Por Hermes C. Fernandes
Se Bolsonaro não tentou o golpe, então traiu as expectativas de sua própria base, incluindo aqueles que acamparam diante dos quartéis e os que arriscaram tudo nos atos de 8 de janeiro. Nesse caso, ele foi covarde.
Mas, se ele foi fiel à sua base, então tentou o golpe. Nesse caso, além de cometer um crime, traiu a pátria que jurava defender. Logo, ao afirmar que não tentou para escapar da justiça, ele está sendo covarde. De um jeito ou de outro ele foi ou está sendo covarde.
O mesmo paradoxo se repete em seus “patriotismos”: dizem amar o Brasil, mas ostentam bandeiras de potências estrangeiras. Antes pediam intervenção militar; agora clamam por intervenção internacional. É o que só pode ser chamado de patriotismo reverso.
E a contradição não para aí. Com o ídolo preso e prestes a ser condenado, apelam para os direitos humanos, os mesmos que desprezavam ao exaltar uma ditadura que torturava e matava sem direito de defesa. Chamam de “ditadura” o STF, mas têm saudades de um regime que cassou direitos, inclusive o direito de se manifestar. Se o golpe houvesse sido bem-sucedido, manifestações contra o regime seriam suprimidas.
No fim, vivem reféns do próprio labirinto de incoerências que ajudaram a construir.
3 comentários:
Não tem paradoxo. Bolsonaro não quis dar um golpe, talvez por falta de amplo apoio. Ou seja, sim, ele traiu aos eleitores mais radicais. Ora, em 8 de janeiro nem no Brasil ele estava.
Se ele não quisesse dar golpe, teria reconhecido o resultado das urnas e dado os parabéns ao Lula. No entanto, viajou para os EUA e contribuiu para instigar o 8 de janeiro. Sem contar tudo aquilo que o tenente coronel falou sobre a trama golpista.
Rodrigo, QUERER DAR , ELE QUERIA, só que não deu.
Postar um comentário