Fonte: Folha SP

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Ou seja, os gastos públicos por um lado diminuem a pobreza, porém, pode levar a um colapso das contas públicas o que afetaria outra vez os mais pobres. O melhor caminho para o país acabar com a pobreza não deveria passar pelo rombo fiscal que produzirá mais pobreza.

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